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012 ➼ 𝘵𝘦𝘢𝘮 𝘸𝘰𝘳𝘬.

O cheiro inconfundível do verão sempre foi o odor preferido de Kendall. Pensar que estava de férias e que tinha todo o verão para se divertir e praticar caraté com seus melhores amigos no Miyagi-Do a deixava animada.

O facto de que Rhea não teria dormido em casa na noite passada deixava Kendall e Robby preocupados. Ela apenas teria deixado um bilhete na geladeira informando que ficaria na casa de Parker por alguns dias, não teria citado o nome de Johnny e nem que teria entrado no Cobra Kai, mesmo sabendo que eles teriam que saber mais cedo ou mais tarde ela decidiu não contar por enquanto.

Kendall ainda não teria ligado a Parker porque apesar da preocupação ela queria respeitar a decisão de Rhea, mesmo sem saber o porquê dela ter tomado essa decisão.

A garota estava chegando no dojo para o primeiro treino de caraté com Robby e Samantha quando sentiu seu celular vibrando em seu bolso. Logo o retirou mostrando uma foto sua com Michaela com a figura de um pequeno telefone, a morena logo arrastou a pequena figura na tela.

––– Oi! ––– Kendall cumprimentou a garota com um sorriso. ––– Me desculpa por não ter ligado antes, mas a Rhea saiu de casa e o Robby não tá nada bem com isso. ––– Como as duas não queria perder a amizade que tinham sempre ligavam uma para a outra duas vezes por dia: Kendall ligava de manhã para que as duas pudessem conversar um pouco e conversarem sobre as tarefas que iriam realizar no dia e Michaela ligava à noite para atualizarem uma à outra de como foi o dia de cada uma e de qualquer nova fofoca que pudesse existir. Apesar de Kendall odiar ligação sempre amava esses pequenos minutos que falava com Michaela. ––– Eu já ia te ligar. Me ligou porque tava com saudade? ––– A garota brincou soltando uma leve risada.

––– Sim. ––– A voz melancólica de Miguel se fez presente na ligação em um quase sussurro. Kendall reconheceu a voz do garoto de imediato ficando estática de surpresa cogitando se deveria desligar. ––– Não desliga. A Michaela não sabe que eu tô com o celular dela.

––– O que você quer? ––– A garota perguntou ainda surpresa sem sair do lugar.

––– Eu sei que com esse lance de dojos rivais não tem como a gente se encontrar tanto. Mas a gente precisa conversar. Eu só queria que as coisas voltassem a ser como antes. A gente prometeu que não deixaria o caraté estragar nossa amizade e a gente não se fala desde o torneio porque você tá me evitando. ––– O garoto tentou ser o mais direto possível.

––– Eu não to te evitando, Miguel. ––– Mentiu. A garota teria voltado a andar até à entrada do dono enquanto Miguel falava.

––– Viu! Você acabou de me chamar pelo meu nome, você só me chama assim quando tá mentindo.

A garota fechou os olhos e virou o rosto por um segundo percebendo que teria sido pega na mentira.

––– O que tá acontecendo com a gente? Porquê você tá me evitando?

––– É complicado. ––– Ela admitiu quase em um sussurro.

––– Não precisa ser. ––– Ele declarou. ––– Você e a Michaela continuam tendo a mesma amizade mesmo em dojo diferentes.

––– Isso é diferente, cara.

––– Por favor, Kendall. Eu faço qualquer coisa. Eu.. Eu não paro de pensar em você.

A afirmação de Miguel teria feito seu coração bater como nunca tinha batido antes, mas não poderia confessar que também não havia passado um único dia em que não tinha pensado no garoto.

––– Escuta, eu não posso falar agora, tá? Desculpa. A gente se fala depois. ––– A garota se obrigou a desligar não deixando com que o garoto dissesse mais nada. Ela balançou a cabeça tentando esvaziar sua mente para esquecer do garoto.

Kendall foi até a parte traseira da casa pousando suas coisas na pequena escada vendo Robby bater no saco de pancada. O garoto parou por um momento vendo a figura de Kendall se sentando em um dos degraus observando-o.

––– E aí, o que sua mãe disse? ––– Perguntou vendo Robby voltar a bater no saco de pancada.

Shannon teria aparecido lá em casa depois de muito tempo, Kendall preferiu não ficar assistindo até porque já tinha vários meses que estava morando na casa dela depois de prometer que seriam apenas alguns dias.

––– Contei pra ela sobre a Rhea. ––– Ele dizia enquanto seus socos acertavam o saco.

––– A conversa deve ter sido incrível pelo jeito que tá tratando esse saco. ––– Ela brincou.

––– A Rhea ligou pra ela ontem de tarde enquanto fazia as malas. Ela falou pra minha mãe que ia ficar na casa do Parker por um tempo. E minha mãe falou que tudo bem. ––– Ele batia ainda com mais força ao lembrar.

––– E porque você tá desse jeito?

––– Minha mãe também me falou que tá indo pro méxico com um cara que ela acabou de conhecer.

––– Sua mãe se mandar com o cara que ela acabou de conhecer não é novidade pra ninguém, Robby. Me conta porque você tá desse jeito.

––– Porque.. ––– Ele parava os socos para olhar a garota. ––– Minha irmã tá virando o que ela mais odiava: minha mãe. ––– Ele confessou vendo Kendall levantar preocupada.

––– Robby, ––– Ela segurou na face do garoto com as duas mãos. ––– ela não tá virando sua mãe. Ela é apenas a Rhea. E é verão. A mãe do Parker sempre viaja no verão e ele deve ter apenas decidido não ir para ficar com ela. Ela não é a sua mãe, assim como você não é o seu pai. Entende?

A figura animada de Samantha se fez presente atrás de Kendall.

––– Oi gente! ––– Ela os cumprimentou com um sorriso. ––– Eu... interrompi alguma coisa? ––– Ela percebeu a amiga retirar as duas mãos da face do garoto para o garoto voltar a praticar socos. Kendall aclarava sua garganta enquanto se virava para a amiga.

––– Não! Claro que não.

––– Oi gente! ––– Daniel apareceu vindo do outro lado da casa. ––– Beleza. Todo mundo presente no primeiro dia. ––– Ele brincava enquanto chegava perto dos adolescentes.

––– Então qual a primeira missão? ––– Samantha perguntava animada.

––– Vocês vão ver. Venham comigo. ––– Ele liderava o caminho até a entrada da casa pegando em um saco de areia e rasgando com um canivete fazendo um círculo no chão.

––– Se é pra brincar na areia a gente não pode ir à praia? ––– Samantha brincou vendo o pai acabando o círculo de areia.

––– Não! Hoje não. ––– Acabava com as esperanças da garota enquanto guardava o canivete no bolso. ––– Faz tempo que o dojo não tem mais de dois alunos. Vocês imaginam que com três pessoas há o triplo de defesa
né? ––– Os três adolescentes deram de ombros como se concordassem. ––– Errado. Um dos fundamentos do caratê Miyagi-Do é: sempre se mova em círculos. ––– O homem fazia um movimento em círculo com as mãos, circulando uma mão na outra. ––– Com técnica da roda vocês vão ver que três pessoas podem ser tão fortes quanto trinta. E aí, estão prontos?

––– Eu tô senhor LaRusso. ––– Robby respondeu quase que de imediato.

––– Tô pronta. ––– Samantha declarou com um sorriso animado.

––– Kendall? ––– LaRusso chamou à sua atenção percebendo que ela teria sido a única que não tinha falado nada.

A garota estava em seu próprio mundo pensando na ligação que teria tido antes do treino quando a voz de Daniel a chamou de volta à realidade.

––– Eu nasci pronta. ––– A garota soltou um sorriso vencedor.

––– Então vamos lá. Pra não começar tão difícil vocês vão fazer por duplas primeiro antes de começarem os três dentro do círculo. ––– Daniel explicou rapidamente. ––– Kendall e Robby como vocês dois já estão mais acostumados a lutar juntos entrem os dois no círculo. A única coisa que precisam fazer para isso dar certo é trabalhar em equipe, entenderam? ––– Ele viu os dois assentindo.

Samantha se manteve no mesmo lugar vendo os dois amigos andando até ao círculo se colocando em lados opostos.

––– De frente pra mim. ––– Daniel ordenou e os dois se viraram para o sensei. ––– Cumprimentem. ––– Os dois cumprimentaram o homem que repetia ao mesmo tempo o movimento que os dois faziam. ––– De frente um pro outro. ––– O homem mandou e os dois logo deram um quarto de volta ficando de frente um pro outro. ––– Cumprimentem. ––– Em rápidos segundos segundos os dois haviam se cumprimentado e estavam prontos para lutarem.

Os dois começaram fazendo alguns pequenos movimentos em sincronia.

––– Ótimo! ––– Daniel exclamou vendo os dois se movimentarem em perfeita sincronia. ––– Agora mostrem a técnica. ––– Daniel pediu e os dois começaram a andar em volta do círculo enquanto faziam os mesmo movimentos dessincronizados. ––– Não. Não. Não. Não.
Não. ––– Daniel repetia rapidamente fazendo os adolescentes pararem. ––– Vocês têm de estar em perfeita sincronia senão a técnica não vai dar certo.

––– Técnica? ––– Robby o questionou. ––– Isso aqui tá mais pra uma dança.

––– Pois é. ––– Samantha concordou ao lado do pai. ––– Você prefere que eles dancem um tango ou uma valsa?  ––– Perguntou ironicamente.

––– Tá bom gente, confiem em mim. Se dominarem isso ninguém vai se meter com vocês. Vamos lá, mais uma vez. ––– Pediu.

Os dois voltaram para os seus lugares iniciais recomeçando a técnica ainda dessincronizados.

––– Pra baixo, Kendall. ––– Ele aconselhava a garota. ––– Braço esquerdo pra cima. Não.
Não. ––– Os dois pararam lentamente. ––– Juntos, juntos, ao mesmo tempo.

––– Como vamos fazer ao mesmo tempo se não dá pra gente se ver? ––– Robby perguntou.

––– Tem que sentir os movimentos do seu parceiro mesmo sem ver.

––– E como a gente vai conseguir fazer
isso? ––– Samantha perguntou imaginando que não seria fácil. ––– Usando a força?

O celular de Daniel vibrava em seu bolso insinuando que teriam lhe enviado uma mensagem em um rápido momento pegou em seu celular vendo que Amanda precisava da sua ajuda na concessionária.

––– Droga, eu tenho ajudar a sua mãe com uma coisa. Olha gente é só sentir, tá? Eu volto assim que puder. Filha, tenta você agora no lugar da Kendall. E vão revisando tá? ––– O homem saiu apressado deixando os adolescentes se entreolhando.

***

Rhea estava animada para seu primeiro dia no Cobra Kai. Não teria contado para nenhum dos seus amigos que teria entrado no Cobra Kai e pediu ao seu pai antes de sair de casa para não comentar sobre eles serem pai e filha, ela queria contar para seus amigos mas no momento e do jeito certo.

Quando a garota entrou no dojo e os olhos dos seus amigos encontraram os seus todos eles se entreolharam confusos.

––– Rhea? ––– Miguel, que estava conversando com um homem mais velho, soltou quando viu o rosto da garota na porta.

––– O que é que cê tá fazendo aqui? ––– Michaela parou de se alongar quando viu a garota se aproximando.

––– Você entrou pro Cobra Kai? ––– Falcão supôs não deixando a garota responder.

––– Ou só veio assistir? ––– Miguel chutou chegando perto dos amigos.

––– Calma gente! ––– Aisha pediu. ––– Se não deixarem ela responder a gente nunca vai
saber. ––– Ela comentou fazendo seus amigos soltarem uma leve risada.

––– Eu entrei pro Cobra Kai. ––– Ela afirmou animada recebendo enormes sorrisos dos amigos.

––– É sério? ––– Miguel perguntou animado vendo a garota assentir.

––– Meu deus! ––– Michaela soltou em um sorriso. ––– Finalmente mais garotas no dojo.

––– Onde eu posso deixar minhas coisa?

––– Onde você quiser. ––– Aisha disse soltando uma risada.

Rhea viu um espaço livre no canto perto de onde seu pai estava conversando com um outro homem. A garota avançou para colocar suas coisas no chão.

––– Só chegou agora? ––– Johnny perguntou vendo a garota chegar perto dele.

––– Aham.

––– Tá atrasada. ––– Ele comentou irritado. Ela percebeu que a irritação do pai se devia à conversa que ele deveria estar tendo com o outro homem. ––– Não é por ser minha filha que pode ter tratamento especial. ––– A garota soltou um suspiro pesado se levantando e ficando cara a cara com o pai.

––– Tudo bem, sensei. ––– Ela zoou passando entre os dois até voltar para perto do seu grupo de amigos.

Todos já estavam em posição para começar o treino a pedido de Johnny.

––– Turma, temos uma visita. ––– Johnny começou na frente da turma. ––– Esse é o senhor Kreese. ––– Olhou rapidamente para o homem atrás pelo canto do olho. ––– É só um observador. Fingiam que ele não tá aqui. Senhor Diaz, aquece a turma. ––– Ele pediu ficando ao lado de Kreese.

Em poucos passos Miguel já estava à frente da turma os cumprimentando.

––– Posição de luta. ––– O garoto pediu e todos fizeram. Rhea e todos os outros novos alunos se limitavam a imitar o que Miguel fazia. ––– Chute frontal. ––– Ele pediu e toda a turma deu um chute pra frente. ––– Ataque frontal. ––– Todos deram um soco pra frente. ––– Soco do mal. ––– Ele exigiu e toda a turma fez o movimento do dab e rindo logo em seguida.

––– O que foi isso? ––– Johnny perguntou sólido.

––– A gente só tava brincando. ––– Miguel respondeu rapidamente percebendo o tom de Johnny. ––– Tem mais de onze meses pro próximo torneio.

––– É, e além disso a gente já sabe como
lutar. ––– Falcão comentou fazendo alguns outros alunos rirem.

––– Ah é? Mesmo? Então vocês já sabem tudo?

––– Não. ––– Diaz negou quase em um sussurro.

––– Não tem mais nada a aprender?

Aisha soltava uma risada escandalosa como se Johnny tivesse contado alguma piada.

––– O que é tão engraçado senhorita
Robinson? ––– O sensei perguntava chegando perto da garota.

––– Desculpa, sensei. Você não entenderia. ––– Ela se desculpou ainda entre leves risadas.

––– Tenta, vai.

––– É o que a cobra faz. ––– Ela dizia com
um sorriso prazeroso.

––– O que a cobra faz?

Ele viu todos que usavam kimonos fazendo o movimento e barulhos de uma cobra enquanto os novos alunos sorriam se divertindo.

––– Quietos! ––– Ele gritou com raiva e todos obedeceram. ––– Amanhã às cinco da
manhã. ––– Ele anunciava com raiva. ––– Esquina da Fulton com Raymer. Quem não aparecer está fora da equipe. ––– Declarou. –––
Estão dispensados. ––– Ele saiu e Kreese logo foi atrás deixando os alunos se entreolhando.

––– Se vocês me falassem que isso é sempre tão animado assim eu teria entrado no Cobra Kai à muito tempo. ––– Rhea comentou rindo por ver seu pai tão irritado.

***

A manhã dos alunos do Cobra Kai teria começado antes mesmo do sol nascer. Como Johnny exigiu no dia anterior todos eles estavam ali no lugar combinado mesmo quase caindo pro lado de sono.

Johnny fez com que seus alunos fizessem o trabalho duro de transportar cimento de um lado para o outro enquanto alguns outros alunos o mexiam.

Aisha e Michaela mexiam o cimento de um lado enquanto Miguel e Falcão mexiam de outro e Rhea junto a Bert e outros alunos transportavam o cimento.

––– Não coloquem muita água. ––– Johnny exigiu enquanto Michaela colocava água no cimento. ––– Tem que ficar bom e espesso.

––– Sensei porquê estamos fazendo
cimento? ––– Miguel perguntava ofegante enquanto mexia o cimento.

––– Sem perguntas. ––– Declarou. ––– Continuem mexendo. ––– Ordenou indo embora.

Rhea não estava muito acostumada a trabalhos com as mãos principalmente se forem tão duros como esse é. Ela estava visivelmente cansada de ter que acartar cimento de um lado pro outro.

––– Tem certeza que não quer trocar? ––– Miguel perguntou vendo a garota trazer com dificuldade outro saco de cimento. O garoto já tinha sugerido trocar de lugar com ela algumas vezes desde que viu que ela estava cansada da primeira vez.

––– Não. ––– A garota pousou outro saco de cimento e limpava o suor que escorria pela sua testa. ––– Eu quis entrar pro Cobra Kai. ––– Ela falava enquanto pega outro saco de cimento do outro lado. ––– Então... tenho que agir igual uma cobra. ––– Disse ofegante pousando outro saco de cimento.

O barulho estrondoso de uma buzina ecoou pelo local onde eles estavam. Os olhos de todos os alunos se viraram rapidamente para encontrar o caminhão de cimento chegando na sua direção.

Os alunos viram Johnny cumprimentar o condutor e em poucos segundo lhe dando a chave do caminhão para a mão. Todos se entreolharam confusos não entendendo o que Johnny queria fazer.

***

O dia de Kendall teria começado cedo também. Ela queria chegar no dojo antes de todo mundo para treinar a sequência  que Daniel tinha lhes passado no dia anterior.

Quando foi se aquecer na parte de trás do dojo viu que não estava totalmente sozinha e Daniel estava dentro do pequeno lago. Quando o sensei deu pela presença da garota pediu sua ajuda para arrumar o lago para a aula de hoje.

Mesmo não querendo se molhar e sem entender sua proposta a garota o ajudou.

––– Já pode me falar o que vamos fazer no lago? ––– A garota perguntou pegando um dos bonsais que estavam em cima do deck enquanto Daniel colocava outro do lado de fora.

––– Você vai saber junto com eles. ––– Daniel dizia saindo do lago percebendo a presença de Robby e Samantha chegando na parte de trás do dojo.

––– Pai? ––– Samantha o chamou percebendo o homem sair de dentro do lago. ––– Pai, o que tá fazendo?

––– O senhor Miyagi fez isso alguns anos antes de morrer. ––– Ele falou caminhando até perto dos dois. ––– Ele disse que simbolizava o equilíbrio. Mas hoje não vai equilibrar bonsais.

Kendall teria acabado de pousar o bonsai na beirada do lago exatamente como Daniel e se sentou do lado de fora pra conseguir sair. Robby ofereceu sua mão para ajudar a garota a se levantar.

––– Vai ajudar vocês três com a técnica da
roda. ––– O homem declarou animado. ––– Subam lá.

––– Você quer que a gente suba ali? ––– Samantha perguntou indignada.

––– Quero. ––– Ele respondeu como se fosse óbvio fazendo Robby e Samantha se entreolharem. ––– A Kendall me ajudou a preparar o lago então vocês dois vão subir primeiro.

––– Devia ter falado pra trazer roupa de
banho. ––– Robby comentou.

––– Nem me fala. ––– Kendall disse mostrando toda sua roupa molhada.

––– Um pouco de água não faz mal a
ninguém. ––– Daniel retribuiu soltando um sorriso vendo Robby e Samantha tirarem os sapatos e entrarem no lago.

––– Tá fria. ––– Robby resmungava.

––– Não tá tão fria assim. ––– Daniel disse dando a volta no lago.

––– É! Vocês se acostumam quando caírem a primeira vez. ––– Kendall comentou soltando um sorriso.

––– Você é bem otimista né. ––– Robby brincou ouvindo Kendall rir, ele soltava um sorriso ao imaginar ela rindo. 

––– Vai! Um de cada lado. ––– Daniel pediu observando-os do lado de fora.

––– Meu deus pai, pisei em alguma coisa. ––– Samantha quase gritou apavorada.

––– Não deve ser nada. Não se preocupa.

Kendall se sentou na borda do lago com seus pés na água enquanto assistia seus amigos descobrindo como subiriam no deck.

––– Se não rolou no chão como a gente vai conseguir aqui? ––– Robby perguntou fazendo força em seu lado do deck.

––– No chão é muito difícil sentir o movimento do parceiro, nesses deck podem confiar em mim, vocês vão sentir. ––– Daniel respondeu calmamente. ––– Vamos lá! Podem subir. ––– Ele ordenou e os dois começaram a subir ao mesmo tempo para que nenhum caísse. ––– Isso! Devagar, devagar. Relaxem. Achem o equilíbrio. E se lembrem, a única coisa que precisam fazer é trabalhar em equipe.

––– Pai. ––– A garota o chamava com medo. ––– Nossa.

––– Acha o equilíbrio, Samantha. Estão indo bem. Isso. ––– Ele soltou vendo os dois já de
pé. ––– Muito bom. Olha pro Robby. ––– Pediu e logo os olhares dos dois se cruzaram fazendo Kendall fechar a cara por alguns segundos percebendo o jeito que Robby a olhava. ––– Sintam um ao outro. Isso. Agora fiquem nas posições iniciais. ––– Daniel pediu e rapidamente os dois se colocaram nas posições inicias com o deck abanando um pouco.

Eles tentavam fazer a sequência mas como esperado eles estavam se desequilibrando um pouco.

Eles continuaram a sequência por um bom tempo até que Robby se desequilibrou por completo e caiu na água fazendo Samantha cair junto.

––– Tudo bem. Tudo bem. Não foi uma começo ruim. ––– Daniel os elogiava com um sorriso. ––– Vocês estão encontrando o ritmo.

––– Eu acho que a gente não tá encontrando nada. ––– Robby comentou.

––– Acho que a única coisa que a gente vai encontrar com isso é uma hipotermia. ––– Kendall expôs ao ver seus amigos completamente molhados vendo Robby concordar com a cabeça.

––– Pai quando isso foi limpo pela última
vez? ––– Samantha perguntou enojada da água do lago.

––– Qual é gente subam aqui. Vem. Vem, foi ótimo. ––– Daniel os chamou mas Robby não queria desistir.

––– Mas até que foi bem divertido ver vocês dois caindo. ––– A morena que ainda continuava sentada na beira do lago comentou soltando uma leve risada.

––– Ai é? ––– Robby ironizou olhando a garota com um sorriso. ––– Quer vir tentar pra ver como é difícil? ––– Ele jogava água na garota que virou o rosto quando a água gelada tocou sua pele.

––– Achei que nunca ia perguntar. ––– Ela brincou jogando água no garoto também. Samantha não pensou nem duas vezes de se sentar onde Kendall estava e dar seu lugar para ela.

Kendall mergulhou na água aproveitando para molhar seu cabelo e acompanhar seus amigos que também estavam molhados.

A garota andou até ao deck fazendo um pouco de força e analisando o que teria que fazer para não se desequilibrar.

––– Então deixa eu ver se entendi. ––– Ela começou sem tirar o olhos do deck de
madeira. ––– Você espera que a gente consiga ficar os três aqui em cima fazendo a sequência sem cair?

––– Exatamente. Agora subam. E se lembrem de trabalhar em equipe.

Kendall analisou o deck por mais alguns segundos até que finalmente subiu se desequilibrando um pouco enquanto se colocava de pé a deixando com medo de cair e se machucar, mas respirou fundo e se concentrou em apenas se equilibrar.

Os dois começaram a sequência em perfeita sincronização como se apenas existissem eles dois no mundo naquele momento. Eles apenas olhavam nos olhos um do outro e a parte mais fácil da sequência acabou sendo feita quase como automaticamente.

––– Tá pronta? ––– Robby questionou quando eles estavam prestes a fazer a parte mais complicada da sequência onde teriam que fazer os mesmo movimentos de costas.

––– Nasci pronta. ––– A garota afirmou sorrindo com seus olhos fixos nos dele. ––– Um. ––– Ela começou a contagem tentando esconder o medo que tinha de errar.

––– Dois. ––– O garoto continuou sem tentar esconder que estava aterrorizado.

––– Três. ––– Disseram em conjunto assentindo um para o outro.

Começaram a parte mais complicada da sequência em perfeita sincronização, como se fossem apenas um, como se ninguém os observasse, como se eles realmente estivessem dançando ––– o que seria irônico porque além de nunca terem dançando juntos, ambos eram péssimos dançarinos.

Os dois se viraram novamente fixando o olhar um no outro para continuarem a sequência. Em pouco tempo já estavam olhando para lugares contrários de costas um para o outro mais uma vez.

Eles repetiram as mesma sequência de golpes algumas vezes quando a voz de Daniel e a celebração de Samantha cortaram a troca de olhares que acontecia desde o início.

––– Isso foi ótimo, gente!––– Daniel exclamou com um sorriso orgulhoso. Os adolescentes deixaram uma última troca de olhares antes de ambos soltarem um sorriso percebendo que tinham conseguido.

––– Vocês conseguiram! ––– Samantha celebrava com uma salva de palmas para os dois adolescentes no deck.

––– A gente conseguiu? ––– Ainda com um sorriso mas contendo uma expressão confusa, Kendall perguntou a Daniel que os olhava com orgulho enquanto assentia.

Quando a garota viu o sensei assentir olhou automaticamente na direção de Robby que já a olhava. Uma pequena risada foi solta por ambos quando seus olhos se cruzaram.

––– A gente conseguiu. ––– Robby repetiu rindo.

––– Então acho que a gente deveria
comemorar. ––– Ela disse com um olhar divertido abrindo um sorriso ainda maior com o que tinha pensado.

––– Como?

––– Assim.

Kendall o olhou por alguns segundos com um sorriso decidido do que estava prestes a fazer. A garota pulou para trás para que Robby caísse propositalmente. Quando sentiu a água atingindo o seu corpo percebeu que Robby teria se desequilibrado.

A garota colocou sua cabeça pra fora para poder rir percebendo Samantha e Daniel rindo junto com ela e logo Robby se juntou a eles rindo quando colocou sua cabeça para fora da água.

A barriga de Kendall já doía de tanto rir. Nunca pensou que voltaria a ficar tão feliz no caratê depois de tanto tempo.

Mesmo que estivesse tendo várias dificuldades sempre encontrava um jeito de colocar um sorriso no rosto dela e no dos outros também. E foi o caratê que sempre a ajudou a se distrair dos problemas e lembrar que o sol sempre irá nascer de novo com uma nova oportunidade de fazer diferente.

E naquele momento sabia que Robby precisava se distrair dos problemas e sorrir um pouco então vê-lo feliz foi a verdadeira conquista do seu dia e não conseguir executar um exercício de uma sequência complicada.

***

Johnny reuniu os alunos na frente do caminhão de cimento. Todos ainda estavam bem confusos sobre qual seria os planos do sensei.

––– Acham que só porque ganharam o torneio acham que podem relaxar? ––– Começou quando todos os alunos estavam juntos na frente do caminhão.

––– Eu não ganhei nada então acho que sim. ––– Rhea murmurou brincando com os braços cruzados fazendo os irmãos Diaz que estavam ao seu lado soltarem uma leve risada.

––– Eu tenho novidades... ––– Johnny começou a andar na frente dos alunos. ––– Ganhar um campeonato não significa nada. O verdadeiro campeão nunca para de treinar. Temos que seguir em frente. Ou vão ficar estagnados como estão agora? Igual a esse cimento. ––– O homem olhou o caminhão rapidamente. ––– Se esse tambor não girar o cimento vai endurecer e, ficar preso. Querem que isso aconteça com vocês?

––– Não sensei. ––– Todos responderam juntos quase gritando.

––– Ótimo! Então subam, entrem lá e façam isso girar. ––– Ele declarou saindo do caminho.

Os alunos se entreolharam sem entender direito a sua proposta. E rapidamente começaram os burburinhos.

––– Espera! ––– Michaela tomou a frente para quebrar os burburinhos. Sua expressão confusa encontrava a expressão decidida de Johnny. –––  Você quer que a gente entre lá dentro e gire essa coisa para o cimento não endurecer? ––– Ela perguntava com suas sobrancelhas juntas.

––– É! Exatamente! ––– Johnny confirmava ainda com sua expressão decidida. ––– Agora subam.

––– Sensei, ––– Aisha começou ainda um pouco ofegante. ––– desculpa pelas brincadeiras.

––– Nós já aprendemos a lição. ––– Falcão declarou enquanto assistia Johnny virar de costas e deixar cair a escada que os levaria para dentro do caminhão.

––– Entrem aqui. ––– Johnny quase gritou apontando para cima.

Rhea intercalou o olhar entre o caminhão e o pai antes de sair do seu lugar e se dirigir à escada ao lado de Johnny.

––– Rhea? ––– Michaela soltou. ––– É sério que você não acha isso nem um pouco perigoso?

––– Não. ––– Negou enquanto subia as escadas cuidadosamente. ––– Isso aqui vai parecendo mais perigoso a cada degrau que eu subo, mas... ––– Ela fez uma pausa quando chegou no topo se virando para os alunos no chão. ––– Eu não tenho nada a perder mesmo. ––– Ela deu de ombros e entrou na pequena entrada circular que a levava para uma superfície inteira de cimento.

––– Sensei isso parece perigoso. ––– Miguel comentou quando viu Rhea entrar. ––– Os gases vão fazer mal pra-

––– Quieto! ––– Kreese o cortou gritando. Todos os alunos viraram rapidamente suas cabeças nas direção do sensei mais velho que se manteve encostado do lado do caminhão o tempo inteiro. Ele começou a dar alguns passos na direção dos alunos. ––– Esse homem levou vocês até o topo. E ainda questionam ele? Olhem pra vocês, olhem para todos vocês. Aquela garota nem participou no torneio, esse é basicamente o primeiro dia dela no Cobra Kai e já tem mais do espirito desse dojo do que qualquer um de vocês. Não acredito que esse bando de bundões competiu no torneio regional. Muito menos que venceu. Isso foi um grande milagre. E quem foi o responsável por esse milagre? ––– Olhou e apontou com sua mão para Johnny. ––– Johnny Lawrence. Um dos melhores alunos da história do Cobra Kai. Meu aluno. ––– Apontava em direção ao próprio peito.

––– Você foi o sensei do sensei? ––– Falção perguntou intrigado.

––– Pode acreditar, garoto. E vou falar que eu nunca treinei um aluno mais durão em toda a minha vida. Então se quiserem saber o que é bom para vocês é melhor ouvirem cada bendita palavra que ele disser.

Miguel olhou Kreese e os restantes alunos antes de dar dois passos à frente e olhar Johnny com um olhar confiante.

––– Eu entro, sensei. ––– Ele declarou dando mais alguns passos e começando a subir as escadas sendo logo seguido por Falcão, Michaela, Aisha e alguns outros alunos.

Miguel chegou rapidamente no topo e olhou para dentro do tambor vendo a figura de Rhea fazendo de tudo para conseguir girar a superfície.

––– Olha isso! ––– O garoto exclamou apavorado analisando o tambor que continha cimentos em cada canto que ele olhasse.

––– Fica melhor se você fingir que está numa daquelas rodas para hamsters emperrada. ––– Rhea brincou escorregando e caindo no cimento na parte de baixo da superfície mais uma
vez. ––– Tem cuidado! ––– Ela tentou avisá-lo enquanto o garoto entrava. ––– Essa parte aí é só para enganar você. Me sujei quando cai nela como se estivesse em um escorrega de parque infantil.

O garoto tomou cuidado mas acabou caindo no final com seu traseiro no cimento molhado quando estava se levantando viu Rhea querendo rir.

––– Viu, eu te falei. ––– A garota dizia com um sorriso de satisfação, porque apesar do seu aviso ela adoraria ver Miguel caindo naquela mini rampa que tinha no início que nem ela caiu.

Ainda do lado de fora Falcão estava terminando de subir a escada e quando chegou no topo esperou para ajudar a subir Aisha e Michaela  que vinham logo atrás dele.

Falcão, Aisha e Michaela foram entrando e vendo Miguel e Rhea rirem quando todos caíram no mesmo lugar que os outros dois tinham caído quando entraram.

Falcão colocou suas mãos na superfície para empurrar o tambor, suas mãos escorregaram de imediato devido a todo o cimento que havia nas paredes do tambor, tornando impossível de empurrar.

Quando os alunos perceberam que não teriam chance no lado esquerdo do tambor tentaram empurrar do lado direito.

Falcão e Michaela analisavam as paredes do tambor para entenderem se existia um jeito mais simples de fazê-lo girar enquanto Rhea, Aisha e os outros alunos tentavam empurrar o lado direito.

––– Isso é entranho. ––– Miguel comentou com uma careta mexendo no cimento com os pés.

––– Com certeza. ––– O de moicano concordava colocando a mão na parede.

––– Não fiquem parados aí. ––– A voz de Johnny se fez presente. Todos os alunos viraram suas cabeças encontrando a figura do sensei na entrada. ––– Querem ficar presos? Andem
logo. ––– O loiro ordenou.

––– Vamo bora, gente. ––– Miguel disse indo até à parede do lado esquerdo sendo seguido por todos os outros.

––– Quanto mais rápido a gente fizer isso daqui girar, mais rápido a gente sai daqui. ––– Rhea disse colocando suas mãos na superfície do tambor.

Os adolescentes utilizavam o máximo de força que conseguiam para fazer o tambor girar, mas suas mãos escorregavam pela liquidez do cimento.

Michaela parou estática voltando a analisar o tambor passando seus olhos por cada aluno utilizando a maior quantidade de força que conseguiam.

––– Gente! ––– Elas os chamava com seus olhos fixos no cimento que pisava. ––– Gente! ––– Ela disse um pouco mais alto fazendo todos a olharem confusos mas sem pararem de empurrar. ––– Parem! ––– Ela pediu e todos obedeceram mesmo sem entender o porquê.

––– Porquê nos mandou parar? ––– Falcão soltou. ––– Se você quer ficar presa aqui, o problema é seu, mas deixa a gente tentar girar essa coisa.

––– A gente tá fazendo do jeito errado. ––– Ela respondeu revirando os olhos da ignorância do garoto.

––– O quê? ––– Aisha juntou suas sobrancelhas.

––– O que quer dizer, Mich? ––– Rhea tentava retirar um pouco do cimento que tinha nas mãos.

––– Eu fiquei pensando porque a gente tava usando força e não estávamos conseguindo mover essa coisa. E aí eu olhei para a gente e vi que cada um tá fazendo no seu tempo. ––– Ela tentou explicar.

––– E daí? ––– Miguel soltou confuso.

––– Tudo isso ––– Ela abria seus braços demonstrando que estava falando do tambor que eles tentavam girar a algum tempo. ––– é questão de física, cara. ––– Ela explicitou.

––– Como assim? ––– Um dos outros alunos perguntou confuso.

––– Se todos nós utilizarmos toda a nossa força ao mesmo tempo vai ser mais fácil mover
isso. ––– Falcão explicou com um sorriso já entendendo que esse era o raciocínio de Michaela o tempo todo.

––– Isso! ––– Ela soltou animada de alguém ter entendido sem ela precisar explicar.

––– Você é um gênio, Mich. ––– Falcão soltou com um sorriso orgulhoso.

––– Então tudo o que a gente precisa fazer é... trabalhar em equipe? ––– Rhea perguntou para ter certeza que tinha entendido.

––– É! Exatamente! ––– Michaela afirmou fazendo todos os outros com a exceção de Falcão se entreolharem confusos.

––– A gente não perde nada se tentar né. –––Miguel comentou dando de ombros e voltando a colocar suas mãos na superfície de cimento.

Todos se juntaram a Diaz, ninguém tentou empurrar antes que o latino ordenasse.

––– Um! ––– Miguel gritou começando a contagem. ––– Dois! ––– Ele fez uma pequena pausa para olhar os alunos tendo certeza que ninguém empurraria antes do tempo. –––
Três! ––– Ele gritou por último e todos começaram a empurrar a parede do tambor ao mesmo tempo e em poucos segundos sentiram ela movendo um pouco.

––– Tá dando certo. ––– Um outro aluno soltou com dificuldade.

––– Vai gente, não para. ––– Rhea disse com objeção utilizando toda a sua força para empurrar.

Alguns dos adolescentes começaram a cair aos poucos devido à liquidez do cimento, mas com a ajuda e o apoio uns dos outros eles se erguiam novamente e voltavam a empurrar.

Depois de algum tempo empurrando todos puderam finalmente sair de dentro do tambor para que Johnny pudesse limpá-los utilizando uma mangueira de jardim.

––– Vocês devem se orgulhar. ––– Johnny começou passando água por alguns alunos e dando alguns passos. ––– Eu tô orgulhoso. ––– Ele voltava a molhar outros alunos. ––– Os pais de vocês também ficariam, se contassem o que fizeram hoje. Mas não vão contar. Agiram como campeões. ––– Ele deu mais alguns passos chegando a molhar Falcão e Michaela. ––– Não pararam. Não se deram por satisfeitos. Não desistiram. Se continuarem, empurrando e insistindo, vocês vão chegar onde jamais imaginariam. ––– O homem terminou seu discurso trocando um olhar de cumplicidade com Miguel e Rhea. ––– Estão dispensados. Podem ir pra casa. ––– O homem declarou e todos começaram a pegar suas coisas e a irem embora.

––– Aí, sensei. ––– Falcão chegou perto vagarosamente depois que todos os outros já tinham ido embora.

––– Fala.

––– Eu só queria falar que foi graças à Michaela que a gente conseguiu girar aquele negócio. ––– O de moicano confessou com um pequeno sorriso.

––– É sério? ––– Os olhos de Johnny pairaram rapidamente na figura da garota que ria de alguma coisa junto a Rhea e Aisha.

––– É! ––– Ele afirmou sorrindo. ––– Ela pensou fora da caixa. Ela viu qual era o melhor jeito para mover aquele tambor e nos falou. Se não fosse por ela a gente estaria lá até agora. ––– O garoto se distraiu por um tempo repensando no pequeno momento que tivera com Michaela dentro do tambor. Ele balançava a cabeça em negação tentando esquecer de cada detalhe daquele momento. ––– Mas, eu só queria que você soubesse que foi ela que fez com que a gente conseguisse girar o tambor.

––– É! Obrigado! ––– Johnny voltava o olhar para Falcão que assentiu e foi embora para pegar suas coisas e ir embora. ––– Ei, Diaz! ––– O homem gritou tentando ter a atenção de Michaela. Ele suspirou quando percebeu que os dois irmãos teriam olhado. ––– Você! ––– Ele exclamou gritando e apontando para a garota que juntava suas sobrancelhas enquanto andava em direção ao sensei.

––– Eu? ––– Ela perguntou confusa quando chegou perto de Johnny.

––– É, eu queria te parabenizar. ––– Ele declarou rapidamente deixando a garota ainda mais confusa. ––– O Falcão me contou que foi graças a você que conseguiram mover aquela coisa.

A garota soltou um sorriso envergonhado junto a uma revirada de olhos porque mesmo já esperando que Falcão fosse fazer isso ela não queria, ela não queria ficar com os louros, para ela eles tinham conseguido e era a única coisa que importava.

––– E tenho que admitir, garota. ––– Ele começou novamente com uma pequena
risada. ––– Você me surpreendeu. ––– Johnny confessou recebendo uma pequena risada confusa de Michaela enquanto ela juntava as sobrancelhas. ––– É, eu esperava isso de qualquer um deles, mas não de você. Eu te subestimei, e você me surpreendeu. ––– A garota soltava um sorriso envergonhado. –––  Você deveria ficar feliz. Nenhum outro aluno me surpreendeu desse jeito, nem mesmo seu
irmão. ––– Ele começou indo embora deixando uma piscadela orgulhosa para a garota. –––
Ah, ––– Ele virou uma última vez. ––– você deveria estar muito orgulhosa pelo que fez lá dentro. Eu sei que estou. ––– Ele deu de ombros. ––– Porque, cá entre nós, ––– Johnny diminuiu seu tom de voz para ter certeza que ninguém o escutaria. ––– nem eu sabia se era possível. Eu nunca tinha feito isso antes.

Ele admitiu dando de costas deixando Michaela rindo da confissão do sensei e logo depois dando um sorriso bobo pelos elogios que ele lhe fez.

***

––– Sabe que a gente não pode continuar vivendo desse jeito, né? ––– Kendall estava sentada em cima da mesa junto à lanterna que os dois estavam usando para iluminar desde que ficaram sem luz.

Robby estava acabando com a última caixa de cereal que lhes restava e Kendall assistia-o colocar água da pia na tigela ––– o leite tinha acabado.

––– Robby, ––– A garota o chamava com preocupação. ––– você é apenas uma criança. Não tem como você conseguir sustentar essa casa sozinho. ––– Ela dizia enquanto o garoto pegava uma colher. ––– Eu já te falei, eu tenho um dinheiro guardado, eu posso ir no mercado ou ajudar a pagar as contas. ––– Kendall teria oferecido o pouco de dinheiro que tinha desde o início, mas Robby sempre negou pois mesmo depois de meses para ele, ela ainda era visita.

––– E eu já te falei que isso não é sua responsabilidade. ––– Robby suspirou e colocou uma colher de cereal na boca.

––– Robby, já tem meses que eu tô morando aqui, acho que o mínimo que eu posso fazer é ajudar um pouco.

––– Eu tô dando conta de tudo, Kendall. ––– Ele declarava se fingindo de durão enquanto colocava outra colher de cereal na sua boca.

––– Não, tá não. ––– Ela retrucou ácida rapidamente. ––– A gente tá dependendo dessa maldita lanterna para iluminar a casa. A geladeira tá vazia tem semanas. Estamos vivendo à base de cereal e água. E se continuarmos desse jeito vamos acabar ficando sem água também. ––– Ela disparava irritada de ver o garoto querendo cuidar de tudo sozinho, porque agora ele não estava sozinho, eles estavam junto independentemente do que acontecesse a amizade dos dois seria mais importante que qualquer outra coisa.

––– E o que você quer fazer? ––– Ele perguntou visivelmente irritado pelo comportamento de Kendall e pousou a tigela em cima da mesa. ––– Quer voltar pra sua casa dando hipótese da sua irmã ser presa? Quer morar na rua? A gente não tem mais ninguém, Kendall. A Rhea se mandou e até agora ainda não tenho certeza que ela tá na casa do Parker, minha mãe foi pro México com o novo ficante dela, somos só eu e
você. ––– O garoto disparava tudo com raiva. Mas não com raiva de Kendall e sim com raiva de toda a situação.

––– A gente tem o seu pai.. ––– Ela reforçou sua antiga ideia calmamente. Ela já tinha referido que eles poderiam ir morar com Johnny que isso serviria também para eles reconstruírem os laços de pai e filho.

––– Eu já te falei que ele facilmente te deixaria morar com ele, mas não eu. E sabe que eu não tô pronto para perdoá-lo ainda. ––– O garoto disse calmamente após respirar fundo. ––– Mas se quer ir, por mim tudo bem, eu não ficaria bravo com você. ––– A garota negava com a cabeça enquanto descia da mesa onde esteve sentada todo esse tempo.

––– Eu preferia morar na rua com você, do que te abandonar, Robby. ––– Ela deu alguns passos ficando na frente do garoto, ele tentava não demonstrar que teria ficado em choque com sua afirmação. ––– Somos eu e você. Não importa o que aconteça. ––– Ela esticou seu dedo mindinho com um sorriso amigável vendo o garoto retribuir o sorriso e entrelaçar o dedo mindinho dele no dela.

Os dois viraram suas cabeças com rapidez na direção da porta quando escutaram quatro batidas rápidas. Os dois se entreolharam com expressões confusas, não esperavam ninguém a essa hora.

Em poucos passos Robby já estava na frente da porta abrindo-a ainda com a tranca fechada, revelando a figura um pouco preocupada de Daniel no lado de fora.

––– Oi, Robby. ––– Ele o cumprimentou com um suspiro.

––– Oi. ––– A expressão de Robby ainda era confusa, mas mesmo assim o garoto fechou a porta para poder voltar a abri-la agora destrancada.

––– Daniel? ––– A garota avançou até à porta ficando ao lado de Robby com sua expressão confusa.

––– Oi Kendall! ––– A cumprimentou forçando um sorriso.

––– Senhor LaRusso, porque tá aqui? ––– Robby perguntou ainda confuso.

––– Eu podia mentir e dizer que tava pelo
bairro. ––– Ele admitia receoso. ––– Sua mãe tá aí? ––– Ele percebeu o apartamento desarrumado sendo iluminando por apenas uma pequena lanterna. Os dois adolescentes se entreolharam ao perceberem que Daniel já tinha entendido tudo Robby baixou a cabeça, Kendall apenas manteve sua cabeça erguida. ––– Olhem, escutem. ––– Ele deu alguns passos para ficar mais próximos dos adolescentes. ––– Tá tudo bem. ––– Colocou sua mão no ombro do garoto para consolá-lo. ––– Tá bom? ––– Ele abria seu outro braço chamando Kendall para um abraço. Mesmo receoso a garota aceitou e o abraçou sentindo o homem deixando um pequeno selar no seu coro cabeludo. Robby levantou a cabeça encontrando os olhos reconfortantes de Daniel esboçou um pequeno sorriso de canto.

***

––– Que coisa triste! ––– Amanda exclamou com pena. ––– Não acredito que eles tavam morando sozinhos. ––– Declarava assistindo Kendall e Robby comendo na mesa da cozinha com Samantha para fazer companhia para os dois.

Quando Daniel percebeu a situação em que os dois adolescentes se encontravam morando não se permitiu voltar para casa sabendo que eles continuariam daquele jeito, sabia que eles precisavam de um outro lugar para morar então os levou para sua casa esperando que Amanda concordasse com sua decisão.

––– Pois é! ––– LaRusso concordava ainda inconformado. ––– E nós temos espaço. ––– Ele começou com esperança de Amanda concordar com sua ideia. ––– Posso colocar um colchão no quarto de hóspedes até ajeitar tudo. E tenho certeza que a Samantha não se importaria de dividir o quarto com a Kendall.

––– Ou, ou, ou, calma aí, devagar, devagar. ––– Ela tentava abrandar o ritmo do marido. ––– Óbvio que eles podem ficar aqui hoje, mas eles não podem ficar mais tempo. Temos que falar com os pais deles. ––– Ela tentava chamá-lo de volta à realidade.

––– Eu tentei falar com a mãe dele, mas não consegui de jeito nenhum. E você sabe que a Kendall não quer voltar pra casa com medo de perder a Brianna.

Amanda deu um forte suspiro tentando confortá-lo com o seu olhar.

––– Mas ele tem um pai. E ela... ––– Virava o rosto para ver a garota rindo na cozinha com Samantha e Robby. Ela virou sua cabeça para o homem novamente soltando o ar pela boca. ––– Ela já sofreu muito, Daniel. ––– Dizia se referindo ao que ele lhe contou sobre o passado da garota. ––– E a única coisa que ela e a Brianna precisam é voltarem a ficar juntas e se há alguém capaz de fazer isso acontecer, esse alguém é você.

Daniel suspirou virando sua cabeça para o lado percebendo que Amanda estava certa e que ele provavelmente teria que conversar com as três pessoas por quem ele mais nutre ódio desde a adolescência.

A única diferença entre Johnny, James e Claire é que dois deles eram seus melhores amigos. E que sendo franco com eles mesmo Daniel nunca teria perdoado os dois por serem péssimos pais e terem se tornando o tipo de pessoas que mais odiavam.

***

Johnny ficou até mais tarde no Cobra Kai com Kreese, e falou para Rhea que não o esperasse para jantar então a garota decidiu ir jantar com Parker. ––– Kendall estava certa, a mãe dos Grayson sempre viajava na férias de verão, por isso quando eles eram pequenos apenas ela, Demetri e Eli, o agora Falcão saiam juntos. Mas Parker convenceu a mãe que saberia se cuidar se ficasse em casa sozinho então a mulher viajou apenas com Wyatt.

A primeira coisa que fez quando chegou em casa foi tirar sua roupa para poder lavá-la e logo foi tomar um banho para tirar o restante de cimento do treino de hoje. O garoto mandou mensagem para Rhea dizendo que saia em dez minutos quando ela saiu do seu banho.

Rhea sempre gostou de escutar música no último volume enquanto estava no banho e enquanto se arrumava. Quando ouviu de longe o som da porta se abrindo pensou que seria seu pai então não saiu do seu quarto para vê-lo.

Miguel abria a porta da casa de Johnny com sua chave reserva que o sensei teria oferecido para sua mãe que sempre gostava de ir oferecer para Johnny um pouco das comidas que fazia.

––– Sensei, tá em casa? ––– Ele falava um pouco mais alto devido à música que vinha do quarto de Rhea ao colocar sua cabeça para observar a casa por dentro. Sem obter resposta de ninguém de dentro da casa o garoto entrou e fechou a porta. ––– Abri com a chave
reserva. ––– Ele confessou dando alguns passos para dentro da casa. ––– Vim deixar um pouco de comida. ––– Ele quase gritava graças ao volume alto da música. O garoto parou na entrada do corredor que ligava o banheiro e os quartos ao restante da casa. ––– Minha mãe não quer que você coma carne seca no café da manhã. ––– Quase gritou virando de costas caminhando até à geladeira onde colocou a comida feita pela sua mãe.

Quando fechava a porta da geladeira notou uma foto de uma criança junto a uma bola pendurada por um ímã no eletrodoméstico. Essa foto chamou à sua atenção por ter o nome de Robby Keene nela.

––– Robby Keene. ––– O latino murmurou ouvindo uma porta se abrir nos quartos.

––– Oi pai, ––– A garota saía já arrumada amassando seu cabelo com uma toalha sem perceber a presença de Miguel perto da geladeira. ––– eu tô indo jantar com o Parker, como você falou para eu não esperar você. ––– Seus olhos se arregalaram quando notou a presença do garoto do outro lado do cômodo. A garota parou de amassar seu cabelo com a toalha devido ao choque. ––– Miguel, o que tá fazendo aqui? 

––– Minha mãe me pediu para trazer um pouco de comida. ––– Ele apontou rapidamente para a geladeira. O garoto estava confuso da garota estar ali. ––– Pai? ––– Ele juntou suas sobrancelhas vendo a garota baixar sua cabeça.

––– Éh... Eu achei que era o Johnny. Mas porquê tá tão surpreso? Não é como se você não soubesse. ––– Ela o relembrou do baile de Halloween.

––– É! ––– Miguel riu rapidamente ao se lembrar também. ––– Mas você pediu para eu esquecer isso. ––– Ainda ria de leve ao lembrar da primeira conversa que os dois tiveram ao se conhecerem. ––– Porque não me contou que tá morando com o seu pai? E porquê o seu pai tem uma foto do Robby Keene na geladeira.

––– Eu não contei pra ninguém. Todos acham que eu tô ficando na casa do Parker, inclusive a Kendall e o... ––– Ela parou vendo a foto que Miguel segurava. O queixo do garoto caiu levemente quando percebeu.

––– O Robby? ––– O garoto suspirou fechando os olhos levemente. ––– Ele é o seu irmão, não é? ––– No fundo o garoto realmente queria que a garota negasse sua afirmação mas engoliu em seco quando Rhea assentiu com a cabeça baixa. ––– E você deixou que todos nós dissemos coisas horríveis sobre ele. ––– Se lembrou de todas as vezes em que Rhea estava junto quando xingou Keene depois da festa da fogueira.

––– Ele é meu irmão, e isso é algo que ninguém nunca vai conseguir mudar, mas ele realmente tem agido como um babaca desde que entrou pro Miyagi-Do. ––– Ela deu de ombros.

––– E porquê seu pai nunca me contou? Principalmente depois do torneio.

––– Eu não sei. ––– Disse com indiferença enquanto tirava o celular do bolso vendo uma mensagem de Parker informando que estava lá fora. Um sorriso se formou nos seus lábios no momento em que viu a notificação do
garoto. ––– Mas, agora eu tenho de ir. ––– Viu o garoto olhá-la confuso. ––– O Parker tá lá fora me esperando.

––– Ah é, você vai jantar com ele. ––– Ele falou colocando a foto de Robby novamente na geladeira e indo em direção à porta.

––– Miguel... ––– Ela o chamou com receio quando o garoto já estava prestes a segurar na maçaneta da porta se virou. ––– Pode não contar pra ninguém que tô morando com o meu pai? Principalmente pra Kendall, se o Robby descobrir seria o pior tipo de traição entre nós dois.

––– Não se preocupa. ––– Tentou corta-la antes que a garota não conseguisse parar. ––– Eu não conto pra ninguém e a Kendall... Não vai ser um problema já que ela tem me evitado desde o torneio. ––– Confessou fingindo não estar magoado com a decisão da garota.

––– Obrigada! ––– Exclamou com um sorriso meigo que logo foi retribuído pelo garoto. ––– Ah... ––– Ela deixou escapar quando o garoto abriu a porta para os dois saírem. ––– E a Kendall... ––– Ela começou do lado de fora. –––Ela só tá tentando afastar você porque acha que vai acabar te magoando ou que você vai acabar abandonando ela que nem todo mundo na vida dela vem fazendo. Que nem eu fiz... Você só tem que demonstrar pra ela que tá tudo bem. E não desistir dela. A ligação que vocês têm é algo que poucas pessoas conseguem encontrar, só não permite que nada nem ninguém destrua essa ligação. ––– A garota deu uma piscadela rápida com seu olho direito e saía de perto de Miguel o deixando pensativo mas ainda assim decidido para não desistir da Kendall.

Ele acompanhou a figura de Rhea andar até Parker e o cumprimentar com um selinho rápido nos lábios. Quando Parker viu Miguel caminhar até à porta de sua casa o cumprimentou de longe com um sorriso, Miguel logo retribuiu e o cumprimentou também.

Miguel já estava de volta à sua casa vendo toda a sua família se preparar para dormir. Mesmo estando de férias Carmen fazia os filho seguirem um horário de dormir para que acordassem cedo e cheios de energia no dia seguinte.

Miguel sempre aproveita esse tempo antes de dormir para surfar pela internet e falar com seus amigos. Tinha acabado de contar a Falcão que Robby Keene era filho de Johnny.

––– Filho, ––– Carmen apareceu numa frecha da porta depois de ter batido algumas vezes. ––– vamo. Tá na hora de dormir. ––– Ela avisava vendo o garoto digitar no computador.

––– Só mais cinco minutos mãe, por favor. ––– Ele pediu desviando rapidamente o olhar do computador para olhá-la e logo voltou a olhar o eletrônico ao seu colo.

––– Tá bem. ––– Ela cedeu com pouca
vontade. ––– Só mais cinco minutos. Mas nem um minuto a mais. ––– Ela pedia autoritariamente. ––– Entendeu? ––– Ela saiu quando o garoto assentiu.

Já tinha se passado uma hora desde que Carmen tinha ido até o quarto de Miguel quando o garoto ouviu alguém bater na porta do seu quarto.

Ele olhou para o pequeno relógio na sua mesinha de cabeceira e percebeu que era tarde e que certamente era sua mãe verificando se ele já estava dormindo.

Com medo de ser pego acordado depois de ordens explícitas de sua mãe de ter apenas mais cinco minutos, Miguel colocou rapidamente seu computador de lado e se deitou fechando seus olhos para fingir que estava dormindo.

No segundo que fechou seus olhos sentiu a porta se abrir e alguém dando alguns passos para dentro do quarto. O garoto abriu seus olhos minimamente para poder enxergar quem era.

––– Ah, é só você. ––– Ele soltou aliviado vendo sua irmã o observando enquanto fingia que dormia. A garota riu de leve com o alívio de Miguel enquanto ele voltava a se sentar na cama e a ligar o computador novamente.

––– Que bom que você é bom no caratê, porque fingir que tá dormindo com certeza não é uma das suas melhores habilidades. ––– Ela brincou puxando uma cadeira do outro lado do quarto para se sentar.

––– O que tá fazendo aqui? Não devia tar dormindo?

––– Eu tava com sede. Então fui pegar um copo de água quando pensei em vir aqui e ver você dormindo como eu sempre faço. ––– Ela fingiu um sorriso macabro na tentativa de assustar o irmão que a olhou por cima do sobrolho erguendo uma das suas sobrancelhas. ––– To brincando. ––– Ela revelou rindo. ––– Mas a parte da água é verdade. ––– Disse rapidamente apontando para o copo com água que
segurava. ––– Eu só queria conversar. ––– Revelou dando de ombros. ––– Sinto que a gente não conversa à muito tempo.

––– Quer conversar sobre o quê? ––– Ele disse focado no computador.

––– O que tá acontecendo com você e a Kendall? ––– Ela foi direta com receio que seu irmão não quisesse falar sobre isso. ––– Vocês não conversam desde o torneio e todo mundo simplesmente parou de falar com ela como se ela tivesse feito algo de errado. ––– Falou em rápida velocidade vendo seu irmão vacilar o olhar do computador. ––– E o Falcão fez a gente excluir ela quando fomos comemorar sua vitória só porque ela "traiu" o Cobra Kai. Mas isso não faz sentindo nenhum porque ela nunca foi do Cobra Kai.

––– Você tá certa. ––– Ele disse quase em um sussurro. ––– A gente não devia ter excluído ela.

––– Então você concorda? ––– Perguntou um pouco surpresa.

––– Claro que sim. ––– Ela afirmava como se fosse óbvio. ––– Acho que todos concordam na verdade... Ela é nossa amiga. ––– Um tom melancólico invadiu o seu tom de voz. ––– E não consigo nem imaginar como ela deve ter se sentindo quando soube que estávamos comemorando sem ela. E pra falar a verdade não faço ideia do que tá acontecendo com ela. Porquê sempre disse que não gostava de caratê se estava treinando com o idiota do Robby. Ou porquê ela me deixou vencer no torneio. Ou até porque ela tá me evitando.

––– Não acha que devia falar com ela? ––– Colocou sua mão na perna do garoto para tentar apoiá-lo emocionalmente.

––– E você acha que eu não tentei? ––– Perguntou retoricamente com sua cabeça cabisbaixa. ––– Ela não quer falar comigo, Mich. E eu tô apenas respeitando isso.

––– Talvez ela só não esteja pronta para falar e contar tudo o que ela quer para você. ––– Ela o olhava como se soubesse de algo. ––– Talvez ela tenha medo de como você vai reagir. ––– Michaela estava começando a ficar cansada demais para explicar como funciona a mente de Kendall para o seu irmão. A garota se levantou para indicar que estava prestes a ir embora. –––E de estragar a amizade de vocês. ––– Ela se virou agora de pé para o garoto pensativo sentando na cama. 

––– Você sabe de alguma coisa? ––– O garoto enfim perguntou tendo perfeita noção de que sua irmã e Kendall se falavam todos os dias.

––– Eu sei de muita coisa, Miguel. ––– Ela brincou. ––– Mas, não vou contar nenhuma delas para você. ––– Ela deu um leve sorriso.

––– Achei que a gente não tinha segredos um com o outro. ––– Ele retribuiu o sorriso junto a uma revirada de olho amigável.

––– E não temos. ––– Ela afirmou dando de ombros. ––– Mas tem algumas coisas que você precisa de descobrir sozinho e no tempo certo.

––– Essas coisas estão tão na cara assim?

––– Para mim sempre estiveram. Mas nem todo mundo é tão inteligente quanto eu. ––– Ela jogou seus cabelos curtos para trás se exibindo fazendo Miguel rir. Michaela ria junto ao garoto enquanto andava em direção à porta do
quarto parando enquanto segurava na maçaneta. ––– Eu sei que você tentou. ––– Disse ainda de costas para o irmão. ––– Mas, ––– Ela virou apenas sua cabeça para olhá-lo nos
olhos. ––– você não pode deixar que a amizade de vocês acabe desse jeito. Você precisa lutar por ela, Miguel. Ela precisa sentir que você não vai desistir dela. Que você não vai abandoná-la se todos os outros o fizerem. ––– Ela fez uma pausa ao vacilar o olhar para respirar fundo. ––– A Kendall já passou por muita coisa Miguel, só não faz ela ficar no meio dessa sua rivalidade com o Robby. Porque se algum dia acontecer algo muito ruim por causa da rivalidade de vocês dois, ela vai se culpar e muito.
Entendeu? ––– Michaela suspirou aliviada vendo o garoto assentir com um leve sorriso.

A garota abriu a porta do quarto para ir embora quando Miguel a chamou pela última vez.

––– Mich. ––– A chamou em voz baixa para que sua mãe não escutasse. Por já estar do lado de fora a garota colocou sua cabeça na frecha da porta. ––– Falando em não ter segredos entre a gente. A Rhea tá morando com o sensei. E ela e o Robby são filhos dele. ––– A garota juntou suas sobrancelhas pensativa. ––– Mas ela me pediu para guardar segredo... Então quando ela decidir contar isso para você, só finge que não sabe tá?

A garota concordou com cabeça junto a uma leve risada.

––– Tá bom. Agora vai dormir. Se a mamãe te pega acordado pode esquecer o caratê.

––– Só vou desligar o laptop. ––– Ele afirmou rindo vendo Michaela sair e fechando a porta. Quando estava prestes a desligar o aparelho houve um pequeno site que chamou à atenção do garoto, sem entender o porquê aquele site parecia tão chamativo ele o abriu e começou a ler as primeiras linhas. ––– Ex vencedora de Chicago volta para o caratê depois de anos. ––– Ele lia o título da notícia com intriga. ––– Kendall Brown, a ex vendedora de caratê em Chicago que venceu o campeonato nacional por diversos anos consecutivos deixou o caratê aos dez anos após a trágica morte da sua recorrente adversária Ava Matthews no tatame. Pessoas próximas à família das garota contam que as duas famílias nunca se deram bem mas que mesmo assim as duas garotas sempre foram inseparáveis. O caratê era um hobby comum na vida das duas garotas. Algumas pessoas presentes no campeonato onde infelizmente Matthews veio a falecer dizem que nunca viram as duas na época crianças lutarem daquele jeito. A polícia de Chicago assim como toda a população e a família Matthews declaram até hoje que Brown foi a culpada do falecimento da adversária mas sem qualquer tipo de prova não puderam acusá-la de nada. Declaram também que a família Brown nunca foi a família perfeita e os mesmo se mudaram para uma pequena cidade em Los Angeles para não terem que lidar com todos os constaste olhares e sussurros que invadiam cada cômodo que sua filha entrasse. Foi nessa mesma pequena cidade em Los Angeles que Kendall voltou a encontrar o amor pelo caratê no dojo Miyagi-Do onde chegou à final do campeonato regional anual de West Valley onde apenas conseguiu o segundo
lugar. ––– A cada palavra que lia, Diaz ia ficando cada vez mais confuso.

Na sua cabeça era impossível aquele site estar falando da Kendall. Da sua Kendall. Decidiu pesquisar o nome dela junto à palavra "caratê" no google e cada site que apareceu contava exatamente a mesma coisa que teria lido no primeiro site. Mas foi quando decidiu clicar em imagens que teve sua maior surpresa, a primeira foto que seus olhos viram foi a foto do exato momento em que Ava estava no chão sagrando e Kendall comemorava.

Ele já tinha visto fotos demais dela criança para que aquilo era verdade, aquela era a Kendall.

––– Mas que porra é essa. ––– Ele soltou em um quase sussurro.

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