001) Nossa noite estrelada
Meu pai me fez prometer que não usaria meus poderes de novo, e me explicou as consequências, que poderia colocar minha vida e a dos meus amigos em perigo, mas se não aprendesse a usar eles talvez nunca aprenderia a controla-los, e isso sim poderia colocar todos em perigo.
Emma estava em seu quarto conversando com a Max no telefone, já faziam longos minutos, era noite e as meninas não tinham muito o que fazer.
— Então, vai ver ele hoje? — Max perguntou.
— Eu vou.
— Sinceramente, nunca vou entender o relacionamento de vocês.
— Não tem o que entender, ele é importante pra mim, assim como eu sou pra ele. — Emma sorriu, enquanto ajeitava o cabelo em frente ao espelho.
— Vocês são tão fofos juntos! Queria que o Lucas fosse assim comigo. — Max praguejou e ambas riram, Clarke bateu na porta e encostou-se na batente.
— O jantar está pronto querida. — Fez sinal para a filha descer.
— Entendi pai, obrigada. — Ela respondeu e apontou para o telefone. — Max, preciso desligar, vou jantar agora.
— Ta bom, não esquece, cinema amanhã!
— Ta, boa noite!
Emma devolveu o telefone e foi ao banheiro lavar as mãos, depois, desceu as escadas correndo e se juntou a todos na mesa.
— Lavou as mãos?
— Sim. — A filha assentiu, colocando comida em seu prato.
— De onde veio tanta fome? Parece que correu uma maratona. — Grace brincou, a mais nova havia enchido o prato.
— Estou sempre com fome. — Respondeu sentando-se em seu lugar, Grace riu e trocou olhares carinhosos com Clarke.
— Emm. A comida não vai fugir, pode ir com calma. — O mais velho tentou repreender, mas acabou rindo também.
— Mãe, consegui um emprego no Starcourt. — Katie mudou de assunto.
— Sério querida? Isso é ótimo! Em que parte?
— No cinema.
— Cinema é muito bom, fico feliz por você. — Grace respondeu, animada pela filha.
— Pensei que o novo shopping fosse algo ruim. — Emma perguntou ao pai.
— Tem suas qualidades. — O mais velho respondeu, sabia que a filha queria implicar com ele, já que há uma semana, estava reclamando do novo alvo do capitalismo.
— É que... não é segredo pra ninguém que o shopping gerou uma série de desempregos na cidade, o senhor sabe, pensei que fosse contra esse novo shopping. — A garota dizia cortando a carne em seu prato. Clarke coçou a garganta, implorando para mudar logo de assunto.
— Grace, como está na biblioteca? — Emma mudou de assunto, ele baixou a cabeça aliviado.
— A mesma coisa de sempre, livros velhos e muita poeira, não aguento mais respirar naquele porão. — Respondeu, sempre com um sorriso no rosto.
Emma olhou o relógio em seu pulso, era quase nove horas, a garota engoliu o resto da comida e correu até a pia com seu prato.
— Onde pensa que vai? — O pai perguntou, confuso.
— E-eu to atrasada! Volto antes das dez, prometo! — Ela disse indo até a porta.
Emma vestiu seu casaco e correu para fora, pegou sua bicicleta lilás e pedalou o mais rápido que pôde até a casa dos Byers. Onde, mesmo em uma noite fria, Will a esperava em frente a varanda. O garoto segurava uma caixa com alguns objetos, um experimento que haviam criado para uma noite especial. Ela jogou a bicicleta no quintal e foi encontra-lo, Joyce sorriu enquanto espiava os dois pela janela.
— Mãe, privacidade. — Jonathan disse do corredor.
— Eu sei, é que eles são tão lindos.
— Desculpa a demora. — Emma dissera recuperando o fôlego. — Você já testou? Está funcionando?
— Vamos ver. — Will respondeu, tão animado quanto a namorada.
Emma o puxou pela mão, os dois seguiram pela floresta escura até o Castelo Byers, onde assim que entraram, se sentaram entre as almofadas. Animada, Emma pegou sua lanterna, depois a fita, e Will entregou uma caixa cheia de furos, em que ela completou passando a fita entre a caixa e a lanterna.
— Acho que as pilhas estão fracas. — Will avisou quando as entregou.
— Vamos ver. — A garota disse, quando ligou a lanterna, não durou segundos.
— Droga. — Will praguejou, de repente a lanterna acendeu, e o teto do Castelo Byers ficou iluminado por pontinhos, como em uma noite estrelada.
Will olhou para as luzes, boquiaberto, as estrelas faziam o céu parecer estar tão perto, como se pudesse toca-las.
— Viu. — Emma disse, com um sorriso orgulhoso, sentia-se realizada.
— Funcionou. — Will sorriu, e então notou o nariz da namorada escorrendo, o mesmo alcançou um lenço para ajudar a limpar. — Emm, seu pai disse...
— Eu sei. — Deu de ombros, o garoto limpou o sangue e a encarou por alguns segundos, a namorada aproveitou o momento e aproximou seus rostos, selando seus lábios.
— São quase dez horas. — Will os interrompeu com a hora, tímido e corado.
— Podemos só... ficar um pouco mais?
Ele assentiu e deitou-se, Emma fez o mesmo, era verão e o céu de Hawkins estava limpo, sem um pontinho de luz sequer no céu, mas não para eles. Haviam criado seu próprio céu.
— O que vem na sua cabeça? — Emma perguntou e deitou a cabeça no peito do namorado.
— Eu não sei, o céu, e você?
— Meu pai costumava dizer que minha mãe estava lá em cima, entre as estrelas... — Ela sussurrou, para não estragar o clima calmo e silencioso.
— Sente falta dela? — O garoto acariciou os cabelos da namorada.
— Acho que sim, não me lembro muito dela.
[...]
— Eu tenho uma coisa pra você. — Will alcançou uma caixinha pequena e azul.
Quando Emma a abriu, havia um anel de flor nas cores branca e dourada, com algumas pérolas no centro, um pouco chamativo para o estilo da garota, mas o bastante para colocar um sorriso em seu rosto, Will a ajudou a colocar.
— Eu adorei, ninguém nunca me deu algo assim antes! Obrigada Will. Você é o melhor namorado do mundo. — A garota o abraçou, com um sorriso no rosto, sentindo-se reconfortada.
— Ao menos você se importa comigo. — Byers sussurrou.
— Eles não foram hoje, de novo, não é?
— Eu só queria jogar D&D com meus amigos, mas o Mike não liga mais pra nada além da Jane, e o Lucas só se importa com a Max. Digo, me importo com você, mas era um negócio nosso. Não entendo porque pararam.
— Eu poderia jogar com você. — Emma sugeriu, afinal, eles estavam com suas namoradas, Will poderia fazer o mesmo.
— Só nós dois?
— Quem mais? — Emma perguntou, Will riu para si e negou, de repente o relógio soou, alarmando dez horas. — Eu preciso ir! Te vejo amanhã!
Emma se despediu com um selinho e deixou a cabana, correu até sua bicicleta perto da casa dos Byers e saiu com pressa, Jonathan viu tudo enquanto colocava o lixo pra fora.
— Boa noite pra você também! — Gritou e fechou a lata de lixo.
— Boa noite Jonathan! — Emma gritou de volta, negou, e foi o mais rápido que pôde para casa.
Quando chegou, entrou em silêncio, Grace e seu pai haviam adormecido no sofá assistindo televisão, como um casal de idosos. Ela sorriu e subiu para o seu quarto em silêncio, vestiu seu pijama e colocou o anel sobre a cômoda ao lado da cama, apagou a luz ao lado apenas com o poder da mente.
Toda manhã era a mesma coisa, acordava com o cheiro das panquecas, e do bacon, sendo feitas por Grace na cozinha. Ela se preocupava muito em nos dar o melhor, sempre nos deixando confortável, por isso era uma boa madrasta.
— Bom dia. — A mais nova dissera sentando-se próxima a mesa.
— Bom dia florzinha. — Grace se referiu ao anel, Emma o tirou e escondeu no bolso de sua jardineira, pensando em como a madrasta era atenta aos detalhes.
— Kat, estou indo pro shopping, quer uma carona? — Clarke sugeriu, terminando o café em sua caneca.
— Sério? Legal.
— Então Emm, tem algo pra fazer nesta manhã? — Grace perguntou, enquanto avistava os dois se arrumarem para sair, colocou uma panqueca no prato da mais nova.
— Na verdade não. — A garota respondeu tirando um pedaço para comer.
— Sabe, precisava de alguém para me ajudar com algumas coisas na biblioteca. — Sugeriu.
— Eu adoraria Grace.
— Ótimo! Vamos depois do café. — Ela sentou-se e segurou seu copo com café, animada.
As garotas se arrumaram, e foram para a biblioteca na cidade, era bem vazia e empoeirada no verão, mas algumas pessoas ainda frequentavam em busca de conhecimento ou informação.
— Então, o que tenho que fazer? — Emma perguntou, enquanto analisava o tanto de poeira.
— Preciso que guarde estes livros pra mim, todos tem anotações de onde ficam, e qualquer dúvida estarei lá em baixo com os documentos importantes, super secretos. — Brincou pegando algumas pastas.
Emma assentiu e começou a fazer a tarefa, ela empurrou o carrinho até o corredor mais próximo, pegou alguns livros, depois fez o mesmo em outro corredor.
— Se eu ao menos tivesse os poderes da On... — Sussurrou para si, entediada.
Em um dos corredores, Emma se deparou com um garoto, estava sentado no chão rabiscando algo em seu caderno. Ele usava uma camiseta xadrez verde e branca, seu cabelo era castanho meio claro com os olhos levemente esverdeados. A garota pegou alguns livros do carrinho, e continuou a guardar.
Ele estava muito concentrado, consegui espiar, eram vários desenhos com traços perfeitos, cada um em um quadrado ou retângulo como uma história em quadrinhos, não pude deixar de ficar curiosa.
— Você desenha muito bem. — Puxou assunto, o garoto a olhou.
— Valeu.
— O que faz aqui? Quero dizer, estamos de férias.
— Eu gosto de vir aqui, é calmo, como todo o resto da cidade agora que tem o Starcourt. Mas pelo menos aqui, tenho um tipo de liberdade. Sei lá. — Deu de ombros, Emma torceu os lábios e olhou em volta, nenhum sinal de Grace, não faria mal algum sentar para conversar um pouco.
— Eu sou Emma. — Estendeu a mão.
— Hunter. — Cumprimentou.
— Então. Por que liberdade? Se sente preso?
— É o meu pai, ele acha que eu devia fazer mais "coisas de homem." — Destacou as palavras, com desanimo.
— Que "coisas de homem"? — A garota questionou, algo que nunca havia ouvido falar em sua vida, nem mesmo pelo seu pai.
— Tipo praticar esportes, sair com amigos ou até... com uma garota. — Hunter disse a última parte envergonhado, não queria soar como flerte.
— Não entendo. Eu faço todas essas "coisas de homem" que seu pai diz. — Emma deu de ombros, confusa, o que tirou risadas de ambos. — Eu posso ver?
Apontou para o caderno de desenho dele, o garoto assentiu e o entregou. Emma passou as paginas, apaixonada e surpresa com o talento dele, bicicletas, alguns rostos, animais...
— É um cachorro? — Parou em uma das páginas, Hunter assentiu.
— Ah, eles não vivem e Hawkins, ou pelo menos nunca vi um. — Explicou abrindo um livro. — São lobos, alguns vivem em bando, tipo uma alcateia, e outros vivem sozinhos.
— Lobos solitários. Como você. — Emma brincou, e ele sorriu.
— É, como eu.
Hunter deu de ombros, não conseguia tirar os olhos da garota, para ele, era a garota mais gentil e simpática com quem havia conversado até agora. Emma acabou lembrando de seus afazeres, havia esquecido de guardar os livros, nas prateleiras empoeiradas.
— Ai caramba, e-eu preciso ir! Tenho que guardar logo estes livros! — Ela correu até o carrinho.
— Eu ajudo você. — Hunter a alcançou.
— Não precisa.
— Tudo bem, acabei roubando seu tempo.
Assim, o garoto a ajudou a terminar logo suas tarefas, Emma desceu para avisar Grace que havia concluído a tarefa, então estava livre para ir aonde queria.
— Sabe, eu vou com uns amigos ao cinema hoje a noite, se quiser ir... — Sugeriu.
— Eu posso aparecer por lá.
— Que bom, então, a gente se vê. — Emma disse e saiu pela porta.
— Ei! Emma! Espera! Aqui, fica com esse. — Hunter a presenteou com o desenho do lobo.
— Sério? — Disse surpresa, sentindo-se agradecida pelo presente feito com as próprias mãos dele, Hunter assentiu. — Obrigada. Então, hoje a noite no Starcourt, até logo.
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