00.1 ︴a casa de digory kirke
0.00, 𝗗𝗜𝗚𝗢𝗥𝗬 𝗞𝗜𝗥𝗞𝗘'𝗦 𝗛𝗢𝗨𝗦𝗘
a casa de digory kirke
WELCOME TO THE PARADISE
LOUISE CRESCEU COM os avós, nunca conheceu os pais. Moravam numa pequena cidade no interior da França, mais precisaremente em Bordeaux mas, com seis anos, mudaram-se para Londres. A francesa sempre fora muito tímida, não somente por ser do interior, mas por não falar inglês perfeitamente. O seu sotaque, puxando o "r", muitas vezes fora o motivo de brincadeiras na escola. Sua pequena casa em Bordeaux era aconchegante, e claro, muito mais tranquila comparando com sua casa em Londres; os bombardeios alemães – o principal motivo para estar saindo da casa dos avós – que infelizmente, Louise, Robert e Amélia (seus avós) foram afetados.
A francesa não havia gostado, na verdade, odiado a ideia em ir para a casa do professor Digory Kirke, um velho amigo de seu avô, um velho de cabelo desgrenhado e branco, que lhe encobria a maior parte do rosto, além da cabeça. Uma descrição um tanto específica dada por sua avó, que lhe deu um cochicho falando que o professor pode ser um pouco estranho.
Robert disse-lhe que a casa era enorme, poderia acomodar no mínimo três famílias, e que reunia belos quadros e uma decoração que facilmente deixaria a pequena francesa admirada. Parecia tentador, a tamanha beleza da casa e viver em um lugar sem preocupações. Porém, nem mesmo prometendo limpar a casa todos os dias por meses convenceu seus avós de desistirem da viagem. E a casa do velho professor, em pleno campo, a quinze quilômetros de distância da estrada de ferro e a mais de três quilômetros da agência de correios mais próxima. O que incomodou profundamente Louise, que pretendia enviar diariamente diversas cartas para seus avós, e agora parecia impossível.
O velho trem que Louise entrou não têm tantas pessoas como estava acostumada, no geral, ela deve ser a pessoa mais jovem ali. Os bancos, surrados e ⎯ com certeza ⎯ cheios de sujeira, deixam a francesa aflita e com nenhuma vontade de sentar-se. O caminho, no geral, foi tranquilo, tirando o fato de um senhor roncando extremamente alto, um som que não apenas era estranho, mas também era tão alto quanto o barulho feito pelo veículo. As árvores passam tão rápido, e o sol batendo em seu rosto tirou-lhe o foco da bela paisagem, e o céu tão azul quanto a cor de seu vestido.
O trem desacelerou num ponto quase que fantasma, e aquele é o ponto em que Louise deve descer, foi a única a sair do trem. Tinha poucas malas, considerando o tempo que passaria na mansão, apenas duas malas: uma grande e uma média. Sua avó fez questão de colocar coisas que a garota jamais iria precisar, como binóculo e uma bota para neve, "É apenas para não lhe faltar nada, Lou ", falara a velha.
⎯⎯ Será que Dona Marta irá demorar muito? Estou com fome... ⎯⎯ disse a loira para si mesma, passando a mão na barriga.
De longe, pode ver uma carroça, junto de Marta, a governanta, uma senhora com uma carranca irritada e sobrancelhas naturalmente franzidas. Olhou duramente para a francesa, julgando-a dos pés à cabeça, intimidando Louise, que se encolheu sentada no banco de madeira.
⎯⎯ Você é Louise Fontaine? ⎯⎯ indaga a mulher com aparência rude, os cabelos presos em um coque baixo lambuzado em gel.
⎯⎯ Sim, sou eu.
⎯⎯ Sou Marta, vamos logo. ⎯⎯ disse brevemente, pegando as malas da mão da garota, quase a derrubando.
Subiu em cima da carroça, enquanto a mulher prepara o cavalo para ir até à casa do professor. A garota havia percebido que Dona Marta estava farta da vida, é visível como a senhora não possuía paciência. Louise tomou um susto quando a carroça começa a andar rapidamente, com os cavalos a toda velocidade. A governanta parecia acostumada com tamanha grosseria, tal fato que assusta a garota. Os dedos da francesa, doloridos e vermelhos pela força que usou para segurar na madeira, com medo de alguma farpa ou outra machucá-la, e com a outra mão, tenta arrumar os fios loiros que insistem em bater em seu rosto. Pensou em sugerir a Marta para desacelerar um pouco, porém esqueceu da ideia após imaginar em como a mulher poderia jogá-la para fora da carroça.
Dificilmente haveria ataques aéreos naquela região, que inclusive, é o principal motivo para a francesa estar sendo enviada para um lugar tão longe, a casa é tão longe que os aviões da Alemanha talvez nem passariam por perto. Enquanto espera pela governanta, teve medo de receber perguntas sobre sua família ⎯ não muito grande, apenas ela e seus avós ⎯, afinal, nunca ouvira falar muito sobre seus pais, tampouco sobre alguma outra parte da família. Louise sempre tentou perguntar sobre, porém seus avós sempre conseguiram contornar os questionamentos, e até mesmo evitar futuras perguntas por algum tempo.
A fachada da casa, mesmo de longe, é imensa. Como um castelo antigo que, com certeza, é no mínimo dez vezes maior que a sua. Os pequenos olhos verdes da garota brilharam abismada. Então, o professor deve ser muito rico, pensa, enquanto a governanta retira suas malas de dentro da carroça, murmurando sobre o quão pesado as malas da francesa estão. Parado na porta, está o Professor, com uma aparência estranha, quase assustando a garota.
⎯⎯ Seja bem-vinda, Senhorita Louise.
MARTA DEIXARA CLARO com todas as palavras para Louise não tocar em absolutamente nada da casa, parecia-lhe mais um convite como: "Venha, encoste em mim!", o nariz enxerido da francesa coçou tentando não sair correndo pelo casarão e abrir todas as portas e gavetas. Andando pela casa, prendeu o olhar nos diversos quadros com molduras bem trabalhadas e pintadas de dourado, algumas estátuas de anjos e os vasos de vidro com detalhes ⎯ aparentemente ⎯ feitos a mão. Nunca teve a chance de ver tão perto belas decorações como essas, em sua casa em Kensington, seus avós não tinham tantos ⎯ na verdade, talvez nenhum ⎯ itens de luxo, por mais que sua avó parecesse interessada.
⎯⎯⎯ Espero que entenda que está casa tem um valor histórico. — Ajeitou os óculos no rosto. — Pessoas de toda a Inglaterra visitam aqui.
⎯⎯⎯ Sério? Por quê? — perguntou a menina, não recebendo resposta.
⎯⎯⎯ Não haverá gritos ou corrida. Sem deslizar nos corrimões. Nenhum uso impróprio das empregadas.
Louise estica a mão tentando tocar na armadura pesada, e Marta bate em sua mão.
⎯⎯⎯ Sem tocar nos artefatos históricos, e acima de tudo... Não incomodar o professor.
Naquela noite, já havia jantado com D. Marta e o professor Kirke ⎯ inclusive, a comida estava deliciosa ⎯ fora um jantar silêncioso, quase nenhuma palavra dita. O que foi estranho para Louise, que está acostumada com seu avô comentando sobre o trabalho ou o jornal com Amélia. Ou com o barulho do rádio quebrado que Robert, prometeu à pequena francesa que iria consertar e não cumpriu. Quase nunca teve uma refeição que não tivesse o mínimo de barulho, o silêncio entre Marta, o Professor e Fontaine, deixara a garota arrepiada de agonia.
A governanta, após terminar de comer, mostrou para a garota onde ela iria dormir em sua estádia na mansão. O quarto não tem nada que mostrasse se alguém já viveu ali, muito arrumado e com cheiro de desinfetante - algo que deixou Louise anestesiada com satisfação.
⎯⎯ Este é seu quarto, logo estarei passando para informar os horários das refeições. — explica D. Marta com uma carranca — Em três dias chegarão mais quatro crianças, quase da sua idade, então até lá ficará sozinha. E nem pense em fazer barulho!
⎯⎯ Certo, Boa noite... — D. Marta nem deixara a menina terminar de falar, já fechando fortemente a porta em sua cara.
Andou calmamente até a cama de casal cheia de almofadas e talvez três camadas de lençóis, assim que se sentou, sorriu; Felizmente a cama é muito macia. Não pode deixar de pensar em como iria aventurar-se pela casa na manhã seguinte, é a maior casa que ela já tinha visto. A ideia de corredores compridos e fileiras de portas que vão dar em salas vazias começava agora a dar-lhe arrepios. A excitação de se aventurar pela casa está começando a consumir seus pensamentos; sua casa em Kensington é nada comparado àquela mansão.
Então, a garota adormece pensando no que fazer no dia seguinte.
[...]
Foi acordada em lugar diferente, não é o quarto decorado do velho professor, muito menos na casa de seus avós. As árvores dançam com a leve brisa que passa e as flores têm um cheiro único. É um lugar tão pacífico, que parece ser em outro mundo. Um leão grande, e extremamente bonito chega perto da garota, que estremece com medo; mesmo que fosse um belo animal, ainda assim é assustador. O peito estufado do leão sobe e desce calmamente, demonstrando conforto de estar ali.
⎯⎯ Acalme-se, filha de Eva. — O leão disse, a pequena garota arregala os olhos, andando para trás.
O leão falando assustou a garota loira.
⎯⎯ Como você... como você fala? — Junta as sobrancelhas, com as mãos à frente do corpo, como se fosse a defender.
⎯⎯ Sou Aslam, está é Nárnia. — sorri, a garota nem sabia que esse tipo de animal era capaz de sorrir — É impressionante como é parecida com sua mãe, vocês têm os mesmos olhos.
⎯⎯ Você a conhece? Espere, como minha mãe conhece um leão? — Tomba a cabeça para o lado.
Aslam riu.
⎯⎯ Sua mãe foi uma brava guerreira em Nárnia, certamente, uma das melhores. Assim como você será.
⎯⎯ Mas, Senhor Aslam, não sou guerreira. De maneira alguma. — esclarece — Na verdade, não sei nem falar inglês corretamente.
O animal indica para a garota segui-lo, Louise vai, relutante e ainda duvidando sobre o que estava acontecendo. Pelo bosque, a francesa viu diversos seres, desde faunos como centauros à passarinhos cantando. A loira nunca vira tanta beleza em sua vida.
⎯⎯ Você é cheia de coragem, Louise. E fique tranquila, os outros virão ajudá-la. — Aslam sorriu, tranquilizando-a — Agora é hora de acordar, rainha.
O MESMO SONHO repetiu-se por mais dois dias, porém, a garota sempre se esquecera dele minutos após acordar. O céu aberto com poucas nuvens, trouxeram calma para a francesa, que despertou extremamente ansiosa pela chegada dos irmãos Pevensie. Pelo que o professor disse a Louise, são quatro: Pedro, que tem a mesma idade que ela, e o mais velho; Susana, de doze anos; Edmundo, de dez anos; e Lúcia de apenas oito. Louise sempre fora uma criança solitária, na verdade, nunca teve amigos próximos, apenas algumas meninas da escola que ela às vezes lanchava junto.
Lou encosta-se no peitoril de sua janela – que felizmente dá a visão da entrada da casa –, observando nervosa a estrada pela qual passou dias atrás para chegar na grande mansão do velho professor. De longe, veio a mesma carroça que buscara a menina à três dias atrás, carregando quatro pessoas; lógico, sem contar a governanta. Mesmo com a visão da francesa sendo ⎯ honestamente ⎯ terrível, à metros de distância pode perceber que Dona Marta continuava a ter a mesma carranca brava no rosto, e que continuava a dirigir a carroça o mais rápido possível, fazendo os cabelos das crianças voarem pelo ar.
O barulho do cavalo correndo, cada vez mais alto, fez a loira assustar-se e sair da janela, tentando não ser vista. Louise já sabe que eles estão no andar de baixo, tanto que sabe que chegou a hora de descer e conhecer os irmãos Pevensie. Abre a porta do quarto cuidadosamente, tentando evitar qualquer barulho, porém a porta range alto ⎯ quase gritando. Ouviu Kirke apresentar-se e também ouviu ele tocando no nome da francesa, tal coisa que a fez gelar e prender-se contra a porta que, infelizmente, é muito próxima da escada em frente a porta grande e velha da entrada.
⎯⎯ Fontaine, querida! ⎯ disse o velho professor ⎯ Venha conhecer os Pevensie!
Suspira, mordendo os lábios com nervosismo. Honestamente, a menina nunca sentiu tanta ansiedade como naquele momento. Com passos trêmulos e as mãos suadas, desce lentamente as escadas sentindo o olhar de todos queimando em sua pele.
⎯⎯ Olá! ⎯ Sorri com a voz tremendo, vendo todos os irmãos encarando-a com um sorriso, menos o garoto de cabelos pretos, que julgou ser Edmundo ⎯⎯ Prazer em conhecê-los!
⎯⎯ Prrrazerrr em conhecê-los ⎯ cochicha, recebendo uma cotovelada do menino loiro por zombar do sotaque leve da garota, que se encolheu.
⎯⎯ Nos desculpe por isso, este é Edmundo. Sou Pedro. ⎯ Sorri com os dentes brilhantes e os olhos azuis brilhando.
As duas garotas ao lado dos meninos, Susana e Lúcia, foram distinguidas facilmente por Louise. Lúcia, a menina de cabelos curtos e lisos, e Susana, bem maior que sua irmã, com cabelos ondulados médios.
⎯⎯ Sou Susana, e está é Lucia, ela tem oito anos. ⎯ disse a irmã mais velha.
Todos os quatro irmãos esperam pela garota dizer algo, como seu nome; a francesa, que até então não tinha notado o desconfortável silêncio, finalmente se apresenta.
⎯⎯ Ah! Meu nome é Louise, L o u i s e, mas se pronuncia Luise. - Ri nervosa, Edmundo encara com uma careta, Lúcia e Susana sorriram com a garota e Pedro ri, com o olhar fixo nos olhos verdes da garota - Me desculpem, falei muito.
⎯⎯ Perfeito! você percebeu!
⎯⎯ Edmundo!
NAQUELA NOITE, DEPOIS de se despedirem do professor, Louise foi para seu quarto, enquanto os irmãos reuniram-se para conversar no quarto de suas irmãs. Óbvio, a francesa adoraria juntar-se, mas não se sente confiante de conversar com eles ainda. Fez tudo que lhe veio à mente, porém nada a ocupou; em um tédio terrível, decide ir até a cozinha. Mesmo que a governanta tenha deixado claro que não deveriam descer após certo horário. Passou bem em frente ao quarto de Susana e Lúcia, não deixando de ouvir a conversa.
⎯⎯ Tudo perfeito - disse Pedro - Vai ser formidável. O velhinho deixa a gente fazer o que quiser.
⎯⎯ É bem simpático - comenta Susana.
⎯⎯ Acabem com isso! - fala Edmundo, com muito sono, mas fingindo que não, o que o tornava sempre mal-humorado.
⎯⎯ Não fiquem falando desse jeito!
⎯⎯ Que jeito? - pergunta Susana - Além do mais, já era hora de você estar dormindo.
⎯⎯ Querendo falar feito mamãe. - disse Edmundo - Que direito você tem de me mandar dormir? Vá dormir você, se quiser.
⎯⎯ É melhor irmos todos para a cama - sugere Lúcia - Vai haver confusão se ouvirem a nossa conversa, e nosso quarto é próximo de Louise, podemos acordar ela.
⎯⎯ Não vai, não - disse Pedro - Este é o tipo de casa em que a gente pode fazer o que quer. E, além do mais, ninguém está nos ouvindo. É preciso andar quase dez minutos daqui até a sala de jantar, e há uma porção de escadas e corredores pelo caminho.
Louise, sem querer, bate o pé na batente da porta, fazendo um barulho alto que automaticamente cala todos dentro do quarto. Praguejou ⎯ não tão baixo ⎯ com dor.
⎯⎯ Que barulho é esse? - pergunta Lúcia de repente.
Louise coloca a mão na boca, e tenta sair lentamente, porém, antes que corresse, pode ouvir:
⎯⎯ Foi um passarinho, sua boba - disse Edmundo.
⎯⎯ Foi uma coruja - discorda Pedro.
⎯⎯ Este lugar deve ser uma beleza para passarinhos. E agora pra cama! Amanhã vamos explorar tudo. Repararam nas montanhas do caminho? E os bosques? Aqui deve ter águia. Até veado. E falcão, com certeza. — continua o irmão mais velho.
Louise, após ouvir mais do que deveria, apressa o passo e corre para o quarto, onde pula direto na cama e cobre-se até a cabeça, tentando dormir.
Ainda sinto que tenho muito a melhorar na minha escrita, porém, este é o capítulo zero de enchanted!
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