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32-Malas

Antes de começar quero pedir desculpas pela demora para postar capítulo, estou tendo outros assuntos para resolver e passando por um bloqueio criativo desgraçado, então às vezes fico travada por uma, duas, três semanas. Mas não desistam da fic. Bjs e aproveitem a leitura ❤️

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Aceitei viajar com Victor, depois de pensar por quase três semanas, meus pais concordaram e não exigiram nenhum explicação maior, confiam em mim e tenho autonomia suficiente para não precisar justificar cada passo que dou a Ivone e Antônio. Victor gostou da resposta que eu lhe dei, inclusive me abraçou quando soube da resposta, meio tímido ainda, mas abraçou de fato. Talvez tenha medo de mim...eu não mordo não.

— Carlota, posso fazer uma pergunta? — Diz a mulher loira que me ajuda, guardando roupas dobradas dentro da mala roxa aberta sob a cama.

— Claro, Leila. — Responde carismática.

— Como conheceu o seu marido? Como soube que estava apaixonada por ele? —Questionei mais do que deveria. Não tem paredes entre nós.

Carlota sorri triste.

— O conheci em um cruzeiro, era minha primeira viagem para Itália, Roma melhor dizendo, ele e eu nos vimos na parte da frente do navio sabe...foi amor a primeira vista...pelo menos da minha parte. — A mulher loira suspira pesado.

— A garota ingênua e manipulável daquela época acabou caindo de amores pelo Cavalieri, então começamos a nos conhecer, aquele sorriso charmoso e chantagista...papo vai, papo vem, e não demorou muito para que Otávio tirasse um beijo de mim. — Conta, com uma tristeza solitária olhar, imagino o quanto o Cavalieri a feriu.

Intitulando Victor um bastardo, acusando ela de traição, fazendo distinção entrar os dois filhos de uma tão horrorosa, que fez Victor acreditar ser menos que o irmão, não merecer amor, afeto do homem que deveria lhe dar isto e muito mais —, quão cruel uma pessoa pode ser apenas porque lhe deu na telha?

Da para ver nestes olhos castanhos que foi falar sobre isto.

— Sobre a sua outra pergunta...soube que tinha caído nos encantos daquela praga, quando nós dois estávamos em frente a uma cachoeira em Fernando de Noronha, dois anos de namoro — Otávio disse que eu era a garota da vida dele, que queria me levar para sua vida, casar comigo futuramente e não havia ninguém melhor para ocupar tal "cargo". — Vejo lágrimas se formarem nas córneas dela.

Carlota balança a cabeça tentando afastar algum pensamento inconveniente.

Imagina ter se apaixonado, viver suspirando de amores por uma pessoa, achar teu príncipe encantado junto do castelo —, cavalo branco e tudo mais...e ele virar este pesadelo injusto, desmoronar o próprio castelo em cima de você, sobrando somente decepção e coração partido. Ofensas, humilhações, acusações.

— Depois veio Victor, e em seguida Marcos, os dois são tudo que eu tenho, desde que era bem pequena, minha mãe nunca deu muita atenção para mim sabe...então busquei dar não só o melhor financeiramente, todavia sentimentalmente também...Otávio era o amor da minha vida, mas eu não era o da dele. — A voz suaviza, usando do orgulho que tem pelos filhos, o amor singelo. Mergulho na reflexão profunda.

Não julgo minha amiga por não estar com raiva do próprio filho, até porque ela é a mãe, uma mãe jamais terá raiva do filho — é como uma flor que não tem auxílio da água para crescer, até mesmo um cacto necessita de água. O modo que trata os filhos igualmente retrata o quanto não deixou que isto que sofreu nas mãos do Otávio, não abalasse a relação dela com aqueles que deu a vida.

Admiro demais esta atitude. Admiro a mulher que ela é, o modo como se recuperou da ferida deixada por ele, pode ser que não totalmente — mas ainda sim está curada.

— Você quer me dizer alguma coisa Le? — Aquele olhar desconfiada de uma conselheira, de uma pessoa que capta qualquer deslize seu, qualquer vestígio de segredo ou tentativa de não dizer a verdade, parece uma águia astuta...já sei a quem Victor puxou.

— Nã-não. — Gaguejo dobrando outra peça de roupa, Victor está tomando banho por enquanto, o donzelo demora bastante, cantarolando uma música da Rihanna.

Aliás, que voz satisfatória ele tem quando canta...chega a aquecer os ouvidos. Sem ironia. Irei aproveitar o dia antes da viagem para ir ao cinema com Isabel, prometi para ela.

Minutos depois.

Guardo o plástico da bala que abri no bolso de trás do jeans e acabo encontrando Victor distraído, aproveito e lhe dou um susto.

Me vingar né.

— Vou revidar assim que possível. — Diz bravo pelo susto que lhe dei, mas logo dá risada desfazendo a carranca.

— Já avisando que eu tenho pavor de altura, então se o avião levantar voo e eu começar a gritar, já sabe. — Informo erguendo o indicador ao vazio.

Victor sorri fofo.

— Pode segurar a minha mão. — Oferece de forma doce, suspiro feito boba.

— Suas roupas estão todas organizada já. — Informo jogando a bala para o canto interno da bochecha.

— Obrigado, eu não sou muito cuidadoso quando se trata de dobrar roupas. — Não entendi muito bem, mas acho que compreendi.

— Que tal cozinhar hoje? Aposto que sua mãe adoraria que fizesse o jantar. — Sugiro entusiasmada, mesmo que meu horário acabe antes do jantar deles.

Me aproximo alguns passos e cogito envolver seu bíceps com meus dedos, porém descarto a ação.

— Ouvi você cantando, tem uma bela voz, já pensou em ser um Andrea Bocelli da vida? — O faço dar risada, mas foi sério.

— Não gosto muito de estar diante de várias pessoas, outra que deve ser desgastante ter tal profissão...mas agradeço sua percepção sobre mim. — Soou subliminar demais, nada modesto ele né.

Solto um suspiro risonho.

Por outro lado não pensei nestas questões do mundo artístico.

Victor é antissocial, o pouco contato com outras pessoas que tem, é limitado a mim que não fico 24 horas por dia do lado dele nesta imensa casa.

— Estou com sono, acho que vou dormir. — Fala após bocejar preguiçosamente.

— Eu te levo...te ajudo. — Corrijo a mim mesma entrelaçando o braço no dele, agora que não tenho mais roupas para dobrar, estou entediada.

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Deixa o votinho aí ❤️

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