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⁵⁴|Caixinha de música

    Ele…

     Cedric está…

     Eu me afasto, tirando as mãos do seu corpo como se me queimassem. Logo, Gavin toma meu lugar e tenta falar com nosso pai. Mas é inútil, porque está…

     Eu não consigo dizer. Não pode ser verdade.

    Olho para Khalil. Ele precisa me dizer que estou delirando. Devo estar, certo?

    Mas Khalil está olhando para outro lugar. Mesmo atordoada, sigo seu olhar.

     E me vejo encarando Alex. Ele ainda com a arma que usou parar atirar em Cedric, depois de provavelmente ter recuperado enquanto estávamos distraídos. Mas parece não ter mais forças para atirar, apesar de seus olhos estarem abertos.

    Não percebo que estou me movendo até sentir o cabo frio de uma faca que eu encontrei no meu caminho. Eu seguro a arma quando me elevo sobre Alex. Sua mão treme, tentando erguer o revólver parar atirar em mim outra vez, mas eu chuto sua mão, consequentemente fazendo a Glock deslizar pelo chão.

    Só então, eu me ajoelho ao lado de Alex. Olhando em seus olhos, enfio a faca em seu peito, bem onde fica seu coração podre. Observo seu rosto se contorcer de dor. Nenhuma dor será o suficiente. No entanto, tiro a lâmina e enfio de novo.

    Então mais uma vez e mais outra e mais outra… Mesmo quando sangue está saindo da sua boca e seus olhos ficam sem vida, eu não paro. Eu quero que sua alma, se é que ele teve uma, continue sentindo minha dor e minha raiva até depois da sua morte.

Kathryn… Meu amor… — Ouço a voz de alguém. É familiar. — Querida, o FBI está aqui. Precisa parar. Ele se foi.

    Ergo a lâmina mais uma vez, mas não sou capaz de enfiar nesse corpo sem vida novamente. Não porque não quero, mas porque meus braços tremem. A lâmina cai no chão. O som ecoa dentro de mim e também quebra alguma coisa. Será o meu coração? Sinto que não tenho mais um.

     Alguém está me embalando em um par de braços. Eu reconheço esse cheiro, mas não consigo olhar. Aqui é bom, no entanto. Aqui, eu sinto uma segurança que não achei que precisava. Minha barreira se rompe e lágrimas deixam meus olhos enquanto meu coração sangra.

Ela está bem? — Não muito distante ouço alguém perguntar.

O pai dela acabou de morrer, porra. Você acha que ela está bem com isso? — Aquele, o primeiro a falar, responde, me apertando no casulo dos seus braços.

— Sabe com quem está falando? Sou agente especial. Posso prender você por desacato.

— Que se foda. Nos deixe em paz.

— Precisamos levá-la para interrogatório.

— Encoste nela e eu corto a porra das suas mãos.

— Você está ameaçando um agente federal.

     Encolho-me. Tantas palavras… Tantas vozes. Quero que isso pare…

— ELE ESTÁ COM PULSO. CHAMEM OS PARAMÉDICOS! ELE ESTÁ VIVO. — Outra pessoa grita de algum lugar.

    Essas palavras me tiram do meu torpor. Ergo o rosto, implorando que eu não tenham ouvido errado. Por favor, Deus, por favor…

— Está ouvindo isso? — Khalil pergunta próximo ao meu ouvido, passando a mão pelo meu cabelo. — Ainda há esperança, meu amor. Fique comigo. — Beija minha têmpora. — Você está aqui comigo, Kathryn?

    Faço que sim, chorando um pouco mais. Khalil está certo, ainda pode haver esperanças, não pode?

     Eu me agarro a isso. Esperança… Ainda há esperança…

☠️

     Khalil é como um cão de guarda ao meu lado. Ele latiu palavras nada agradáveis para os federais sem se importar com os distintivos deles, exigindo que me dessem tempo para me recuperar. Eu o amei ainda mais por isso.

     Os agentes não deixaram que eu fosse para o hospital com Cedric e Gavin, mas garantiram que meu pai tem sim uma chance de sobreviver. Ele está em cirurgia agora enquanto Khalil e eu estamos sendo levados para interrogatório depois de terem nos dado uma hora. Achei que foram generosos, e só posso presumir que é porque estão interessados no que temos a dizer. Eles sabem quem eu sou? Por que Cedric é informante deles? O que farão conosco?

     Haviam muitos agentes no Complexo. Eles estavam removendo os corpos e caixas com arquivos, além daqueles que estavam fazendo a perícia no local. Não posso nem negar meu envolvimentos em todas as mortes dos homens de Alex e do próprio. Minhas digitais estão em todos os lugares.

— Não fale nada — instruo Khalil quando o carro que estamos entra em um estacionamento de um prédio do governo. A sede do FBI aqui em Chicago. Encaro o agente que está no volante. Ele não falou conosco, mas sei que está atento a tudo o que falamos. Mantenho minha voz baixa. — Provavelmente vão nos separar, mas mesmo assim não diga nada. E não peça um advogado até eu ter certeza do que está acontecendo.

     Khalil anue. Suas mãos estão algemadas atrás das costas e as minhas também, mas eu me aproximo mesmo assim. Apoiamos nossas testas uma na outra. Encaro seus olhos verdes como esmeraldas. Mesmo depois do inferno que passamos, apenas olhar para ele acalma meu coração. É raro as vezes que ele deixa suas emoções transparecem tanto, como agora. E ver todas as emoções em seu olhar me deixa sem fôlego.

— Hoje foi um pesadelo — Khalil diz, sua voz rouca e sussurrada.

— Foi, sim. Desculpe por te meter nisso.

— Você não tem que se desculpar. Nada foi culpa sua. Nada, ouviu? — Ele me conhece tão bem, que deve ter lido as palavras em meu rosto e sabe como estou me sentindo sobre toda a situação. No entanto, está errado. Muitas coisas foram minha culpa.

      Mas não quero falar disso agora, principalmente com o agente aqui.

— Ok — murmuro. Khalil me encara por mais alguns segundos. Depois, ele me beija. Sou pega de surpresa, mas retribuo o beijo, querendo chorar com o quanto senti sua falta.

— Eu te amo — confidencia. — Todos esses dias sem você foi como viver sem meu próprio coração. Foi horrível, e eu só conseguia pensar no quanto eu queria te dizer isso. Além de pedir desculpas e dizer também que se você ainda me quiser, se você ainda me amar, eu prometo me esforçar mais e não te magoar e te decepcionar. Talvez eu falhe –, na verdade, eu tenho certeza que falharei, porque esse sou eu, repleto de falhas e partes feias –, mas sou seu. Uma vez te disse que eu era uma pessoa quebrada, mas por você eu serei um homem inteiro, eu prometo. Só me dê mais uma chance de provar o meu amor.

    Há lágrimas em meus olhos. Sempre achei que esse negócio de declaração amorosa fosse coisa de filmes. Mas aqui estou eu, pela segunda vez, emocionada com Khalil abrindo seu coração para mim. Eu o amo tanto nesse momento que dói, mas é uma dor boa, aconchegante e que me faz sorrir.

     Abro a boca para dizer que nunca deixei de amá-lo, que quero-o para sempre, mas sou puxada para longe do seu corpo.

    Eu não notei que o agente havia saído do carro. Agora ele abriu a porta e está me puxando para fora.

— Kathryn! — Khalil grita de dentro do carro. Mas não por muito tempo. Outro agente está tirando-o do veículo também.

— Me solte! — Tento, mas falho em me livrar do homem me segurando. Ele está me levando para um elevador. Olho por cima do ombro, vendo Khalil também tentando se soltar. Ele é muito mais agressivo do que eu e tenho medo do que isso possa lhe causar. — Khalil!

    Ele ergue o rosto. Seu olhar é furioso, mas eu sei que não é de mim que ele está com raiva.

— Amo você — digo. O agente entra no elevador, me levando junto. Continuo olhando para Khalil. — Nunca houve um momento em que eu não te amei — falo mais alto. — E nunca haverá um dia em que eu não vou querer estar com você. — As portas estão se fechando. — Inteiro ou não, você é meu.

— E você é minha — completa com um pequeno sorriso.

    Dou de ombros.

— É o que dizem.

     Quando as portas do elevador se fecham, a última imagem sua que vejo é o seu sorriso, e ele, o meu.

    
☠️

    Não sei quanto tempo faz, mas sei que muitas horas se passaram desde que me jogaram nessa sala de interrogatório, onde estou mofando desde então. Primeiro separaram Khalil e eu, e agora estão testando quanto tempo eu consigo ficar em silêncio… Bem, eles terão uma surpresa, pois não estou a fim de falar.

      Com minha bochecha descansando no metal frio da mesa, permaneço de olhos fechados. Não chego a dormir, mas meus olhos precisam de um descanso. Durante essas horas, minha mente vaga para todos os cantos. Alex. Cedric. Gavin. Minha mãe… Quando a porta da sala abre, tento não suspirar aliviada por finalmente estar vendo outro rosto.

     O fato de ser uma mulher não me tranquiliza, mas me faz questionar se acharam que mandar alguém do sexo feminino ia me deixar mais receptiva.

— Olá. Sou Lorna Altman — diz a mulher, ocupando a outra cadeira. — Peço desculpas por fazê-la esperar tanto.

     Tenho vontade de revirar os olhos.

     Ao invés de abrir a pasta que trouxe consigo, Lorna cruza as mãos sobre a mesa e fica relaxada enquanto me encara. Eu, no entanto, não consigo relaxar e fico rígida na cadeira, encarando os olhos escuros dela de volta.

— Então, fale-me sobre você — pede.

     Arqueio a sobrancelha.

— Pensei que isso fosse um interrogatório, não uma entrevista de emprego. — Aponto para a pasta. — Tenho certeza que tudo o que quer saber sobre mim, está aí.

     A agente me observa um pouco mais com seus olhos profissionais. Ela não deve ser muito mais velha do que eu.

— Tudo bem. — Pega a pasta, abrindo-a. — Kathryn Yamamoto, vinte e nove anos (nascida em oito de janeiro de mil novecentos e noventa e quatro). Histórico criminal: várias prisões por roubos, além de uma detenção por posse ilegal de arma de fogo. — Lorna faz uma pausa, erguendo os olhos para mim. — Todas essas acusações foram feitas há dez anos. Então, de repente, aqui está você, presa novamente e dessa vez sendo acusada de matar seu antigo chefe, Alexander Vega. Quer me contar como isso aconteceu?

     Não digo nada. Disse a Khalil que não deveria chamar um advogado, mas estou começando a reconsiderar.

— Por que não começamos do começo? Como você conheceu Alex? — Quando permaneço calada, Lorna fecha a pasta, suspirando, e entrelaça as mãos em cima da mesa outra vez. — Kathryn, sua situação é bem complicada. Você foi presa em flagrante, ainda segurando a arma do crime. Além disso, algo me diz que também vamos encontrar provas que você matou alguns dos outros homens que encontramos mortos na mansão. Quer um chute? Você pode pegar de sessenta a oitenta anos.

      Desvio o olhar para ela não ver quanto suas últimas palavras me apavoram. Isso está realmente acontecendo. Eu posso ir para a cadeia por toda aquela carnificina. Quando trabalhava para Alex, nunca me preocupei com isso. Mas agora é o mundo real e eu posso ter acabado com a minha vida.

— Como Cedric está? — Encaro Lorna. Eu sei que não é o que ela quer ouvir, mas preciso pensar. Meu silêncio pode me condenar, mas falar também significa que estarei confessando. Estou sem saída e preciso pensar um pouco mais.

— Ele saiu da cirurgia duas hora atrás. Está estável.

     Imediatamente, sinto meus ombros relaxarem um pouco. Ele não morreu. Isso é um sinal, certo? O universo fez algo bom por mim e eu preciso retribuir.

— Ok — começo. — Conto tudo a você, mas precisa liberar o homem que estava comigo. Khalil Blackburn. Ele não tem nada a ver com isso. Eu juro. Foi Alex que o sequestrou, mas Khalil não está envolvido com a matança no Complexo.

     Eu vejo o seu olhar de quem está reconsiderando. Talvez até pensando numa contraproposta, mas Lorna não tem chance de concordar ou negar, pois ouvimos batidas no vidro.

     Ela lança um olhar furioso para quem quer que esteja lá, mas as batidas continuam.

— Volto logo — diz com um sorriso forçado. Está claro que ela está odiando essa interrupção.

    Eu, no entanto, levo esse tempo sozinha para pensar. Quando Lorna voltar, pedirei para fazer uma ligação. É meu direito e eles não podem negar. Não queria fazer isso, mas terei que ligar para Eros. Primeiro, ele já deve saber que Khalil foi levado da clínica, então preciso contatá-lo de uma forma ou de outra. Segundo, ele é a única pessoa que pode me conseguir um bom advogado. Se Lorna aceitar minha condição e liberar Khalil, ele não precisará de um advogado também.

     Com esse plano em mente, eu espero. Não tenho horas, mas pelo menos uma se passa antes de Lorna retornar. Ela não está sozinha. Aquele agente que trouxe Khalil e eu no carro, está entrando com ela.

— Parece que hoje é o seu dia de sorte, garota — Lorna comenta enquanto o outro agente abre as correntes que estavam ligando minhas algemas à mesa.

— O que está havendo?

— Cedric acordou.

☠️

     Sinto que vou vomitar a qualquer momento. Cada passo pelos corredores do hospital, faz a bile em minha garganta ficar insuportável. Tento me concentrar nos meus passos e não no ambiente ao meu redor, mas é difícil. Está em todos os lugares, inclusive no ar. Odeio esse cheiro. Só de senti-lo, minha mente invoca lembranças de quando estive em um hospital muito parecido com esse, onde minha mãe morreu.

     Estou tão concentrada em não vomitar que não percebi que paramos até alguém me dar um empurrãozinho. Tropeço para dentro da sala, inspirando fundo algumas vezes.

     Meus olhos encontram os de Cedric. Lorna havia dito que ele estava bem e obviamente viemos aqui para vê-lo, mas acho que uma parte minha não estava acreditando até agora. Faz apenas algumas horas que eu soube do nosso parentesco, mas nunca vou esquecer a sensação horrível que foi achar que ele estava morto. Por isso que agora realmente respiro aliviada.

— Amaya — Cedric diz. Novamente, tenho aquela sensação estranha de lembrar dele me chamando assim muito antes de hoje.

— Achei que seu nome fosse Kathryn — Lorna interrompe. Ela foi a única agente a entrar no quarto e está preparando a câmera e um tripé. O interrogatório será aqui mesmo, então.

— E é — respondo sem muita emoção. — Posso me sentar? — Pergunto, pois a chances de eu desmaiar aumentam a cada segundo.

     Lorna aponta para a poltrona perto da cama de Cedric. Eu hesito, pensando que será melhor se eu sentar no sofá, mas Lorna acaba ocupando o lugar antes de mim.

    Sentindo-me como uma criança, sento na poltrona, minhas mãos algemadas em meu colo. Não olho para Cedric, concentrada na câmera apontada para nós.

— Quem quer começar? — Lorna pergunta.

— Por que você é tão importante para o FBI? — Acabo olhando para Cedric, porque essa é uma pergunta que eu tenho me feito desde que disseram que estávamos vindo para cá. Se ele é só um informante, porque o FBI se preocuparia em me trazer para vê-lo? Foi Cedric que pediu? Novamente, ele teria que ser muito importante para fazer esse tipo de exigência, certo?

— Sou eu que faz as perguntas aqui — Lorna lembra.

— Lorna, querida, você nos daria dez minutos para ter uma conversa em particular? — Cedric sorri para a agente. Ele se parece muito mais com Gavin agora. Ao pensar no meu irmão, sinto um aperto no estômago.

— Para que vocês combinem suas histórias? Não mesmo.

— Prometo a você que lhe contaremos toda a verdade. Você sabe que sou um homem de palavra.

     Os dois se encaram. Lorna parece em conflito, não sei se por causa do sorriso de Cedric ou porque ela pode arranjar encrenca.

      Por fim, a mulher suspira, levantando.

— Dez minutos. Nada mais.

— Você sempre foi a minha preferida.

     Lorna revira os olhos com o comentário e desliga a câmera. Com um último olhar para nós, ela deixa o quarto.

     Com a saída dela, pego a lata de lixo mais próxima e esvazio o conteúdo do meu estômago. Não é muita coisa. Não lembro a última vez que comi.

— Tudo bem? — Ouço Cedric perguntar atrás de mim. Respiro fundo algumas vezes, controlando a ânsia e só quando tenho certeza que não vou mais vomitar, anuo, limpando minha boca na minha jaqueta. Eca.

— Yuna foi assassinada. A levaram para um hospital, mas ela não resistiu — explico sem saber muito o por quê. — Odeio hospitais desde então.

— Eu sinto muito.

— É.

     No silêncio que se segue, pego um grampo escondido na minha bota. Sempre ando preparada. Com apenas alguns movimentos, uso o grampo para abrir as algemas. Solto um suspiro, massageando meus pulsos.

     Isso me lembra Khalil. Ignorando a ironia, torço para ele estar bem. Lorna não me ouviu quando pedi para ele vir junto e também não sei se nosso acordo está de pé. Eles liberaram Khalil? Se não, deram água e comida a ele? Preciso perguntar isso a Lorna quando ela voltar.

     Sentindo olhos em mim, lembro de Cedric. Não consigo decifrar o seu olhar. No entanto, estou cansada de bancar a advinha.

     Com um leve esforço, reposiciono a poltrona para que eu fique de frente para ele, então sento novamente.

— Você não respondeu a minha pergunta — lembro-lhe, cruzando minhas pernas e apoiando meus braços nos da poltrona.

— Sou um informante.

— E eu sou uma assassina — minha voz não tem emoção alguma. — Não quero ouvir o óbvio. Quero a verdade. E se você ousar mentir para mim, vou descobrir um dia e fazer com você pior do que fiz com Alex.

— Você está ameaçando seu próprio pai? — Cedric parece estar dividido entre surpresa, divertimento e ofensa.

— Conheço você há menos de vinte e quatro horas. Você não significa nada para mim. — A última parte é mentira e nós dois sabemos.

     Cedric, porém, deve perceber que não vou correr para os seus braços e chorar por finalmente termos nos reencontrado, pois anue, como se me entendesse.

— Tudo bem. — Faz uma pausa, suspirando. Quando começa a falar, não perco uma só palavra. — Depois que… Depois que Kira se foi, fiquei cego de ódio e queria me vingar de Alex a todo custo. Achei que ele havia levado você também, então queria trazê-la de volta. Mas eu queria mais do que matá-lo, queria destruí-lo. Eu tinha meios de fazer isso, mas havia prometido a sua mãe, antes de ela morrer, que eu deixaria a máfia. Ela me fez perceber que aquele mundo não era nada, senão destruição. Porém, percebi isso tarde demais, porque a perdi. — Ele faz uma pausa, desviando os olhos para a janela. A dor está gravada em seu rosto. — Mas eu honraria minha promessa. Porque eu ainda tinha você, mesmo que não soubesse onde estava.

     “Então me entreguei ao FBI e fiz um acordo. Os ajudaria a derrubar vários criminosos notórios e mais procurados, contato que eu tivesse imunidade. Não contei a eles sobre você e a minha vingança. Sabia que usariam isso contra mim. Então, por todos esses anos, estive trabalhando para o FBI enquanto metade do mundo acha que trabalho com meu pai, sendo seu braço direito e um assassino perigoso. A verdade é que não falo mais com meu pai desde que Alex matou Kira na nossa frente e ele tentou me convencer a deixar para lá. Ele acha que construí meu próprio império, mas não imagina que é tudo uma farsa. Sou apenas uma isca. Enquanto o FBI me usava, eu os usava também. Com a proteção deles, ninguém nunca chegou perto demais e eu me aproveitava disso para monitorar Alex a distância.

      Cedric volta a me encarar, balançando a cabeça.

— Não sei como ele fez isso, mas te escondeu muito bem. Todos os infiltrados que eu tentava colocar na organização dele, eram mortos ou nunca mais davam notícia. Nunca consegui invadir o sistema dele ou atraí-lo para uma armadilha. Sempre foi o que mais me frustrou. Eu estava nisso para derrubá-lo, mas ele parecia estar sempre um passo à frente. Todos sabiam que ele era um criminoso, mas não conseguíamos provar nem ligá-lo a nada ilegal. Ele nos fez de idiotas por muitos anos. E por causa do meu acordo e da minha promessa, eu não podia ir lá e matá-lo eu mesmo. Não sem saber onde você estava, não sem arriscar perder a única chance que eu tinha de um dia encontrá-la.

      "Então eu esperei por um erro dele. Anos se passaram. Eu tive outro filho. Um filho que me odeia. Mandei Gavin para o exterior quando ele mal tinha saído das fraldas. Achei que estava fazendo o certo ao mantê-lo afastado. Mas ele cresceu e agora me odeia. Eu não amava a mãe dele. E ele se ressente de mim por isso. Ele provavelmente acha que não o amo também, já que sempre o mantive afastado, mas a verdade é que eu não queria perdê-lo, como perdi você. Eu não suportaria. Quando fui avisado que ele tinha sido levado… Eu enlouqueci. Meu acordo com o FBI era que eu nunca sairia de Nova York sem autorização. Além disso, eu era obrigado a fazer um relatório com a minha agente, a Lorna, toda semana. E eles também me rastreavam e tinham acesso aos meus dispositivos celulares e notebook. Se eu sumisse, se eu pegasse em uma arma sem permissão, eu iria para a cadeia. Nada disso me importou quando recebi aquela mensagem.

     Dessa vez, sou eu quem desvio o olhar.

— Fiz um agente de refém — Cedric continua sem fazer ideia do meu remorso. — O obriguei a pilotar um helicóptero até aqui. Depois roubei suas armas e o deixei amarrado. Roubei um carro. Eu confesso que não estava pensando com muita clareza. Eu não tinha um plano, só sabia que precisava resgatar meu filho do monstro que havia levado você também. Eu sabia, no entanto, que não demoraria muito para o FBI me rastrear. Como aconteceu. E agora estamos aqui. Sou valioso para o FBI porque eles prenderam muita gente poderosa por minha causa. Sinceramente? Eles me devem. Ou deviam. Finalmente encontrei você, Amaya, por quem eu fiz tudo isso.

     Há tantas coisas que eu quero perguntar. Tantas coisas… Mas só uma pergunta deixa meus lábios, meu coração.

— Ela morreu por minha causa, não foi? — minha voz soa baixa e quebrada, como me sinto.

     A expressão de Cedric suaviza. Ainda há dor, mas outra coisa também. É amor, eu acho.

— Sua mãe te amava mais do que qualquer coisa no mundo. Ela te protegeu, porque é o que fazemos pelas pessoas que amamos.

     Um nó se forma na minha garganta.

— Não lembro de quase nada sobre ela — confesso, triste e envergonhada.

— Contarei tudo a você, Amaya. Tudo o que você quiser saber. — Ele dá um sorriso triste.

      Eu não mereço seu amor nem seus sorrisos. Muito menos que ele tenha levado um tiro e quase morrido por mim. Quando minha mãe morreu por minha causa, eu ainda era uma criança; pura. Agora eu sou… isso. Uma assassina. Uma ladra. Uma torturadora. Um monstro.

— Torturei Gavin e provavelmente o teria matado — conto a Cedric. — Você não deveria ter levado aquele tiro por mim.

— Alex manipulou você. Eu vejo isso e Gavin também verá. Talvez ele precise de um tempo, é verdade, mas ele vai entender. Eu sei o que você está pensando, Amaya, mas você não é um monstro…

— Joguei uma mulher em um canil enquanto ela ainda estava viva — lhe interrompo — e fiz o marido dela assistir. Eles não eram pessoas boas, mas mesmo assim, eu não senti remorso algum pelo o que estava fazendo. Matei aqueles homens no Complexo e gostei da satisfação que senti. — Desesperada, agarro os braços da poltrona. — Eu gosto de matar, Cedric. Eu não sou mais aquela garotinha. Eu não sou mais e nunca poderei ser a Amaya.

     Essa é a verdade mais feia e crua que eu venho guardando dentro de mim. Alexander conseguiu o que sempre queria: me transformou em uma assassina que gosta da matança.

— Você sempre será a nossa Amaya — Cedric insiste, seus olhos emotivos. — Porque sempre amaremos você. E onde quer que sua mãe esteja, eu sei que ela está cuidando de você. Todos nós precisamos fazer coisas ruins, querida, mas o que nos motiva é o que faz a diferença. — Ele está me olhando como se soubesse do conflito dentro de mim. Uma parte minha está dizendo que não há porque ouvi-lo, que ele não me conhece… Mas há aquela outra parte que quer desesperadamente acreditar nele.

— Ok — sussurro por fim.

     Cedric sorri, então estende a mão para mim.

— Agora você pode dar um abraço no seu velho?

     Pela primeira vez nas últimas vinte e quatro horas, sinto vontade de rir. Ficando de pé, ponho fim na distância entre nós, tomando cuidado para não machucá-lo ao lhe abraçar. Cedric usa apenas um braço para me abraçar porque o outro está imobilizado, mas consegue me transmitir segurança mesmo assim.

— Eu lembro caixinha de música — confesso baixinho. — Eu ainda a tenho. Yuna a guardou.

— Sinto muito pela morte dela.

— Eu também.

     Quando me afasto, Cedric toca meu rosto. Eu deixo ele fazer isso porque aquela dor continua em suas feições.

— Você tem os olhos e o sorriso dela — murmura. Seus dedos pegam uma mecha do meu cabelo. — E o cabelo. Quando vi você naquele galpão, achei que estivesse delirando.

     Não sei como responder a isso, então não digo nada. Observo Cedric um pouco mais. Ele ainda parece perdido na semelhança entre minha mãe e eu. Como deve estar sendo para ele? O fato de eu ser tão parecida com ela, deve lhe doer, então, porque ele a vê quando olha para mim? Mesmo mais de vinte e anos depois, ele ainda parece amá-la. Que dor ele não deve ter carregado esses anos todos?

     Cedric pega minha mão. No início acho que é apenas alguma coisa sobre conexão, mas percebo então seus olhos fixos no anel em meu dedo. É o anel que achei nas coisas da Yuna. Achei que fosse dela, mas pela reação de Cedric…

— Eu… — ele começa, mas sua voz falha, então ele pigarreia, olhando de relance para mim e depois para o relógio novamente. — Esse anel… Eu a pedi em casamento com ele. — Um sorriso triste surge em seu rosto e meu coração aperta. — Você gostava dele, vivia pegando-o quando sua mãe estava distraída. Ela tinha medo que você perdesse, então colocou em um colar, como se fosse um pingente, e prendeu em seu pescoço. Depois da caixinha de música, acho que nunca tinha visto você tão feliz.

     Obviamente não lembro disso, mas sorrio também, encarando o anel com melancolia. Será que mamãe está olhando para nós agora? Será que está sorrindo também?

— Escute. — Cedric cobre minha mão com a sua, chamando minha atenção. Eu o encaro. Ele está sério outra vez. — Você não vai para a cadeia. Vou fazer outro acordo com eles, exigindo imunidade para você.

— Mas e você? Vai para a cadeia? — Não irei concordar com isso.

— Não sei. Quebrei o acordo. Fiz uma lambança com a jurisdição. Mas se me mandarem para a cadeia, será uma de segurança máxima. Soube que lá não é tão ruim.

— Você não pode ir para a cadeia. — Aperto sua mão. Acabamos de nos reencontrar. Ele quase morreu por minha causa. Não é justo.

     Mas eu não tenho tempo para bolar outro plano porque Lorna volta para o quarto. Ela vê nossas mãos juntas e ergue as sobrancelhas.

— Parece que perdi meu posto de preferida, hein? — brinca, mas eu vejo em seus olhos a desconfiança. Ela também percebe que tirei as algemas.

     Volto minha atenção para Cedric quando ele aperta minha mão. Ele não diz, mas está em seus olhos as palavras "vai ficar tudo bem".

     Não tenho muito o que fazer, então anuo e volto para a poltrona. Lorna liga a câmera outra vez.

— Então?

— Vocês têm Alex Vega. Eu quero imunidade para a minha filha — Cedric propõe.

— Alex Vega está morto, você sabe bem… — Lorna se interrompe, inclinando a cabeça para o lado. Ela olha de Cedric para mim e eu sei que está buscando semelhança entre nós que confirme o que ele disse. — Bom Deus. Como não vi isso antes? Vocês têm o mesmo nariz e o olhar indiferente.

     Arqueio a sobrancelha para Cedric. Ele dá de ombros. Pelo menos agora sabemos que não puxei todas as características da minha mãe.

     Lorna suspira, esfregando o rosto.

— Tudo bem. Por que não começam me contando isso desde o início?

— Temos um acordo, Lorna? — Cedric pressiona com o tom de voz de quem sabe que ainda tem poder.

       Lorna hesita por mais alguns segundos, mas assente por fim.

— Você tem a minha palavra.

      Aparentemente isso é o suficiente, porque Cedric assente para mim também.

      Suspirando, conto tudo a eles.




☠️

FINALMENTE TÔ DE VOLTAAAAAA

MUITO BOA NOITEEEEEE

rsrsrs. Brincadeiras a parte, é muito bom estar de volta! Agradeço de coração a todos que esperaram e entenderam! Vocês são incríveis e eu não sei o que seria de mim sem vcs. Muito obrigada por não desistirem de mim e da minha história😣❤️.

Oq acharam desse capítulo? Pensaram que eu ia matar o velho, nao foi?KSKSKSKSK. Estão ansiosos para mais interações de pai e filha??

Enfim, por hoje é isso. E sim, SEXTA-FEIRA TEM CAPÍTULOOOIO🎉🎉🎉🎉🎉🎉🎉


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