capítulo V "𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐬 𝐡𝐢𝐦..."
━━━━ Nação do Fogo ━━━━
NARI POV:
Eu não sabia como, mas minha mente estava totalmente fora de si. Toph e Katara falavam sem parar, apontando para algo, mas minha consciência parecia desconectada. Não fazia ideia de como havíamos parado em uma aldeia de pescadores da Nação do Fogo, estamos aqui há três dias. Os moradores reclamavam que o lugar estava em decadência. Sokka e Aang estavam ocupados tentando ajudar Appa, que havia consumido a água poluída do local.
━━━━ Vou caminhar um pouco... ━━━ avisei às garotas, que apenas acenaram com a cabeça.
Caminhei pelas ruas de terra batida, observando as casas simples e os moradores em suas rotinas, apesar do vilarejo estar enfrentando dificuldades.
Enquanto andava, avistei um grupo de crianças brincando com pedras e galhos. Elas riam despreocupadas, suas vozes ecoando como uma melodia suave. Sem perceber, sorri, me sentindo momentaneamente alheia às preocupações que me acompanhavam desde que comecei essa jornada.
Ao virar uma esquina, encontrei uma fonte no centro da vila. A água era turva, refletindo a poluição que Katara havia mencionado, mas algo nela me chamou a atenção. Talvez fosse a forma como o sol poente iluminava o líquido, fazendo-o parecer dourado por um breve instante.
Talvez eu pudesse sentir algo dentro de mim. Parecia tão distante... uma mistura de tristeza e raiva ao mesmo tempo. Era estranho. Sentei no chafariz, olhando para meus pés que balançavam lentamente. Talvez fossem apenas pensamentos perdidos, algo que, quem sabe, sempre foi normal para mim.
Suspirei, tentando encontrar alguma clareza naquele caos interno, mas tudo o que surgia era um vazio desconfortável.
O som do vilarejo ao redor parecia distante, abafado, como se eu estivesse presa em uma bolha de silêncio. Pessoas passavam apressadas, carregando sacolas, conversando, vivendo suas vidas, enquanto eu me sentia parada no tempo, como uma folha presa em um galho, incapaz de seguir o fluxo.
━━━━ Por que é tão difícil? ━━━ pensei, apoiando o queixo nas mãos. Minhas emoções estavam embaralhadas, confusas demais para serem decifradas. Era como tentar ler um mapa com as direções apagadas.
Além disso, nunca mais sonhei com aquela pessoa desconhecida. Apesar de não me lembrar completamente do seu nome nem do seu rosto, algo do seu jeito havia chamado minha atenção. Sua voz, seus passos rápidos... o que mais me intrigava era não conseguir lembrar seu nome. Isso parecia muito estranho, porque, em momentos como esse, eu sempre conseguia visualizar tudo claramente.
Isso estava me incomodando de tal maneira que eu faria de tudo para saber...
━━━━ Ei, Nari! ━━━ alguém me chamou, e logo reconheci a voz. Era o garoto Aang, acompanhado por Sokka. ━━━━ Onde estão a Katara e a Toph?
━━━━ Elas foram verificar a água do rio. Eu avisei que ia caminhar um pouco.
Aang me encarou por um breve momento, mas Sokka se aproximou, tocando minha testa, o que me deixou confusa.
━━━━ Você está vermelha e também quente. Bebeu a água da vila? ━━━ perguntou ele, analisando meu rosto com seriedade.
Aang também se aproximou e repetiu o gesto de Sokka, erguendo as sobrancelhas com preocupação.
━━━━ É melhor chamar as garotas... ━━━ murmurou Sokka.
Eu não sabia o que eles estavam sussurrando, mas pela expressão deles, não parecia que as coisas estavam indo bem. Olhei para o reflexo na água da fonte e percebi que meu rosto estava realmente corado. Isso era normal quando eu estava confusa, mas a tontura que senti agora não fazia parte dos sintomas habituais.
━━━━ Então vamos levá-la... ━━━ ouvi alguém dizer antes de sentir as mãos deles me segurando. Depois disso, tudo escureceu.
🌋
━━━━ Sonhos e ilusões...
Durante o sono, passamos por diferentes estágios, e é nesse processo que os sonhos acontecem, são um estado consciente que envolve experiências sensoriais, emocionais e motoras. No entanto, nos sonhos lúcidos, nossa consciência percebe que estamos sonhando, permitindo que controlemos o enredo ou observemos tudo de maneira consciente. Era exatamente isso que eu estava vivenciando agora, mas com uma intensidade que jamais havia experimentado.
Nunca tinha chegado a esse nível antes. Parecia que eu era tanto espectadora quanto protagonista de um filme estranho e misterioso. Mas, naquele momento, sentia que havia algo a mais. Algo que estava além do simples ato de sonhar.
Minha voz, no entanto, não saía. Isso era torturante. Tentei me ouvir, tentei gritar, mas o som simplesmente não se formava. Meus passos ecoavam em algum lugar distante, cada movimento era uma batida surda. Senti algo líquido sob os pés, uma água incrivelmente cristalina, tão pura que parecia refletir o mundo de um jeito diferente.
Quando levantei o olhar, deparei-me com uma árvore imensa, tão grande que seus galhos pareciam se perder no céu. Eles se mexiam de forma sutil, quase como se respirassem. Vagalumes surgiram, flutuando ao redor da árvore, iluminando um caminho de pedra que se estendia diante de mim, convidando-me a segui-lo.
O que quer que estivesse à minha espera, sabia que eu precisava continuar. Apertei minha mão contra o tecido do vestido, sentindo a textura áspera sob meus dedos. Havia algo familiar naquele cenário. A sensação era quase idêntica à que eu tinha experimentado em Ba Sing Se: uma mistura de medo e expectativa.
━━━━ Olá, Nari, seja bem-vinda novamente. ━━━ uma voz suave sussurrou próximo ao meu ouvido. Surpresa, olhei ao redor, mas não havia ninguém. Eram borboletas ao meu redor que pareciam falar.
━━━━ Tem alguém esperando pela sua companhia.
Um arrepio percorreu meu corpo, e meus olhos se arregalaram. Aquela sensação tão peculiar invadiu-me novamente, como se o mundo ao meu redor fosse ao mesmo tempo real e ilusório. Tentei forçar minha voz a sair, mas era como se minha garganta estivesse inflamada. Cada tentativa era uma dor aguda, e a tontura voltava a me envolver, deixando-me ainda mais vulnerável.
━━━━ Ei!
Uma voz distante ecoou, chamando minha atenção. Era uma voz firme, mas ao mesmo tempo gentil. Segui o som, andando pelo caminho de pedra iluminado pelos vagalumes. Quanto mais eu avançava, mais próximo parecia estar da figura que se revelava à frente.
E então eu o vi. Era alguém familiar. Meu coração começou a acelerar. Quando me aproximei mais, sua aparência ficou clara, como se eu estivesse tirando o véu de um mistério antigo.
Era ele.
Meu coração quase parou. Aquele garoto, de cabelos escuros e olhar dourado, estava diante de mim. Seus olhos analisaram toda a minha expressão, como se procurassem algo em meu rosto. Havia uma cicatriz que cortava uma parte do seu rosto, tornando-o ainda mais marcante.
━━━━ Ele é real? ━━━ pensei, mas as palavras não conseguiam sair.
Ele permaneceu parado, olhando para mim. E, naquele momento, tive a certeza de que não era apenas um sonho.
━━━━ Eu me lembro de você naquele dia, mas não conseguia lembrar do seu rosto quando eu acordei. ━━━ A voz dele ecoou pelo sonho, carregada de algo entre dúvida e certeza. Ele deu um passo à frente, tentando se aproximar, mas parou ao perceber que eu me afastava, quase instintivamente.
Meu coração disparava em um ritmo descontrolado. Como ele poderia me conhecer? Aquela cicatriz no rosto dele... aquele olhar dourado, suas vestes. Era como se ele fosse uma memória presa no fundo da minha mente, impossível de alcançar completamente.
━━━━ Não se preocupe. Eu não vou machucar você. ━━━ Ele levantou as mãos, em um gesto de rendição, os olhos fixos nos meus. Sua voz era calma, mas havia algo de profundamente triste nela, como se ele estivesse carregando um fardo invisível.
Eu queria acreditar nele, mas meu corpo não obedecia. Permaneci imóvel, observando cada movimento, como se minha sobrevivência dependesse disso, e minha voz não saía de jeito nenhum. Era como se algo estivesse me bloqueando, segurando cada palavra antes de ser dita.
Meus olhos vasculharam o chão ao meu redor, até que avistei um graveto parcialmente enterrado na terra úmida. Peguei-o com cuidado, sentindo o peso leve e áspero em minha mão. O garoto continuava me observando, seus olhos dourados carregados de curiosidade e cautela. Ele não parecia ameaçador, mas meu instinto de autoproteção não me deixava relaxar completamente.
Ergui a mão livre, chamando-o com um gesto simples. Ele hesitou por um instante, mas acabou me seguindo. Parei próximo a uma área onde a terra era mais macia e abaixei, deixando o graveto tocar o solo.
Sem olhar diretamente para ele, comecei a escrever com movimentos firmes e decididos, formando palavras claras:
"- Minha voz não sai, mas posso ouvir você."
Quando terminei, olhei para cima, encontrando seus olhos novamente. Havia uma mistura de surpresa e compreensão em sua expressão. Ele leu as palavras no chão e assentiu lentamente, como se tentasse assimilar o que eu queria dizer.
━━━━ Você não pode falar... mas está tudo bem. Eu... eu vou falar o suficiente por nós dois. ━━━ ele disse, um leve sorriso incerto surgindo em seu rosto, como se quisesse me tranquilizar, mas não estava.
Respirei um pouco, algo em mim relaxou, mesmo que apenas um pouco. Era estranho, mas a presença dele parecia aliviar parte do peso que eu vinha carregando.
Continuei a escrever no chão, minhas mãos trabalhando rapidamente:
"- Como você sabe quem eu sou? Por que você está aqui?"
Ele passou a mão pela nuca, desviando o olhar momentaneamente antes de responder.
━━━━ Eu não sei exatamente como te conheço. É como... se eu sempre soubesse que você existia, mesmo sem nunca ter te visto, eu acho.
Suas palavras tinham um tom de sinceridade, mas também de confusão. Era evidente que ele estava tão perdido quanto eu naquela situação, sua voz também parecia quase alterada, talvez seja impressão minha.
Apontei para a enorme árvore ao nosso lado, seus galhos cheios de vida e luzes pulsantes dos vagalumes. Em seguida, escrevi outra pergunta:
"- Você veio até aqui por escolha própria ou foi trazido por algo... ou alguém?"
Ele olhou para a árvore e depois para mim, os olhos dourados brilhando com um misto de dúvida.
━━━━ O que a árvore tem a ver? ━━━ perguntou ele, me fazendo respirar novamente. Por um instante, eu poderia deixá-lo perdido, assim como estava.
O garoto me encarou, percebendo minha expressão nada agradável com seu comentário. Sem jeito, desviou o olhar e voltou a observar a árvore, como se esperasse que ela lhe desse uma resposta.
━━━━ Bem, posso dizer que fui trazido. Algo me trouxe aqui, me guiou. E acho que tem a ver com você ━━━ murmurou ele, cruzando os braços. Sua última frase carregava um toque de ironia. ━━━━ Já que você me trouxe até aqui, poderia me dizer seu nome? Se não quiser, tudo bem... só quero ter certeza de que você não é algum tipo de fantasma.
Por um momento, fiquei em silêncio. A pergunta ecoou na minha mente, e senti uma leve pontada nos nervos da minha cabeça. Fantasma? Será que pareço tão distante assim? Tentei não demonstrar o que estava sentindo.
Sorri pequeno, quase sem querer, e abaixei-me lentamente. O frio da terra úmida tocou meus dedos, me trazendo de volta à realidade. Com cuidado, comecei a escrever meu nome no chão. Era a única forma que encontrei de falar sem palavras.
Quando terminei, levantei o olhar para ele, esperando sua reação, enquanto um turbilhão de pensamentos passava pela minha cabeça.
Ele se aproximou devagar, observando as letras que eu havia escrito. Seus olhos curiosos pareciam brilhar ao ler meu nome, como se aquilo acendesse algo dentro dele - uma lembrança ou talvez uma conexão que ele não conseguia explicar.
━━━━ Nari... ━━━ repetiu ele baixinho, quase como se estivesse provando o som do meu nome em seus lábios. ━━━━ É um nome bonito. Acho que combina com você.
Olhei para ele, surpresa com a suavidade de suas palavras. Mesmo que o ambiente ao nosso redor fosse estranho e surreal, havia algo reconfortante na forma como ele dizia meu nome. Um frio na barriga tomou conta de mim, mas, antes que eu pudesse reagir, ele continuou:
━━━━ Já que você parece ser alguém importante, mesmo eu não acreditando muito nisso, poderia me ouvir e me orientar?
Concordei com um leve aceno, e ele prosseguiu:
━━━━ Eu me sinto muito confuso esses dias, sabe? Minha raiva e tristeza parecem estar sempre por perto. O que você acha que pode ser, Nari?
Olhei para ele, tentando decifrar a profundidade de suas palavras. O tom carregava mais do que uma simples dúvida - havia um pedido genuíno, quase desesperado, por orientação.
Com calma, abaixei-me novamente e escrevi na terra úmida:
"- A dor é como um rio; às vezes transborda, mas nunca deixa de seguir em frente. Seu coração está perdido, assim como suas palavras."
Ele leu as palavras em silêncio, franzindo o cenho, como se tentasse absorver o significado. Seus olhos encontraram os meus, e, por um breve momento, parecia que ele estava buscando algo em mim - talvez compreensão, talvez consolo.
━━━━ Eu sinto isso ━━━ murmurou ele, desviando o olhar para o chão. ━━━━ Mas às vezes parece que o rio me afoga em vez de me levar adiante.
Por um instante, imaginei a cena dele se afogando em um rio, e quase ri. Como adoro imaginar coisas nos momentos errados.
Respire fundo novamente, mantendo minha postura antes de pegar o graveto novamente e escrever:
"- Você precisa encontrar o equilíbrio dentro de si. A raiva pode ser sua força, mas não deve ser seu guia."
Ele suspirou profundamente, sentando-se no chão próximo à árvore. Suas expressões mostravam que minhas palavras o haviam atingido de forma inesperada.
Segue o texto revisado, com correções ortográficas e gramaticais:
━━━━ É isso que você faz, não é? ━━━ perguntou ele, com um sorriso fraco, passando a mão no pescoço. Notei que isso poderia ser uma mania dele. ━━━━ Você guia as pessoas. Apareceu para mim porque estou perdido...
Meu peito apertou ao ouvir isso. Ele estava certo, em parte. Meu papel como guardiã espiritual sempre foi oferecer direção àqueles que precisavam, mas nunca havia sentido essa conexão tão forte com alguém antes.
Escrevi novamente:
"- Estou aqui para ajudar, mas você precisa estar disposto a enfrentar o que está dentro de você, com bastante paciência."
Ele leu, encarando as palavras por um longo momento. Sua testa franziu, claramente, ele não estava familiarizado com a palavra "paciência". Eu podia ouvir murmúrios escapando de seus lábios, enquanto sua mão ia direto aos cabelos, num gesto nervoso.
━━━━ Eu não sei se consigo... ━━━ admitiu ele, quase como um sussurro. ━━━━ Mas vou tentar. Se você estiver comigo, acho que posso tentar.
Assenti lentamente, tentando trazer-lhe um pouco de conforto.
━━━━ Você parece tão calma em um momento como este... Como consegue manter isso?
Sorri tímida para ele, colocando meu cabelo atrás da orelha. O garoto parecia disposto a continuar, mas eu acreditava que ele não teria paciência para momentos assim. Queria tocar em seus dedos, que estavam inquietos. Eu queria acalmar seu estresse, afinal, esse também era meu papel como guardiã. Tudo isso devia ser novo para ele.
Notei sua presença mais próxima; ele havia dado um passo à frente. Seu cheiro envolvia o espaço entre nós, e, por um momento, parecia que eu podia senti-lo, mesmo sem tocá-lo.
━━━━ Nari, por que sinto que te conheço desde sempre, mesmo sem nunca ter te encontrado antes?
Senti um nó na garganta ao ouvir suas palavras, mas, antes que eu pudesse responder, algo começou a mudar ao nosso redor. O chão pulsava, como se estivesse vivo, e as luzes dos vagalumes ficaram mais intensas.
━━━━ O que está acontecendo? ━━━ ele perguntou, alarmado.
Tentei tocá-lo para acalmá-lo, mas, antes que pudesse fazer algo, uma onda de energia me puxou para trás. O mundo ao nosso redor começou a se desintegrar, os fragmentos dissolvendo-se como areia ao vento.
━━━━ Não! Espere! ━━━ ele gritou. ━━━━ Meu nome é Zuko.
Antes que nossos dedos se tocassem, a força nos separou. Tudo se dissolveu em luz, e a última coisa que ouvi foi a voz dele chamando meu nome, desesperadamente.
Acordei sentindo o mundo ao meu redor girar levemente. Minha cabeça parecia pesada, como se estivesse presa em um nevoeiro denso. Ao abrir os olhos, me deparei com Katara ao meu lado, segurando minha mão e me observando com olhos cheios de preocupação. O pano úmido em minha testa indicava que alguém estava tentando me trazer conforto.
━━━━ Finalmente, você acordou! ━━━ exclamou Katara, aliviada, enquanto ajeitava minha posição.
Olhei ao redor, notando Sokka sentado perto com os braços cruzados, um semblante mais sério do que o normal, e Aang à sua esquerda, ainda parecendo inquieto. Toph estava mais ao fundo, fingindo desinteresse, mas sua postura dizia o contrário.
━━━━ O que... aconteceu? ━━━ perguntei, minha voz rouca e hesitante.
━━━━ Você desmaiou ━━━ respondeu a dobradora de água, apertando minha mão com cuidado. ━━━━ Sokka e Aang te trouxeram até aqui.
━━━━ Foi mais que um desmaio ━━━ murmurou Sokka, pegando o pano e mergulhando-o em uma tigela de água antes de colocá-lo novamente na minha testa. ━━━━ Você estava completamente apagada. Não respondia a nada que a gente tentava fazer.
Franzi a testa, ainda tentando organizar meus pensamentos. A última coisa que me lembrava era de um súbito peso tomando conta do meu corpo, seguido por uma escuridão avassaladora.
━━━━ Parecia que você tinha sido... puxada para outro lugar ━━━ disse Aang, sua expressão carregada de preocupação. ━━━━ Nós não conseguimos entender o que estava acontecendo.
━━━━ Foi estranho até pra mim ━━━ acrescentou Toph, agora se aproximando. ━━━━ Você estava ali, mas parecia... distante, como se sua energia tivesse sumido.
Eu passei uma mão pela testa, tentando aliviar a confusão que me invadia. Nada fazia sentido.
━━━━ Você não lembra de nada? ━━━ perguntou Katara, observando-me atentamente.
━━━━ Nada ━━━ murmurei, balançando a cabeça lentamente.
Sokka suspirou e cruzou os braços novamente, como se tentasse pensar em uma solução lógica para o ocorrido.
━━━━ Bom, o importante é que você está acordada agora. Mas foi estranho, muito estranho.
Katara assentiu, preocupada.
━━━━ Precisamos entender o que aconteceu. Pode ser algo relacionado ao seu dom.
Eu desviei o olhar, sentindo o peso da situação, mas ainda sem respostas.
━━━━ Talvez... ━━━ comecei a dizer, mas minha voz falhou. A verdade era que nem eu sabia por onde começar.
Katara voltou a sentar ao meu lado, ajeitando o pano na minha testa com cuidado, enquanto Sokka olhava para mim, ainda pensativo.
━━━━ Enquanto você estava apagada, algumas coisas aconteceram por aqui.
━━━━ Coisas bem interessantes, devo dizer. ━━━ acrescentou Sokka, cruzando os braços com um sorriso ligeiramente orgulhoso.
━━━━ Como assim?
Katara trocou um olhar rápido com Aang antes de continuar.
━━━━ Bem, eu... ajudei a vila com água poluída. Eles estavam com muitos problemas.
━━━━ Ela não só ajudou, como virou uma espécie de lenda local ━━━━ comentou Sokka, com um tom levemente sarcástico. ━━━ A Dama Pintada, foi assim que eles começaram a chamar.
━━━━ Dama Pintada? ━━━ franzi a testa, olhando para Katara, que parecia um pouco envergonhada.
━━━━ É só um disfarce ━━━ explicou ela rapidamente. ━━━━ Usei minhas habilidades de dobra d'água para assustar as pessoas que estavam contaminando o rio.
━━━━ E funcionou muito bem ━━━ disse Aang, com um sorriso animado. ━━━━ Eles ficaram tão impressionados que agora respeitam o rio e a vila.
━━━━ Claro, porque nada melhor do que um fantasma para ensinar uma lição ━━━ completou Toph, rindo baixinho.
Olhei para Katara, tentando imaginar a cena.
━━━━ E ninguém descobriu quem era você?
Ela balançou a cabeça, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.
━━━━ Não. E prefiro que continue assim. Eles precisam acreditar que foi algo maior, algo além deles. É a única maneira de respeitar o que têm.
━━━━ Foi uma ideia inteligente. ━━━ admito, ainda surpresa com a história.
Sokka apontou para mim, levantando uma sobrancelha.
━━━━ Só espero que você não resolva desmaiar de novo, porque deu muito trabalho cuidar de você enquanto tudo isso acontecia.
━━━━ Deu trabalho pra você ficar segurando um pano molhado, é? ━━━ rebateu Toph, rindo.
━━━━ Ei, eu também fiquei preocupado, tá? ━━━ disse ele, indignado.
Não pude deixar de sorrir, mesmo com a cabeça ainda confusa. Era bom saber que, mesmo nos momentos difíceis, eles estavam lá por mim.
━━━━ Obrigada, pessoal. ━━━ murmurei, sentindo o calor da gratidão encher meu peito.
━━━━ Somos uma equipe, Nari. É isso que fazemos ━━━ respondeu Aang, com um sorriso encorajador.
Assenti, mesmo sem lembrar do que havia acontecido. Talvez fosse ela tentando estabelecer uma conexão entre nossas almas, aquela voz que ouvi no primeiro dia. Mas não queria bater cabeça com isso, o importante é que meus novos amigos estão ao meu lado.
"- Não seja um
leitor fantasma!" - E.M
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