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³⁶|Nave espacial

     Eu sabia que nada de bom viria de deixar Anthony ser responsável por uma despedida de solteiro. Bares e cerveja? Não passa nem perto. Pinos e cheiro de chulé? Aí você acertou.

     Mas acho que a culpa é minha. Não porque não discuti quando meu irmão mais novo disse que cuidaria disso, mas porque eu sou o motivo de não ter cerveja envolvida. Desde que voltei da reabilitação, minha família tem evitado álcool em nossas reuniões como se fosse uma praga. E agora Eros está tendo uma despedida de solteiro em uma casa de boliche por causa disso.

— Eu quero mais milkshake! — o pedido exigente vem de Freya. Sim, Freya. Porque é claro que em uma despedida de solteiro você não pode deixar a sua filha em casa, então traz ela com você.

— Você já teve um — Eros diz, concentrado em tentar fazer um strike.

— Mas eu quero outro. — Minha sobrinha cruza os braços minúsculos e faz uma cara feia.

— E eu estou dizendo que você não pode ter. — O final da sua frase termina com um murmúrio que tenho quase certeza que foi um "porra", quando ele e acerta apenas quatro pinos.

— Mas papai… — Freya vai até ele, sua expressão furiosa sendo substituída por uma tristonha. — Só unzinho.

    Eu observo meu irmão suspirar e se abaixar para ficar na frente da filha.

— Já não falamos sobre isso? Se dissemos que você não pode ter uma coisa, você não pode ter essa coisa. Você já bebeu milkshake hoje. Se você tomar outro, você vai ficar doente. Você quer ficar doente?

    Freya encara seus sapatos do Homem-Aranha e balança a cabeça.

— Não — murmura.

    A decisão de não lhe dar mais milkshake parece doer em Eros, mas ele se mantém firme. A semelhança entre ele e meu pai está não apenas em seu físico, mas na forma que Eros lida com Freya. Eu já sabia disso, mas não resta dúvidas de que Eros será e está sendo um bom pai. No entanto, ainda é estranho olhar para ele e vê-lo, de fato, como pai.

    Nunca senti aquela sensação absurda de que o tempo tinha passado sem que eu tivesse notado, mas isso está batendo em mim agora. Perdi muitos anos com a minha família por causa das drogas e da bebida. Muitas brigas teriam sido evitadas se eu apenas tivesse aceitado antes que eu tenho uma doença e era um viciado; se eu tivesse tentado seguir em frente logo depois da primeira reabilitação há muitos anos atrás. Metade da minha vida, é apenas um borrão em minha memória.

    Eu sou arrastado dos meus pensamentos quando um par de olhos azuis ansiosos para na minha frente.

— O papai falou que você vai levar a gente pra comprar doces — Freya conta ansiosamente. — Mas só doces, nada de milkshake.

— Você comeu todos os doces dela — Eros responde ao olhar que dou a ele. — E os do Dean.

    Reviro meus olhos. Eu precisava de algo para mastigar já que não posso fumar aqui dentro. Mas não digo isso a Eros ou reclamo. É sua despedida de solteiro, eu me lembro. Posso ser um irmão relativamente legal e bancar a babá por alguns minutos. 

— Não os perca de vista! — Eros grita atrás de mim quando saio com Freya e Dean. Mostro-lhe meu dedo do meio por cima do ombro.

— Tio Khalil, você não pode fazer isso! — Freya puxa meu outro braço. — Mamãe disse que é feio.

— Sua mãe não é divertida.

— Ela é sim! — Minha sobrinha me olha de cara feia. Tudo bem, nada de insultar Genevieve na frente da sua cria.

   Pego dois saquinhos quando chegamos aos doces e os entrego a eles.

— Vão. Eu estou olhando. Dean, não saia de perto dela. — Lhe entrego cem dólares para poder pagar os doces.

— Ok. — Ele leva isso ao pé da letra, pegando a mão de Freya e levando-a até lá. Ele veio conosco porque meu pai está aqui também. Carlota foi para a despedida de solteira de Genevieve, que aparentemente é bem mais divertida que a de Eros já que não é permitido crianças onde elas estão.

     Meu único trabalho aqui é abrir a carteira, então enquanto espero, pego meu celular. Não diria que virei uma daquelas pessoas que vivem checando seu celular para ver se a outra pessoa mandou mensagem, mas estou curioso porque não tive notícias de Kathryn quase o dia todo.

   Essa semana, não houve sexo. Em vez disso, houve jantares caseiros e maratona de séries. Kathryn não perguntou novamente o que estávamos fazendo. E se tivesse, eu não sei como teria respondido. Ela claramente não acredita em mim quando digo que gosto dela. Achei que deixar o assunto de lado por enquanto seria mais fácil. Mas tem me incomodado. Se eu fosse ela, também não acreditaria em mim, no entanto. Principalmente quando estou constantemente mentindo sobre odiá-la.

    Isso ficou enraizado em mim – fingir odiá-la – porque foi a mentira que tive que inventar para mantê-la afastada. Mas parece que me saí muito bem e ela acredita nisso ainda. Mesmo depois de tudo o que aconteceu no último mês.

    Quando abro minhas mensagens, tem um vídeo de Kathryn.

    Aperto o play e observo o ambiente escuro, com nada além de luzes coloridas. Na filmagem, Kathryn está dançando. Ou melhor, sensualizando. Em um vestido minúsculo, ela passa as mãos pelo seu corpo conforme rebola para a câmera – para mim. Seu cabelo cai bagunçado em ondas e sinto uma súbita vontade de estar lá para prendê-lo em meu pulso enquanto eu me afundo dentro dela. Na sua boceta ou naquela boca pintada de vermelha exibindo um sorriso safado.

    Kathryn vira de costas e desce devagar enquanto olha para a câmera por cima do ombro. Esse olhar… Eu deveria ter esperado para abrir quando estivesse sozinho, porque quando o vídeo acaba – rápido demais para o meu gosto –, eu estou em público com uma ereção. Se prepare, Kathryn, eu estou te castigando por isso muito em breve.

   

     — Ele tem cinquenta e sete anos. Como ele conseguiu me vencer? — Anthony tem as sobrancelhas franzidas enquanto parece tentar resolver um problema de cálculo.

— Ele te ensinou os truques. Como você esperava vencer? — devolvo, enfiando um punhado de M&M's na boca.

— Ele é velho.

— Eu ouvi isso, garoto — nosso pai grita de onde está. Ele e Eros venceram nós três, então estão jogando as próximas rodadas sozinhos para ver quem é o melhor.

   Anthony senta ao meu lado, braços cruzados e uma carranca. Ele é sempre o mais alegre, esportivo e divertido de nós, mas como ficou claro, odeia perder. Pobrezinho. Eu nem me esforcei muito em tentar vencer nosso pai. Sei escolher minhas batalhas.

— Genevieve está tendo uma despedida de solteira em um ônibus balada, mas você trouxe nosso irmão a uma noite de boliche — comento, observando Eros xingar e Freya estender a mão para ele, esperando seu dinheiro.

— Ei, boliche é legal.

    Em resposta, enfio mais M&M's na boca.

    Passamos alguns minutos em silêncio observando nosso pai e nosso irmão disputarem, até que de repente Anthony solta um suspiro. Não acho que tem a ver com sua derrota no boliche. Meu irmão tem estado estranho há algum tempo, como se algo o estivesse incomodando. Deixei que ele decidisse quando falar alguma coisa, mas talvez Anthony precise de um empurrãozinho.

— Diga de uma vez, Tony.

    Mais um suspiro, então…

— Vou embora depois do casamento.

    Inclino a cabeça para o lado, indicando que estou ouvindo.

— Por três meses, pelo menos — continua, a voz baixa. — Eu sempre gostei de viajar e ultimamente eu… Não sei, acho que preciso pensar no que vou fazer da minha vida, e sinto que não consigo pensar direito estando aqui.

— Você precisa de um ponto de vista diferente — concluo.

    Ele anue, seu próximo suspirando saindo como ele estivesse guardando isso há muito tempo. É provável que seja. Anthony trabalha na empresa com o departamento de marketing e publicidade, mas nunca achei que isso fosse realmente o que ele quer fazer para a vida toda. Ele é muito "espírito livre" para ficar preso em um escritório.

— Sei que tenho sido um irmão de merda, mas talvez eu vá sentir a sua falta — admito.

— Você não é um irmão de merda. Você é um pouco rabugento e com problema de comunicação, mas não é tão ruim quanto tenta parecer. — Anthony cutuca meu ombro. — Todos nós vemos através da sua máscara, Khalil.

— Não — contesto. — Eu não vou sentir sua falta. Dramático demais.

    Dessa vez ele me empurra. Consequentemente, caio do banco.

— Você derrubou meus M&M's, seu idiota — resmungo. Eu cato alguns e atiro em Anthony, que se esquiva.

    Em poucos minutos, transformamos isso em uma guerra de M&M's. Freya me ajuda a catar a munição que é arremessada em mim enquanto Dean vai ajudar Anthony.

— Seu pequeno Judas. — Atiro um M&M na cabeça de Dean, o Traíra.

— Vocês parecem todos crianças — meu pai diz acima de mim, porque, bem, ainda estou sentado no chão.

— Foi ele quem começou — Anthony e eu falamos ao mesmo tempo.

— Pegue aquele balde de pipoca — cochicho para Freya. Ela corre para pegar a pipoca esquecida que seu pai lhe comprou quando chegamos.

— Ei, isso é roubo! — Tony protesta. — Dean, consiga mais munição também.

— Tenho outra missão para você — conto a Freya, pegando o balde que ela trouxe. — Fique na minha frente e não me deixe ser acertado.

— Tá bom! — Tenho pena dela por um momento porque ela está muito ansiosa em ajudar e nem percebe que está sendo meu escudo. Mas minha culpa passa rápido.

    Por um breve período, tenho mais munição que Anthony, o que significa que estou vencendo enquanto arremesso pipoca e M&M's nele, mas então sinto algo diferente acertar meu rosto. Primeiro eu noto que Freya está sendo um péssimo escudo, depois, que o que me acertou foi uma bolinha de silicone, daquelas que você põe na água e espera crescer.

— De onde diabos você tirou isso? — eu pergunto a Dean.

— Eu não revelo meus truques! — grita, arremessando mais bolinhas. E aqui estava eu pensando que eles teriam piedade por causa de Freya.

    Minha sobrinha continua fielmente de pé, com os braços abertos para evitar que a maior parte das bolinhas me acertem. Ela com certeza deve estar cheio delas em sua roupa.

— Freya, mudança de planos. Teremos que nos proteger.

    Na verdade, acaba comigo protegendo ela, para variar. Anthony e Dean avançam, atirando suas bolinhas de silicone em mim, que estou deitado e cobrindo o corpo de Freya com o meu.

— Ganhamos! — Meu irmão comemora quando aparentemente já atirou toda sua munição em mim.

    Freya está rindo ao sentar ao meu lado.

— A gente pode fazer isso de novo? — pergunta, os olhos brilhando. Acho que ela não entendeu que a gente perdeu.

    Ouvimos um pigarreio e nós quatro olhamos para Eros e meu pai parados olhando para nós. Eles estão tentando manter a cara séria, mas é inegável a diversão em seus rostos.

— Limpem essa bagunça — meu pai manda.

— Freya, onde estão suas presilhas? — Eros questiona.

    Freya toca seus cabelos, procurando pelas presilhas que não estão mais lá e provavelmente se perderam na bagunça que fizemos.

— Uuuu… Acho que eu dei ao tio Khalil. Ele não tinha mais nada pra jogar.

    Engasgo com uma risada, fazendo um som estranho, então não consigo me aguentar e começo a rir de verdade. Eu caio para trás, no chão, minha barriga começando a doer.

    Quando minha risada começa a morrer, percebo que Freya está rindo, assim como Dean. No entanto, meus irmãos e meu pai tem sorrisos mais suaves no rosto, misturado com o leve choque em suas expressões. Acho que não tenho rido com eles com muita frequência. Vai parecer um exagero, mas é provável que eu não faça isso desde a minha adolescência, então a surpresa deles é cabível.

    Anthony estava certo. Boliche pode ser mesmo divertido. E guerra com M&M's, bolinhas de silicone, pipoca e presilhas também.

   
☠️

     Nossa mãe conseguiu convencer meu irmão e sua noiva a dispensarem o buffet e deixar que ela preparasse o jantar de ensaio com a ajuda do nosso pai.

    Estamos todos na casa de campo, no sábado, um dia antes do casamento, para o tal jantar. Para mim, é um inconveniente. Não me leve a mal, eu estou feliz pelo meu irmão – não demonstro isso com frequência, eu sei –, mas eu preferia dormir na minha cama essa noite. E isso não vai acontecer porque todos os convidados do jantar – apenas a família de ambos os noivos – dormiram aqui. Toda essa gente, debaixo do mesmo teto. Inspirador, não?

    A única coisa boa nessa situação tem um metro e sessenta – senão menos – está usando um batom vermelho vibrante e um vestido tão colado ao seu corpo que parece mais uma segunda pele. Isso me lembra daquele vídeo que ela me mandou, o qual eu assisti várias vezes enquanto fodia meu próprio punho em meu apartamento ontem.

    Eu observo enquanto Kathryn joga a cabeça para trás e ri de alguma coisa que Phillipe Reckeeles diz. Estou curioso para saber porque Genevieve achou uma boa ideia colocar seu tio para sentar-se ao lado de Kathryn. Tudo o que o velho fez até agora foi dar a Kathryn sorrisos de merda. Quer dizer, ele não é casado ou algo assim?

— … você também acha isso?

    Piscando, desvio meu olhar para para Dean, sentado ao meu lado. Certo. Ele estava falando alguma coisa sobre um livro que meu pai lhe deu.

— Acho que você está certo — ofereço, me sentindo verdadeiramente mal por não estar prestando atenção. Eu estava ouvindo quando ele começou a falar, e estava interessado, mas Kathryn, como sempre, roubou minha atenção para ela, porque aparentemente não basta apenas roubar meu sono e meu bom senso – o pouco que eu tenho, de qualquer forma.

— Você concorda que a Lily deveria ter ficado com o Snape no lugar do James e que o Harry não deveria existir? — Dean parece impressionado, talvez um pouco horrorizado e eu imagino que seja por causa da última parte.

    Busco na minha memória pelo garoto de doze anos que teria argumento para essa conversa. Sem surpresa, eu queria ir para Hogwarts quando era criança.

— O James e os marotos faziam um bullying do caralho com o Snape, Lily era a única amiga dele basicamente. Boa parte das coisas desandaram por causa do James. A parte do Harry eu não concordo, na verdade.

    Dean não tem tempo de retrucar porque uma voz aguda e alta nos interrompe no final da mesa.

— Tio Khalil falou um palavrão! — Freya anuncia alegremente, deixando sua cadeira para correr até onde estou. Essa garota tem o ouvido treinado para ouvir palavrões a quilômetros de distância.

    Freya estende a mão para mim, esperando.

   Suspirando, pego minha carteira e tiro cem dólares. É o suficiente para pagar as próximas horas.

— Você tem que dar ao Dean. Ele também é uma criança. — Definitivamente, essa criança está fadada a falir essa família.

— Ele tem treze anos — argumento.

— Papai disse que eu só vou ser adolescente aos dezesseis anos e que até lá, eu ainda serei uma criança. Eu sei contar, tio Khalil. — Ela me olha feio, colocando as mãos na cintura. — Antes do dezesseis vem o quinze. Antes do quinze o quatorze. E antes do quatorze, treze. Dean ainda é uma criança.

    Abro a boca para dizer a Freya que seu pai só está sendo, bem, seu pai, e ela obviamente se tornará adolescente bem antes dos dezesseis, mas eu estaria apenas sendo um idiota. Eu não me importo com isso na maioria dos dias, mas preciso admitir que essa pestinha sabe brigar. E que ela ganhou essa.

    Suspirando dramaticamente, tiro outra nota e dou a Dean.

— Eba! — Freya bate palmas.

— O que você vai fazer com todo esse dinheiro que tem arrancado da gente? — pergunto, curioso.

— Estou juntando — responde, orgulhosa.

— Para quê?

— Duuh. — Freya joga os braços para cima. — Ainda não sei. — De repente, seus olhos ganham brilho e eu imediatamente me arrependo de ter perguntado. — Vou comprar uma nave espacial!

— Por que você quer uma nave? — Dean prestativamente pergunta.

— Pra gente viajar pra Lua! Você quer ir pra lua também?! Eu deixo você ir na minha nave, mas sou eu quem vou pilotar. E ela vai ser vermelha e azul. E eu vou levar os cachorros. Eles vão adorar!

    Sentindo que posso morrer a qualquer momento se eu ouvir mais um segundo dessa conversa, deixo Dean e Freya com seus planos de irem para a Lua.

    Estávamos na mesa de jantar por pura cordialidade porque o jantar ainda não está perto de ser servido. Toda a interação de dois minutos com aqueles dois menores de idade exigem um cigarro.

    Familiarizado com a casa por causa daquele dia memorável que passei com Kathryn aqui, acho um corredor com uma janela bem no final. Eu abro, inalando o ar puro que estou prestes a contaminar. Literalmente, porque um segundo depois estou acendendo um cigarro.

     Com os poucos minutos que tenho, tiro o papel amassado do bolso e releio outra vez. Eros me fez padrinho, o que significa que preciso fazer um discurso. Além de usar um terno e não estragar tudo. Essa última exigência não foi dita, mas não foi preciso.

    Ninguém falou sobre o que aconteceu no baile. Eu esperava ser encurralado por Eros, mas não tive nenhuma palavra dele sobre o assunto. E, sinceramente, estou aliviado. Eros e eu temos uma longa lista de discussões, mas dá para contar nos dedos quantas delas eu quis provocar. E com certeza discutiríamos dessa vez.

    Depois de terminar meu cigarro, guardo o discurso e acabo indo para a cozinha. Eu só queria uma Coca Cola antes do jantar, mas minha mãe se anima ao me ver, pedindo minha ajuda. Imediatamente lembro-me da minha adolescência. Quando eu não estava ocupado sendo um idiota, estava na cozinha com Carlota. Fui relutante no início, mas acabei percebendo que ela não queria conquistar Eros e eu apenas para gostarmos dela e deixar que ela fosse feliz com nosso pai. Não, Carlota queria ser nossa mãe também. E ela se saiu melhor nisso do que aquela outra.

— Dean é um bom garoto. — Ouço-a dizer de repente. Percebo que meu pai saiu, o que significa que estamos apenas ela e eu aqui.

    Não respondo. Eu sei para onde essa conversa está indo.

— Você vai adotá-lo? — pressiona então.

    Expiro, me perguntando quais as chances de isso acabar em discussão. De todos na família, minha mãe é a que menos discute comigo. Pensando melhor, nós nunca discutimos, ela apenas me deu alguns sermões ao longo dos anos.

— A senhora acha que tenho chances? — contra ataco.

— Por que não teria?

— Alcoólatra. Viciado. Várias infrações. Solteiro. Quer que eu continue?

    Suspirando, Carlota larga o que está fazendo e vem até mim, que estou montando os pratos que ela pediu.

— Você foi para a reabilitação. Você está limpo há meses. Está fazendo um bom trabalho na Blackburn Empire. E a melhor coisa de tudo? Você está fazendo isso por você mesmo. — Ela para ao meu lado, se recostando na mesa. Eu não encontro seu olhar, mesmo quando ela põe a mão em meu ombro. — Estou orgulhosa de você, sabe. Todos nós estamos.

   Engulo em seco. Alguma coisa dentro de mim – talvez meu coração – desperta com suas palavras.

— Eu não sou boa influência para o Dean — admito. — Por isso pedi para ele ficar com vocês.

— Isso não é verdade, querido…

— É. — Interrompo, encarando-a. — Mas eu quero tanto quanto vocês que o Dean volte a morar com a mãe e aquele padrasto filho da puta. — Ou seja, nem um pouco. — Por isso vou resolver essa situação.

— O que você pretende fazer?

— Vou oferecer um acordo à mãe dele.

— Você vai dar dinheiro a ela. — Meu olhar é confirmação o suficiente. Carlota franze as sobrancelhas. — Isso é errado.

— Negligenciar e bater nele também é, mas ela não se importou. Com um bom acordo, ela vai nos dar guarda. Então Dean ficará com vocês.

— Não é tão simples… Ela pode te acusar de tentar… — Carlota se interrompe quando Dean e Freya entram na cozinha.

— Tio Enrico disse que vocês precisam de ajuda.

    Salvo pelos pestinhas.

    Minha mãe me lança um olhar que diz que essa conversa não acabou, então sorri para as crianças, disparando tarefas.

   
☠️

   
    
    Precisei arrastar Anthony para o quarto que estamos dividimos essa noite porque o idiota bebeu demais. E quando digo demais, quero dizer que ele fez malabarismo com limões além de ter imitado um golfinho no jogo de adivinhação.

    Ainda tive que colocá-lo na cama e tirar seus sapatos. Sinceramente, eu deveria ganhar um prêmio essa noite porque fui o melhor irmão que alguém poderia ter. Por isso, depois de bancar a babá, tomo um longo banho.

    Mas quando deito na cama – uma de solteiro –, o sono não chega para mim. Sinto-me cansado, porém, sempre que fecho os olhos, minha mente continua correndo para todos os lados. Parei com os remédios para insônia quando fui para a reabilitação da última vez, mas em momentos como esse sinto falta. Apenas uma pílula e eu estaria nas nuvens.

    Ainda estou deitado e esperando esperançosamente que o sono chegue quando ouço a maçaneta da porta girar. Abro os olhos, observando a porta abrir aos poucos. Está escuro no quarto, mas a lua alta no céu ilumina um pouco, permitindo que eu veja a figura invadindo o cômodo.

— Khalil? — Kathryn sussurra. Eu não sei o que diabos ela está fazendo aqui, mas não falo nada. Assisto enquanto ela dá alguns passos e para no meio do quarto, olhando entre as duas camas.

    Por fim, ela escolhe minha cama e caminha na minha direção. Não sei porque, mas gosto que ela tenha acertado onde estou.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto finalmente.

— Sabia que não estava dormindo — diz com um tom acusatório.

    Kathryn não espera um convite, subindo na cama. Eu a ajudo a passar por cima de mim até estar deitada do meu lado. A cama não é grande, mas Kathryn também não, então conseguimos nos encaixar, nós dois deitados de lado.

— Não estava conseguindo dormir, então vim dar uns amassos.

    Arqueio a sobrancelha com a sua confissão.

— Quanto você bebeu? — Observo no escuro enquanto ela brinca com a barra da minha camisa. Só de tê-la aqui, meu pau já está acordando.

— Você me observou a noite inteira. Me diz você.

    Quatro taças de vinho, então.

— Você parecia estar se divertindo com o tio de Genevieve. Não sabia que gostava de homens casados. — Claro, minha boca estúpida não poderia ficar calada.

    Mesmo no escuro, posso ver o sorrisinho de Kathryn.

— Parece que alguém está com ciúmes.

    Seu suspiro sopra em meu rosto depois que eu entrelaço meus dedos em seu cabelo e puxo seu rosto para mais perto.

— Não gosto que toquem no que é meu.

— Tão possessivo… — Imagino que deveria ser resmungo, mas sai mais como um sussurro ofegante.

    É o suficiente. Eu tomo seus lábios, tirando um gemido carente de nós dois. Ela está certa, passei a noite toda observando-a, mas estava a todo momento imaginando esse momento, quando eu finalmente poderia desfrutar dessa boca teimosa.

    Kathryn dá uma risadinha quando eu aperto sua bunda. Uma semana inteira sem tocá-la e eu quero transar com ela depois de um simples beijo e com meu irmão na cama ao lado. Minha falta de controle perto dessa mulher beira a insanidade.

    Suas mãos encontram o caminho por dentro da minha camisa e antes que eu segure seus pulsos, Kathryn quebra o beijo para me encarar.

— Posso tocar você?

    A pergunta me pega desprevenido. Ninguém nunca perguntou isso.

     Eu poderia negar e prender seus pulsos como sempre faço – um movimento mecânico que adquiri ao longo dos anos –, mas me vejo cedendo.

    Ajudo Kathryn a tirar minha camisa. Então ela monta em meu colo e captura minha boca outra vez. O beijo é mais lento do que estou acostumado quando se trata dela. Estamos sempre muito famintos ou lutando pelo controle, mas agora Kathryn me beija como se o tempo fosse apenas um infortúnio com o qual não precisamos nos preocupar. Suas mãos são exploratórias, começando em meus ombros, então descendo por meu peito. Meu instinto grita para afastá-las, mas lhe calo rapidamente.

   Com uma mão em seu pescoço, mantenho o beijo no ritmo que ela impôs. Com a outra, seguro sua bunda. Não posso me impedir. Pré-sêmem já vaza do meu pau, a prova óbvia do meu tesão. Despreocupada, como se não estivesse se esfregando em mim, Kathryn continua explorando meu corpo como se ela tivesse descoberto sua mais nova atividade preferida.

    Estremeço quando seu polegar acaricia meu mamilo. Minha reação deve ter sido óbvia porque Kathryn faz isso de novo.

— Hum… — murmura, seu tom cheio de curiosidade quando reajo da mesma forma.

— O que isso significa? — minha voz sai ofegante.

— Estou descobrindo do que você gosta. — Acho que vejo um sorriso em seu rosto. — E eu acho que você gosta disso…

     Ela aperta meus mamilos em seus dedos como já fiz tantas vezes com ela. Puxo seu rosto para baixo e esmago nossas bocas. Ela está certa, acho que gosto disso também. Seu pequeno gemido e a picada de dor que está me causando me tira um grunhido.

    Agarro seus quadris para ajudá-la a deslizar em meu colo. Foder a seco é algo que provavelmente não faço desde a faculdade, mas Kathryn resolveu me testar e como já ficou provado, não tenho controle quando se trata dela.

    Ela apoia sua testa na minha, nossas respirações ofegantes se misturando. É inteligente que ela tape a boca para abafar seus gemidos, mas eu queria desesperadamente ouvi-los. Quero sentir o quanto ela está molhada para mim também. Quero tantas coisas com ela, que não daria para fazer tudo nessa vida.

    Sinto o estremecimento passar por ela exatamente quando aquele formigamento sobe pela minha espinha, tensionando meu estômago. As unhas de Kathryn afundam em meu ombro e mesmo com sua mão abafando seus sons, eu ouço o longo gemido que dá. É quando minhas bolas apertam, e logo em seguida estou gozando com ela.

    Kathryn desaba em cima de mim, respirando pesadamente.

— Não acredito que fizemos isso — sussurra. Posso dizer pelo seu tom que ela está um pouco incrédula. — Nunca mais vou olhar na cara de Anthony.

    Dou uma leve risada, passando minha mão em seu cabelo.

— Você vai superar — asseguro a ela.

— Somos horríveis.

— Isso é verdade.

    Ela me dá um tapa no peito.

    Segurando seus quadris, tiro-a do meu colo. Preciso me limpar já que gozei nas minhas calças como um adolescente que acabou de descobrir a pornografia.

— Eu já volto.

     Depois de me limpar no banheiro e trocar minha boxer e minha calça por um par reserva, volto para o quarto. Achei que Kathryn poderia ter ido embora, mas ela ainda está onde deixei. Assim como Anthony, que está roncando na outra cama.

    Junto-me a Kathryn, puxando o cobertor sobre nós dois. Ficamos em silêncio. É engraçado como eu não estava com sono antes, mas depois de cinco minutos sem nenhum de nós falar nada, começo a sentir as raízes do sono se aprofundando em mim.

— Você já dormiu? — Ouço o sussurro de Kathryn.

— Sim.

   Acho que ela ri.

— Eu deveria ir.

— Não.

— Me emociona o quanto você é comunicativo, sabe.

    Suspirando, passo meu braço ao seu redor e puxo-a mais para mim, até sua cabeça estar debaixo do meu queixo.

— Durma — ordeno.

— Mandão.

— Teimosa.

    Com uma risadinha, Kathryn me abraça, enterrando seu rosto em meu peito. Talvez seja o sono, mas eu realmente gosto quando ela faz isso.

— Estamos complicando as coisas — sussurra. Há um leve assombro em sua voz. Isso afasta quase completamente o meu sono.

— Por que você evita tanto relacionamentos? — pergunto, então. Queria ter feito essa conversa quando pudesse ver seu rosto, mas talvez o escuro seja nosso aliado hoje.

— Vivo há muito tempo sozinha. Eu não saberia como… fazer isso. — Enquanto penso sobre isso, ela cutuca minhas costelas. — Você já esteve em um relacionamento sério?

— Não.

— Mas e o Pax e aquela garota, Bree?

    Não pergunto como ela sabe sobre eles. Uma olhada no meu passado e você vai encontrar meu nome, o de Pax e o de Bree em vários tabloides.

— Era complicado — respondo, esperando que ela deixe o assunto de lado.

    Mas é Kathryn, óbvio que ela não deixaria isso passar, por isso não fico surpreso quando ela pergunta.

— Complicado como?

— Pax era meu melhor amigo. A gente ficava às vezes. Mas também ficávamos com outras pessoas. Não existia compromisso entre nós. — Suspiro, sentindo aquela dor em meu peito sempre que falo dele. — Passamos por muita coisa juntos. Mas também fazíamos muito mal um para o outro. E acho que era por isso que combinávamos, porque nós dois éramos fodidos da cabeça. Bree veio depois, ela e Pax…

— Você o ama?

    Pisco para o escuro, surpreso com sua pergunta.

— É…

— Complicado?

— Isso.

    Um silêncio estranho se estende. Novamente, lamento por não poder ver seu rosto. Ela é muito expressiva às vezes. É mais fácil ler suas expressões do que tentar decifrar seu silêncio.

    Eu estava torcendo que ela quebrasse o silêncio, mas não gosto do que sai da sua boca quando fala novamente.

— Melhor eu ir — diz, se afastando.

— Já discutimos isso.

— Não posso ficar aqui. Se Anthony acordar e me ver…

— E daí? Ele já suspeita.

— Suspeitar não é ter certeza.

— E você não quer ser associada a mim. — Uso o termo que ela usou naquele dia na cozinha de Eros. Meu tom, no entanto, está mais gelado que o Polo Norte. — Acertei?

— É melhor assim.

    Como uma fugitiva, ela sai com a mesma rapidez que entrou.

   

☠️

Gente eu amo tanto esse capítulo😭😭😭😭

É tão pitico o Khalil com o Dean e a Freya. Dps ele e a Kate "dando uns amassos"😭😭😭

Vivo por eles e não nego!

Oq estão achando de tudo até agr????

Espero que tenham gostado🖤.

O capítulo de terça é longo, preparem-se!

Até💋

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2bjs, môres♥

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