
014 ➼ 𝘫𝘶𝘴𝘵 "𝘴𝘤𝘩𝘰𝘰𝘭 𝘧𝘳𝘪𝘦𝘯𝘥𝘴".
Os alunos do Miyagi-Do ainda aparentavam estar muito abalados pela apresentação no festival. Robby e Samantha decidiram canalizar esse sentimento treinando. Samantha se alongava no deck de madeira enquanto Robby socava e pontapeava o saco de treinamento.
––– O que é uma péssima ideia? ––– Kendall perguntava depois de ouvir apenas a última parte da conversa dos dois. A garota vinha da parte da frente da casa por estar atrasada.
––– O Robby quer ir no shopping para a gente filmar uma briga mostrando as técnicas do Miyagi-Do. ––– Samantha a atualizou do desejo do garoto com um sorriso brincalhão em seu rosto.
––– Ainda estão falando do festival? ––– Brown suspirou cruzando os braços.
––– Como a gente não falaria? ––– Robby logo retrucou ainda com alguma raiva em seu
tom. ––– O Cobra Kai estragou nossa apresentação. Não é possível que você esteja de boa com isso.
––– Eu não tô de boa com isso. ––– A garota o refutou rapidamente. ––– Mas eles se apresentaram no festival também e foi bem visível que todo mundo gostou mais da apresentação deles, a única coisa que a gente pode fazer é esquecer e tentar ser melhores na próxima vez. ––– Ela se explicava ainda infeliz pela apresentação ter sido arruinada.
––– Gente! ––– Samantha os chamava à atenção tentando acalmar o clima entre os dois. Robby não pensou em responder Kendall apenas olhou a LaRusso irritado pela pequena discussão que estava tendo com a morena. –––Vocês não vão brigar por causa do Cobra Kai, né?
––– Claro que não! ––– Kendall a tranquilizava chegando perto dela. ––– Eu só acho que se a gente ficar pensando na apresentação do festival e no Cobra Kai a gente vai estar apenas canalizando nossas emoções e nossos objetivos em ser melhor que o Cobra Kai.
––– E o que você acha que a gente deveria fazer? ––– Robby chegava perto das garotas agora mais calmo.
––– Tentar ser melhores que nós mesmos. ––– O olhou confiante. ––– Se tem algo que aprendi nesses anos no mundo do caratê é que nosso maior adversário nunca será a pessoa com quem vamos lutar e sim nós mesmos. ––– Intercalava o olhar entre os dois, o olhar que continha um pouco de orgulho quando os percebeu com um sorriso motivado. ––– Vocês nunca podem se permitir em tentarem ser melhores que seu maior adversário, vocês têm que ser melhores do que vocês mesmos. Têm que tentar se superar a cada dia. A apresentação do festival estava sendo boa até o Cobra Kai chegar, mas isso não significa que mostrámos tudo o que somos naquela apresentação. Mas o Cobra Kai, eles não têm mais nada a mostrar. E por isso considero que somos melhores, porque não precisamos mostrar tudo o que sabemos para a nossa apresentação ser boa. Entendeu agora, cabeção? ––– Ela zoava o garoto que começou a rir.
––– Sim, senhorita "rainha do caraté". ––– Ele a zoou de volta com um sorriso brincalhão sentindo a garota socar levemente o seu braço com o mesmo sorriso que ele tinha.
––– Idiota! ––– Kendall murmurou ainda sorrindo. Suas sobrancelhas se juntaram rapidamente quando deu por falta de Samantha ao seu lado. Viu a amiga caminhando em direção à parte direita da casa que dava até à parte da
frente. ––– Sam? ––– Samantha logo parou e se virou na direção da garota quando ouviu a sua voz. ––– Tá indo aonde?
––– Tô indo falar com o meu pai. ––– A ondulada revelou. ––– Ver se ele quer vir ensinar algo novo sobre caratê ou se vai ficar só enrolando a gente o dia todo.
––– Então eu vou com você. ––– Brown afirmou com um sorriso. ––– Não quer vir também? ––– Convidava o garoto que voltava a caminhar na direção no saco de pancada.
––– Não. ––– Ele gentilmente recusou franzindo o nariz quase em uma careta. ––– Vou continuar batendo nesse saco pra ver se consigo tirar a imagem da Rhea no Cobra Kai da minha cabeça. ––– Ele admitia com raiva e decepção em seu tom de voz.
––– Ei! ––– Kendall exclamou com um pouco de pena se aproximando dele. ––– Não fica assim. Você vai ver que ela vai acabar se arrependendo mais cedo ou mais tarde. Ela já é bem crescidinha pra tomar as próprias decisões e se ela escolheu entrar pro Cobra Kai é porque se identifica mais com o estilo de caratê que seu pai ensina. ––– Sua mão gentilmente subiu até o ombro do garoto para o confortar. ––– Não é sua culpa, tá?
A garota deu um leve sorriso quando o viu assentir mesmo acreditando que ele sentia o contrário ela não poderia fazer nada para mudar isso apenas tentar distraí-lo para que ele não pensasse na sua irmã junto ao seu pai no Cobra Kai.
Kendall caminhou na direção de Samantha para que as duas pudessem convencer Daniel a vir treiná-los. As duas caminhavam até à frente da casa em um silêncio confortável.
––– Então... ––– A ondulada resolveu quebrar o silêncio para que pudesse falar com Kendall sobre o que a vinha consumindo desde a noite do festival. ––– Não tem nada para me
contar? ––– LaRusso a questionou calmamente se referindo obviamente à troca de olhares que testemunhou entre sua melhor amiga e seu ex namorado no festival.
Kendall apenas a olhou com o cenho franzido sem ter ideia do que Samantha queria que ela lhe contasse.
––– Não? –––A morena respondeu confusa notando a feição de Samantha que implorava para saber de todos os detalhes. ––– Eu tenho?
––– Eu não sei. ––– A garota olhava pro lado dando de ombros. ––– Só to perguntando se tem algo ou alguém novo na sua vida que eu ainda não esteja sabendo. ––– Ela tentava não deixar tão na cara porque mesmo querendo saber de tudo não queria que sua melhor amiga descobrisse por ela que estava se apaixonando.
––– Nada do que você está dizendo está fazendo sentindo sabe disso, né? ––– Brown ria confusa da expressão da amiga enquanto dava de ombros mais uma vez.
––– Oi pai! ––– Samantha cumprimentava o homem com um sorriso, Daniel estava no chão de baixo do seu antigo carro oferecido pelo senhor Miyagi.
––– Decidiu consertar o carro? ––– Kendall perguntou vendo as ferramentas ao seu lado.
––– To tentando. ––– Ele respondeu saindo de baixo do carro com a ajuda de uma plataforma com rodas.
––– Então o que acha de ir lá atrás e ensinar caratê pra gente? ––– A LaRusso o questionou com cautela.
––– Já contei pra vocês do meu primeiro emprego como vendedor? ––– Ele soltou fazendo as duas se olharem sem entender enquanto ele se colocava de pé. ––– Era numa loja de carros usados em Tarzana. ––– Ele começou percebendo pelas expressões confusas que elas não faziam ideia do que ele estava falando. ––– O dono se achava muito talentoso nas vendas. ––– Ele continuava enquanto pegava na plataforma para colocá-la perto da caixa de ferramentas. ––– A verdade, é que os clientes notavam a mentira dele de longe. No meu primeiro mês vendi mais que
ele. ––– As garotas sorriam para ele enquanto ele se baixava ao lado da caixa de ferramentas.
––– E como fez isso? ––– Samantha perguntou intrigada.
––– Fiz como o senhor Miyagi me ensinou. ––– Declarou. ––– Fui honesto com as pessoas, olhei nos olhos, pedi confiança e ganhei. ––– Explicou remexendo na caixa de ferramentas. ––– Toda a bagunça, truques, essas coisas atraem elas até à porta. ––– Fechou a caixa de ferramentas e se levantou olhando as garotas nos olhos. ––– Mas não vendem carros. É a mesma coisa com o caratê. ––– Ele afirmava enquanto abria a porta do carro que acabara de consertar. ––– Temos que dar um toque mais pessoal. ––– Ele parou se debruçando na porta do carro. ––– Olhar as pessoas nos olhos e criar um vínculo. Só assim vamos ter sucesso.
Ele entrou no carro, se sentou e fechou a porta.
––– Então. Estão prontas? ––– Perguntou fazendo as garotas sorrirem.
Ele colocou a chave na ignição e a girou ao ver que o carro estava consertado e pronto para ser usado deitou sua cabeça para trás.
––– Beleza! ––– Exclamou de alegria enquanto as garotas riam. ––– Chamem o Robby nós vamos dar uma volta. ––– Ele pediu e logo Samantha saiu para chamar o garoto.
Kendall sentiu o bolso onde tinha o seu celular vibrando. Em um rápido movimento o retirou e leu a mensagem que tinha recebido de Johnny. "Venha para o dojo, agora! To precisando de você. É uma emergência!" Ela leu a mensagem mentalmente juntando o cenho pensando em que tipo de emergência poderia ser e logo sua mente começou a pensar no pior tipo de coisas que poderiam ter acontecido com ele ou com algum dos seus amigos.
––– Daniel? ––– Chamou o sensei que estava feliz demais por ter consertado o carro.
––– Fala. ––– A olhou ainda com um
sorriso orgulho.
––– Eu acabei de lembrar que tenho uma coisa muito importante para fazer agora. Posso encontrar vocês depois? ––– Dizia extremamente receosa e preocupada.
––– Claro! Mas tá tudo bem? ––– O sorriso de Daniel se desfez quando percebeu a expressão da garota.
––– Tá! Tá sim. A gente se vê mais tarde. ––– Ela
declarou e logo saiu andando em direção ao shopping onde estava o dojo do Cobra Kai.
***
Kreese contava uma das histórias que presenciou na guerra a Falcão, Aisha e Rhea que aparentavam acreditar em cada palavra que saía da boca do sensei enquanto os irmãos Diaz se entreolhavam duvidando até do ar que Kreese respirava.
Quando o sino da porta estremeceu fazendo um
pequeno barulho que pôde invadir todo o cômodo a curiosidade de Michaela era mais forte que sua pequena estrutura e quase como automaticamente a garota olhou na direção da porta que fez visível a figura de Kendall claramente desconfortável em
estar ali.
A feição da Diaz logo abriu um sorriso encantador e seus olhos assemelhavam-se a um pequeno e forte diamante.
––– Meu Deus! ––– A garota soltou em um sorriso deixando seu queixo caído de surpresa.
A exclamação da garota fez todos os seus amigos vidrarem sua atenção na imagem de Kendall que os olhava desapontada.
––– O que ela tá fazendo aqui? ––– Falcão logo soltou com repulsa ao ver a imagem de Kendall na entrada do dojo fazendo Kreese vidrar sua atenção na garota também.
Quando o sensei se virou para olhar a garota um sorriso de orgulho se manifestou em seus lábios quase que de imediato.
Kendall ergueu a cabeça ignorando os olhares e os sussurros que surgiam enquanto caminhava até a parte de trás do dojo onde cogitou que Johnny estaria.
Quando chegou na parte traseira se deparou com Johnny visivelmente irritado com um outro homem de baixa estatura que vestia um terno azul.
A garota se debruçou cruzando os braços no batente da porta aguardando enquanto Johnny terminava a sua pequena discussão com o senhorzinho de terno.
––– Não! Não. Pelos fundos. ––– Johnny ordenou quando o senhor já estava indo embora.
––– Que desgraçado! ––– Kendall tentou segurar a risada quando foi capaz de escutar o senhorzinho murmurar.
––– Não deixa a porta bater na sua bunda. ––– Johnny pediu nada gentil.
––– A porta é minha! ––– O senhorzinho o relembrou.
––– Esse senhorzinho é tão adorável quando tá irritado. ––– Kendall deixou escapar com um sorriso brincalhão fazendo com que Johnny finalmente notasse sua presença ali.
––– Aquele é só o Zakarian. ––– Johnny disse com indiferença. ––– Ele é um idiota.
––– Eu estava me referindo a você. ––– A garota se explicou sorrindo enquanto o homem revirava os olhos.
––– Você veio rápido. ––– Johnny comentou ignorando a zoação da garota.
––– Você disse que era um emergência. Mas não acho que tenha algum tipo de emergência que me envolva aqui então tô começando a achar que usou essa palavra em vão. O que eu tô fazendo aqui, cachinhos?
––– Eu quero que você assista o treino de hoje e me fale no que eles podem melhorar. ––– Kendall arregalou os olhos e soltou uma pequena risada surpresa com o que acabara de ouvir.
––– Você só pode estar me zoando. ––– A garota soltou incrédula.
––– Você é uma lutadora experiente, Kendall. –––A elogiava na tentativa de fazê-la ficar. ––– E você ajudaria muito o Cobra Kai se desse algumas dicas para os novos alunos.
––– Johnny, com sinceridade, me fala, você ouve o que está saindo da sua boca ou apenas diz a primeira idiotice que vem na sua
mente?
Brown não conseguia acreditar que Johnny realmente teria achado isso uma boa ideia. Trazê-la para o dojo inimigo para que ela pudesse dar dicas de como eles podem se tornar melhores era simplesmente insano.
––– Pirralha, por favor. Eu só quero que você assista e se divirta. ––– Ele a olhava com um brilho diferente em seus olhos. ––– Eu só... Eu só sinto falta de quando você assistia as minhas aulas e se divertia com os seus amigos. ––– Um sorriso nostálgico surgiu nos lábios da garota ao se lembrar do tempo que seu grupo de amigos era realmente um grupo.
––– Todos eles me odeiam agora, Johnny. ––– Ela baixou sua cabeça evitando mostrar a Johnny que seus olhos ameaçavam se encher de lágrimas ao se lembrar disso.
––– Nenhum deles te odeia, Kendall. ––– O homem se aproximava da garota. ––– Eles só estão magoados porque você escondeu que estava no Miyagi-Do. Eu também estava mas percebi que não era o fim do mundo você estar em outro dojo, e apenas precisei de tempo para aceitar que era onde você se sentia melhor, e eles estão começando a aceitar isso também. Pelo menos o Miguel tá começando a
aceitar, eu acho. ––– A garota o olhou lentamente quando ouviu o nome do melhor amigo. ––– E mesmo que ele não demonstre ele adoraria ver você assistindo de novo. ––– Ele soltou e começou a caminhar em direção ao dojo principal.
Um pequeno sorriso vencedor surgiu nos lábios do loiro quando percebeu a garota fechando os olhos e suspirando alto.
––– Ta bom. ––– A garota revirou os olhos voltando a ter a atenção do homem que se virou para olhá-la. ––– Eu fico. ––– Ela declarou descontente dando alguns passos na direção do homem. ––– Mas, se alguém do Miyagi-Do descobrir eu te mato, Johnny. ––– A garota apontava o indicador na face de Lawrence em um tom ameaçador.
Kendall caminhava em passos pesados até o dojo principal sem perceber que um sorriso vitorioso surgira no rosto do homem.
A garota se sentou no seu canto habitual da sala atrás dos novos alunos para não atrapalhar, rolando os olhos quando ouviu Johnny gritar na entrada do corredor.
––– Atenção! ––– O homem vociferou recebendo a atenção de todos os outros alunos abrandando o passo ao perceber a presença de tantos outros alunos novos. ––– To vendo que temos novatos. ––– Comentou caminhando até à parede branca que continha os três mandamentos do Cobra Kai em tinta preta. ––– Todo mundo em posição. ––– Lawrence ordenou e de imediato observou todos os alunos caminharem pelo tatame para criarem
fileiras. ––– Em fileiras bem organizadas. Vamos ver do que são feitos. ––– Johnny começou a caminhar entre os alunos em passos leves e lentos chegando perto de dois garotos ruivos que tinham uma postura desleixada. ––– Se acertem gêmeos ruivos. ––– Ordenou e logo os dois garotos concertaram sua postura e colocaram suas mãos atrás das costas.
A presença peculiar de um homem de blusa azul chamava à atenção de Johnny que começou a caminhar em direção ao cara de cabeça baixa com uma bandana em sua testa.
––– Desculpa, mas pais não podem ficar. ––– Johnny o alertou calmamente ao caminhar até perto dele. ––– É uma coisa do seguro.
––– Eu não sou o pai... ––– O homem desconhecido começou em voz
envergonhada. ––– Eu tô aqui, pra descer a porrada, senhor. ––– Ele procurava confiança mesmo com medo de olhar Johnny nos olhos.
––– Eu te conheço de algum lugar? ––– O loiro juntou o cenho percebendo o quão o rosto do homem parecia familiar.
––– Sim, eu sou o cara que te vendeu o espelho. A gente se deu bem, rolou um papo sobre bandas de rock.
––– Você é um pouco velho, essa é uma turma de adolescentes. ––– Johnny o tentava dispensar educadamente.
––– Relaxa, eu aguento a barra. ––– O de blusa azul deixava escapar uma risada nervosa e insegura. ––– Eu não tenho medo de garotos, senhor. E a minha mãe não me cobra aluguel, então eu tenho muita grana pra gastar. ––– O cara retirou rapidamente algumas notas do bolso da frente da blusa e entregando-as a Johnny que as aceitou sem nem pensar duas vezes.
––– Tá. ––– O sensei retirou bruscamente as notas da mão do homem de bandana e as verificou em sua própria mão. ––– Vamos considerar um teste.
Johnny deixou o cara para trás suspirar de alívio enquanto se direcionava para a frente da turma novamente.
––– Achei que me último grupo de alunos era patético. ––– Johnny começou se virando para a turma. ––– Mas se fizerem o que eu mandar, terão a chance de virar lutadores. Mas pra isso precisam lutar. Então, quem aí tem coragem de enfrentar o campeão? ––– Johnny perguntou a toda a turma se referindo obviamente a Miguel que mantinha uma postura confiante olhando o sensei.
Kendall estava se contendo o máximo que conseguia para não enfrentar seu melhor amigo mais uma vez principalmente quando um bom momento se passou sem nenhum dos alunos ser confiante o suficiente para enfrentá-lo.
––– Eu tenho! ––– Uma voz feminina desconhecida do fundo do dojo se fez presente.
Como esperado todos os olhares se vidraram na garota loira de raízes pretas que parecia pouco confiante agora no fundo do dojo.
––– Você tem é?
––– Vi a demonstração de vocês no festival. ––– A garota percebeu Johnny se aproximando. ––– Sabem dar um show. Mas será que sabem lutar? ––– Ao perguntar um sorriso surpreso surgiu nos lábio de Kendall.
Por ser a primeira pessoa ––– fora ela
própria. ––– questionando as habilidades de luta dos alunos de Johnny, Kendall percebeu que as duas seriam grandes amigas.
––– Isso parece um desafio. ––– Johnny declarou.
––– Adoro um desafio. ––– A garota ergueu a cabeça confiante.
Johnny fitou a garota por alguns segundos, voltando a caminhar até à frente da turma.
––– Senhor Diaz! ––– Chamou pelo garoto ao tirar os olhos da loira. ––– Mostra pra senhorita sabe tudo o que é um Cobra Kai. ––– O sensei concluiu aceitando o desafio da adolescente.
Kendall se levantou do seu canto curiosa quando observou toda a turma abrindo espaço para que os dois pudessem lutar.
Ainda se mantendo distante dos alunos do Cobra Kai encontrou uma brecha entre eles para que pudesse analisar a briga de camarote.
––– Oi! ––– Miguel começou soltando o ar dando pequenos passos para perto da loira. ––– Olha, você quer mesmo fazer iss-? ––– O garoto foi incapaz de terminar sua frase após sentir seu peito ser chutado pela garota.
A coragem da garota começar por chutar seu peito fez Miguel sorrir decidido de vencer essa briga.
––– Beleza! ––– O garoto exclamou sorrindo se colocando rapidamente em posição de luta. ––– Tá valendo!
A garota tentou soca-lo mas com pouco esforço o garoto desviou o seu punho para o outro lado e se baixou para que a loira não tentasse atingi-lo novamente.
Miguel ludibriou a loira ao passar para o outro lado abaixado quando ela tentou acertá-lo com o seu outro punho.
Ao se erguer novamente percebeu a garota trazendo seu braço para trás para tentar alcançá-lo mais uma vez com um soco, ao perceber com antecedência, Miguel desviou da tentativa da loira ao se inclinar um pouco para trás.
A garota tentou um pontapé na coxa de Diaz que logo se desviou para longe, Miguel tentava dar algumas dicas à garota que obviamente não se importava com os conselhos do garoto ao correr para tentar acertá-lo com um chute que a fez terminar no chão após Miguel segurar a perna da garota e colocando a sua na frente dela para que ela caísse. Não se deixando levar, ela se levantou aceitando a derrota.
––– Tá, até que foi divertido. ––– A garota declarou tirando os seus cabelos loiros da frente dos olhos. ––– Mas, eu quero um desafio mais difícil. ––– Seus olhos estavam no sensei que retribuía um olhar confuso para a adolescente.
––– O que quer dizer com mais difícil? ––– Johnny a interrogava confuso. ––– Ele foi o campeão, ele é o melhor da turma, não tem um desafio mais difícil aqui. ––– O loiro disse vagamente.
––– Tem sim. ––– Ela discordou do homem mais velho com indiferença. ––– Ela! ––– A loira apontava na direção de Kendall que assistia o desacordo dos dois com um sorriso divertido no rosto.
Todos os alunos à sua frente saíram do caminho fazendo a figura de Kendall aparecer.
––– Quem? ––– Brown questionou confusa olhando para os lados. ––– Eu? ––– Apontou para o seu próprio peito ao perceber a garota olhando na sua direção.
––– É! ––– A loira deu de ombros.
––– Olha só, ––– Kendall começou caminhando lentamente até à garota com um sorriso confuso. ––– eu não sou uma opção, tá? Eu nem sou do Cobra Kai, eu nem sei o que eu tô fazendo aqui.
––– É, mas eu te vi no festival e depois vi um vídeo de você lutando no torneio, e você é boa.
––– Ela é a melhor! ––– Michaela a cortou ainda com um sorriso animado por ver a imagem de Kendall de novo no dojo.
––– E aí, o que você acha, uma luta de garota pra garota. ––– A loira insistia com um olhar desafiador.
––– É! ––– Brown soltou um leve sorriso desajeitado. ––– Não vai rolar. Se quer lutar com alguma garota tem várias outras que fazem parte do dojo e que são tão boas quanto eu, eu tô fora. Na real, eu nem sei porquê aceitei ficar aqui. ––– Olhou rapidamente nos olhos azuis de Lawrence.
Os olhos da garota carregavam um visível desconforto de estar no dojo inimigo rodeada de seus antigos amigos e percebendo que ninguém além de Michaela estaria feliz por vê-la ali.
––– Você que sabe. ––– A loira deu de ombros com indiferença.
Kendall deu de costas para os senseis e para a garota na frente do dojo se dirigindo até à porta de saída. Ao quase chegar perto do final do tatame pôde ouvir a loira correndo na sua direção, ao perceber que não teria por onde escapar e que a garota vinha na sua direção para a atacar, Brown se virou quase que de imediato.
A garota veio diretamente atacar as costelas das morena com um soco que em pouco segundos se desviou para o lado.
Ao perceber o desvio de Kendall, a loira tentou alcançá-la mais uma vez com um soco nas costelas, notando antecipadamente, Kendall desviou novamente da tentativa da loira ao se baixar um pouco.
A garota tentou pontapear a coxa de Kendall que logo se desviou para longe, Kendall queria acelerar a briga o máximo que conseguisse para terminar logo, percebeu a loira correndo na sua direção tentando acertá-la com um chute que a fez terminar no chão após Kendall segurar em uma das pernas da garota e colocando a sua na frente da outra para que ela caísse. Não se deixando levar, se levantando rapidamente para continuar golpeando Brown que bloqueou todos os golpes.
––– Tá antecipando. ––– Kendall a alertou chutando o abdômen a deixando com um joelho no chão. ––– Para de ser previsível. ––– A morena a aconselhou observando a loira quase no chão.
Seguindo o conselho da garota, para pega-la de surpresa se segurou em sua cintura fazendo a garota cair para trás.
––– E aí, previu isso? ––– A loira disse afiada vendo outra garota no chão.
Kendall deu um leve sorriso de canto ao perceber que a garota teria se distraído. A morena usou sua duas pernas para prender a loira pela cintura fazendo-a perder o equilíbrio e cair ao lado de Brown.
––– Talvez. ––– A morena deu de ombros se levantando. ––– Você é boa, loira. E se quer melhorar, ––– Fez uma leve pausa virando sua atenção para o sensei que tinha assistido a tudo. ––– veio ao lugar certo. ––– Forçou um
sorriso amigável para a garota ainda no chão.
––– Vocês dois têm um estilo de luta muito parecido, já se conheciam? ––– A loira perguntou vendo Miguel caminhando em direção às duas garotas.
Kendall olhou rapidamente por cima do ombro percebendo a figura de Miguel pouco atrás dela, a garota hesitou desconfortável deixando o garoto responder a loira.
––– Eh, não. ––– O moreno negou. A rápida negação obrigou as sobrancelhas de Kendall se erguerem espontaneamente ao olhá-lo desacreditada. ––– A gente só se viu algumas vezes na escola. ––– O latino acrescentou ligeiramente fazendo Kendall baixar o rosto. ––– Meu nome é Miguel. ––– O garoto estendia a mão para ajudar a loira a se levantar.
Kendall se afastou em passos largos de perto dos dois se colocando fora do tatame ao lado de Michaela.
––– Tory. ––– A garota esticou a mão se segurando em Diaz, mas invés de aceitar sua ajuda o puxou para o tatame pressionando-o contra o chão. ––– Tory com Y.
A morena assistia a cena com as emoções contrárias as de todo mundo que assistia. Enquanto todos os alunos aplaudiram a tal Tory por ter colocado o campeão no tatame, Kendall percebera o clima entre os dois e se sentia incomodada e novamente aquele frio na barriga teria regressado.
***
––– Porquê trouxe ela aqui? ––– Miguel perguntou chegando perto de Johnny.
––– O que? ––– O sensei juntou as sobrancelhas enquanto terminava de pintar a última letra na parede dos fundos.
––– A Kendall. ––– Miguel parou por um momento olhando para trás observando-a treinar sozinha. ––– Porquê trouxe ela aqui? ––– O garoto repetiu já tendo a atenção do sensei.
––– Porque a opinião dela é importante. ––– Johnny respondeu seco tomando um gole da sua cerveja em lata.
––– Importante para quê? Ela é do Miyagi-do. Ela traiu a gente no torneio, ela traiu a gente na apresentação, porque acha que ela não vai usar o que viu hoje contra a gente?
––– Porque ela não é o LaRusso. ––– O loiro se aproximou. ––– Ela é uma ótima lutadora, e ela não traiu ninguém. Ela é apenas a Kendall. E minha relação com ela não vai mudar apenas porque ela não quer treinar no meu dojo. E não consigo entender porquê é tão difícil para você aceitar isso.
––– Sensei... ––– Miguel tentou interrompe-lo.
––– Ela te apoiou quando você decidiu entrar no Cobra Kai, mesmo não gostando do jeito que o caratê é ensinado aqui ela te apoiou. Ela apoiou a gente quando contámos que o Cobra Kai estaria no torneio e mesmo aparecendo de surpresa ela te deixou vencer e eu sei que sabe disso. Então, porque não consegue superar o facto de você pensar que ela traiu o Cobra Kai sendo que tudo o que ela faz desde o primeiro dia é te apoiar mesmo não gostando das suas decisões?
A conversa dos dois teria sido interrompida por duas batidas na porta atrás de Miguel. O garoto não se virou ainda pensando no que Johnny teria acabado de falar.
––– Hm. Desculpa. ––– A voz de Kendall se fez presente tirando a atenção de Miguel nas palavras de Johnny. ––– Eu só queria saber se você poderia me levar no clube, eu falei para o Daniel que encontraria eles lá. Mas eu posso ir andando se você estiver ocupado.
––– Não. Eu te levo lá. Me espera lá fora.
A garota assentiu pegando suas coisas e saindo do dojo sem nem conseguir colocar os olhos em Miguel depois da resposta que ele havia dado a Tory.
––– Ei, Kendall, espera! ––– A voz de Miguel chegava perto da garota.
Kendall se virou suspirando sem muita vontade.
––– Eu queria pedir desculpa. ––– O garoto confessou estranhando a falta de contato visual da parte da garota.
––– Pedir desculpas porquê? ––– A morena forçava indiferença. ––– Afinal a gente apenas se viu algumas vezes na escola né? ––– Kendall forçava um sorriso relembrando ao garoto de suas palavras. ––– A gente é apenas amigos da escola, ou eu tô errada?
––– Kendall, eu posso explicar. ––– Miguel suspirava com arrependimento.
––– Eu não preciso das suas explicações, você deixou bem claro o que nossa amizade significou para você. ––– As palavras quase cuspidas com raiva por Kendall fizeram Miguel soltar o ar involuntariamente ao assistir a garota sair em passos pesados sem hesitar.
Kendall esperava Johnny perto do seu carro preto com detalhes em amarelo assim como o homem havia lhe pedido.
Ainda irritada pela pequena interação com Miguel a garota bufava e pensava alto coisas nada agradáveis o que a distraía da porta de entrada do dojo, não notando a presença de Kreese chegando perto dela.
––– Achei que já tinha ido embora. ––– O mais velho dizia sorrateiramente fazendo a garota sobressaltar e se virar rapidamente.
––– A gente se conhece? ––– A morena o questionava ácida ainda com um pouco de raiva em seu tom.
––– Você não me conhece, mas eu já ouvi falar muito sobre você. Só coisas boas.
––– Hm, e quem é você? ––– Seus olhos fitavam o homem da cabeça aos pés
––– John Kreese. ––– Estendeu a mão vagarosamente.
––– É, Não vai rolar. ––– Brown olhou a mão do homem com desdém, apesar de saber que é educada demais para não o cumprimentar algo em si lhe dizia para não confiar nele.
Kreese logo recolheu sua mão encolhendo os ombros e soltando um pouco de ar.
––– Eu fui sensei do Johnny quando ele tinha a sua idade.
––– E daí?
––– E consequentemente fui sensei dos seus pais também. ––– A expressão soberba de Kendall se suavizou. ––– Que história de amor linda que eles tiveram. Se odiavam desde o primeiro momento em que se conheceram quem
diria que acabariam tendo uma filha.
––– Duas. ––– O corrigiu cabisbaixa.
––– Duas? ––– Questionou alto
retoricamente. ––– E eu que achei que o James e a Claire não pudessem me surpreender mais.
––– Com todo o respeito, o que você quer?
––– Quero abrir os seus olhos. ––– Kreese foi rápido sem rodeios. A expressão desconfiada de Kendall caia sobre ele.
––– Como é que é?
––– É quase um legado da sua família estar no Cobra Kai, porque é a única que não quer seguir esse legado?
––– Eu não acho que isso seja da sua conta. ––– Seus braços se cruzaram involuntariamente, uma mania regular que nunca falha em demonstrar que está irritada.
––– Você está certa. Mas nós dois sabemos que você é a única salvação desse dojo. ––– O tom de voz manipulador de Kreese poderia ser perceptível a quarteirões de distância.
––– Se acha que esse dojo não tem salvação porquê está aqui? ––– Seus olhos estreitos acompanharam a movimentação de Kreese se aproximando.
––– Desde que abri esse dojo pela primeira vez que sempre sonhei em ter uma aluna como você, com o seu talento, com a sua paixão, com suas habilidades. Nenhum aluno meu nunca chegou perto de ser o que você pode ser. Claro com o sensei certo.
––– O que faz você pensar que eu alguma vez treinaria no Cobra Kai?
––– Já o fez uma vez não é mesmo? ––– Um rápido sorriso de canto cresceu nos lábios de Kreese ao perceber a micro expressão confusa de Kendall. ––– Acho que seria até mais fácil para você, já que já conhece todos os fundamentos básicos do Cobra Kai.
––– Isso é tudo bem legal. ––– Brown limpava sua garganta para que o mais velho não notasse o desconforto em sua voz. ––– Mas não vai
rolar. ––– Um sorriso forçadamente educado nasceu em seus lábios.
––– Você que sabe. Mas é uma pena esse dojo perder um talento tão único como o seu.
––– É, é uma pena mesmo. ––– Deu de ombros com indiferença.
––– O seu sensei ficaria decepcionado se visse no que a sua melhor lutadora se tornou.
––– Acho que o Daniel apenas ficaria decepcionado se eu alguma vez entrasse no Cobra Kai, então eu acho que a gente não tem problema com isso. ––– Deu de costas tentando se afastar do homem.
––– Eu não me referia ao LaRusso.
As palavras de Kreese fizeram a garota travar ao perceber exatamente de quem Kreese estava se referindo. Afinal, Kendall apenas teve dois senseis em toda a vida: Daniel LaRusso e Terry Silver.
––– Então não sei a quem está se referindo. ––– A morena nem cogitou se virar novamente para o homem, assim ele não perceberia o seu desconforto ao se relembrar de seu antigo sensei.
––– Tudo bem então. ––– Kendall fechou seus olhos ao escutar os passos pesados de Kreese caminhando em sua direção. ––– Só saiba que no que depender de mim as portas desse dojo sempre estarão aberta caso mude de ideia.
––– Nunca vai rolar. ––– Murmurou decidida observando o mais velho já longe de si.
***
No dia seguinte, Kendall ainda sentia calafrios em sua espinha sempre que se lembrava de Kreese se referindo ao seu sensei de infância, mas decidiu limpar sua mente com o que ela sabe fazer de melhor: treinar caratê.
––– Tá legal! ––– A morena chegou animada na parte de trás do dojo onde Samantha estava sentada no deck de madeira mexendo no celular. ––– Hora de me atualizar. ––– Chegou perto da amiga que ergueu o rosto triste do celular. ––– O que aconteceu?
––– É a Aisha. ––– A ondulada suspirou colocando o celular ao seu lado. ––– Ela não fala comigo desde ontem. Desde que eu acusei a nova amiga dela de roubar a carteira da minha mãe e ela me empurrou para cima de uma mesa cheia de doces. ––– Explicou vendo Kendall se sentar ao seu lado.
––– E porquê ela ta brava com você? ––– Suas sobrancelhas se juntaram involuntariamente.
––– Eu não sei. Parece que essa tal Tory acha legal roubar vodka e metade dos talheres do clube e por algum motivo a Aisha parece gostar desse tipo de amiga agora.
––– Tory? ––– A garota distanciou seus olhos confusos da amiga.
––– Você conhece ela?
––– Não. ––– Hesitou voltando o seu olhar à amiga. ––– A Michaela me contou que uma nova garota entrou no Cobra Kai e que o nome dela é Tory.
––– Agora eu entendo porque ela e a Aisha são amigas.
––– É! Mas esquece isso. ––– Se voltou novamente animada para a garota. ––– Quem mais tava lá? ––– A curiosidade de Kendall estava a consumindo por não ter chegado a tempo de encontrar Daniel, Robby e Samantha no clube no dia anterior.
––– A Rhea e a Michaela foram também. ––– A ondulada encolheu os ombros com diferença.
––– O Robby e a Rhea se viram? ––– Seu tom de voz estava novamente não tão animado.
––– Eu não tenho certeza. Mas eu acho que não.
––– É! ––– Soltou um suspiro observando Daniel e Robby saírem de dentro do dojo enquanto conversavam. ––– Eu não acho que ele estaria tão bem se tivesse visto a Rhea ontem.
Samantha olhou na direção dos dois quando os percebeu saindo do dojo.
––– Quem precisar de nós, vai nos achar. ––– As garota puderam ouvir Daniel dizer a Robby. ––– Tá? ––– Finalmente colocou seus olhos nas duas garotas sentadas no deck de madeira.
––– Dá licença. ––– Os três viraram o rosto quando uma outra voz se fez presente na entrada do dojo.
––– Demetri? ––– Kendall se levantou
surpresa. ––– Parker? O que estão fazendo aqui?
––– Éh, que a gente não sabia se devia ir entrando ou se devíamos apertar a
campainha. ––– Parker declarou desajeitado.
––– É um lago de carpas? ––– Demetri apontou observando o lugar. ––– Quanto custa para manter isso?
Parker limpou sua garganta dando uma leve cotovelada ao amigo.
––– Posso ajudar? ––– Daniel se atreveu a perguntar confuso.
––– Eh, pode. ––– Demetri hesitou olhando para Parker ao seu lado.
––– A gente quer aprender caratê. ––– Parker continuou devido ao pedido silencioso do amigo.
Os rosto de Kendall e Daniel se iluminaram ao mesmo tempo, o queixo da garota havia caído de felicidade enquanto o homem estava sem palavras.
––– Então, ––– Kendall começou se aproximando dos amigos se colocando no meio dos dois e abrindo seus braços em cima dos ombros dos garotos. ––– vocês vieram ao lugar certo. ––– A morena olhou para os amigos com um sorriso animado e um brilho cativante em seus olhos.
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