capítulo IV "𝐝𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 𝐢𝐧 𝐦𝐨𝐭𝐢𝐨𝐧"
━━━ Nação do Fogo ━━━
A equipe Avatar estava com vestes típicas da Nação do Fogo, completamente irreconhecíveis. O disfarce parecia estar funcionando muito bem. Nari, embora ainda estivesse se acostumando à nova companhia, apreciava estar com seus novos amigos. Acostumada a viajar sozinha, achava a experiência de estar em grupo algo totalmente diferente, mas revigorante.
Enquanto Aang havia se afastado para procurar algo que não fosse carne, os quatro restantes buscavam algo para comer - de preferência carne. Katara tentava conter Sokka, que claramente perdia a paciência com a demora para a chegada da comida.
━━━━ A comida não vai embora, controle-se, Sokka! ━━━ disse Katara, cruzando os braços e lançando-lhe um olhar severo.
━━━━ Ei, pessoal, a carne acabou! Só amanhã teremos mais! ━━━ anunciou o dono do estabelecimento. As pessoas que esperavam na fila começaram a sair, frustradas.
Sokka virou-se para a irmã, com uma expressão de derrota misturada com irritação.
━━━━ Obrigado, Katara. Suas palavras realmente têm poder.
Toph, que estava ao lado, não resistiu e soltou uma risada. Nari observava a cena com um sorriso discreto. Embora ainda estivesse se adaptando, achava aquela dinâmica divertida e única.
━━━━ Ei, vamos procurar outra coisa! Não é o fim do mundo, Sokka. ━━━ sugeriu Nari, levantando-se da cadeira e recolhendo sua bolsa.
━━━━ Eu ouvi dizer que insetos são bem nutritivos... ━━━ comentou Toph, sorrindo enquanto acompanhava a novata.
O garoto arregalou os olhos e colocou as mãos no rosto.
━━━━ Isso não é sério... é?
O grupo seguiu em frente, com Sokka ainda reclamando, enquanto Katara tentava acalmá-lo e Toph se divertia com o drama.
Nari observava ao redor, fascinada pela Nação do Fogo. Desde criança, sentia-se atraída por aquele lugar, não apenas pelo elemento, mas por toda a história envolvida. Na era de Raava, os predecessores da Nação do Fogo receberam o elemento fogo das tartarugas-leões que concederam a arte da dobra. Ela adorava essa história.
A cultura local era rica, até mesmo nas vestes. A garota sorriu ao tocar levemente o tecido vermelho-escuro de sua roupa, sentindo a textura suave do algodão.
━━━━ Então, garota vidente, poderia prever onde vamos comer algo? Sabe, sem ser inseto. ━━━ perguntou Sokka, parando em frente às garotas.
━━━━ Não sou vidente, mas podemos ir até aquele restaurante ali.
Ao apontar para o local, os olhos de Sokka brilharam. Ele saiu correndo imediatamente, deixando as outras para trás.
━━━━ Nari eu queria perguntar algo, já que você não prevê as coisas e tal... como descobriu sobre nós? Quero dizer, você chegou sozinha e sabia onde estávamos. Desculpa por isso, mas você não respondeu isso no dia. ━━━ Katara perguntou, olhando de canto para Nari. A dobradora sentiu um leve desconforto. Será que era o momento certo para um interrogatório?
Toph reduziu o ritmo, percebendo a dúvida que surgia na garota ao lado. Apesar de estar se acostumando com a nova integrante, a dobradora de terra sentia que Nari era importante para o grupo. Além disso, sabia que Aang precisava dela, assim como eles. No entanto, o mistério em torno da recém-chegada gerava confusão. Katara, por outro lado, ainda guardava certa desconfiança, embora tentasse deixar Nari à vontade nas conversas ao longo do tempo. Havia um motivo para isso: já haviam sido enganados antes.
━━━━ Não tem problema ━━━ disse Nari, percebendo o desconforto da garota. ━━━━ Vocês devem ter seus motivos para desconfiar. Meus sonhos sempre me guiam sobre o que devo fazer. Não há como prever o futuro. Não vejo imagens claras, mas símbolos.
As outras duas pararam para escutá-la.
━━━━ Nos sonhos, vi três elementos: água, terra e ar. Cada um tinha algo que chamava minha atenção. Uma seta no centro.
━━━━ Aang! ━━━ exclamou Katara.
━━━━━━ Sim, mas antes que eu pudesse sair correndo para encontrá-los, tive que passar por alguns problemas bem difíceis. Viajei sozinha durante todo o percurso e passei alguns dias em uma cidade onde o clima era caótico. Foi nesse lugar que descobri que vocês estavam mais perto do que eu imaginava.
━━━━ Deve ter sido difícil para você. ━━━ murmurou Toph, com a voz baixa e séria, antes de entrar no local junto com Katara. A dobradora de água as observou em silêncio por um momento, sem dizer nada.
(...)
A noite caía sobre a equipe. Todos estavam reunidos em uma caverna ao redor de uma fogueira, exceto Aang, que ainda não havia retornado, deixando todos preocupados. De repente, passos na entrada chamaram a atenção de todos. O garoto finalmente havia voltado, acompanhado de Momo, com o rosto todo sujo de lama.
Katara foi a primeira a questioná-lo ao vê-lo:
━━━━ Por onde você andou? Ficamos preocupados!
━━━━ Estava brincando com alguns garotos depois da escola. ━━━ respondeu Aang com um sorriso, enquanto retirava a faixa da cabeça.
Sokka, ao ouvir isso, levantou-se rapidamente, olhando para Aang com espanto, enquanto o Avatar mantinha a mesma expressão despreocupada.
━━━━ Depois do quê?! ━━━ gritou Sokka, claramente alarmado.
━━━━ Eu me matriculei em uma escola da Nação do Fogo e vou voltar amanhã. ━━━ disse Aang com tranquilidade, colocando as mãos na cintura.
━━━━ Você se matriculou onde?!
Sokka estava completamente fora de si, gesticulando exageradamente. Enquanto Toph permanecia em silêncio, Katara olhava incrédula para Aang, e Nari, observando a interação, desviava o olhar para o garoto, que parecia prestes a desabar de tão desesperado.
🌋
━━━━ Capital da
Nação do Fogo ━━━━
Zuko passou vários minutos encarando a folha rabiscada, tentando criar um desenho que testava sua paciência. Cada traço que adicionava parecia deixá-lo mais pensativo, com um frio sutil na barriga. Embora o rosto da figura desenhada não estivesse completamente definido, ele se lembrava de um sonho que tivera: um vasto campo verde ao fundo, uma voz calma ecoando em sua mente, e, principalmente, o aroma de jasmim, que o envolvia como uma memória distante e reconfortante.
O príncipe raramente dava importância aos seus sonhos, muito menos aos seus significados. Quando se lembrava de algum, geralmente eram pesadelos do passado que o assombravam. No entanto, aquele sonho específico o deixava inquieto. Ele se arrependia de não ter contado sobre isso ao tio Iroh antes, talvez ele pudesse ter ajudado a desvendar o mistério. Agora, Zuko não tinha ninguém com quem compartilhar o que estava sentindo. A solidão parecia pesar ainda mais enquanto seus olhos permaneciam fixos na folha.
Mesmo estando de volta ao palácio, cercado por sua família, não era a mesma coisa. O peso das lutas do passado o perturbava constantemente, assim como a imagem daquela garota do sonho. Quem era ela? Por que aquele campo e o aroma de jasmim pareciam tão reais, tão familiares?
Ele suspirou profundamente, largando o lápis e esfregando os olhos, cansado.
━━━━ É só mais um devaneio. ━━━ murmurou, tentando convencer a si mesmo, mas no fundo sabia que não era apenas isso.
Depois de horas no quarto, Zuko tomou uma decisão. Precisava de respostas. Ao sair, as pessoas ao redor questionam para onde ele iria, mas o príncipe não deu satisfação a ninguém. Não suportaria passar mais uma noite sem dormir, atormentado por dúvidas.
Caminhando por corredores escuros de pedra da cadeia, iluminados apenas por tochas, Zuko movia-se silenciosamente. Com o capuz ocultando seu rosto, sua presença era discreta. Um guarda percebeu sua aproximação, mas antes que pudesse reagir, reconheceu quem era.
━━━━ Príncipe Zuko.
Zuko o golpeou, retirando a lança do homem e o empurrando contra a parede.
━━━━ Vim fazer uma visita. Você ficará aqui de guarda, e ninguém saberá disso. ━━━ ordenou, deixando o homem sem entender o que havia acontecido.
Ao virar para continuar sua caminhada, parou diante de uma cela escura, coberta por poeira e impregnada com o cheiro de abandono.
Zuko respirou fundo antes de se aproximar das grades enferrujadas. Sua mão hesitou no ar por um momento, como se considerasse recuar. Mas sabia que não podia. Precisava enfrentar o homem que um dia fora sua maior fonte de sabedoria e apoio - e que agora carregava o peso de sua traição.
Dentro da cela, Iroh estava sentado de lado para a entrada, em silêncio absoluto. Sua presença era tão firme quanto antes, mas havia algo diferente nele. O semblante cansado, a barba mais longa... sinais de que o tempo ali não havia sido gentil.
━━━━ Tio, sou eu. ━━━ sussurrou Zuko, abaixando o capuz.
Iroh moveu-se lentamente, virando-se de costas para o sobrinho e mantendo o olhar fixo na parede fria à sua frente. Zuko apertou os punhos, frustrado, mas logo falou:
━━━━ Foi você mesmo quem causou isso. Poderíamos ter voltado juntos! Você poderia ter sido um herói! ━━━ Zuko continuou, com a voz alterada. ━━━━ O que você fez, tio? Por que escolheu o Avatar... em vez de mim?
O silêncio era insuportável. A raiva e a frustração queimavam dentro de si.
━━━━ Não vai dizer nada?!
Mais uma vez, o silêncio do mais velho provocou uma explosão de raiva em Zuko. Ele quebrou uma cadeira que estava ali, descontando sua fúria. Usou sua dobra de fogo contra a parede, deixando marcas de queimadura enquanto gritava:
━━━━ Você é um velho louco! Louco! Se não estivesse na cadeia, estaria na sarjeta!
Virando-se de costas, Zuko caminhou em passos rápidos, pisando firme no chão. Ao sair, fechou a porta com força, sua respiração pesada.
Iroh permaneceu cabisbaixo, com o olhar fixo na parede. As palavras de Zuko o fizeram lembrar de seu falecido filho, trazendo à tona a dor e as lições do passado. Ainda assim, Iroh tinha certeza de que fizera a escolha certa. Um dia, Zuko encontraria alguém que ouviria cada palavra sua e compreenderia o verdadeiro peso de suas ações. Talvez essa pessoa já estivesse mais próxima do que imaginava.
🌋
Mais um dia se encerrou para a Equipe Avatar. Aang estava animado mais uma vez por frequentar a escola, fazendo amigos e aprendendo coisas novas, enquanto Katara permanecia preocupada e Sokka questionava constantemente se aquilo era realmente uma boa ideia. Apesar disso, Aang parecia convencido de que a experiência estava valendo a pena. Ele até guardava uma foto do Senhor do Fogo, Ozai, como parte do material escolar.
Seus argumentos acabaram convencendo a equipe de que, talvez, continuar indo à escola pudesse ser útil para entender melhor a Nação do Fogo e, quem sabe, ajudar de alguma forma. No entanto, como era de se esperar, Aang acabou se metendo em confusão. Após uma briga na escola, chamaram o responsável. Foi então que Sokka teve a brilhante ideia de ele e Katara se disfarçarem como os pais de Aang.
Enquanto isso, Toph e Nari permaneceram na caverna com Appa e Momo. O local estava tranquilo, um contraste gritante com a confusão que estava por vir. Toph, sentindo o silêncio incomum, virou a atenção para Nari, que parecia distante, perdida em pensamentos.
━━━━ Ei, Nari, o que tá pegando? ━━━ perguntou Toph, inclinando a cabeça, embora sua expressão permanecesse relaxada.
Nari desviou o olhar, agora focado em Momo, que observava curioso.
━━━━ Nada... Só pensando. ━━━ sua voz saiu suave, mas a dobradora de terra sabia que havia mais do que aquilo.
Antes que Toph pudesse insistir, a tranquilidade foi interrompida pelo retorno de Sokka, Katara e Aang.
━━━━ É isso mesmo! Nada de escola pra você, jovem! ━━━ declarou Sokka, coçando sua falsa barba enquanto mantinha o papel de "pai rígido". Aang, sentado no chão, ouvia com uma expressão contrariada.
━━━━ Mas eu não quero parar! Foi divertido, Sokka! Pela primeira vez em muito tempo, eu pude ser apenas um garoto normal. Você não sabe como é isso. Você é normal o tempo todo! ━━━ disse Aang, levantando-se e caminhando até Appa.
Toph riu alto, o que fez Sokka franzir o cenho.
━━━━ Qual é a graça, Toph?
━━━━ Você, obviamente. Todo esse show de "pai severo". Achei hilário! ━━━ respondeu ela, rindo ainda mais.
Aang acariciando o seu bisão, olhou para seus amigos.
━━━━ Escutem, os alunos daquela escola são o futuro da Nação do Fogo. Se quisermos mudar este lugar, precisamos dar a eles um gostinho de liberdade.
━━━━ O que você poderia fazer por um país depravado de monstrinhos do fogo?
━━━━ Eu vou dar pra eles uma festa secreta de dança! ━━━ dançou Aang animado.
A equipe avatar olhou para ele, se realmente iria dar certo ou eles iriam causar uma bela confusão.
━━━━ Já para o seu quarto! ━━━ ordenou Sokka com papel de pai e severo.
(...)
Todos ali estavam empenhados em organizar a festa, embora ainda tentassem convencer Aang se aquilo realmente daria certo. No entanto, o garoto apenas queria criar algo que pudesse trazer uma mudança significativa para o povo da Nação do Fogo. Velas foram colocadas sobre mesas improvisadas com a ajuda de Toph, que se mantinha bem concentrado ao lidar com a terra para criar suportes. Nari e Katara estavam ocupadas na organização, removendo a poeira acumulada no ambiente.
━━━━ Eu não acredito que vamos dar uma festa com dança. Parece tão... bobo. ━━━ interveio Sokka, enquanto acendia as velas uma a uma.
━━━━ Não veja como uma festa de dança, mas como um evento cultural que celebra a arte do belo trabalho dos pés. ━━━ Aang respondeu, alargando o sorriso e improvisando passos de dança divertidos.
O som dos passos chamou a atenção de Toph, que imediatamente alertou os amigos:
━━━━ Alguém está vindo! Todos parem a dominação!
━━━━ Desculpe, amigo. Você vai ter que esperar lá atrás. ━━━ disse Aang, caminhando até Appa, que soltou um rugido baixo em protesto. ━━━━ Eu sei, eu sei, você tem os pés mais bonitos de todos. E são seis.
Com os novos amigos que Aang fez na escola, o grupo começou a se reunir no salão escondido onde a festa aconteceria. A atmosfera era cheia de expectativa, e um misto de nervosismo e empolgação preenchia o ar. Alguns dos alunos mais talentosos trouxeram instrumentos musicais tradicionais da Nação do Fogo, como tambores, flautas e cítaras. Eles ajustavam as notas, criando um prelúdio suave que envolvia o ambiente em uma melodia encantadora.
━━━━ Senhoras e senhores, apresento a vocês os Flamejantes! É vai fazer todo mundo se remexer!
━━━ disse Aang com energia, posicionando-se no centro enquanto observava a banda se animar.
Apesar da empolgação de Aang, os alunos estavam inseguros. Alguns questionavam o que deveriam fazer, enquanto outros ficavam ainda mais nervosos com a ideia de dançar em um lugar tão diferente. Havia também aqueles que temiam que a festa fosse descoberta. Percebendo a agitação, Aang tentou criar um clima mais confortável, usando seu espírito livre e carisma para quebrar o gelo.
No centro do salão, Aang começou a fazer alguns passos de dança para chamar a atenção, misturando estilos das Quatro Nações. Ele incorporava movimentos de dobradores de ar, formas de luta e até passos criativos e improvisados. A música ressoava pelas paredes da caverna, e seus movimentos flexíveis e fluidos fascinavam os espectadores. Logo, os alunos começaram a prestar mais atenção, aplaudindo e se animando com a energia contagiante do Avatar.
Katara, Toph e Nari observavam a mesa próxima. As expressões delas variam entre surpresa e diversão enquanto Aang chamava toda a atenção para si com sua performance inesperada.
━━━━ Quem diria que o baixinho sabe dançar. ━━━ comentou Toph com um sorriso divertido, arrancando uma risada de Nari.
Katara, por sua vez, sorria enquanto acompanhava os passos de Aang. Um leve rubor tingiu suas bochechas, algo que ela tentava disfarçar. O som vibrante da música preenchia o salão, unindo todos em uma energia compartilhada de alegria e liberdade.
🌋
Prisão da Nação do Fogo
O corredor escuro da prisão era opressivo, com o silêncio interrompido apenas pelo som distante de correntes e passos. Zuko, de capuz erguido, caminhava lentamente, fitando o chão de pedra. A tensão em seu rosto era evidente, como se cada passo até aquela cela carregasse um peso insuportável.
Ele parou em frente às grades. Lá dentro, Iroh permanecia sentado no canto escuro, as sombras das tochas dançando em sua figura imóvel. Zuko respirou fundo antes de falar, tentando controlar o tom da própria voz.
━━━━ Eu trouxe um frango de komodo. Sei que você provavelmente não se importa, mas é melhor do que a comida da prisão. ━━━ Ele abaixou-se, empurrando o prato por baixo das grades.
Zuko sentou-se próximo às barras, hesitante. A ausência de resposta de seu tio parecia tornar o ar ainda mais pesado. O príncipe abaixou a cabeça por um momento, enquanto a raiva e a frustração cresciam em seu peito.
━━━━ Admito... tenho tudo que sempre quis. Tudo pelo qual lutei. Mas nada é como imaginei que seria. ━━━ Ele fez uma pausa, encarando o chão, como se procurasse respostas nas pedras gastas. ━━━━ A verdade é que eu preciso dos seus conselhos.
Segurou-se nas grades, inclinando-se mais para perto, seu semblante mudando. A voz, antes firme, tornou-se um sussurro carregado de desespero:
━━━━ Acho que o Avatar ainda está vivo. Eu sei que ele está. Estou enlouquecendo, tio! Por favor... estou confuso. Eu preciso da sua ajuda!
Iroh permaneceu imóvel, de pernas cruzadas, o silêncio dele como um espelho, refletindo toda a agitação de Zuko, mas transformado em uma calma desconcertante. Esse silêncio drenava a paciência de Zuko, que parecia à beira de um colapso.
━━━━ Esquece. Eu resolvo isso sozinho. ━━━ Ele se levantou de repente, sua voz explodindo em um grito contra o mais velho.
Virando-se bruscamente, Zuko caminhou para a saída, seus passos pesados ecoando pelo corredor. Antes de sair, lançou um último olhar para o tio, agora frio e distante:
━━━━ Apodreça aqui. Eu não ligo.
Ele bateu a porta com força ao sair, o som reverberando pelas paredes da prisão. Dentro da cela, Iroh permaneceu em silêncio, sua figura imóvel, mas os olhos carregavam uma profundidade de emoções que apenas ele entendia. Uma lágrima solitária escorreu por sua face, silenciosa como o peso daquele momento.
Do lado de fora, Zuko caminhava rapidamente, tentando suprimir o turbilhão de emoções que tomava conta dele. Ele queria apenas encontrar alívio no sono, mas, sempre que fechava os olhos, a mesma voz calma e serena invadia seus sonhos. Era uma presença que, embora enigmática, o deixava inquieto. Por que ela apareceu apenas naquele dia específico? Por que não conseguia ignorá-la? Essas perguntas o consumiam, mesmo quando tudo o que ele desejava era um instante de paz.
🌋
Conforme a festa avançava, os alunos começaram a experimentar seus próprios passos de dança, algo que nunca haviam feito antes. O momento mais marcante ocorreu quando Aang convidou uma garota da escola, com quem havia feito amizade, para dançar. Juntos, improvisaram uma coreografia que combinava movimentos harmoniosos e ousados, inspirando os outros a formarem pares e se divertirem ainda mais.
Mostrando os movimentos que havia aprendido em Ba Sing Se, Aang se destacava no centro da sala. Ao seu redor, os alunos, antes inseguros, agora pareciam genuinamente animados e descontraídos, rindo e aproveitando o momento. Ele realmente estava fazendo de tudo para deixá-los à vontade.
Sokka, observando tudo de longe, não perdeu a chance de comentar, o que deixou Katara com um misto de ciúmes e orgulho, enquanto tentava disfarçar e evitar olhar diretamente para Aang dançando com outra garota. Apesar disso, um leve sorriso escapou em seu rosto.
Os demais alunos começaram a se aproximar, tentando imitar os passos do Avatar, cada vez mais animados com a energia contagiante que ele trazia.
━━━━ Legal! Vamos nessa. Agora é estilo livre! ━━━ gritou Aang, incentivando a todos.
Os passos desajeitados logo começaram a surgir entre os alunos, que riam de si mesmos enquanto tentavam acompanhar. Alguns, ainda tímidos, mexiam as mãos devagar antes de finalmente arriscarem movimentos com os pés. Aos poucos, todos se entregavam à dança, transformando a festa em um evento memorável.
Aang, ao notar Katara sentada sozinha em uma mesa, foi até ela e a chamou para dançar. A dobradora de água parecia um pouco envergonhada e relutante em ceder, mas o Avatar, determinado, manteve a mão estendida para ela, esperando pacientemente. Sem se importar com a hesitação dela, Aang finalmente a puxou suavemente para o centro da dança, levando-a a participar do momento.
Enquanto o Avatar e a dobradora de água dançavam, chamando a atenção de todos com sua harmonia, Sokka olhava ao redor, percebendo que praticamente todos estavam aproveitando o momento. Ele cruzou os braços, pensativo, e então decidiu que não ia ficar de fora.
Com um sorriso confiante, caminhou até Toph, que estava sentada, com os braços cruzados e uma expressão de quem não estava impressionada.
━━━━ E aí, Toph? Que tal uma dança? ━━━ perguntou ele, estendendo a mão para ela.
Toph ergueu uma sobrancelha e soltou uma risada.
━━━━ Eu? Dançar? Não, valeu. Prefiro sentir o chão vibrando com os pés desajeitados dos outros.
O garoto bufou, fingindo indignação.
━━━━ Você não sabe o que está perdendo! ━━━ disse, voltando-se para procurar outra companhia.
Seus olhos então encontraram Nari, que estava próxima, observando a festa com um sorriso discreto. Sokka se aproximou dela e fez uma reverência exagerada.
━━━━ Senhorita Nari, me daria a honra desta dança?
Nari riu da atitude teatral dele, mas aceitou com um aceno.
━━━━ Claro, Sokka. Mas aviso que não sou muito boa nisso.
━━━━ Relaxa, ninguém aqui é. ━━━ respondeu ele, levando-a para o centro da festa.
Os dois começaram a dançar de forma desajeitada, mas com entusiasmo, arrancando risadas e aplausos dos outros. Sokka, como sempre, exagerava nos movimentos, enquanto Nari tentava acompanhá-lo, seus passos desajeitados quase como uma valsa, mas que não encaixava no ritmo.
A alegria da festa foi interrompida repentinamente pelo som de passos apressados ecoando pela entrada do salão. As risadas cessaram, dando lugar a expressões de alerta e tensão. Quando o diretor apareceu com uma expressão severa, a música parou completamente, e todos os olhares se voltaram para ele. A atmosfera descontraída da festa foi substituída por um silêncio absurdo, apenas quebrado pelas respirações aceleradas dos alunos.
O diretor deu um passo à frente, analisando a cena com olhar crítico.
━━━━ Queremos o garoto, o garoto com a faixa na cabeça! ━━━ bradou, sua voz ecoando pelo salão.
Aang, ainda comemorando, parou abruptamente ao ouvir as palavras. Seu semblante sereno se desfez rapidamente, e ele começou a correr pelo salão. Os alunos, sem hesitar, começaram a arrancar pedaços de tecido e amarrá-los na cabeça, replicando a faixa de Aang.
Os assistentes do diretor hesitaram, confusos diante do número de "garotos da faixa na cabeça" que surgiam. Essa distração foi suficiente para que Aang e o restante da equipe Avatar se misturassem à multidão. Guiados por alguns alunos, encontraram uma passagem secreta que os levou a um túnel escondido.
Ao entrar no túnel, Aang olhou para trás, agradecendo os alunos com um gesto respeitoso aprendido na escola. Um dos estudantes, surpreso, observou enquanto Toph usava sua dominação de terra para fechar o túnel atrás deles, impedindo qualquer perseguição.
No final do túnel, a equipe emergiu ao ar livre, onde Appa os esperava. Sem perder tempo, todos subiram no dorso do bisão voador. O som do ar quebrado pelas asas de Appa encheu a noite, enquanto eles se distanciaram rapidamente.
━━━━ Estamos salvos, Sokka. Já pode tirar a barba agora. ━━━ disse Katara, com um tom de alívio.
━━━━ Ah, não, não dá. Ela está colada pra sempre na minha pele. ━━━ respondeu Sokka, arrancando risadas.
━━━━ É isso aí, dançarino. Acho que você ajudou um pouco o garoto. Ensinou a serem livres. ━━━ comentou Toph, segurando firme no dorso do bisão.
━━━━ Isso posso garantir. Eu mesma aproveitei bastante. ━━━ acrescentou Nari, massageando o pé que Sokka havia pisado durante a dança.
━━━━ Eu sei lá. Foi só uma festa com dança. Só isso. ━━━ disse Aang, com um sorriso tímido.
━━━━ Ah, mas foi uma senhora festa com dança. ━━━ Katara acrescentou, olhando para Aang com ternura antes de dar um beijo rápido em sua bochecha, fazendo-o corar.
━━━━ Flamejante, rapaz. Flamejante. ━━━ brincou Sokka, aplaudindo o garoto.
Com o vento no rosto e a cidade iluminada ficando cada vez mais distante, a equipe Avatar aproveitou o momento de calma, sabendo que haviam deixado um impacto profundo em quem ficou para trás.
"- Não seja um
leitor fantasma!" - E.M
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