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³⁴|Demônios

    Preciso de três tentativas para que o teto do meu quarto entre em foco depois que abro os olhos.

    Minha cabeça é como uma sala preta escura com uma bola de ping pong batendo na parede atrás dos meus olhos.

    Tum.
 
    Tum.

   Tum.

    Enquanto encaro o teto e sinto a bolinha ficar mais rápida e mais alta, sinto medo também. Eu conheço esse tipo de dor de cabeça, é aquela que vem te fazer companhia depois de uma noitada. Eu não tenho uma dessa há meses.

    Você pisou na bola. Você deixou seu vício te vencer. Fraco. Você é uma vergonha.

    Patético.

    Patético.

    Patético.

    Fecho meus olhos com força, inspirado profundamente enquanto meu coração dispara em meu peito. Minhas mãos tremem, mas fecho elas em punhos ao meu lado conforme tento me acalmar.

    Busco em minha memória lembranças recentes de garrafas de tequila e vodka, mas não acho nada. Também conheço esse apagão.

    Eu tive mesmo uma recaída? Depois de todos esses meses me mantendo firme? Para algumas pessoas, sete meses é pouco tempo, mas para mim é muito. Não é apenas porque é a primeira vez que me mantenho sóbrio por tanto tempo, mas porque eu quero isso de verdade. Eu escolhi ficar sóbrio. Eu escolhi minha vida, em vez da doença.

    E agora você jogou tudo isso fora.

    Abro os olhos novamente e engulo em seco. Não tenho certeza se serei capaz de começar de novo. Não sei se posso ter que olhar para minha família, ver que os decepcionei, mas que eles estarão lá para me dar outra chance.

    Quantas chances mais irei desperdiçar?

     A luz do abajur está ligada e, pelo canto do olho, vejo um movimento. Percebo então que não estou sozinho na minha cama.

    Virando totalmente a cabeça, encaro Kathryn. Ela deitada ao meu lado, apenas alguns centímetros nos separando. Seus olhos estão fechados enquanto ela dorme profundamente. O movimento que vi é seu braço se movendo quando ela coça o olho antes que pare e deixe sua mão cair no travesseiro, seu sono imperturbável.

     Desço meus olhos por seu corpo. Ela está com uma camisa minha. Noto também que estou vestido.

    Há algo errado. Eu não lembro de trazê-la a minha casa. Eu tive outra crise e ela veio como daquela vez?

    Confuso, sento na cama. Abro os olhos, que fechei para evitar que tudo girasse.

     É quando eu vejo o vestido na minha poltrona. É brando, de seda, com um decote nas costas. Eu o escolhi. Perdi a conta de quantas vezes imaginei tirando-o do corpo de Kathryn. Quando a vi, quase não pude me controlar. Lembro de como meu pau contraiu em minha calça. Eu queria devorá-la. Ela estava perfeita. O branco simboliza pureza, mas em Kathryn foi totalmente erótico e sensual, valorizando suas curvas femininas e todos os lugares que eu queria por as mãos.

    Lembro-me disso. Como posso lembrar dos pensamentos que tive, do desejo que senti, mas não lembrar do resto da noite? Sei que fomos ao baile…

    O baile.

    Como se fosse uma chave para um baú de lembranças, minha memória retorna. Não totalmente, eu percebo aos poucos. Apenas fragmentos. Kathryn e eu chegando no baile, sua boca maliciosa trocando farpas comigo, então Victoria e…

    Como sempre acontece, aquela parte pequena minha se retrai com seu nome, com a lembrança do seu rosto e o do seu marido. Eu enterrei esse pequeno pedaço de mim. Enterrei bem fundo, por muitos anos. E teria continuado assim. Deveria ter continuado assim.

    Mas a lembrança do seu rosto mascarado me diz que eu fui o único que desejei isso…

    Franzi as sobrancelhas, piscando algumas vezes, me sentindo estranho quando o locutor se transformou em dois. Eu não bebi. Não digo que foi fácil manter o controle quando aquela voz ficava sussurrando para eu pegar uma taça, para tomar só um gole, mas eu resisti.

     Que porra é essa então?

       Um baque me chama atenção. Eu bati meu joelho na mesa, mas não percebi que estava balançando minha perna.

    Levanto abruptamente. O mundo inclina levemente. Sim, definitivamente estou tonto. Será minha ansiedade? Eu não queria vir, mas pensei no que meu pai faria. Quando CEO, ele era bastante ativo em todos os eventos que houvesse doações à caridade envolvidas. Minha mãe também. Ambos têm essa opinião de que devemos ajudar aqueles que não têm as mesmas condições que nós. Por isso eu vim. Não só porque queria manter esse legado, e porque concordo com a opinião de ambos, mas também porque preciso melhorar minha imagem. Odeio usar a caridade para isso – é sujo e sem caráter –, mas nesse meio de vida usamos as cartas que temos. Além disso, eu me desculpei com o universo fazendo uma generosa doação.

    Apoio-me na parede. Então eu paro. Parede?

    Quando olho em volta, percebo que estou no corredor. Eu saí do salão sem perceber. Não foi uma boa ideia. Meu orgulho é uma droga, mas talvez eu devesse ter dito a Kathryn que eu não estava me sentindo bem.

    Enfio a mão no meu bolso, meus movimentos lentos, mas sou interrompido quando uma mulher se aproxima e segura meu braço. Ela é loira, alta e …

    E é ela. Victoria.

— … quarto… comigo… ficará melhor… — Eu ouço algumas das suas palavras, me retraindo.

    Ela veio a empresa me entregar os convites. Depois de vinte e dois anos, fiquei sozinho em uma sala com ela novamente. Eu não a queria lá. Eu deveria ter dito a Kathryn que a mandasse embora, mas não fiz. Acho que aquela parte… aquele garoto de quatorze anos que um dia eu fui, esperava que ela tivesse ido dizer que o que fizemos foi errado. Que o que eles fizeram foi errado. Eu levei anos para entender, talvez eles também.

    Sinto algo macio quando o mundo se inclina e eu estou olhando para um teto com papel de parede dourado. Eu sei que não é o meu quarto. Não tem papel de parede lá. Melhor, eu nunca levaria Victoria até a minha casa.

— Sinto muito… desse jeito… queríamos que você relaxasse… lindo… lembra?

    Palavras. Tantas palavras. Eu não consigo ouvir todas elas. Mas minha mente lenta registra algo: fui drogado. Por isso estou assim. Victoria colocou algo na minha água. Foi a única coisa que bebi.

    Procuro forças para levantar, mas tudo o que faço é grunhir. Meu corpo não é mais meu. Suas mãos estão em mim. Sinto gosto de vômito, mas consigo engolir de volta.

    Eu tento manter meus olhos abertos, fazer minha boca funcionar, mas tudo está ficando muito lento, nebuloso…

    O rosto de Victoria altera. Uma hora está envelhecido pela idade, mas na outra ela é jovem e bonita, como quando a conheci. Eu gostava daquela Vic. Ela era muito legal comigo. Richard também. Eles eram casados, mas mal pareciam mais do que adolescentes. Vic gostava de me ensinar a tocar piano. Eu gostava de tocar para ela. Ela me dava um beijo na bochecha sempre que terminávamos a aula. Mas uma vez ela me deu um beijo na boca.

    Balanço a cabeça, tentando fazer com que as memórias sumam. Eu não quero pensar nisso.

    Mas é tarde demais. Meu corpo reconhece suas mãos e de alguma forma isso ativa as lembranças. Os outros beijos que ela me deu "sem querer", as carícias em minha coxa, até que um dia sua mão "escorregou" demais até o meu colo. Às vezes que Richard se juntava a nós. E como tudo ficou frequente até se tornar uma rotina. Um hábito ruim. Algo podre e feio.

    Suas mãos estão tocando meu rosto.

    Não, não são as mãos ásperas de Victoria. Essas são mais delicadas e seu toque não revira meu estômago.

— … Kathryn — diz uma voz diferente, vagamente familiar.

    Kathryn… Kathryn… Olhos puxados, boca esperta e cabelo escuro como a noite. Kathryn, não Victoria. Kathryn… Kathryn…

— Kathryn… — empurro as sílabas para fora dos meus lábios. Consigo piscar, mas está tudo muito embaçado.

    Kathryn, não Victoria.

    Kathryn…

  
     É tudo o que eu lembro. O nome de Kathryn é a última coisa que lembro antes de apagar de vez.

    Encaro o despertador na mesa de cabeceira, sem surpresa ao ver que são 04h08, eu sempre acordo por volta desse horário.

     Coloco-me sobre meus pés e caminho para o banheiro.

    Eu me olho no espelho. Obviamente minhas roupas foram trocadas. Obra de Kathryn, não duvido. Não sinto repulsa ao pensar nela me trocando, apenas vergonha. Totalmente diferente de quando penso nas mãos de Victoria em mim. Meu estômago dá um nó e bile queima em minha garganta ao repassar os fragmentos de memória. Ela se esfregando em mim, tirando minha roupa como fez em tantas outras vezes. Minha mente vai mais longe, naquelas memórias que eu não toco há anos, naquelas lembranças, onde eu achava que gostava de ser tocado por ela.

    Dessa vez, não impeço o vômito, alcançando a privada a tempo.

☠️

     Quando saio do banho, Kathryn está sentada na minha cama, muito acordada e me encarando atentamente enquanto caminho até o closet. Ela deve ter acordado com o barulho do chuveiro enquanto eu tomava banho.

— Ei — diz suavemente. Odeio a preocupação em seus olhos. — Você está se sentindo bem?

    Anuo.

    Ao voltar do closet, Kathryn dá uma olhada nas minhas roupas – calça jeans, camisa e jaqueta –, então franze as sobrancelhas.

— Aonde você vai? — Seu tom é cheio de suspeitas.

    Pego a chave de Bessie na minha mesa de cabeceira e lhe dou as costas.

— Dar uma volta.

    Cada passo exige muito de mim. Sinto a ansiedade como se fosse ervas daninhas rastejando sob a minha pele. Estou agitado demais para dormir. Eu preciso… relaxar. Uma volta com Bessie vai ajudar. Preciso limpar a minha mente. Respirar. Talvez até…

    Balanço a cabeça. Primeiro, preciso sair, depois, verei o que fazer.

     Entretanto, quando estou chegando na porta da frente, ouço os passos atrás de mim. Não chego a olhar por cima do ombro porque logo Kathryn está parada na minha frente. Na frente da porta.

— Saia — ordeno. Meu temperamento está no limite, será que ela não percebe?

    Kathryn cruza os braços, erguendo o queixo. Péssimo momento para ela querer uma luta.

— Diga-me que você não está indo comprar uma garrafa de vodka, e eu sairei.

— Não estou para joguinhos. Saia da minha frente.

— E eu também não ou você acha que quero estar acordada às quatro da manhã? — Arqueia a sobrancelha.

— Então volte a dormir, porra, e saia da minha frente.

    Kathryn fica mais ereta.

— Não use esse tom comigo como se eu fosse um inseto inconveniente zumbindo ao seu redor.

— É exatamente o que você é. Agora saia ou eu tirarei você.

    Ela ergue as sobrancelhas.

— Apenas tente.

    Foda-se.

   Estendo as mãos para agarrar sua cintura e tirá-la do meu caminho sem precisar machucá-la. Mas Kathryn me impede. Em um segundo, ela está de braços cruzados, e no outro, ela está agarrando o meu e girando com uma força surpreendente. De costas para ela e com sua mão torcendo meu braço para trás, não tenho tempo de abrir a boca porque em seguida sinto um chute atrás da perna.

   Caio de joelhos, minhas costas arqueadas enquanto ela ainda torce meu braço, ajoelhada atrás de mim.

— Não queria usar a força contra você, — sua voz acaricia meu ouvido —, mas não deixarei que saia por aquela porta e cometa um erro de que se arrependerá para sempre.

— Você não sabe de nada — devo estar rosnando as palavras, provavelmente parecendo um animal furioso.

— Então me conte. Converse comigo.

    Solto uma risada sem humor.

    Kathryn está sendo legal comigo porque ouviu as coisas que Victoria disse? Não lembro de quase nada, mas durante o banho tive outros flashes de memória e eu sei que Kathryn de alguma forma Kathryn me tirou daquele quarto.

    Eu não quero sua pena, porra, e com certeza não estou entrando no seu joguinho de abrir meu coração para ela.

   Quando não digo nada, Kathryn finalmente me solta. Ela fica de pé primeiro e estende a mão para mim.

     Sem fazer questão de esconder minha reação nada feliz, levanto sozinho. Ela não recua. E, pela primeira vez, eu realmente odeio isso. Odeio que ela não se sinta ameaçada por mim. Seria mais fácil se apenas um olhar para meu rosto, ela saísse correndo.

— Vá embora.

— Não.

    Passo minhas mãos pelo meu rosto, puxando meu cabelo em seguida. Mulher irritante do caralho. Maldita hora que eu cedi a tentação e a fodi. Mas tudo bem. Kathryn não quer sair, mas farei com que mude de ideia. Ela não é a primeira a querer ficar, mas vai desistir quando finalmente perceber o problema que se meteu.

     Pego a primeira coisa que vejo pela frente e jogo na parede do outro lado da sala. Não olho para ver, mas ouço o barulho da mesa de centro se partindo. Eu estou muito ocupado observando as reações de Kathryn. Ela olha para a mesinha quebrada sem nenhuma emoção. Nada. Ela colocou uma máscara de indiferença.

— Você já terminou o seu chilique? — pergunta com calma, voltando seus olhos para mim.

    Que se foda.

— Eu odeio você — digo então, diminuindo a distância entre nós. Novamente, ela não recua. — Você acha que só porque eu te fodi, você se tornou importante para mim? — Dou um sorriso de escárnio. — Eu te disse desde o início, Kathryn, você é só um brinquedo para mim. Então vá embora porque eu já me cansei de você.

— Não. — Ela ergue o queixo.

— "Não"? Você não está me ouvindo? — Minha voz se eleva. — Eu. Não. Quero. Você. Aqui!

    A próxima coisa que sinto é a ardência em meu rosto depois que Kathryn me dá um tapa.

— Nunca mais levante a voz para mim — suas palavras são baixas e calmas quando ela fala. — Eu também te odeio. Odeio não conseguir sair por aquela porta e deixá-lo aqui. Odeio que uma parte bem pequena minha se importe com você. Mas dá próxima vez que você gritar comigo, eu não vou me importar com nada disso quando quebrar a porra do seu nariz.

    Olho para ela, sentindo a ardência em minha bochecha. Não é nada. Já senti dores piores. Kathryn se mantém firme ao me encarar de volta. Seu rosto está corado de raiva e suas mãos fechadas em punhos.

— É a segunda vez que você me bate — digo. A primeira foi naquele corredor depois do nosso beijo.

    Kathryn arqueia a sobrancelha.

— E o que você vai fazer sobre isso? Destruir outra mesa?

    Dou aquele último passo na sua direção. Ficamos tão perto que seu peito roça na minha camisa e ela precisa levantar o rosto para me encarar. Eu sei que minha expressão não é nada feliz, mas Kathryn não demonstra estar sequer um pouco intimidada.

— Não tenho medo de você — sussurra.

— Eu te odeio — repito, mas até eu posso admitir que minhas palavras perderam a convicção de antes.

— É um sentimento mútuo.

— Então vá embora.

— Eu não posso.

— Por quê?

   Sua máscara racha. Kathryn franze levemente as sobrancelhas, como se só agora lhe tivesse ocorrido que ela precisa de um motivo para não fazer uma coisa.

— Eu não sei — responde então.

     Voltamos a nos encarar em silêncio. Ela não vai embora. Eu posso ver a determinação em seu olhar de aço. Por que ela não pode ser como todo mundo e ir embora? Por que ela tem que ser tão irritante a ponto de me tirar do sério?

    Bravo por não ter essas respostas, seguro seu rosto em minhas mãos e desconto toda a minha fúria em sua boca. A Diaba suspira, segurando meus pulsos, mas não me afasta. Pelo contrário, ela fica na ponta dos pés para aprofundar mais o beijo. Acho que ela não tem consciência de que faz isso. Ou que solta pequenos ruídos de prazer e esfrega seu corpo no meu.

    Eu abraço sua cintura, suspendendo-a enquanto nos levo até o sofá. Eu deito Kathryn no móvel e cubro seu corpo com o meu. Gosto que mesmo com nossas diferenças de tamanho, nossos corpos se encaixam perfeitamente.

   Ela me beija com a mesma agressividade que eu a beijo, nós dois lutando pelo controle. Ela está sempre lutando comigo. Seja na cama ou fora dela. Figurativamente falando já que só transamos em uma cama uma vez. Aprecio o frenesi. Minha mente é facilmente nublada por isso, focando no agora, na mulher ansiosa embaixo de mim.

    Sou rápido em me livrar da minha calça e cueca. Kathryn me ajuda com a minha camisa. Só quebro o beijo de novo quando levanto a camisa que ela está usando. Não chego a tirá-la totalmente do seu corpo, usando a peça de roupa para imobilizar seus pulsos acima da sua cabeça. Seguro seus seios em minhas mãos. Kathryn geme e se contorce quando aperto seus mamilos em meus dedos. Ela move os quadris, esfregando sua boceta, ainda coberta pela calcinha, em meu pau muito duro.

    Hoje não tem espaço para provocações. Eu preciso disso rápido e duro. E pelas reações de Kathryn até agora, eu sei que ela também.

    Puxando sua calcinha para o lado, sinto sua umidade encharcando meus dedos e depois entro nela de uma vez. Porra, isso é bom pra caralho.

     Meus lábios pairam sobre os seus enquanto observo seu rosto se contorcendo de prazer conforme meto dentro dela. Quando encontra meu olhar, sinto algo parecido como um soco em meu estômago. Isso está saindo do controle. Era para ser apenas diversão. Depois de anos, finalmente cedi aquele desejo que sempre me puxava em direção a ela. Quando ela respondeu, quando ficou claro que Kathryn sentia essa atração tão forte quanto eu, sabia que se eu não tomasse cuidado, ela ia acabar me fodendo sem perceber.

    Ela não sabe disso. Mesmo quando tentei dizer, quando falei que queria apenas ela, Kathryn não acreditou em mim. O que ela diria se soubesse todas as merdas estúpidas que se passam na minha cabeça?

    Novamente, não tenho resposta para uma pergunta que envolve essa mulher. Estou farto disso.

    Aumento meus impulsos, batendo tão fundo nela que será capaz de sentir por dias. Bom. Quero que ela se lembre disso, que fique tão perturbada quanto eu.

    Nós não falamos. Pela primeira vez, não há joguinhos entre nós. Kathryn não está fingindo que não quer isso. Ela está tão consumida quanto eu que de repente as coisas se tornam confusas?

    Soltando seus pulsos, seguro seus quadris enquanto sento no sofá, fazendo com que Kathryn monte em meu colo. Ela estremece, sentindo meu pau mais fundo dentro dela por causa da posição. Eu mesmo cerro meus dentes quando sua boceta me aperta. Seguro sua bunda e lhe dou impulso enquanto Kathryn rebola em meu colo, sua cabeça jogada para trás, perseguindo seu próprio prazer.

    É doloroso o quanto é linda. Sempre é. Mas aqui, me montando, seu rosto limpo de maquiagem e seu cabelo bagunçado, ela nunca esteve tão linda. É como vislumbrar uma parte dela que esteve oculta, mas que hoje está exposta para mim.

    Tomo seus lábios de novo, desesperado ao sentir que estou apenas a algumas estocadas de gozar. Eu queria que durasse mais. Queria poder senti-la por dias porque parece que é só nisso que conseguimos nos entender. Em qualquer outra coisa, somos incompatíveis, mas quando estamos unidos assim, tudo parece ser possível.

    Kathryn goza, estremecendo enquanto ainda me movo dentro dela, abraçando seu corpo. Ela me beija meio desajeitada, passando as mãos pelo meu cabelo. O ato de carinho me pega desprevenido, mas qualquer pensamento que eu tenha sobre isso se dissolve quando eu gozo. Meu orgasmo vem tão forte que vejo estrelas atrás das minhas pálpebras fechadas enquanto apoio minha testa na sua.

    Ficamos assim por muito tempo depois das nossas respirações ficarem estáveis outra vez. A carícia de seus dedos em meu cabelo foi estranha no início, mas tornou-se reconfortante agora. Percebo então que também estou lhe acariciando, meus dedos fazendo círculos suaves em suas costas.

     Começo a sentir a exaustão pesar em meus ossos e o sono chegando. Kathryn não deve estar se sentindo muito diferente.

    Por isso, fico de pé, trazendo-a comigo. Ela não protesta, entrelaçando suas pernas em minha cintura.

    Eu tomei banho quando acordei, mas nós dois suamos, então nos levo direto para o banheiro. Coloco-a no chão ao entrar no box, consequentemente saindo de dentro dela. Tomar banho com outra pessoa exige um certo tipo de intimidade que não sei se temos. Foi diferente lá na casa de campo porque tinha sido nossa primeira vez.

    Mas Kathryn não parece preocupada com isso enquanto prende seu cabelo em um rabo de cavalo e tira sua calcinha. Também não reclama quando eu despejo sabonete na esponja e depois começo a lavar seu corpo. Eu nunca fiz isso com ninguém. Nem mesmo com Pax, a pessoa mais próxima que já tive em muitos sentidos.

   Percebo que não penso nele há um tempo, e sinto-me culpado quando rapidamente expulso esse pensamento porque também não quero pensar nele agora.

    Depois que nós dois estamos limpos, pego uma toalha nova e seco Kathryn, antes de usar o pano para enrolar seu corpo.

    De volta ao quarto, pego uma calça moletom e uma camisa. Eu visto o primeiro e entrego o segundo a ela.

    Kathryn veste sem relutância e em poucos minutos nós estamos acomodados na minha cama.

    Ela é a primeira a pegar no nosso. Eu, no entanto, ainda fico acordado até o sol nascer atrás das cortinas. Eu invejo Kathryn pelo seu sono rápido, mas também gosto quando ela me procura em meio a ele. Logo, sua perna está jogada sobre meus quadris e ela está deitando a cabeça em meu peito, soltando um suspiro.

    Permito-me tocar seu cabelo e inspirar seu cheiro. Ela está cheirando como eu por causa do meu sabonete. Gosto disso.

    Enquanto ouço sua respiração tranquila, engulo em seco, querendo entrar num sono tão tranquilo quanto o dela, mas sendo impedido pelos demônios em minha cabeça.

    A terapeuta disse que falar ajuda.

    Sim, bem, ela diz isso porque é o que terapeutas fazem. Passei por muitos enquanto crescia e outro punhado quando fiz reabilitação. A última vez foi há meses atrás, quando ela me disse exatamente o que todos os outros falaram.

    No entanto…

    Soltando um suspiro pelo nariz, resolvo ceder. Não é como se Kathryn estivesse acordada para me ouvir. O que torna tudo melhor.

— Quando Eros tinha dez anos, meu pai começou a se preocupar que ele estivesse se fechando — começo, minhas palavras não mais que um murmúrio. — Fazia quatro anos que Olivia tinha ido embora, mas às vezes Eros ainda perguntava por ela e ocasionalmente ficava triste. Meu pai queria distraí-lo. A nós dois, na verdade, apesar de eu nunca ter perguntado sobre aquela mulher desde o dia que ela foi embora. Mas Eros era mais novo e ele ainda não entendia algumas coisas. — Faço uma pausa, lembrando daquela época. — Um dia, fomos a um jantar na casa de um amigo do meu pai. Ele nos levou porque seu amigo disse que podíamos ficar com o filho dele, que tinha a idade de Eros.

    Lembro que eu não queria ir. Eu tinha quase quatorze anos, então não era divertido para mim ter que ficar com duas crianças de dez anos. Mas Eros ficou enchendo meu saco, então eu fui.

— Quando chegamos lá, ele ficou encantado pelo piano que o amigo do nosso pai tinha. Eu sabia tocar um pouco – aprendi na escola porque achei que iria impressionar Olivia – então mostrei a ele. Enquanto eu tocava, uma mulher que também estava no jantar, se aproximou de nós. — Engulo em seco. A memória do seu sorriso gentil foi reconfortante e me deixou orgulhoso porque significava que ela gostou de me ouvir tocar. Mas hoje essa memória embrulha meu estômago. — Ela disse que eu tinha uma boa técnica e se ofereceu para aperfeiçoar isso, além de ensinar meu irmão, se meu pai deixasse. Foi a oportunidade perfeita. Meu pai não pensou duas vezes quando não só viu o entusiasmo de Eros, mas o meu também. Eu estava sempre retraído, que ele ficou surpreso.

    "Nós começamos naquela mesma semana, depois que meu pai acertou os horários com ela, que recusou qualquer pagamento pelas aulas, dizendo que amava ensinar os outros. Depois das três primeiras semanas, Eros perdeu o interesse. Ele disse que era chato. Então eu continuei. Eu realmente gostava de tocar. Mas não foi só por isso que continuei. Eu gostava dela. Eu sabia que nutrir uma paixonite idiota pela minha professora de piano não era inteligente porque ela era dez anos mais velha, mas não tentei mudar isso. Principalmente porque ela começou a me notar. "

    Faço uma pausa mais longa dessa vez, para me certificar que Kathryn ainda está dormindo. Eu só falei disse em voz alta uma vez.

    Quando tenho certeza que ela não está me ouvindo – sua respiração continua profunda e estável –, volto a falar.

— Toda vez, nós nos despedíamos com um beijo na bochecha. Mas poucas semanas depois que Eros parou de ir às aulas, ela me deu um beijo na boca. Ela disse que foi sem querer e riu de si mesma. Eu tinha ficado radiante com aquele beijo  porque eu era um idiota apaixonado por uma mulher mais velha. — Engulo a saliva novamente, e juro que posso sentir seus lábios gelados nos meus. — No meu aniversário de quatorze anos, tínhamos aula. Eu fui para casa dela, como de costume, e quando cheguei lá, ela estava fazendo um bolo. Para mim.

    "Me senti especial. Eu já tinha tido um bolo de aniversário mais cedo naquele dia, mas era diferente. Logo percebi que ela não estava usando suas roupas habituais, mas um vestido que ela chamou de "especial para esta ocasião". Naquele dia não tocamos piano, porque passamos a tarde toda conversando. Foi apenas isso. Mas, na semana seguinte, ela me tocou pela primeira vez. Eu estava trabalhando em uma nova melodia quando senti sua mão sobre meu jeans."

    A lembrança vem antes que eu consiga impedir. Estávamos sentados no banquinho e eu errei uma nota quando senti sua mão lá, olhando confuso para ela. Tudo o que ela disse foi "Continue", como se não houvesse nada errado naquilo.

— Eu estava na puberdade, então rapidamente fiquei duro sobre seu toque. Era a primeira vez que alguém me tocava. Naquela época, eu não era muito popular na escola, então ainda não tinha ninguém. Ela sabia disso, porque contei em uma das nossas conversas. No primeiro momento, quando ela colocou a mão dentro do meu jeans e começou a me acariciar, fiquei aflito por ser inexperiente. Mas ela não parecia se importar com isso quando… — Tomo uma respiração, lutando para pôr as palavras para fora — quando eu gozei com apenas alguns toques seus. Ela me ajudou a me limpar e perguntou se eu havia gostado. Eu disse que sim e ela me beijou, prometendo que aconteceria de novo se eu não contasse a ninguém.

    Eu me achava descolado porque uma mulher mais velha estava interessada em mim. Mas ela não parecia tão velha assim, na verdade. Com vinte e quatro anos, ela parecia ter dezoito. Eu usava esse argumento para afastar qualquer pensamento sensato.

— Isso se repetiu por um tempo. No início, eram apenas carícias. Depois, ela me ensinou o que eu tinha que fazer para lhe dar prazer. — Mais tarde, percebi que tudo aquilo tinha sido apenas um treinamento. — Consequentemente, perdi minha virgindade com ela quando ela decidiu que eu estava pronto. Passamos a transar com frequência depois disso. Eu ficava sempre ansioso, sonhando acordado. Achava que, quando eu acabasse o colégio, ela largaria o marido e ficaríamos juntos. Achei que estávamos apaixonados.

    “Um dia, alguns meses depois, ela perguntou se tudo bem o seu marido se juntar a nós nas aulas. Eu não o via com frequência porque ele estava sempre trabalhando, mas disse que tudo bem. Fiz questão de me manter concentrado para que ele não percebesse o que ela e eu fazíamos. Na terceira aula que ele estava presente, eu cheguei na casa deles, mas ela não estava. Ele disse que ela já ia chegar, então me ofereceu whisky. Quando não peguei de imediato, ele disse que tudo bem, que era nosso segredo. Eu aceitei, então."

    Paro de falar, percebendo que minha respiração está um pouco fora do normal. Eu respiro fundo algumas vezes para me acalmar e abraço Kathryn mais apertado.

— Passei a beber com frequência. Antes daquele dia, eu nunca tinha bebido. Eu não queria ficar igual a Olivia, sempre bêbada e furiosa. Mas percebi que não era tão ruim assim conforme o tempo passava. Certo dia, quando cheguei na casa deles, a porta estava aberta e entrei, não vendo problema disso. Mas em vez de ir direto para a sala, ouvi ruídos no andar de cima. Curioso, fui ver o que era e vi os dois transando. — Eu me senti traído, mas excitado e envergonhado ao mesmo tempo. — Antes que eu saísse, ela me viu e me chamou. Eu não sabia o que fazer. Mas a obedeci. Foi quando percebi que o marido sabia de tudo, sabia sobre nós. E eu sabia, pelo seu olhar, que ele me queria também.

    "Ele não me tocou naquele dia, mas observou enquanto sua esposa fazia. Ela sorria e falava para eu relaxar, mas eu estava assustado. No entanto, eu tinha quatorze anos, estava naquela fase que até uma brisa me deixava duro, então não foi difícil para ela me fazer funcionar para o seu prazer. Quando acabamos, eu me vesti rapidamente e fui embora. Pensei em não voltar no dia seguinte, mas achei que talvez podíamos fingir que aquilo nunca aconteceu. Mas eu estava errado.

    "Naquele dia, não houve cerimônia. Ela me levou para o quarto deles e me entregou um copo de whisky. Perguntou se eu tinha contado a alguém. E quando eu disse que não, ela disse que eu não podia contar. Nunca. Disse que as pessoas não entenderiam. Eu apenas concordei. Não sabia se queria fazer aquilo de novo. Parecia mais errado agora que seu marido sabia. Eu sabia que ela podia me sentir recuando. Mas ela resolveu isso me dando um baseado. Disse que eu estava nervoso, mas que aquilo me ajudaria a relaxar e me divertir. Eu nunca tinha fumado, mas logo peguei o jeito. Eu queria agradá-la.

    "Senti-me estranho, mas de fato, estava mais relaxado. Eu quase não me importei quando seu marido entrou no quarto e se juntou a nós. Eles começaram a se tocar na minha frente. E aquilo… aquilo me excitou. — Engulo a bile de volta quando lembro de como eles sorriram ao ver a ereção na minha calça.

    "Ela perguntou, então, se eu já tinha… Se eu já tinha chupado um pau. Eu neguei. Nem mesmo o álcool ou a maconha foram capazes de amenizar o terror que senti. Mas eles me acalmaram. Ela, então, me mostrou o que fazer. Mais uma vez, eu não sabia se queria fazer aquilo. Eu achava alguns garotos da minha escola bonitos, mas era só isso, não sabia o que significava. Não sabia, por exemplo, se eu gostaria de fazer um boquete. Mas eu não compartilhei minhas preocupações e dúvidas. Eles estavam ansiosos, esperando, e eu não queria decepcioná-los."

    A sensação de um pau na minha boca tinha sido tão estranha quanto a de uma vagina. Também tinha sido meu primeiro contato sexual com uma pessoa do mesmo sexo. Me assustou porque eu ainda estava tentando entender o que significava sentir atração por garotas e garotos. Se as coisas tivessem sido diferentes, eu provavelmente teria explorado minha sexualidade com mais calma, em vez de ter sido empurrado para aquilo sem nenhuma experiência ou entendimento.

— Após aquele dia, as aulas de piano foram esquecidas. Toda vez que eu ia para casa, me sentia horrível pelo que estávamos fazendo. Eles diziam que não era errado, mas eu sabia que era. No entanto, eu sempre voltava. Era mais fácil esquecer disso, entretanto, quando todas as vezes eles me davam um pouco de whisky e um baseado. — Algumas vezes, quando eu não era rápido em me esconder no meu quarto, meu pai notava que tinha algo de errado. Tive que mentir, dizendo que eu passava na casa de amigos depois das aulas de piano. Isso me rendeu semanas ficando de castigo.

    "Um ano inteiro passou e eu fiz quinze. Estava começando a ficar irritado com meu pai sempre me colocando de castigo, então comecei a sair escondido para ir a festas. Percebi quanta coisa eu estava perdendo. Amigos, sociais… Comecei a sair com pessoas da minha idade. Eu não me sentia culpado quando me esgueirava até o quarto de alguma garota tarde da noite ou dava uns amassos com algum garoto nos vestiários. Era fácil com eles.

    "Diminui as "aulas de piano", então. Passei a ir dois dias por semana. Não sei porque eu ainda ia. Eles ficavam dizendo que as pessoas com quem eu saía não eram meus amigos de verdade, que não me conheciam. Diziam que só eles sabiam fazer eu me sentir bem, que só eles podiam me entender. Devo ter começado a acreditar. Além disso, em casa, as coisas tinham começado a ficar mais complicadas. Meu pai e eu estávamos sempre brigando. Comecei a me envolver em brigas na escola… Foi um ano de merda, mas o que nunca mudava é que eles estavam lá para mim.

    "Mesmo quando eu exagerava na bebida e na maconha, eles não brigavam comigo. Eles faziam eu me sentir bem, então eu retribuía o favor. A primeira vez que ele me fodeu, eu estava com tanto álcool e droga no organismo, que não lembrava de nada no dia seguinte. Não sabia se tinha sido bom, mas imaginei que sim porque ele começou a fazer isso com frequência. Eu estava além da consciência todas as vezes. Num determinado momento, comecei a perder a noção do que acontecia à minha volta quando estava com eles. Percebi que eu não me importava mais com o sexo, apenas em ficar fora de órbita com as coisas que eles me davam.

    "Naquele ponto, minha relação com meu pai estava praticamente deteriorada. Carlota fazia o que podia para ajudar, mas eu sempre a afastei. Agradeci quando finalmente terminei o colégio porque eu sabia que meu pai estava prestes a tomar alguma decisão sobre mim, que faria com que eu o odiasse para sempre. De alguma forma, eu consegui entrar na faculdade. Meus vícios pioraram. Eu voltava para casa todo final de semana e em pelo um desses dias, eu passava fora, indo ver eles. Nada tinha mudado entre nós três.

    "Eu voltava para o campus sempre pior do que eu tinha ido. E Pax, que era meu colega de quarto e com quem eu transava às vezes, começou a perceber. Eu não contei nada para ele, mas Pax me embebedou de propósito um dia e fez com que eu contasse tudo. Eu não lembro disso, por causa dos apagões na minha memória, mas quando acordei no dia seguinte, ele estava sentado na cama. Então ele olhou para mim e disse "Você foi abusado por quatro anos, Khalil. Você não está mais voltando para casa sem mim."

     Expiro entre os dentes, a dor dessa memória perfurando meu coração. Eu disse a Pax que ele não entendia, que não tinha sido isso, mas ele não acreditou. Talvez porque eu estivesse mentindo sem perceber. Foi Pax, aquele garoto tão quebrado quanto eu, que me fez perceber que aquela relação não era amor, nem paixão. Que não havia nem mesmo carinho. E que definitivamente era errado. Mas também que eu não tinha culpa de nada.

— De alguma forma, saber disso não tornou as coisas melhores. Sim, Pax passou a ir comigo para casa nos finais de semana para que eu não desse meu braço a torcer e fosse até eles. E eles não me procuraram quando parei de ir até eles também. Mas quanto mais eu pensava que tinha sofrido abuso e confundido aquilo com amor, mais minha cabeça fodida precisava ser calada com álcool e drogas. Até que virou um vício sem fim, do qual não tenho certeza se consegui me livrar por completo.

    Solto um longo suspiro. Pronto. Eu contei. Depois de anos, eu finalmente contei isso a outra pessoa além de Pax.

   Acaricio as costas de Kathryn e beijo seus cabelos.

— Obrigado.

☠️

Gente... Oq foi esse capítulo.... Confesso que chorei um pouquinho escrevendo

Como é um assunto sensível, espero que tenha conseguido transmitir os sentimentos do Khalil🖤

Acham que a Kate reagiu bem?

É isso, até terça-feira...

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2bjs, môres♥

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