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⁵⁵|Tulipas

A porta do meu apartamento mal terminou de fechar e Warrick já está arranhando minhas pernas. Tenho energia o suficiente para pegá-lo no colo e lhe dar carinho.

- Também senti saudades - consigo dizer entre as lambidas. - A Sra Gold cuidou bem de você?

O bom de ter uma vizinha velhinha e gentil é que ela nunca recusa quando peço para ficar de olho em Warrick e alimentá-lo

Lembro do meu estado atual e ponho Warrick no chão. Meu gato protesta, mas apesar de eu saber que o sangue em mim já está seco, não quero transferir nada para ele. Por isso, também vou direto para o banho, tirando minhas roupas no meio do caminho. Eu só quero a minha banheira e depois a minha cama.

Estou exausta. Já é manhã, o que significa que aquele interrogatório realmente durou a eternidade que parecia conforme Lorna fazia as perguntas. Contei tudo a ela. A eles, já que Cedric também não sabia da história toda. Confessei todos os meus crimes. Acreditei quando Cedric prometeu que eu não seria presa, mas não acreditei até Lorna me liberar. Parece que Alex era um peixe maior do que eu imaginava e Lorna ficou mais interessada nos nomes que citei quando contava minha história.

Cedric, no entanto... Não ficou claro para mim o que farão com ele. Lorna disse que precisa falar com seus superiores. Confesso que estou com medo da decisão deles. Eu sei que teoricamente Cedric ainda é um criminoso, mas se olharmos por esse lado, eu também sou, então não é justo que ele leve toda a culpa.

Se não bastasse isso, ainda há um assunto pendente, um que tenho tentado não pensar, mas aqui, no silêncio do meu apartamento, isso vem à tona: meu perseguidor. Onde ele está? Quem é ele? Todas as teorias que tive até agora estavam erradas? Eu havia considerado que isso era coisa de Cedric, mas agora eu sei que é impossível que ele tenha algo a ver com isso. Alex mentiu sobre tudo... Teria ele mentido sobre isso também? É bem provável. Mas então, onde está o meu perseguidor? Ele foi um dos homens que matei ou ainda está por aí e virá atrás de mim depois, talvez para se vingar de Alex se eles estiverem conectados?

Suspirando, afundo na banheira para calar meus pensamentos.

Resumindo: minha vida está uma bagunça novamente.

Mas pelo menos tenho a verdade. E eu confesso... essa porra dói pra caralho. Fui examinada no hospital por insistência de Cedric, mas apesar do médico ter dito que não sofri uma concussão, meu corpo todo ainda dói. O banho quente ajuda a relaxar meus músculos e também me deram ibuprofeno no hospital, mas o que quero mesmo é a minha cama.

E é por isso que não passo mais tanto tempo na banheira. Tropeço para fora, agarrando minha toalha e nem me importo de estar molhando todo o chão do meu apartamento ao ir para o meu quarto.

Mas assim que eu entro, dou um grito ao encontrar o homem sentado na minha cama com Warrick em seu colo.

- Oi - Khalil diz como se quase não tivesse me causado um ataque cardíaco.

- Qual a porra do seu problema?! - grito, ainda sentindo meu coração acelerado. Warrick tinha pulado do seu colo com meu grito de susto, mas agora foge do quarto com meu tom furioso. - Se eu estivesse armada, eu teria atirado em você.

- Desculpe. - Khalil vem até mim e me puxa para os seus braços. - Eu entrei e vi que você estava tomando banho. Você precisava relaxar, então sentei aqui e esperei.

Quando percebo que ele está procurando sinais de que não estou bem, minha fúria momentânea se dissolve. Nem sei exatamente porque fiquei brava. Acho que é porque deixei minhas defesas caírem só porque estou em casa, mesmo considerando as últimas horas.

- Eu estou bem - digo para tranquilizá-lo ao apoiar minha testa em seu peito. Eu não o vejo desde que nos separaram na sede do FBI. Lorna me garantiu que liberaram Khalil, mas sem meu celular - estão com os agentes e não sei quando vão me devolver -, não pude falar com ele ou com meus amigos.

- Você mal está se aguentando em pé - observa. Talvez ele esteja certo, porque não protesto quando me pega no colo e me põe na minha cama. Ainda estou de toalha, mas Khalil se livra dela. Momentos depois, sinto-o me vestir com um dos meus moletons tamanho gigante.

- Obrigada. - Me aconchego um pouco mais na cama, sentindo o sono começar a afundar suas garras em mim.

No entanto, me obrigo a abrir os olhos por mais alguns momentos. Observo o rosto de Khalil enquanto ele ajeita minha coberta, garantindo que ficarei quentinha. Ele não está com as mesmas roupas de ontem. Ele foi em casa? Encontrou nossa família? O que eles acham de tudo isso? Tenho tantas perguntas. Principalmente, quero apenas ouvir sua voz, conversar com ele sem a pressão de ter um agente a poucos centímetros de nós. Quero ouvi-lo dizer que me ama outra vez

Mas minha exaustão está vencendo essa luta porque não consigo formular a maioria das palavras agora.

- Você comeu? - Ouço-o perguntar e com meus olhos quase se fechando, vejo-o olhando para mim com as sobrancelhas franzidas.

- Depois... Vai estar aqui quando eu acordar, certo? - Devo parecer patética. Sei que ele precisa voltar para a reabilitação. Não é certo a interrupção do seu tratamento, mas quero vê-lo uma última vez em que eu esteja totalmente consciente.

Khalil sorri e se inclina para beijar minha têmpora.

- Estarei aqui, eu prometo. Agora durma.

- Tá bom. - Mas antes de fechar os olhos, lembro de uma coisa. - Como você entrou? Não arrombou a fechadura, certo? Aquela porcaria é cara.

Dessa vez, ele ri.

- A porta estava destrancada.

Definitivamente fiquei descuidada ao passar pela porta do meu apartamento.

- Bons sonhos, meu amor. - Ouço o sussurro de Khalil antes de tudo ficar escuro.

☠️

Não acordo melhor do que quando fui dormir. Tive sonhos com Kira e Yuna. Alguns pareciam até lembranças, mas todos me deixaram com um peso no peito. Talvez seja até bom o fato de eu não ter memórias da minha infância. Seria muito mais doloroso se eu lembrasse exatamente de como minha mãe biológica era, de coisas de mãe e filha que fizemos quando eu era criança.

Atormentada com essas lembranças e sonhos, rolo na cama, tardiamente percebendo os braços ao meu redor. Eu sei que é Khalil e confirmo isso ao ficar de frente para o seu rosto adormecido. Vê-lo tranquiliza minha mente e meu coração. Quantas horas se passaram mesmo? Ele está dormindo tem o mesmo tempo que eu? Espero que sim. Duvido que ele tenha dormido alguma coisa depois que o liberaram.

Com preguiça demais para levantar, mas sem sono para voltar a dormir, fico na cama, aproveitando esse momento em que estou na segurança dos seus braços, sentindo que o mundo exterior não pode me alcançar. Além disso, gosto de observar Khalil dormir. Isso é estranho? Quando não estamos juntos, parece que ele está sempre pensando em algo, seu semblante sério, mas quando está dormindo, sua expressão relaxa. Conheço-o bem o suficiente para saber que não deve ter tido essa tranquilidade nas últimas semanas.

Depois de talvez uma hora, sinto o ritmo da sua respiração mudar. Khalil acordando também é um evento. Ainda de olhos fechados, ele franze a testa e aperta um pouco mais, seu corpo procurando o meu. Sem me conter, dou um beijo em sua boca. Isso faz Khalil abrir os olhos, um sorriso torto já se formando em seus lábios.

- Bom dia - murmuro, achando graça da sua expressão sonolenta.

Khalil murmura alguma coisa inteligível antes de rolar para cima de mim. Dou risada, mas o som se perde quando sua boca ataca a minha.

- Não acredito que nos tornamos aquelas pessoas que não se importam de escovar os dentes antes de se beijarem pela manhã - digo meio rindo e meio beijando-o de volta.

- Senti sua falta - Khalil confessa, beijando minha têmpora. Depois, ele respira fundo, como se estivesse tentando absorver meu cheiro. Sua mão está ao redor da minha garganta, seu dedo acariciando levemente minha pele quando ele volta a me beijar.

- Também senti sua falta. - Sem pudor algum, deixo isso bem claro ao deslizar minhas mãos pelo seu corpo. Ele está sem camisa, então percorro minhas mãos pelas suas costas, sentindo seus músculos se contraírem.

Mais uma vez, um murmúrio com palavras não identificadas dele. Mas não importa, não precisamos falar agora.

Ao sentir o quanto ele está duro, algo se acende dentro de mim. Nosso beijo fica mais desesperado. Faz tanto, tanto tempo desde a última vez que o tive dentro de mim, que estou quase chorando agora que finalmente vou tê-lo de novo. Estava com tanta saudade do seu beijo possessivo e da forma como ele me incendeia com apenas alguns toques. Sua brutalidade ao agarrar meus seios, mas seu total carinho em outros momentos me deixam maluca, inflando ainda mais o desejo que cresce dentro de mim.

Nós dois gememos quando Khalil investe os quadris entre minhas pernas abertas. A fricção do seu jeans envia um pico de excitação até o meu centro. Mas preciso de mais. Muito mais. Preciso dele. Dentro de mim. Na minha boca. Não importa. Só preciso disso ou sinto que irei morrer.

- Espera. - Ouço Khalil murmurar quando começo a abrir sua calça. Eu o ignoro. Provavelmente não foi isso que ele disse. Ele não pode estar seriamente querendo esperar, certo? - Kathryn.

- Hum? - De boca aberta, beijo seu pescoço. Lá embaixo minha mão já alcançou seu pau. Dou um leve aperto e sua garganta vibra contra a minha boca quando Khalil geme.

- Porra... Cacete, Kathryn - meu nome sai como um rosnado furioso antes de Khalil me beijar com força, o que me deixa feliz. Significa que ele está perdendo o controle e eu amo deixá-lo descontrolado na cama.

Mas Khalil está determinado. Eu amo sua determinação, porque caso contrário provavelmente não estaríamos juntos hoje, mas neste momento estou odiando, pois ele se afasta de mim abruptamente.

- Depois - garante. Seu peito e seu pescoço estão vermelhos e ele respira com certa dificuldade. Está claro que ele quer. Se sua óbvia e nada discreta ereção já não bastasse para provar isso, todos os outros sinais estão lá. Khalil deve ver minha confusão, porque esclarece: - Quero você, tanto que dói, mas não quero que a primeira coisa que a gente faça depois de dias separados, seja isso. Precisamos conversar, e você não come desde ontem.

Apesar do meu coração se aquecer sua preocupação, ainda solto um suspiro de derrota.

- É só que eu sei que você precisa voltar para a clínica - digo - e eu quero aproveitar cada segundo que temos até lá.

Khalil sorri de canto antes de se inclinar sobre mim outra vez. Ele tem o cuidado de não pressionar seus quadris no meu corpo.

- E nós vamos, mas antes você precisa se alimentar. - Sinto seus dedos em minha boceta, espalhando minha umidade quando ele sussurra em meu ouvido: - Até porque, pretendendo gastar todas as suas energias de novo quando eu te foder.

Os pelos dos meus braços se arrepiam com suas palavras. Aperto minhas pernas juntas, prendendo sua mão lá. Khalil apenas dá uma risada sussurrada antes de se afastar mais uma vez.

- Vou fazer o café da manhã - anuncia, saindo da cama.

Abro a boca, mas Khalil aponta o dedo para mim, provavelmente vendo o brilho malicioso em meus olhos.

- Não diga o que está se passando por essa cabecinha safada.

Encolho os ombros.

- Só ia relembrar as palavras de um sábio. Talvez você reconheça. Ele disse "Eu estava faminto, Kathryn, e a sua boceta foi a melhor refeição que eu já tive" - recito suas próprias palavras. - O que estou querendo dizer é que você não precisa fazer o café da manhã quando você pode me com...

Minha frase termina em grito quando Khalil puxa minhas pernas, arrastando meu corpo até a beira da cama. Então ele me vira para que eu fique de barriga para baixo. Ainda estou protestando quando sinto uma picada de dor na minha bunda.

- Ai! - grito, conseguindo acertar sua cabeça com a minha mão. Ele se afastou, mas quase levou um pedaço da minha bunda com ele. - Idiota.

- Quis provar se a carne é boa.

Jogo um travesseiro nele e Khalil sai do quarto rindo.

Nunca vou contar a ele, mas também estou sorrindo quando deixo minha cabeça descansar no colchão.





Depois de ter passado alguns minutos me recompondo e ter ido ao banheiro, encontro Khalil e Warrick na cozinha. Pelo horário contando no microondas, estamos no meio da manhã, o que significa que dormi mais de doze horas seguidas.

Ponho ração para o meu gato e depois pego o telefone fixo, indo me acomodar na ilha da cozinha. Encaro o telefone. Desde que estou sem meu celular, disse a Cedric que ligaria. Mas agora, horas depois da nossa última conversa, não sei o que dizer a ele. "Oi, pai, como você está?". Tecnicamente ele é meu pai, mas...

- Sou todo ouvidos, sabe, caso você queira alguém para conversar - Khalil diz de repente. Só então percebo que ele colocou uma xícara de café na minha frente e waffles.

- Acho que não dormi o suficiente - admito. - Mas sei que se tentar dormir agora, não vou conseguir. E nem sei se quero, pensando bem. Tive pesadelos com Kira e Yuna. Com aquela noite.

- Você ainda não se lembra de mais nada da sua infância? - Khalil senta ao meu lado e começa a acariciar minhas costas.

Balanço a cabeça, bebendo um pouco do café. Ele colocou leite de amêndoas. Não sabia que ele já tinha reparado de como gosto do meu café, mas murmuro um "obrigada".

- Tive alguns rápidos flashbacks com Cedric, mas nada concreto. Acho que também já não me importo muito com isso. Já é muito doloroso lembrar da minha infância com Yuna. Sei que isso parece horrível, mas talvez seja melhor se eu não tiver outras memórias de Kira.

- Não se sinta horrível por pensar assim. É a sua forma de lidar com a dor. Ninguém está te julgando por isso.

Respiro fundo, pensando que talvez Khalil esteja certo.

- Preciso preparar o enterro de Lucio - falar seu nome também faz uma dor surda atingir meu peito. Parece que a cada dia, adiciono mais um nome na lista de pessoas que eu já perdi.

- Vou te ajudar com isso, ok? Você não precisa fazer tudo sozinha. Estou aqui com você.

Olho para ele, precisando piscar para afastar as lágrimas. Eu o amo tanto.

Depois de lhe dar um beijo de agradecimento, pego um waffles.

- E você? Como está se sentindo? - Não estou falando dos últimos acontecimentos. Khalil toma um pouco do próprio café, e leva alguns segundos para responder.

- Achei que estaria pior. Ainda dói pensar nele, mas, preciso lidar com isso, então é o que estou fazendo.

Anuo, sentindo orgulho dele por isso. Em outro momento, acho que ele nem estaria falando sobre o assunto.

- E o Dean? - pergunto.

- Ele está bem - apesar das palavras, a culpa transparece em seu olhar. - Precisei contar a Renée o que aconteceu. Ela queria vê-lo, mas ela não pode interromper o tratamento. Felizmente minha mãe estava comigo e pôde acalmá-la. Carlota conseguiu convencer Renée a deixar Dean conosco e que isso jamais acontecerá novamente. Mas tenho certeza que ela me odeia agora.

- Ela só está sendo uma boa mãe - digo, tentando ajudar. Khalil assente.

- Sim, e eu jamais a culparia por isso.

A torradeira apita e Khalil se levanta. Eu estava contente apenas com o waffles e o café, mas observo-o tranquilamente terminar de preparar a mesa - ou balcão - de café da manhã.

Depois, nós comemos em um silêncio confortável. Khalil estava certo em me fazer comer primeiro. Apesar da minha cabeça ainda estar um pouco turbulenta, é bom apenas sentar aqui com ele e comer. Além disso, eu realmente estava com fome.

- Você falou com os outros? - pergunto enquanto como a salada de fruta que ele preparou.

- Sim.

Ergo as sobrancelhas, esperando ele terminar. Khalil dá de ombros.

- Você sabe, todo mundo fez o maior drama quando soube que eu fui temporariamente sequestrado. Então de novo quando souberam sobre você e todo resto. - Ele fala naturalmente, como se fosse algo recorrente no dia a dia dele. - Mas não dei muitos detalhes, falei que você explicaria tudo quando estivesse pronta.

Anuo. Depois, suspiro, sentindo o peso da culpa e da vergonha sobre meus ombros. Khalil deve notar algo na minha expressão porque logo sua mão está em meu rosto e ele está fazendo com que eu o encare.

- Eles não vão julgar você por nada do que você fez, Kathryn. Não precisa se preocupar com isso.

- Eu fiz coisas muito ruins, Khalil. Mesmo antes de conhecer vocês. E agora... - Fecho os olhos, estremecendo. - Lucio está morto por minha culpa. Torturei meu próprio irmão.

- Você não sabia...

- E matei Alex. Disso, não me arrependo, mas matei ele a sangue frio. Continuei esfaqueando o corpo dele mesmo depois de morto. - Encaro minhas mãos. Estão limpas, mas também nunca estiveram tão sujas. - Tenho sangue em minhas mãos. Mas sou egoísta demais para me afastar de todos vocês.

- Você não é egoísta. Você é amada. - Novamente, Khalil me obriga a lhe encarar. - Os outros entenderão você, quando ouvirem a história toda.

Quero dizer que irei entender se eles me enxotaram para fora de suas vidas, mas isso provavelmente só faria Khalil insistir mais no assunto, e eu não quero mais falar sobre isso, então apenas anuo.

No fundo, eu torço mesmo para ele estar certo.

☠️

Depois que falei a Khalil que iria ao hospital, ele se ofereceu para me levar até lá. Então depois de um banho onde não teve nada mais que mãos bobas, ele me trouxe de moto até o hospital que Cedric e Gavin estão.

Dei meu nome a recepcionista quando chegamos. Eu notei que ela não verificou o quarto dele, mas imediatamente pegou o telefone. Ela pediu um minuto, e eu entendi que deveria lhe dar privacidade para realizar a ligação.

Um pouco afastados do balcão da recepção, Khalil e eu esperamos. Aposto que ela está ligando para a Lorna para saber se pode autorizar minha subida.

- O que você quer fazer depois? - Khalil pergunta, chamando minha atenção. Eu estava tentando fazer leitura labial do que a recepcionista está falando.

- Não sei. - Para diminuir minha ansiedade, viro-me totalmente para ele, ficando de costas para o balcão. - Preciso organizar algumas coisas. Tem o enterro, casa, trabalho... Nem sei se ainda tenho um trabalho. Preciso consultar o meu chefe.

Khalil sorri, abraçando minha cintura.

- Você está de férias.

- Ah, é?

- Sim. - Achei que ele estava brincando, mas Khalil fica sério de repente. -Tire um tempo para você. É uma ordem.

- Não posso. E, sinceramente, nem quero. Preciso ocupar minha mente e não vejo melhor forma de fazer isso do que trabalhando, já que você não estará aqui por um tempo. - Sei que ele vai protestar, por isso continuo. - Além disso, com você na reabilitação, imagino que Eros ou Enrico irá assumir temporariamente a presidência. E não é querendo me gabar, mas qualquer um dos dois precisará de mim.

Khalil apenas me encara. Esperava mais insistência dele, mas o homem está com aquele olhar pensativo. Não importa o que ele estiver pensando para me convencer, não vou abandonar a empresa agora.

- Você pode subir. - Ouvimos a voz da recepcionista.

- Você não precisa me esperar - aviso a Khalil antes de lhe dar um beijo de despedida.

Deveria ser um beijo rápido e inofensivo, mas a sua língua invadindo minha boca e exigindo atenção é qualquer coisa menos isso. Eu o beijo de volta, soltando um pequeno gemido não apenas de prazer, mas de lamento também. Esse beijo só me deixa mais ansiosa para mais tarde.

- Vou te esperar aqui - Khalil murmura contra minha boca.

- Tá - concordo, sem fôlego e me afasto dele.

Quando passo pela recepção, a moça
está com um sorriso discreto enquanto assente com a cabeça. Ela claramente viu Khalil e eu tentando engolir um ao outro.

Felizmente Gavin e Cedric estão no vigésimo andar e eu vou conseguir me recompor.

Exatamente um minuto e meio depois, as portas do elevador se abrem, e estou menos corada e com a respiração estável outra vez. No entanto, sem a distração que era Khalil, o sentimento de insegurança e receio retornam. E se Gavin não quiser me ver? Ele tem esse direito, mas será que devo insistir?

Durante os segundos que levo para chegar ao seu quarto, decido que se ele não quiser me ver, irei respeitar e tentar de novo outro dia, afinal, ele passou por muita coisa nas últimas horas.

Os dois seguranças na frente do quarto de Gavin me deixam passar sem fazerem perguntas. Lorna deve ter avisado.

Bato na porta. Dois segundos depois, ouço uma voz vindo lá de dentro:

- Pode entrar.

Respiro fundo e abro a porta. Mas não entro. Fico no liminar, deixando Gavin ver de quem se trata. Meu café da manhã faz menção de sair para fora quando noto o estado de Gavin. Seus machucados estão piores e isso porque só consigo ver os do seu rosto e braços, que estão com uma cor arroxeada. Com certeza seu abdômen está pior. Lembro dos cortes que fiz lá.

Engulo a bile enquanto a vergonha e o remorso rastejam pela minha pele. Me concentro na sua reação ao me ver. Acho que o pego de surpresa, pois ele pisca algumas vezes antes de uma mudança sutil passar pelo seu corpo e ele fica tenso. Ele está com medo... de mim?

- Oi - digo, tentando fazer minha voz soar o mais firme possível. - Podemos conversar?

Por quinze segundos, eu o observo deliberar antes de assentir.

Depois de entrar, começo a fechar a porta, mas Gavin dispara:

- Deixe aberta.

Eu deveria ficar calada e aceitar sua exigência, mas já estou falando antes de me conter.

- Não vou te machucar.

- Você quis dizer que não vai me machucar mais.

Ok. Ele tem um ponto e não é justo que eu fique ofendida quando ele está nessa cama de hospital por minha causa.

Ocupo a poltrona que tem do lado da sua cama. Nenhum de nós fala nada. Dá para sentir a tensão densa no ar. Como fui eu que vim até aqui, quebro o silêncio.

- Eu sinto muito, Gavin. Você não sabe o quanto - confesso, olhando-o nos olhos.

- Se eu fosse outra pessoa, você ainda sentiria muito? - Ele me observa.

- Sim - respondo sem hesitar. - Mesmo se você não fosse meu irmão, eu ainda viria aqui pedir perdão pelo que fiz. Sei que minhas desculpas não vão apagar o que eu fiz, mas preciso que saiba que eu estava sendo manipulada por Alex.

- Eu sei.

Como ele não diz mais nada, continuo:

- Não vim aqui esperando que me perdoe, eu só precisava que você soubesse o quanto eu me arrependo de tudo. Espero que um dia possamos superar isso de alguma forma.

Silêncio. Fui sincera. Depois de tudo o que ele passou por minha causa - afinal foi eu que o sequestrou -, não vim aqui com a esperança de receber o perdão de Gavin. Por isso, quando fica claro que nenhum de nós tem mais nada a dizer, eu me levanto, pronta para sair.

No entanto, quando estou chegando à porta, sou surpreendida pela voz de Gavin.

- Não sei se posso esquecer o que aconteceu, mas eu entendo... a situação que você estava. Por isso, eu te perdoo. Mas no momento é tudo o que você está recebendo de mim.

Eu anuo, sentindo um pequeno alívio. Isso já é alguma coisa. Creio que com o tempo, talvez as coisas mudem.

- Obrigada.



Depois que deixei o quarto de Gavin - finalmente um pouco mais tranquila -, bato na porta do quarto de Cedric. Mais uma vez, os seguranças permitem.

- Entre.

Não tenho a mesma hesitação que tive com Gavin, e dessa vez entro no quarto, fechando a porta em seguida.

- Ei, é você - Cedric sorri. Pela primeira vez, noto como seus olhos ficam menores quando isso acontece.

- Oi. - Sorrio também. Meus olhos desviam para as flores ao lado da sua cama. Rapidamente me sinto péssima. - Eu deveria ter trazido flores também, não é? - É o que as pessoas fazem quando visitam as outras no hospital.

Cedric dispensa minha preocupação com um abanar de mão.

- Não ligue para isso. Na verdade, elas me fazem espirrar. Essas foram a Lorna que trouxe.

Ocupo a cadeira acolchoada. Minha atenção continua nas flores. São rosas brancas e lírios.

- Ela... a minha mãe... Ela gostava de flores? - pergunto baixinho.

- Sim. Kira adorava flores. - Cedric também encara as flores, como se pudesse ver minha mãe nelas. - Ela gostava de rosas, mas as tulipas eram as suas preferidas. Eu sempre comprava para ela, mesmo que isso me fizesse espirrar por horas.

Sorrio um pouco com seu relato romântico.

- Onde ela está enterrada? - Essa pergunta nunca tinha passado pela cabeça até agora.

- Em Nova York.

Eu me pergunto se é por isso que ele continuou morando na cidade.

- Ela... - começo, mas paro, corando um pouco quando percebo o que estou fazendo. - Desculpe. Não queria transformar isso em um interrogatório.

Cedric me dá um sorriso gentil.

- Não se preocupe, filha. Pode perguntar o que quiser. Sua mãe sempre foi o meu assunto preferido.

Não sei o que mais me emociona: ele me chamando de filha ou como suas palavras são sempre cheias de amor ao falar dela.

- Então, ela nasceu no Japão, como Yuna? - pergunto, morrendo de curiosidade para saber um pouco mais da mulher que me pôs no mundo.

Mas a resposta de Cedric me pega de surpresa:

- E como você.

- Do que você está falando? Yuna e Alex disseram que... - Paro no meio da frase, me dando conta do óbvio. É claro que ambos mentiram para mim.

- Eu entendo que Yuna tenha sentido a necessidade de esconder isso de você. Ela e sua mãe eram melhores amigas. Com meu estilo de vida, Yuna era a única pessoa que confiavámos para cuidar de você. Foi assim que ela se tornou sua babá.

Aproveitando a deixa, direciono a conversa para outro caminho.

- Como minha mãe lidava com o seu... estilo de vida? Como vocês se conheceram? Ela já sabia o que você fazia?

Felizmente, Cedric não parece se incomodar com a enxurrada de perguntas.

- Nos conhecemos na faculdade. Ela já era veterana. Entrei na faculdade um pouco mais tarde que o comum, porque inicialmente não era o plano, mas depois percebi que queria ter um plano B caso quisesse sair da máfia. Sua mãe e eu nos conhecemos numa aula de álgebra. Me apaixonei por ela no momento que a vi. - Novamente, aquele sorriso que ao mesmo tempo que transborda amor, está carregado de tristeza. - Precisei fingir que era ruim na matéria para convencê-la a ser minha tutora.

- O último romântico, hein.

Cedric ri, mas sua risada cessa aos poucos, dando lugar a uma expressão séria. Ele encara as próprias mãos.

- Kira sempre soube quem eu era. Não exatamente quem, mas ela sabia que eu não era um santo. Acho que foi por isso que ela resistiu no início. E eu deveria ter deixado ela em paz, esquecido seu sorriso e tudo de bom que ela representava, mas eu não consegui. Eu a conquistei, nos apaixonamos, e quando contei a Kira tudo sobre mim, ela disse que quem eu era não podia fazê-la parar de me amar. Foi uma prova de amor e a minha condenação, porque eu já a amava demais para deixá-la ir. - Ele faz uma pausa, suspirando. Então, um pequeno sorriso retorna ao seu rosto. Ele me encara. - Então descobrimos que ela estava grávida. Você, sem dúvida, foi a maior alegria das nossas vidas. Tudo parecia certo.

Muitos anos treinando para esconder minhas emoções é o que me impede de chorar agora.

- Como eu acabei nascendo no Japão? - pergunto em vez de chorar pela família que foi tirada de mim.

- Tínhamos medo do que meu pai faria se descobrisse. Eu nunca deixaria que ele fizesse mal a vocês duas, mas ainda não podíamos arriscar. Então fomos para o Japão e esperamos você nascer. Sua mãe e eu trancamos nossos cursos com a promessa de que voltaríamos a estudar um dia. Não foi exatamente o que aconteceu, mas ainda assim tivemos uma boa vida. Nos casamos quando Kira ainda estava grávida e fomos para a Irlanda quando você já tinha alguns meses de vida. Eu não podia me esconder de Cormac, seu avô, por muito tempo. Eu sabia que seria pior se ele viesse atrás de nós. Felizmente, estava sendo uma boa época para meu pai porque ele me ofereceu um acordo em vez de me matar imediatamente. Ele não confiava em mim para assumir seu Império, então o acordo era que eu ficaria mais sete anos comandando a organização na América, enquanto ele treinava outra pessoa para assumir o comando. Eu podia recusar e passar a vida toda sendo caçado, colocando você e sua mãe em mais perigo do que já estavam, ou aceitar e usar todos os recursos ao meu alcance para proteger vocês. Você sabe qual opção eu escolhi.

Penso sobre isso e chego a conclusão que teria tomado a mesma decisão que ele se estivesse nessa situação. Talvez minha mãe ainda estivesse viva se ele tivesse escolhido fugir, mas pelo o que vi e ouvi até aqui, essa história não teria como ter um final feliz.

- Então, voltamos para os Estados Unidos - Cedric continua. - Kira gostava de Nova York, então comprei uma casa para nós lá. Ela sempre dizia que queria uma casa grande com um jardim para poder criar nossos filhos. Eu estava muito ocupado cumprindo os deveres de representante da máfia irlandesa - ele diz essa parte com ironia -, para estudar, mas insisti que Kira terminasse seu curso. Foi quando Yuna se ofereceu para cuidar de você enquanto sua mãe estudava e eu trabalhava. Essa foi a nossa vida até...

Até Alex matar minha mãe.

- Eu o matei muito rápido - digo após alguns momentos de silêncio. - Eu deveria tê-lo feito sofrer por tudo o que ele nos causou.

- Amaya. Ei.

Encontro seus olhos. Eu sei que ele está vendo a lágrima que escorre pela minha bochecha, mas não faço nada para limpá-la. Minha mãe está morta e o homem que a matou nem sofreu na hora da sua morte. Estou cansada de fingir que sou forte e que nada disso me afeta. Principalmente depois do relato de Cedric. Sei que não deveria acreditar tão rapidamente nas coisas que ele diz, mas ele fala dela com tanto amor e carinho, que por mais que eu queira acreditar que ele está mentindo para mim, é impossível. Eu sei o que é o amor. E está claro que minha mãe era o amor da vida de Cedric e vice versa. Eles poderiam estar juntos até hoje se aquele desgraçado não tivesse acabado com suas vidas ao tirar ela de nós.

- Esqueça Alex - Cedric aconselha. Ele se mostrou ser um homem "durão", então sei que ele não vai chorar, mas seus olhos estão suficientemente carregados de emoção para eu saber que está doendo nele também. - Ele está morto. Você não o deixou vencer antes, então não o deixe vencer agora.

O que ele diz faz sentido, mas estou emocionalmente cansada agora para poder entender, então apenas anuo, querendo deixar essa conversa para lá.

- Como você está se sentindo? Já sabe quando vai ter alta? - pergunto para mudar de assunto enquanto enxugo meu rosto.

- Estou bem. O médico disse que tenho que ficar aqui por mais algumas semanas. Eu acharia isso uma besteira, mas significa que terei mais tempo com você.

Franzo as sobrancelhas.

- Como assim? Você vai embora? Depois da alta, quero dizer.

A expressão de Cedric suaviza.

- Infelizmente, sim, querida. Meu acordo com o FBI é que eu mantenha residência em Nova York. Então quando eu tiver alta, me levarão de volta.

É claro. Isso faz total sentido, mas não tinha passado pela minha cabeça. Sei que mal nos conhecemos, mas me sinto estranhamente triste com o fato de que ele irá embora em poucos dias.

- Mas você pode me visitar em Nova York - Cedric interrompe meus pensamentos. Ele parece esperançoso com essa ideia. - Sei que você tem seu trabalho e a sua vida aqui...

- Agora você faz parte disso. Da minha vida, quero dizer. - Eu ainda não sabia ao certo, quando vim vê-lo ontem, se queria manter contato e reconstruir qualquer laço, mas agora tenho certeza que quero o meu pai na minha vida. - Vou visitá-lo assim que eu puder. Eu prometo.

Pela sua expressão, parece que ganhou na loteria.

- Certo. Agora, conte-me mais sobre você - pede. Já contei a ele sobre meu passado e tudo o que envolvia Alex, mas sei que não é isso que ele quer ouvir. Cedric confirma ao perguntar em seguida: - Aquele homem que estava com você é o seu... marido?

- Não fale isso alto demais ou dará ideias a ele - Cedric não entende o que quero dizer e ergue as sobrancelhas. - Khalil é meu namorado. Na verdade, ele é irmão dos meus melhores amigos e cunhado da minha melhor amiga. Os Blackburns praticamente me adotaram depois que comecei a trabalhar para Eros, o filho do meio, há oito anos. Desde então, eles são minha família.

- Por acaso são os donos da Blackburn Empire?

Anuo.

- Khalil é o CEO. Eu sou a assistente pessoal dele depois que ele me roubou do irmão e da cunhada. - Ponho um sorriso irônico nos lábios, já esperando o julgamento. - E sim, eu estou namorando o meu chefe.

- Não vou julgar você. Você parece feliz, isso é o que importa para mim. - Ele parece tão sincero que me sinto mal por ter pensando que ele me julgaria. - Então esse Khalil é um bom rapaz, certo?

Ah, se o senhor soubesse...

Mas anuo. Tirando as loucuras que ele já fez, Khalil é um bom homem. Ele só tenta esconder isso com o jeito de garoto mal.

- Espero que ele a ame como amei sua mãe - Cedric deseja. Fico emocionada, pois com tudo o que ele contou, sei que o que ele e minha mãe tiveram foi o tipo de amor lindo e puro.

- Obrigada.

☠️

Fiquei com Cedric por mais meia hora antes da enfermeira vir avisar que ele precisava trocar o curativo e descansar. Então me despedi e prometi que voltaria amanhã. Fiz um lembrete mental para trazer flores para ele e para Gavin.

Como prometido, Khalil estava me esperando quando voltei, sentado em um canto desenhando em um caderninho.

- Posso ver? - pergunto algumas horas depois, apontando para o mesmo caderno que está em cima da mesa. Estamos no shopping. Eu queria matar o tempo antes de irmos para a casa da sua família, o que irá acontecer só à noite. Ainda é de tarde e resolvemos almoçar.

Khalil empurra o caderno para mim sem hesitação. Eu já o vi desenhando antes em um caderno maior, mas nunca pedi para ver porque ele é muito reservado. Se eu soubesse que ele não se importaria, teria pedido antes.

Como imaginei, há muitos desenhos, todos feitos de caneta preta. Alguns são apenas rabiscos, como se ele tivesse começado um desenho mas nunca terminado, enquanto outros já estão finalizados. São lindos. Todos eles. O acabamento é impressionante. Os desenhos variam, mas todos carregam um ar mais sombrio, como o próprio Khalil. Entre desenhos de corvos, galhos e coisas com chifres, encontro o desenho de um garotinho sentado em um quarto escuro. Sua expressão triste e a lágrima que escorre por seu rosto são o que apertam meu coração.

Preciso me esforçar muito para não pegar sua mão e dizer o quanto ele é incrível e que esse garotinho com certeza está orgulhoso do homem que ele se tornou hoje.

Ao passar para o próximo desenho, meus olhos ficam presos na página. É uma chave envolta em chamas, centrada em um coração com correntes delicadas que se entrelaçam com as chamas. Não sei o que me chama atenção nesse desenho específico. Talvez porque me lembre de... nós. É intenso, ardente e sombrio, exatamente as palavras que eu usaria para descrever nosso relacionamento.

- Eu quero esse - digo de repente, surpreendendo nós dois. Khalil olha para mim e depois para o desenho.

- Pode pegar.

Balanço a cabeça.

- Eu quero que você tatue isso em mim. - Devo estar louca. Eu não tenho tatuagens. Nunca tive interesse. Porque começar agora? Também não sei, mas esse desenho me cativou de uma forma inexplicável.

Khalil inclina a cabeça para o lado, me avaliando por alguns segundos. Ele não pergunta por quê, apenas diz:

- Ok.



Viemos para o estúdio do seu amigo. Meu corpo está tremendo de ansiedade. Já fiz muitas coisas perigosas na minha vida e raramente fiquei nervosa, mas o fato de Khalil estar prestes a me marcar para sempre é o que quase está me dando um ataque cardíaco.

Quando cumprimento seu amigo com um aperto de mão, o homem ergue as sobrancelhas.

- Tudo bem aí, garota? Ele não está te obrigando, está? - brinca.

- Não. Eu juro.

Dick ri.

Depois, Khalil me leva até uma sala.

- Nunca estive em um estúdio de tatuagem - conto a ele, sentado em uma cadeira. Eu observo ele pegar alguns papéis e uma ideia passa pela minha cabeça. - Você me ensina?

Khalil para o que está fazendo por um momento e olha para mim com uma cara de interrogação. Aponto para os equipamentos.

- A tatuar.

- Pode ser.

- Se eu te pedir um milhão de dólares, você vai me dar também? - Arqueio a sobrancelha, pois ultimamente ele está sendo muito bonzinho.

Khalil põe na mesa os papéis que estava segurando e depois contorna o móvel, ficando na minha frente. Ele segura meu rosto entre as mãos, acariciando minhas bochechas.

- Se isso te fizer feliz, farei o cheque agora mesmo - diz ele. - Qualquer coisa que você me pedir, é seu.

- Por quê? - Sem fôlego, me derreto com o amor que ele não tenta esconder em seu olhar.

- Porque eu te amo e fazer você feliz é a minha prioridade.

Deus, esse homem existe mesmo?

Sorrio para Khalil e beijo seu pulso, ficando de pé.

- Eu quero um milhão de beijos - sussurro. - Um milhão de sorrisos seus. Um milhão de abraços. Um milhão de dias ao seu lado. Eu quero o triplo dessa soma. - Passo meus braços ao redor do seu pescoço, ficando na ponta dos pés para alcançar sua boca. - Eu quero você e só você. Para sempre.

Khalil está tentando não sorrir, mas suas emoções estão todas expostas para mim através do seu olhar de esmeralda.

- Eu não vou a lugar algum, Kathryn - ele promete antes de me beijar.

☠️

Seu rosto contorcido de dor quase me faz parar. No entanto, a última vez que perguntei se ela estava bem, Kathryn quase me bateu, então apenas continuo dessa vez. Estamos quase finalizando, na verdade, e eu sei que se for demais, ela irá avisar.

Fiquei surpreso com sua decisão de fazer uma tatuagem. E fiquei ainda mais impressionado pela sua escolha. De alguma forma, ela escolheu justamente o desenho que fiz pensando em nós. A chave entrelaçada em chamas representa a intensidade do que há entre nós. Já o fogo, representa a paixão ardente e o desejo que inicialmente eram marcados pelo ódio, mas que evoluiu para algo transformador. No centro, um coração, indicando a conexão emocional profunda que surgiu desse contraste. E as correntes delicadas se misturaram com as chamas, representando todos os momentos que tivemos na cama, já que querendo ou não, o sexo foi algo importante para o desenvolvimento da nossa relação.

Fico feliz que ela tenha escolhido justamente esse desenho, mesmo sem saber o significado.

- Eu deveria ter escolhido outro lugar - ouço seu murmúrio. Concordo com ela, mas não digo nada. Kathryn escolheu fazer a tatuagem nas costelas. Eu avisei, quando ela assinou o termo de consentimento, que doía bastante nessa região, principalmente na primeira vez, mas ela disse que dava conta.

- Quero que seja a presidente interina da Blackburn Empire - anuncio contornando um traço acima na pele acima do osso.

- Desculpe? - Eu sei que ela me ouviu muito bem, então continuo.

- Meu pai se aposentou, não seria justo fazê-lo voltar para a empresa mesmo que por apenas alguns meses. Ele está feliz cuidando de Freya e Dean com a minha mãe. - Kathryn sabe do que estou falando. Está claro para qualquer um que se tornarem avós fizeram meus pais mais felizes do que nunca. Eles amam mimar as crianças e educá-las também.

- Sim, mas ainda tem Eros... e a Genevieve. São as escolhas mais lógicas. Até mesmo Anthony.

- Eros não têm paciência para lidar com os investidores. Ele odeia reuniões longas e demoraria muito tempo para se adaptar. Genevieve não tem experiência e Anthony é novo demais, além de estar em Paris. Não farei ele voltar para limpar a minha bagunça.

- Tenho certeza que ele não se importaria.

Pego mais tinta.

- Contratar alguém de fora não é uma opção - continuo, propositalmente ignorando-a. - Não vou deixar o comando da empresa na mão de um estranho.

- Eu estaria lá para ajudar a pessoa e ficar de olho nela também.

Desvio meus olhos da tatuagem para o seu rosto.

- É você, Kathryn. Tem que ser você.

- Eu não sei nada sobre administrar uma empresa! - Ela está me olhando como se eu fosse louco. Ok, talvez eu seja um pouco, mas meu instinto está gritando que estou certo. É verdade que assim como Genevieve, Kathryn também não tem experiência, mas diferente da minha cunhada, minha namorada foi minha assistente pessoal por meses.

- Mesmo antes de se tornar minha assistente pessoal oficialmente, você já cuidava da minha agenda. - Eu mandava todas as outras embora por serem incompetentes, então sobrava para Kathryn. - Você conhece a minha rotina e o modo que eu opero. Você sabe como fazer, é só adaptar para o seu próprio modo. Você poderá consultar meu pai sempre que precisar e também poderá contratar uma assistente temporária.

- Você falou com Enrico antes de falar comigo? - Semicerra os olhos.

- Eu precisava da aprovação dele.

Kathryn não acredita em mim.

- Você nunca pede a aprovação de ninguém para nada, Khalil. Você sabia que me convenceria mais rapidamente se eu soubesse que Enrico está apoiando essa ideia maluca.

Inclino meus lábios para o lado.

- Consegui?

Kathryn revira os olhos, suspirando e encara o teto.

- Eu vou pensar.

Aceito isso. É melhor do que um "não".

☠️

Ela está nervosa. Conheço Kathryn melhor do que ninguém. Ela tenta disfarçar ao pentear o cabelo com os dedos depois de descer de Bessie e me entregar o capacete. Mas ela disfarça muito mal. Seus dedos estão trêmulos e ela fica olhando pra mansão enquanto mordisca o lábio inferior, seus olhos cheios de incerteza.

O carro de Eros está aqui, o que significa que a família toda está lá dentro, aguardando.

Quando fui liberado pelo FBI, não queria ir embora, afinal, eles ainda estavam com Kathryn. Mas além de não terem mais deixado eu entrar no prédio, eu precisava avisar minha família de que estava bem. Devolveram meu celular, então liguei para Eros, mas eu sabia que uma ligação não bastava. Precisei vir aqui tranquilizá-los e explicar tudo. Pelo menos o suficiente. A história completa deixei para Kathryn contar. Mas o pouco que falei a minha família lhes deixou horrorizados. Não pelos motivos que Kathryn pensaria. Não, todos ficaram perplexos que ela estava passando por isso sozinha. Ficaram assustados com o perigo que ela correu. Em momento algum, eles a renegaram ou pensaram que ela era perigosa demais para a nossa família. E eu preciso desesperadamente que Kathryn veja e sinta a preocupação deles, porque só assim ela vai entender que nunca deixou de ser a filha, irmã, ou tia.

- Eu te amo. - Não sei quantas vezes já disse isso hoje, mas não parece o suficiente.

Kathryn olha para mim, seus olhos emotivos, e força um sorriso.

- Eu também te amo. Obrigada... por tudo.

Em vez de dizer que ela não tem que me agradecer por nada, pego sua mão e lidero o caminho à mansão.

Assim que abro a porta, somos recebidos pelo som de vozes. Sempre reclamei que a minha família é barulhenta, mas em alguns momentos é gratificante.

Não sei se Kathryn percebe, mas ela aperta minha mão conforme caminhamos até a sala, onde todos estão. Eu devolvo o aperto, tranquilizando-a.

Finalmente, chegamos à sala familiar.

- Graças a Deus. Por que demoraram tanto? Estamos morrendo de fome aqui - meu pai reclama, mas não está realmente zangado. Na verdade, seu semblante é de puro alívio ao nos ver.

- Eu não queria que o vento estragasse meu cabelo - Kathryn responde com aquele seu jeito.

- Você continua linda, querida - minha mãe elogia, vindo na nossa direção. Eu deixo ela me dar um beijo na bochecha antes da sua atenção se concentrar na mulher de um metro e sessenta ao meu lado. - Venha aqui, minha menina.

Os ombros de Kathryn desabam de alívio antes das suas se abraçarem. Eu as deixo para conversarem entre si e vou me sentar no sofá, acabando ao lado de Genevieve. Ela está olhando para Kathryn com os olhos marejados.

- Ela parece bem - sussurra, então engole em seco - Ela está bem, certo?

Seus vívidos olhos azuis me encaram esperançosos.

- Ela está, sim.

Genevieve assente mais para si mesma do que para mim antes de controlar suas emoções e colocar um sorriso no rosto.

- Onde estão as pestinhas? - pergunto a Eros quando Genevieve toma a vez e vai abraçar Kathryn também.

- Estão tendo um jantar especial no jardim. Pizza e sorvete. Isso é Natal para eles. - Enquanto fala, meu irmão não está olhando para mim, mas para sua melhor amiga. Era disso que eu estava falando: todos só estavam preocupados com ela, o resto não importa.

Depois que meu pai também vai falar com Kathryn, é a vez de Eros. Ele murmura alguma coisa que a faz revirar os olhos e lhe dar um tapa no braço, mas logo os dois estão se abraçando.

Quando Eros se afasta, Kathryn põe a mão na boca.

- Bom Deus, eu estou delirando - diz, sua voz abafada.

Sigo seu olhar, já sabendo o que vou encontrar: Anthony encostado na pilastra, sorrindo para ela.

- Sou de carne e osso, baby.

Juro que Kathryn dá um gritinho de felicidade e então corre até Anthony. Meu irmão mais novo ri, nada surpreso e a recebe de braços abertos.

- Por que ela não correu nem gritou quando me viu? - Eros questiona.

- Você não é o preferido. Aceita - Anthony responde, orgulhoso. Ele ficou sabendo de toda a situação e pegou o primeiro vôo de volta. Tenho certeza que não chegou aqui muito antes de nós.

- Eu sou o preferido das pestinhas - sinto-me na obrigação de dizer.

Anthony me mostra o dedo do meio. Ele sabe que estou certo.

- Você não é o preferido da minha filha. Eu sou o pai dela - Eros se defende.

- Você quer apostar?

- Aposto o meu segundo filho.

Genevieve lhe dá um tapa na cabeça.

- Porque você não aposta suas bolas, espertalhão? - A ruiva arqueia a sobrancelha.

- Para quê eu iria querer as bolas dele? - Acabo perguntando.

- Para quê você iria querer nosso segundo filho? - Genevieve devolve.

- Ritual satânico, é claro.

Dessa vez sou eu que ganho um tapa na cabeça.

- Vou fazer um ritual satânico com as bolas de vocês dois, idiotas - ela resmunga, então sai andando para os jardins.

- Ela é muito agressiva - acuso.

- A sua também - Eros devolve.

Justo.

Depois que Anthony e Kathryn terminam de conversar entre si, vamos para a sala de jantar, para onde nossos pais já tinham vindo colocar a comida na mesa. Anthony, Eros e eu ajudamos com o que falta e quando está tudo pronto, nos sentamos. Genevieve também voltou, provavelmente depois de checar as crianças.

- Não sei se é uma boa ideia falar o que tenho para contar durante a refeição - Kathryn murmura ao meu lado.

- Você não precisa nos contar tudo, se não quiser - minha mãe diz da cabeceira da mesa. - Apenas o que se sentir confortável.

Kathryn anue. Ela não está mais tão nervosa. Mesmo assim, entrelaço nossas mãos embaixo da mesa, para que ela não esqueça que estou aqui.

- Tudo bem. Acho melhor começar do começo...

☠️

Chegou o dia. O final de semana com Kathryn foi o melhor que eu tive em muito tempo. Ficamos no seu apartamento porque ainda preciso redecorar o meu. Fizemos amor do amanhecer até o anoitecer. Contei cada sarda que há em seu corpo. Observei ela dormir e tirei algumas fotos que lhe mostrei depois. Ela deixou que eu revelasse e trouxesse comigo. Nós comemos muita porcaria e passamos a maior parte do tempo sem roupas. Eu queria ficar para sempre naquele final de semana.

Mas também houve pequenas coisas ruins. Eu tive pesadelos. Com Pax. Outros onde era Kathryn no lugar dele. Alguns, envolviam Alex e o que teria acontecido se Cedric não tivesse tomado aquela bala por ela. Os pesadelos começaram a me deixar inquieto. Os pensamentos também. Quando Kathryn dormia, minha mente ficava acesa. E com a inquietação veio o desejo traiçoeiro. A vozinha na minha cabeça dizendo que eu só precisava de um gole de vodka. Até o fim do domingo, o que era um sussurro na minha cabeça, se tornou um grito difícil de calar.

Kathryn percebeu. Conforme o dia passou, fui ficando mais silencioso. Mais no meu canto. Eu queria conversar mais com ela, fazê-la rir e falar sobre o nosso futuro, mas eu estava muito preso na minha cabeça para isso. Felizmente, ela entendeu. Ela sempre me entende. Então ficamos em silêncio, só nós dois. Até esse pequeno momento eu amei.

Na segunda-feira de manhã, sei que estou fazendo a coisa certa. Me dói ficar longe dela por três meses, mas eu sei que é necessário.

- Vou assumir o cargo de presidente interina da Blackburn Empire - Kathryn conta quando estamos nos despedindo. - Você não precisa se preocupar. Vou dar o meu melhor.

- Eu sei que vai. - Eu confio nela e ela sabe.

Kathryn me abraça apertado. Posso receber visitas uma vez na semana, mas como ela, meus pais e Eros irão alternar, só nos veremos a cada três semanas, provavelmente.

- Eu te amo. Já estou sentindo sua falta - murmura. - Tem certeza que não quer que eu entre com você?

- Tenho, sim. - Quero fazer isso sozinho dessa vez. - Eu também te amo.

Nosso beijo de despedidas é o que mais dói, porque só quando continuar beijando-a e mandar o mundo se foder.

Mas infelizmente não posso fazer isso. Quando me afasto, memorizo seu rosto. Eu tenho quase um álbum de fotos e muitas outras memórias em minha cabeça, mas quero lembrar desse momento. Ela está aqui, comigo, me apoiando em mais um momento importante da minha vida. Pequenos atos declaram mais o amor de uma pessoa do que palavras ditas ao vento.

- Até daqui a pouco - sussurra.

Lhe dou um último beijo. Depois, suspiro.

- Até. Eu te amo - repito.

Kathryn revira os olhos, mas tem um sorriso nos lábios.

- Não torne isso meloso e dramático - murmura. Depois, com a expressão mais suave e sincera, diz: - Eu te amo mais.

Sorrindo, deixo um beijo na sua testa e vou em direção a clínica.

Quando estou prestes a entrar, viro para olhá-la uma última vez. Ela ainda está parada lá, usando sua jaqueta de couro enquanto se encosta em Bessie. Kathryn será sua nova guardiã temporária.

Nós acenamos um para o outro. Em seguida, lhe dou as costas e finalmente entro na clínica.


☠️

8K DE PALAVRAS 🗣️🗣️🗣️🗣️

O capítulo quase não sai pq fiquei doente ontem, mas felizmente consegui melhorar hoje e dar esse presente de natal a vocês💘😘

Espero que tenham gostado do capítulo!

Não sei se terça-feira vai, mas se não tiver, na outra sexta sai, eu prometo!

Feliz Natal🌟🎉💋

É isso, até <3✨

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2bjs, môres♥

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