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66-Comédia romântica

𝘓𝘦𝘪𝘭𝘢.

Nunca estive tão ansiosa para ver algo em toda minha vida. Sinceramente, espero que Isabel tenha um bom motivo para me fazer vir até aqui e quase torcer o pé na hora de sair do carro.

Já passei os dedos por todos os cantos do vestido, mas não consigo imaginar a cor dele. Talvez eu tenha perdido a criatividade imaginativa.

Esse cheiro... flores.

Pelo afundar dos meus saltos, suponho que aqui seja um local gramado, ao ar livre. Não escuto barulhos, somente o som de nosso caminhar e alguns murmúrios, vozes irreconhecíveis.

— Preparada? — Bel pergunta, soltando uma risadinha entusiasmada e suspeita.

— Bom... acho que sim. — Gargalho, ajeitando a postura e buscando fôlego. Lógico que estou preparada, porém não esperava por isso, então a ansiedade chega forte.

Minhas mãos estão suando.

Meu rosto quente feito fornalha.

As pernas formigando.

Isabel retira a venda, revelando a surpresa.

— Princesa gótica, seja bem-vinda ao seu casamento. — Estende a mão, indicando o local arrebatador à minha frente. Não consigo falar de tão avassaladora que é esta decoração perfeita. Apenas coloco as mãos na boca e tento me recompor.

Um casamento surpresa, eu nunca imaginei ganhar algo tão fantástico assim!

Metros à frente, na ponta do tapete preto sobre a grama em frente ao altar, está Victor, usando um terno azul-noite, sua cor escura favorita.

Meu amor está perfeito.

Ao redor do tapete tem rosas vermelhas e pretas misturadas nos vasos envernizados num tom de preto com detalhes esculpidos. Cadeiras de madeira também pretas, básicas, porém elegantes, à esquerda e direita. 

Do lado esquerdo do Victor está Carlota, com um vestido dourado-champanhe de seda básico com alças finas e de comprimento até pouco acima dos joelhos, sandálias de salto quase na mesma cor e maquiagem bem sutil, destacando os olhos.

Ela chegou, não é? — Vejo os lábios de Victor perguntarem a mãe dele com ansiedade, mexendo na gravata, inquieto. Carlota diz algo que lhe tranquiliza por segundos e bota o doce sorriso nos lábios com batom.

— Quem não iria reparar numa noiva espetacular assim, não é? Sem dúvidas, foram feitos um para o outro. — A senhora de vestido laranja murmura de canto, encantada com cada pedacinho de meu figurino.

— Devia te dar uns puxões de orelha por fazer uma velha azeda que nem eu chorar. — Ofélia limpa debaixo dos olhos com um paninho dobrado.

— Ó, tira uma foto desse momento icônico, porque é raro esse coração de pedra ficar de geleia assim. — Carlota retruca, gargalhando ao ver a cara de ofendida da ruiva brincalhona.

— Ah vá! Não liga pra dona carochinha, a idade deixou ela folgada. — Alfineta, empinando o nariz, Carlota lhe responde com careta e ambas riem. Prossigo após dar beijos nas duas.

Casamento gótico? Não imaginava algo que fizesse tanto jus ao meu gosto. Victor fez isso por mim. É um dos gestos mais fofos e românticos, originais que alguém já fez por mim.

Chego no altar e paro em frente à ele, sua mão esquerda abre e lhe entrego a minha mão. Meu pai deposita um beijo na testa de meu noivo e em seguida na minha, nos abençoando em silêncio.

— Você gostou? — Pergunta com doçura, receoso pela eficiência da sua escolha. Meu sorriso é tão largo que dói as bochechas.

— É perfeito, você é incrível Victor. — Tento segurar uma lágrima que escorre, no mesmo momento em que as bochechas dele coram de felicidade.

— Tenho que dizer, vocês são um casal maravilhoso de se ver. — Elogia o juiz de paz, sorrindo com a iniciativa no olhar para começar a cerimônia.

— Sempre gostamos de comédias românticas. — Responde meu noivo, dando um beijo no dorso da minha mão, carinhosamente.

— Então fizemos a nossa. — Completo, desejando ardentemente lhe dar mil beijos na frente de todo mundo, assim como o sorrisinho inigualável do Victor demonstra, emocionado demais para conter as lágrimas. Nossa família e convidados emitem em uníssono um "ownt", derretidos com o carinho expressado.

Sei o quanto ele gostaria de me ver, saber com profunda clareza o quanto estou impecavelmente linda.

Tocar o vestido, sentir meu cheiro gostoso, não basta. Esta é a única parte que me deixa entristecida. Contudo, é o que torna a ocasião ainda mais épica. Ainda sim Vi está feliz.

Não vou negar que gostaria que o destino tivesse demorado um pouquinho menos e colocado Victor na minha vida antes, entretanto, se fosse assim não teria o mesmo deslumbre conhecê-lo da maneira que eu vejo hoje.

Conhecê-lo com a alma.

Podem dizer que todos conhecem um ao outro assim, mas não, da forma que nós conhecemos, nada irá se comparar.

"Ela chegou, não é?", vejo os lábios de Victor perguntarem a mãe dele.

Acabo me derretendo em lágrimas porque sou quem nem manteiga.

— Podemos começar? — Pergunta o celebrante a nós. Assentimos em concordância e todos convidados sentam, exceto nossos pais e as madrinhas.

Amandinha traz nossas alianças e abre a caixinha de camurça vermelha, me abaixou e pego-a, em seguida dou um abraço na pequena que me retribuí carinhosamente com o sorrisinho banguelo.

— Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe. — Retiro a aliança dele e posiciono — Receba esta aliança como símbolo do meu amor — Coloco a aliança que tem sua inicial.

— Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe. — Repete, tentando conter o choro — Receba esta aliança como símbolo do meu amor — Coloca a minha no meu anelar e deposita um beijo no dorso da minha mão direita.

— Quero dizer algo que escrevi a mais, peço aos convidados que esperem um pouquinho mais, sei que estão com fome e querem comer bolo. — Isso faz todos rirem, inclusive eu — É rapidinho. — Acrescenta, tirando um papel cartão do bolso que contém as letras em brainly. 

— Além de tudo isso, eu agradeço pela minha família e por vocês terem me proporcionado a luz quando eu tinha a perdido, essa luz foi um farol na minha vida, agora essa luz é o suficiente para compartilhar com você Leila, então eu prometo que serei a sua luz, por onde andarmos, durante o resto das nossas vidas — diz, secando as lágrimas que escorrem pelas bochechas rosadas.

— Se não há mais nada a dizer, eu os declaro marido e mulher, pode beijar a noiva senhor Victor — Declara o celebrante com um sorriso.

— Viva os noivos! — Ofélia puxa o grito entusiasmado de todos para celebrar.

Meu marido oficialmente envolve minha cintura e nós beijamos. Está selado, agora somos recém-casados.

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