Capítulo 41
Disparamos para a floresta em alta velocidade, o vigia da escola sequer chegou perto de nos alcançar. Mason nos levou até o topo da cidade, onde podíamos ver toda a cidade iluminada durante a noite.
— O que estamos fazendo aqui? — Me perguntei, parecia um acampamento improvisado.
— Essa parte foi minha ideia, é uma festa. — Mason arranjou algumas cervejas, soltei uma risada frouxa.
— Sabe que não ficamos bêbados. — Liam explicou, Mason abriu a cerveja.
— É por isso que vão cuidar de nós essa noite. — Brincou, apesar de ter que voltar pra casa logo, não queria deixar aquele momento tão cedo.
Mason e Corey dançando juntos em volta da fogueira enquanto bebiam, Liam do meu lado gargalhando alto dos passos de dança Improvisados dos amigos. Aquele momento era único, era nosso momento como alcateia, apesar de nem todos estarem conosco.
Mais horas se passaram, e a Lua surgiu no céu aumentando nossos sentidos. Mason e Corey ficaram tão bêbados que Liam teve que arrastá-los para uma barraca, os garotos apagaram rapidamente. Depois de tanto trabalho ele voltou até mim, e sentou-se do meu lado.
— Seu pai não vai gostar nada disso. — Puxou assunto, sorri e encarei o chão.
— Tudo bem, essa foi uma das melhores noites que já tive. — Respondi, era bom vê-los felizes, rindo e se divertindo outra vez.
— É, se eu não tivesse que arrastar os dois até a barraca. — Liam acrescentou, soltei uma risada e então ficamos um tempo apreciando a fogueira.
— O que vamos fazer? — Perguntei depois de um tempo, Liam se levantou e ficou na minha frente, estendeu a mão e me puxou.
— Vamos dançar. — Ele colocou as mãos na minha cintura, e começou a movê-la de um lado para o outro lentamente. Coloquei meus braços em volta da sua nuca e encostei a cabeça em seu ombro, ele sorriu.
— Esse ano teremos nosso último baile de formatura, você não me contou para onde vai depois da escola. — Disse em um tom calmo, Liam encarou a fogueira atrás de mim.
— Já falei, vou aonde você for. — Respondeu-me com facilidade, me afastei para encara-lo.
— Precisa pensar no seu futuro Liam, eu falo sério. — Acertei seu peito, ele sorriu.
— Aly, você é meu futuro. Não entendeu ainda? — Ele foi direto, sua seriedade me fez estremecer.
— Não pode me dizer essas coisas.
— O que? Que eu te amo? — Ele riu e então mordeu os lábios, segurei seu rosto.
— Não, não pode. — Respondi, Liam sorriu e me deixou um beijo.
— Eu te amo Alycia. — Insistiu, corei, ele adorava aproveitar a oportunidade para me envergonhar.
— E quais são seus planos comigo? Já que serei seu futuro, mereço ao menos saber não acha?
— Deixa eu ver, nos casar, passar a lua de mel em um lugar legal com cultura e paisagens românticas. Depois nos mudarmos para uma casinha simples como a do Derek onde vamos ter nossos filhos e viver uma vida feliz. — Ele dizia como se já tivesse imaginado tudo.
— Ual. Eu gostei desse futuro.
— Gostou? — Perguntou-me num tom provocativo, mordi os lábios e condordei, o garoto se inclinou e sussurrou algumas besteiras.
— Você é um idiota. — Acertei seu ombro outra vez.
— Um idiota apaixonado.
Mordi os lábios e o beijei, Liam me levou até a cabana onde deitamos e passamos a noite juntos. Quando acordei era manhã bem cedo, fui até a beira para ver toda a cidade amanhecer, o Sol estava nascendo logo atrás de uma forma linda e todo o céu estava iluminado num tom alaranjado.
— Oi. — Liam me abraçou pelas costas, e apoiou o queixo no meu ombro.
— Oi.
— O meu pai vai me matar. — Sussurrei, Liam me segurou com firmeza.
— Vamos morrer juntos.
— Não fala isso! — O acertei, ele riu fazendo uma careta de dor. — Dá azar.
— Oi gente. — Mason saiu da cabana amaciando o pescoço, sorri. — Dormiram bem?
— Dormir? — Liam brincou, o empurrei corada.
— Saquei. — Mason encarou o chão, Corey saiu da barraca vestindo sua camiseta.
— Então o que vamos fazer hoje? — Corey perguntou e abraçou o namorado.
— Eu tenho coisas pra fazer, podemos ir ao cinema a noite. — Sugeri, os garotos concordaram.
— Vai enfrentar o seu pai?
— Eu vou tentar sobreviver ao meu pai. — Corrigi, Liam riu e segurou minha mão mostrando apoio.
Quando voltei para casa senti um cheiro conhecido, a moto de Scott estava estacionada no quintal. Corri até a porta e abri entrando rapidamente, Scott estava encostado na mesa segurando seu capacete.
— Oi Aly. — Ele acenou e sorriu, corri até o mesmo e pulei no seu colo abraçando-o com força.
— Eu senti sua falta. — Resmunguei no seu ombro, Scott sorriu e retribuiu o abraço.
— Como você está? — Perguntou me envolvendo em seus braços, me afastei.
— Bem.
— De castigo. — Meu pai respondeu por mim, o encarei sem graça. — Dormiu fora sem nem me avisar.
— Foi minha culpa senhor, meus pais pediram pra Aly ficar e ela não queria dizer não. — Liam pulou do meu lado, Scott notou a mentira e sorriu.
— Tudo bem, vamos confirmar com seus pais de que foi isso mesmo.
— Calma pai, eles não são irresponsáveis, tenho certeza de que não fizeram nenhuma idiotice. Não é?
— Claro que não. — Respondi rápido, Scott riu.
— Certo, vai ser responsável pela sua irmã? Entendi. — Meu pai respondeu, o abracei outra vez.
— Ela sabe se cuidar. — Scott resmungou e apoiou o queixo na minha cabeça.
Assim que me desvinculei pulei no braço de Liam e o puxei até a saída, Scott nos seguiu garantindo que meu pai não ia nos castigar outra vez. Virei-me para o meu irmão, ele parou esperando um pedido, estava bem diante dos meus olhos como se pudesse ler minha mente.
— Cineminha hoje a noite?
— Aly... — Scott levantou o capacete da moto, me aproximei e puxei a manga da sua jaqueta.
— Por favor. Por favor. — Implorei, Liam se juntou a mim com seus olhinhos brilhantes.
— Está bem. Eu vou com vocês. — Respondeu, pulei animada comemorando com as mãos, Liam fez uma careta como se estivesse preocupado mas nem percebi. — Só preciso fazer algumas coisas antes, encontro vocês lá. Juízo.
— Sempre. — Acenei enquanto ele seguia até a moto, puxei Liam pelo braço de volta para dentro.
Comecei a procurar por roupas para me trocar depois de tomar banho, Liam estava deitado na cama apoiando a cabeça nas mãos. Sua tensão estava exalando por todo o quarto, quase que ofuscando meu perfume, comecei a sentir incomodo.
— Você está bem? — Perguntei enquanto penteava o cabelo em frente ao espelho, ele levantou.
— O que? Sim. Claro. Estou. — Virei-me para ele nada convencida com sua resposta, Liam coçou a nuca e notou que percebi sua tensão, quase arremessei meu pente nele. — Quero dizer... não é nada.
— Liam.
— O Scott vai com a gente no cinema. — Ele esticou os ombros tentando aliviar a tensão, sentei-me do seu lado na cama.
— Qual é o problema? — Perguntei, Liam me encarou nos olhos tentando pensar em uma resposta, segurei seu joelho.
— Tudo bem, você é meu namorado e eu sou sua alfa. Não precisa ficar com medo dele, eu protejo você. — Brinquei, Liam riu e então deixou sua tensão de lado, puxei seu queixo e selei nossos lábios, o senti morder meu lábio inferior com cautela deixando-me excitada.
— Porta! — Ouvi meu pai gritar, me joguei ao lado da cama entediada, Liam mordeu os lábios e desviou o olhar.
O resto do dia foi calmo até o horário do cinema, e foi ainda mais difícil para Scott convencer o meu pai de que tínhamos responsabilidades para voltar no horário já que na noite anterior eu acabei extrapolando. Corri até o carro de Mason puxando Liam comigo, entramos todos animados, Corey estava sentado no banco da frente se olhando no espelho retrovisor com um sorriso no rosto.
— Prontos? — Perguntou, sorri quase pulando no banco de trás.
— O que vamos assistir?
— Está tendo uma sessão de filmes antigos, compramos ingressos para assistir A Morte do Demônio. — Mason dizia, Liam sentiu seu estomago embrulhar só de pensar na ideia.
— Legal! — Disse animada, Liam apenas balançou a cabeça concordando, não queria estragar minha animação.
Quando chegamos ao cinema, Scott havia acabado de chegar em sua moto, e para meu completo desânimo ele não estava sozinho... Carolina desceu da sua moto e tirou o capacete, quando me viu virou o rosto com tanta força que quase quebrou o pescoço.
— Merda.
— É, eu já esperava por isso. — Liam disse, o encarei finalmente entendendo sua tensão. Assim que Scott nos viu, ele nos encarou levemente sem jeito.
— Eu espero que não tenha feito isso de propósito. — Me aproximei com os braços cruzados indignada, Scott levantou os ombros respirando fundo e então segurou a mão de Carolina.
— É um encontro. Não se preocupe, não vamos assistir o mesmo filme que vocês. — Ele disse da boca pra fora, Carolina o encarou surpresa e vermelha de vergonha, Corey e Mason sorriram completamente boquiabertos logo atrás de mim.
— Bom. A gente se vê. — Puxei Liam pelo braço até a fila da pipoca, os garotos vieram logo atrás, olhei para Scott já distante o fuzilando com os olhos.
— Aly. — Liam segurou meus ombros, me apressei para pegar a pipoca e então segui até a sala de cinema, Liam pegou as bebidas e veio logo depois. — Se quiser podemos sair daqui, ir pra minha casa e assistir algo só nós dois.
— Definitivamente não. — Corey se pronunciou, olhei para os meninos. — Nós também não gostamos dela, mas não vamos deixar ela estragar nossos momentos juntos. Estamos aqui pra criar lembranças boas, vamos aproveitar isso.
— Corey tem razão, vou me dar a chance de ao menos tentar. — Dei de ombros, Liam assentiu e esticou os lábios em resposta.
Entramos na sala de cinema, usei minha visão noturna para chegar ao meu lugar, subimos até as poltronas de casal, sentei-me ao lado de Liam e logo me aconcheguei no seu peito quente. O garoto me envolveu em seus braços com prazer e estendeu o braço com o balde de pipoca em suas mãos.
De repente alguns garotos começaram a rir do filme, no início não me irritou mas então eles começaram a jogar pipoca em um grupo de garotas. Liam parecia incomodado mas não o suficiente para intervir, cocei a garganta chamando a atenção deles, rosnei mostrando meus olhos avermelhados. Os garotos estremeceram e se encolheram nos lugares, me ajeitei na cadeira e Liam gargalhou alto.
— Eu te amo. — Sussurrou, entrelacei nossas mãos e encostei a cabeça no seu peito.
A sessão foi sangrenta, se não fosse meu lado sobrenatural e tudo que ja passei tenho certeza de que teria vomitado até as tripas. Felizmente já havia comido um coelho cru com pelo e tudo, ver tanto sangue e pele em um filme antigo fez-me lembrar de quando fugi para a floresta, quando não era eu mesma.
*
Estávamos saindo da sessão, parei para ir no banheiro e acabei me separando dos meninos. Quando entrei no banheiro, passei pelo mesmo grupo de garotas, elas me cumprimentaram e então me deparei com Carolina lavando as mãos na pia do banheiro. Nem me esforcei para encara-la, sua presença já me dava incômodo o suficiente. Lavei as mãos e tentei sair rapidamente, ela virou-se pra mim e me chamou, parei ainda de costas.
— Olha. Eu gosto muito do seu irmão, me desculpe, por tudo. — Disse com dificuldade, mas consegui sentir no seu coração que era verdade.
Cerrei os punhos e fechei os olhos tentando controlar minha raiva, quando abri um lapso de memória me veio na cabeça, Hayden, quando estávamos bêbadas comendo pizza na sua casa.
— Se o Liam fizesse algo animalesco, você ainda o perdoaria. Eu não curto esses privilégios. — Ela dizia mastigando uma fatia de pizza inteira.
— Eu o amo. Dependendo da situação faria isso, mas faria por vocês também, pelo Mason, pelo Corey, e por você Hayd. — Me virei para ela, a garota deu de ombros.
— Eu não sei Aly, e se acontecesse um acidente com um de nós? E se dependesse de você pra consertar as coisas?
— O que quer dizer? — Me levantei levemente incomodada.
— Quero dizer... que se você tiver a chance de consertar as coisas, então deve fazer. Como o seu irmão.
— O que tem meu irmão? — Cruzei os braços, ela riu.
— O seu irmão é um alfa, não importa o que aconteça é o dever dele fazer o certo, perdoar os mais fracos e ajudá-los a se reerguer. — Suas palavras brilharam diante dos meus olhos naquela noite, pensei nisso por dias, mesmo não levando tão à sério na hora.
— Tem algo que você quer me contar? — Brinquei, Hayden levantou e colocou as mãos na cintura.
— Eu colei de você na aula de álgebra.
— O que?! — Gritei, ela começou a rir, arremessei uma almofada.
— Alycia? Você está chorando? — Carolina disse, sua voz trouxe-me de volta da minha memória, quando me deparei senti meu rosto completamente úmido.
— E-eu. — Virei para ela, os olhos lacrimejando. — Eu perdi minha. Minha melhor amiga. Não é fácil pra mim olhar pra você, mas também não é fácil fingir que a culpa é sua.
— Aly...
— Isso não é justo, eu sei. — Cerrei os punhos outra vez, Carolina se aproximou e me envolveu em um abraço, comecei a chorar feito criança.
— E-eu perdoo você.
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