17-Poliéster
Felizmente, Victor adiou o pedido mais um dia, por estar aflito demais em relação ao pedido, sugeri andarmos de bicicleta pelas ruas calmas do sábado.
— Segura firme, porque eu não ando devagar. — Aconselho ajeita meu pé no pedal, Victor pousa as mãos em meu quadril e resmunga concordando, parece estar contente e empolgado.
Guardo o celular na cestinha presa ao guidão após digitar uma mensagem para Isabel e prossigo.
— Algum dia pode me levar para surfar e tomar água de coco na praia. — Comenta o passageiro da garupa.
A brisa refrescante beija pele e cílios, tento manter a concentração, refletindo sobre o que Carlota disse, o peso de saber que a morte chegará em breve certamente é macabro e injusto.
Não gostaria de descobrir tal coisa.
"Victor e Marcos não podem saber", falou anteriormente implorando por sigilo.
Será uma punhalada nas costas se eu contar? Acredito que Victor goste da mãe dele tanto quanto Marcos, ou mais... afinal, foi quem permaneceu ao lado dele trazendo conforto e segurança e carinho, mesmo que tenha falhas assim como todos nós temos, Carlota merece respeito e apreço do filho — aquela casa monótona e misteriosa guarda tantas coisas das quais não explorei, por falta de coragem ou preguiça... desinteresse talvez.
Estou sendo hipócrita em dizer que gostaria de manter afastamento de tal revelação, contudo não tenho o direito, a decisão cabe a mãe deles, pois é a protagonista do segredo... mereço sossego, quero paz, apenas paz.
— Posso te fazer uma pergunta e me responda com toda sinceridade? — Foram duas perguntas que acabei de diferir a ele.
Victor afirma balançando a cabeça, mesmo que eu possa não ter visto por causa da bicicleta que tenho que guiar caminho a frente.
— Ama a Júlia? — Despejo de uma vez por todas o peso da dúvida.
Dane-se a indiscrição.
— Por que está pergunta? — Victor parece confuso, estreitando de modo irritante o cenho.
— Só... responde. — Sinto a dor chata invadir a caixa torácica.
Sou digna de receber a resposta que quero.
— Sim. — Soou modesto, mas ainda sim não totalmente firme... para mim, em minha ilusão esperançosa de termos futuro.
Talvez esteja confuso ou seja carente da atenção dela, não do amor... espero eu.
— Agora quero sinceramente da sua parte Leila. — Quase perco o equilíbrio da bicicleta escutando tais letras.
Sinceridade é minha definição.
— Diga o que quer saber. — Murmuro pedalando rápido demais, cada fio de adrenalina quase me faz entrar nas nuvens cinzas do céu acima.
— Beijou Marcos não foi. — Soou subliminar e desprovido de contentamento, sinto que não é somente por detestar o irmão cafajeste... será que...
— Estava me espionando? Qual seu interesse em saber disto? — Me esforça em prol da raiva ficar detida em mim.
Victor abre a boca, porém as palavras somem em meio ao vento, não está muito confiante da possível reação que daria. Intrometido mesmo.
Balas invisíveis estouram minha mente.
— Claro que não... estava. — Confessa cedendo a verdade incômoda.
Deslizo o pé do pedal, parando em frente a uma barraquinha de sorvete.
Preciso me distrair e fingir que estou ignorando o fato curioso do por quê ele esteve me espiando.
Retiro dinheiro do bolso lateral do vestido e o vendedor já está ansioso por recebê-lo após minha escolha de sabor.
— Quer uma casquinha? — Pergunto a Victor mantendo a atenção nos sabores que tenho de escolha.
— O que? — Victor suspeita da entoação da minha frase, é sério isso?
Reviro os olhos.
— Perguntei se quer sorvete benzinho. — Acaba deixando o humor dizer a última palavra, reforço a oferta bem intencionada que supus.
— Sim, quero de baunilha com chocolate. — Responde compreendendo a pergunta.
— Mista também. — Simplifico imitando o pedido do homem atrás de mim.
O vendedor preenche a casquinha com massa gelada e lhe entrego o dinheiro, pegando a minha e dando a do bonito atrás.
— Obrigado. — Agradeço antes de morder o conteúdo em seus finos dedos, que agonia me dá vendo ele usar os dentes da frente para morder, nem sente sensibilidade.
— Vamos para casa, está ficando frio e vai chover. — Aviso dando impulso na pedalada, enquanto seguro a casquinha com a outra mão.
Chego em casa ensopada, tomei chuva e Victor conseguiu fugir a tempo das hostis gotas de água, guardei a bicicleta na extensa garagem ocupada por um Honda Civic cinza-névoa e uma BMW preta última geração.
— Misericórdia! Olha o estado que você está Leila. — Carlota fica horrorizada vendo a roupa grudada em mim por causa do peso da água, mais parece que estou cheia de sangue e cometi assassinato, exagerada.
Victor seca os cabelos usando o secador vermelho do lado da sua cama.
— Quando eu chegar em casa, tomo banho. — Murmuro não dando muita importância, mantenho os calcanhares paralisado onde estou para não molhar a casa toda.
— Posso te emprestar uma camisa minha, fica grande, mas tenho certeza que ajuda. — Sugere Victor gentilmente.
Carlota adora a ideia, envolvendo uma toalha branca em volta do meu busto feito mãe coruja.
— Espera aqui que vou pegar para você. — Informa gentilmente indo até o guarda roupas dele a passos saltitantes dentro dos saltos quadrados na ponta.
— Sua boca está suja. — Comunico ele que acaba de secar os fios escuros do cabelo bagunçado.
— Aqui? — Move o dedão na intenção de limpar o vestígio de sorvete seco.
— Não, aqui. — Avanço alguns passos fazendo splash sob o tapete por causa da água ensopando os coturnos — elevo meu dedão até o canto dos lábios dele e limpo o vestígio lentamente, me perdendo na excitado que arrepia toda extensão dos ossos que tenho, Victor mantém a respiração desregulada e quase acho que cedeu um pouco o lábio inferior para que eu continue deslizando o dedo por tal centímetro.
Evito continuar acariciando a área quando Carlota retorna quebrando a tensão deliciosa entre nós.
Segurando uma camisa lilás de poliéster que certamente não ficará tão larga em mim, porque tenho seios grandes.
Quando saio da casa, vejo um carro preto parado do outro lado da rua escura, observo atentamente e não parece estranho... já o vi antes.
Impossível ver o motorista porque o vidro tem insulfilm e está todo fechado, quem quer que esteja dentro não quer ser notado.
Pelo visto a reunião está boa, o carro não para de balançar como se tivesse uma cama elástica sendo usada dentro... que vergonhoso.
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