04. Noite em claro
7:38 da a.m
Abro os olhos lentamente e sou cegado pela claridade que vinha da fresta da cortina. Pressiono meus olhos sentindo uma enxaqueca infernal e o meu primeiro pensamento foi a besteira de ter aceitado passar a noite na casa daquele alpha estranho, até agora eu não sei se fiz certo em aceitar, me sinto culpado por isso.
Ontem a noite eu estava decidido a ir embora, mas depois do que o meu filho passou eu não queria fazê-lo passar por mais, ele precisava comer, tomar um banho e descansar, estávamos no limite do limite...e no fim das contas harry não parecia nenhum serial killer pervertido, pelo contrário, o alpha exalava uma aura pura e tranquila, e isso explica o noah ter parado de chorar depois que chegou aqui.
Ainda não tomei banho, ontem eu estava tão esgotado que não me importei com nada, apenas em fazer o noah se alimentar e dormir, isso graças a harry que gentilmente nos fez uma janta simples e nos acomodou, sem muita conversa, apenas o básico.
Vejo que meu pêsseguinho ainda dormia tranquilamente.
Parece que estamos sozinhos, tá tudo muito silencioso. Tento me levantar, mas assim que meu pé machucado toca no chão,uma dor me atinge e eu recuo revolta pra cama. Eu tive sorte porque apesar do corte ter sido um pouco profundo, não foi muito grave, eu poderia ter quebrado o pé.
Mordo meus lábios com força segurando o gemido e dou os primeiros passos, tendi cuidado pra não acordar o Noah. Vou devagar até a mochila e pego minha toalha junto com o sabonete de morangos do Noah e uma muda de roupas. Harry havia me deixado um remédio pra dor, porém como eu sempre ando com minha caixinha de remédios, eu tomo do meu e deixo o dele de lado, não posso dar bobeira. Engulo seco o comprimido e vou até o banheiro ao lado do quarto.
Embaixo do chuveiro quente, eu me permito chorar silenciosamente. Tivemos uma péssima noite de sono, mal consegui colocar Noah para dormir, tentei ninha-lo de todas as formas possíveis até fazê-lo pegar no sono, o que demorou bastante. Já eu? Não preguei o olho por mais de meia hora, infelizmente a preocupação manteve a minha cabeça funcionando quase que a noite toda. Minha vida está completamente de cabeça pra baixo, sem casa, sem carro, com um filhote pra criar e o único dinheiro que me restou na bolsa só dá pra apenas um ou dois meses. Eu tinha todo um planejamento na minha cabeça e isso envolvia meu carro e todos os nossos pertences que deixei para trás naquele carro, incluindo o saco com dinheiro que eu deixei lá. Talvez eu tente buscá-los depois, com sorte zedd não levou as minhas coisas.
Ouço uma voz chorosa.
"Mamãe?"
Saio do box trocando os pés e me enrolo depressa na toalha ja abrindo a porta.
Vejo meu noah de costas para o banheiro olhando desesperadamente para os lados.
- baby?
Noah se vira e instantaneamente sua boca se forma num bico dengoso, prestes a chorar.
- vem pra mim
Ele corre até mim e estende os bracinhos, mas em vez de carregá-lo eu o puxo pelo braço.
- bom dia amor - me agacho e beijo sua bochecha antes de trancar a porta do banheiro. Noah resmunga choroso.
- como se diz? é educado dar bom dia pras pessoas, principalmente pra mamãe — o repreendo e ele me cumprimenta chateado. - bom dia mamãe
- obrigada. — sorri. - o que acha de tomar banho comigo hm?
Ele nega.
- Noah já conversamos sobre isso, a água tá quentinha e você precisa tomar banho, todo mundo precisa, vem — digo tirando a sua roupa junto com a fralda suja de xixi.
Entramos no box e ajusto a água para que fique bem quentinha. Me ajoelho na sua frente e começo a ensaboar todo o seu corpinho fazendo bolhinhas de sabão, feito isso eu o coloco debaixo do chuveiro pra enxaguar. Noto seus olhinhos ainda sonolentos, noah põe a mão na boca bocejando lentamente e se joga em meus braços, deitando a cabeça em meu ombro e chupando minha glândula aromática.
- tá sentindo alguma coisa pêssego?
Toco em seu pescoço e sua testa só pra checar se está tudo normal.
- sono mama
Suspiro inconformado. - você vai dormir amor, mas não agora porque você tá cheio de sabão aqui, aqui e aqui — o cutuco e ele ri. - aqui também — escavo sua costela e barriga com os dedos e ele se contorce gargalhando gostoso, aquela gargalhada que só criança consegue dar.
Beijo sua bochecha e trato de terminar a nossa higiene matinal.
(...)
Enquanto separo a roupinha do Noah, eu consigo reparar melhor o cômodo. Tinha um pequeno armário de madeira branca com espelho em uma das portas, e nas prateleiras tinha alguns porta retratos de pessoas desconhecidas, alguns com o alpha harry do lado, talvez seja a família dele ou coisa do tipo.
- mamãe poque essa cama é assim? gande e estanha
- primeiro se fala "estranha, grande e porque". O senhor precisa aprender a falar as palavras com a letra R, e segundo, lembra quando conversamos sobre os lúpus?
Ele confirma balançando as perninhas na cama.
- talvez o harry seja um deles, por isso a cama é diferente.
A cama que era uma espécie de "ninho", feito de vários cobertores grossos e felpudos com muitos travesseiros, o "sofá" da sala também é assim. Até onde louis sabia, isso era um costume dos puros, os lúpus.
Louis não teve coragem de perguntar diretamente a harry.
- lobo gande? - fez um bico choroso.
- ei nós também somos, lembra? não é pra ter medo. Você tem medo da mamãe?
Ele nega com os olhinhos molhados.
- poxa, eu achei que você fosse corajoso como o simba do rei leão
Noah arregala os olhos e franze a testa.
- ma-mas eu sou!
Ele pula da cama limpando os olhos e em seguida faz uma careta séria.
Louis pressiona os lábios segurando o riso. - ahá eu sempre soube! — digo com entusiasmo. - você quase enganou a mamãe
Louis agradece mentalmente a si mesmo. Essa técnica é infalível.
- Harry Pov ON -
Quarenta minutos antes.
- Hilda? está aí?
Harry entra no estábulo procurando pelo seu rancheiro, uma gentil senhora que harry contratou para ajuda-lo a cuidar dos seus animais
- alpha? bom dia! eu não sabia que o senhor estava aqui — o senhorzinho sorriu simpático.
- como vai dona hilda? tá tudo certo por aqui?
Começo a colher algumas frutas da minha hortaliça.
- Oh sim-claro! — o senhor assentiu sorrindo. Harry assentiu satisfeito e se virou indo embora.
- err..senhor?
harry se virou de volta. - sim?
- se me permite perguntar, eu senti cheiros desconhecidos vindo de sua casa, o senhor está com visitas, sim?
A velha omega a encarou esperançosa, e harry sabia o que aquele olhar queria dizer, ou melhor, perguntar.
- oras a senhora anda muito curiosa pro meu gosto — brinco. - mas não, eu não tenho ninguém se é isso que quer me perguntar, você sabe que não tenho tempo pra isso — balanço a cabeça achando aquilo engraçado e então me afasto.
Depois de alguns minutos andando, um cheiro me interrompe. Eu paro na porta de casa sentindo um cheiro doce invadir as minhas narinas, um misto de jasmin e morangos, é o cheiro do omega. Sem duvidas um dos melhores que já senti.
Entro dou de cara com ele, parado ao lado do filhote e carregando uma mochila nas costas, a mesma que ele carregava na noite anterior.
- err harry, como vai? bom dia
O garoto envergonhado se escondeu atrás da mãe.
- já vai embora?
Não podia deixá-los irem agora, nem se quer tomaram o café da manhã.
- Harry Pov OFF -
Minutos antes...
Precisávamos ir embora, não queria abusar da hospitalidade do alpha, não nos conhecíamos, e por mais que ele tenha se colocado na posição de nos ajudar sem pedir nada em troca, eu não confio nele nem de longe.
Com o noah devidamente arrumado e vestido, termino de me arrumar e juntar todas as nossas coisas de volta na mochila. Deixo o quarto do jeito que encontramos e saio junto com Noah em direção a sala, quando de repente a porta se abre.
Sinto minhas bochechas esquentando.
Droga.
Harry me encarava como se eu fosse fugir... não que eu não tenha pensado nessa possibilidade.
- harry! oi, err bom dia — louis o cumprimenta um pouco envergonhado.
- já vão embora?
Louis morde os lábios procurando as palavras certas.
- s-sim, eu agradeço imensamente pela gentileza de nos acolher em sua casa, por cuidar do meu pé, mas não posso mais ficar, não nos conhecemos e eu não quero incomodar você! e-e eu preciso ir
- não é certo você sair sem se alimentar ou a criança. Não é saudável louis, ainda mais no seu estado, deve comer e repousar
- eu posso comer em algum lugar
Harry fez com que eu me sentisse uma pessoa debilitada.
- eu fiz o café da manhã e trouxe algumas frutas — ele balança a sacola cheia de frutas.
Louis mordeu os lábios meio apreensivo, apesar de envergonhado, não gostou do comentário do harry, porém não podia ser grosseiro.
- Oh e-eu não sabia, perdão é que-olha não precisava disso tudo, sério mesmo
- como você mesmo disse, eu os acolhi e escolhi fazer isso, e sinceramente eu não me incomodo em fazer um café da manhã já que eu também vou comer
O omega franziu a testa confuso. Não entendia toda essa hospitalidade, era um tanto quanto exagerado. Pelo menos, de onde ele vinha essa insistência não era comum, só entre pessoas próximas.
Decido não perguntar nada por enquanto, poderia soar meio grosseiro.
Suspirei me dando por vencido. Talvez fosse uma boa ideia aceitar, se eu recusar pode parecer que estou fazendo desfeita.
- tudo bem — sorri ladino e cutuquei noah.
- está com fome baby?
Ele assente timidamente.
Sigo harry até a cozinha e logo sinto um cheiro gostoso, chuto ser omelete.
- fiquem a vontade
A cozinha era simples, porém aconchegante, as prateleiras tinham vários mini potes de temperos, cada um com seu nome, armários de madeira branca e pequenos jarros de flores nas janelas acima da pia. No meio da cozinha havia uma bancada de mármore que servia como mesa, com quatro banquetas duas de cada lado.
Louis se sentou em uma delas e pós o noah no colo.
- noah você gosta de omelete? — o alpha se agachou em sua frente esperando uma resposta. - também tem suco de morango fresquinho
Noah encara louis como se pedisse permissão.
- responda querido
Seus olhinhos brilharam. Ele gostava de qualquer coisa que fosse feita de morangos.
- sim haui, suco
Harry se levanta já enchendo um copo com suco em cima da mesa.
- se fala "harry"- deu ênfase no "rr"
Levanto uma sobrancelha. - ele só tem três anos, ainda vai aprender a falar corretamente, não é pêssego? — beijo a pontinha do seu nariz.
Noah pega o copo de suco com as duas mãozinhas, trazendo pra boca.
- como se fala Noah?
- ob-rigado
Noah deita suas costas no peitoral quente de louis enquanto bebe seu suco.
- louis, se me permite perguntar, o que te trouxe até aqui? digo, a floresta
Engasgo.
- tudo bem? — ele me encara curioso.
- Oh sim, me desculpe é que tá tudo meio estranho pra mim, estar na sua casa, eu não te conheço e — harry interrompe.
- não precisa estar aqui se não quiser, eu te ajudei apenas porque precisava de ajuda, nada mais que isso
A expressão de harry era séria, como se quisesse passar confiança em suas palavras. Em resposta, tomlinson sentiu suas bochechas esquentarem, ele odiava o fato de se sentir envergonhado por qualquer coisinha.
Louis realmente pesou se harry talvez não quisesse algo em troca...tinha medo, mas o alpha não parecia ser perigoso, pelo contrário, ele parecia ser uma boa pessoa. Queria contar sobre a sua fuga mal feita e seu ex maluco, é o mínimo que poderia fazer dado a sua gentil hospitalidade, mas a vergonha era maior.
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Vocês odiaram o título? Pq eu sim, mas é o que temos pra hoje ;( os próximos serão melhores
Beijo beijo
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