Capítulo 12
Estava tarde, o campo de lacrosse iluminava a noite gélida, fechei meu casaco e subi até o meu lugar. Scott tinha um plano, e o fato de Liam e Kira estarem no meio dele me deixava tensa, alguém podia se ferir gravemente hoje e só de imaginar que poderia ser um dos dois...
— Oi! — Mason sentou-se do meu lado, sorri. — Preparei algo pra nós hoje, pra ajudar nosso jogador.
— Como ele está?
— Tenso, os garotos do outro time querem acabar com ele. — Mason apontou para um garoto fortão no meio do campo, vestindo a camiseta verde do time adversário.
— Isso não parece bom, ele tem o dobro do tamanho do Liam.
— Eu sei. — Mason respondeu, parecia babar pelo jogador inimigo me inclinei.
— Aposto que aqueles tem a nossa idade.
— São nossos antigos colegas de classe, o time é da nossa escola antiga escola. — Mason explicou, de certa forma era triste para ambos ter que presenciar essa situação.
— Oh... deve ser chato.
— Na verdade eu espero que o Liam acabe com eles.
— O que preparou para nós? — Voltei ao assunto inicial, ele sorriu e puxou de baixo do banco dois cartazes com o nome do Liam desenhado, um tinha vários corações em volta. — Imagino que o de corações seja pra você.
— Na verdade estava contando que você usasse. — Ele sorriu sem jeito, olhei para Liam no campo, ele parecia nervoso e um tanto irritado.
— Vai Beacon Hills! Vai Liam! — O garoto virou-se para a plateia, e sorriu quando nos viu torcendo para ele em seu primeiro grande jogo. — Acaba com eles!
E o jogo começou, os garotos brigavam feito leões no estádio, assim como esperado o jogador do time inimigo que jurou acabar com o Liam durante a partida quebrou seu braço, deixando-o fora do jogo pelo resto do tempo.
— Droga, acho melhor ir ver como ele está. — Mason disse e desceu as escadas.
Comecei a ouvir um som irritante fora do estádio, entrava dentro da minha cabeça como vibrações de uma música alta. Saí da arquibancada e segui o som até o vestiário masculino que fedia a roupa suada e terra fresca, de repente a porta atrás de mim se fechou, uma garota esperava segurando a maçaneta em uma mão, e um bastão de luz na outra, assim que o apertou o som irritante parou.
— Que merda é essa? — Perguntei irritada, ela esticou os lábios.
— Algo para chamar sua atenção.
— Conheço você, é da minha turma. — Recuei enquanto a questionava.
— Que coincidência. — Ela se aproximou, tirando um colar do bolso. — Sabe o que é isso não sabe?
Um colar. O fio chamou minha atenção, lembrei-me do corpo decapitado, poderia ser cortado facilmente com um cordão térmico mas era uma arma militar, quase impossível de se conseguir por uma garota daquela idade... tentei passar pela garota mas com um movimento ela transformou o bastão de luz em uma adaga.
— Queria o seu irmão, mas algo me diz que não seria tão fácil quanto você.
Corri para o lado oposto, a garota veio atrás e usou a adaga para me assustar. Quando tentei me defender cortei fundo minha mão, uma dor abominável tomou conta do meu membro, quando olhei para o ferimento minha visão ficou turva.
— O que você fez?! — Gritei, ela continuou sorrindo feito psicopata.
— Te envenenei.
Tentei lutar mas o veneno agiu rapidamente, caí no chão ainda tentando luta, a garota guardou a adaga e envolveu o colar no meu pescoço apertando-o com força.
— Você vale muito Alycia McCall. — Senti o cordão aquecer o meu pescoço, era o meu fim, eu ia ser decapitada feito todas aquelas vítimas.
De repente a garota me soltou, relutante, e começou a sair do chão. Scott a pegou pela gola da camiseta e a arremessou na parede no outro lado do vestiário. Ele correu para me segurar, tirou o colar do meu pescoço mas não sabia porque eu estava paralisada, praticamente engasgando com a dor.
— Liga pro seu pai, vou levar ela até o Deaton! — Ele disse ao Stiles que chegou logo depois.
Senti o choque do frio que a maca trouxe ao meu corpo enquanto me debatia lutando contra o veneno, fazendo-me expelir um líquido amarelado pela boca. Scott e Stiles me envolveram em seus braços enquanto Deaton tentava fazer uma abertura no meio do meu peito.
— O que ela tem?! — Stiles gritou segurando-me com toda a força.
— É um tipo raro de acônito, precisamos tirar agora se não ela vai morrer! — Ao ouvir as palavras Scott usou toda a sua força para me manter na maca.
Comecei a me transformar, usei minhas garras para cortar o seu braço, o sangue escorreu todo em cima de mim fazendo Scott gemer de dor.
— Deaton, agora! — Pediu, Deaton cortou o meu peito fazendo o veneno sair feito fumaça para fora, assim que saiu consegui me acalmar, a cura sobrenatural começou a fazer efeito.
Ao invés de tentar acabar com os braços do meu irmão, o abracei aliviada, seu braço cortado começou a se curar rapidamente.
— Me desculpa. Me desculpa. — Implorei por perdão enquanto ele me dava conforto depois de quase morrer.
— O seu nome está na segunda lista, descobrimos isso assim que você sumiu da arquibancada. — Stiles explicou, assenti ainda abraçada ao meu irmão.
— Sorte que não estava tão longe, consegui te farejar bem rápido.
— Conseguiu me farejar no meio daquelas roupas sujas de suor?
— Sorte a sua roupa suja feder mais. — Scott brincou, soquei o seu ombro fazendo-o rir.
— Descobrimos que era a Violet quem estava matando aquelas pessoas, ela está ligada à outros assassinatos também. — Stiles continuou explicando tudo, Violet sempre andava junto com o namorado Garrett, o que o torna um cúmplice.
— O que faremos agora?
— Você quase morreu hoje, vai pra casa, assiste um filme, faz o dever de casa e descansa. — Scott explicou, eu realmente estava exausta, me recuperar tão rápido de um envenenamento não me deixou completamente bem.
Fiz o que Scott pediu, voltei para casa e fiz o dever de casa, então me joguei na cama e não demorei muito para apagar. Só acordei depois do relógio tocar três vezes ao lado da minha cama, indicando que estava muito atrasada e já havia perdido o primeiro turno.
— Droga. — Pulei da cama apressada, me preparei para a escola e desci as escadas correndo para comer algo.
Me deparei com um bolinho em cima da mesa com um cartão de aniversário, joguei o cartão no lixo e o engoli quase inteiro, aquele pedaço de açúcar tinha que servir para o resto da manhã.
Corri até a escola, já estava acostumada a fazer esse percurso e não tinha ônibus nesse horário. Os corredores estavam vazios, peguei meus livros e corri para a sala, entrei tentando não chamar a atenção de ninguém. Sentei-me no meu lugar mas reparei que a cadeira na minha frente estava vazia, Liam não havia vindo para a aula?
— Aly, você sabe do Liam? — Mason inclinou para o lado para me perguntar do amigo, neguei e dei de ombros. — Saímos pra correr durante a educação física mas ele não voltou, o treinador disse que pode estar doente e ter ido pra casa, só que ele estava muito bem, até passou na minha frente.
Engoli em seco e encarei o caderno na minha frente, Liam havia desaparecido bem no dia do meu aniversário... se fosse uma brincadeira, eu até gostaria da ausência do beta irritante do meu irmão, mas Mason parecia estar falando muito sério.
— E-eu não o vi. — Resmunguei, Mason me encarou da cabeça aos pés notando minha aflição.
— Você está bem? Tenho certeza de que vamos encontrar ele.
Apertei com firmeza a carteira na minha frente, irritada, lembrando-me de quando Violet conseguiu me envenenar e não tive como me defender, imaginando que coisas horríveis ela e o namorado fizeram com Liam para ganhar um pagamento sujo.
— O Scott sabe?
— O que?
— Ele sabe que o Liam desapareceu? — Corrigi, ele assentiu. Levantei e saí da sala levando meu material comigo.
— Aly! — Mason chamou mas não esperei, guardei o material no meu armário e liguei para o Scott.
— Você já sabe? — Perguntei, ele afirmou com um "sim." — Descobriu algo?
— O Garrett pegou ele, temos que ajudar a libertar a Violet ou o Liam morre. — Quando virei o corredor, Scott estava no meio de alguns estudantes segurando seu celular. Garrett passou por mim com um sorriso no rosto, voltando para o seu treino casual vestindo o uniforme do time de lacrosse. — Aly não!
Puxei o jogador pela camiseta e o joguei contra um armário, pressionando-o com minhas mãos. Ele tentou se soltar mas o empurrei com força, Scott correu até nós rapidamente.
— Scott controle o seu beta. — Garrett resmungou assustado.
— O que foi? Não vai me intimidar também? — Sussurrei, meus olhos amarelados brilharam fazendo-o hesitar.
— Está tudo bem, o veneno demora para fazer efeito.
— Veneno? O que fez com ele?! — Insisti, minhas garras se mostraram apertando o seu peito através do uniforme.
— Temos um acordo! — Garrett retrucou preocupado com as unhas.
— Vamos soltar a Violet, vai ficar tudo bem. Aly! Não é assim que fazemos as coisas. — Scott segurou meu braço, puxando-o para trás. Hesitei por segundos, e então me afastei frustrada.
— Pouco me importa como fazemos as coisas. — O puxei novamente para manter o contato visual. — Se ele morrer, você morre.
— Que bonitinho, parece que sua irmãzinha está apaixonada. — O ameacei com um soco, o garoto se comprimiu feito um animal assustado foi o suficiente para me sentir realizada.
Scott puxou-me para longe de Garrett enquanto o seguia com os olhos, por sorte ninguém notou uma jovem adolescente intimidando um jogador do time de lacrosse, e ainda mostrando suas garras e olhos brilhantes.
— Enlouqueceu? Não vamos encontrar ele se você ficar ameaçando todo mundo por aí. — Sussurrou, soltei-me dele.
— Vai soltar aquela garota para matar mais pessoas?
— Vamos dar um jeito está bem? Eu preciso pensar.
— O Liam não tem tempo. — Scott e eu seguimos o corredor até o armário de Liam, não me importava se ia perder uma prova, a vida dos meus amigos era mais importante que reprovar no primeiro ano.
— O que vai fazer?
— Você vai soltar uma assassina, e eu vou encontrar ele. — Abri seu armário com facilidade e tirei um casado suado de dentro, Scott assentiu mesmo sentindo-se culpado em ter que soltar a garota que quase me matou.
Levei aquele pedaço de tecido com seu cheiro até a floresta, tudo estava tão quieto pela primeira vez em muito tempo. Apertei o casaco com firmeza e levei até o meu nariz, senti o seu cheiro forte e então concentrei-me em outros cheiros, havia muito o que sentir perto da cidade mas se estivesse em algum lugar provavelmente não seria muito longe.
— Vamos. — Cheirei outra vez, consegui, comecei a seguir o faro até uma trilha, a trilha que fazíamos durante a educação física. — É claro, suas coisas ainda estão na escola.
Senti meu corpo estremecer, Liam era só um beta como eu, quando me transformei Scott não estava comigo para me proteger não poderia deixa-lo passar pelo mesmo.
— Que droga! — Joguei seu casaco no chão e coloquei as mãos sobre a cabeça tentando aliviar a tensão, já estava começando a escurecer.
Lembrei-me do ataque de pânico, depois que comecei a praticar o exercícios que minha mãe me ensinou tudo ficou mais fácil de lidar, o que posso ver, o que posso sentir, o que posso tocar. Alcancei o casaco no chão, em baixo havia algumas gotas de sangue seco, foi de onde senti seu cheiro, era o sangue dele... quer dizer que estava ferido.
Toquei a terra com o sangue seco e aproximei do meu nariz, o cheiro se espalhava feito uma trilha para a floresta. Segui para dentro da mata, caminhei por horas enquanto escurecia cada vez mais, por sorte minha visão sobrenatural permitia-me ver no escuro. Quanto mais caminhava mais o cheiro ia se afastando, até desaparecer completamente.
— Liam! Liam! — Comecei a chamar por ele, meu coração acelerou, perdi o controle da respiração e de todos os outros sentidos. — Merda!
Parecia estar tão perto, e então outro cheiro tomou conta, o cheiro que senti quando fui envenenada, o acônito raro no qual Deaton citou quando me curou. Era ele, tinha que ser ele.
— Socorro! — Ouvi um grito vindo de um poço, Liam estava quase caindo, consegui puxa-lo pelo braço para fora do poço úmido.
— Te encontrei. — O abracei aliviada, ele retribuiu e então começou a tossir.
— Tem algo errado, não consegui usar meus poderes pra sair.
— Temos que te levar até o Deaton agora. — O ajudei a caminhar mais rápido, mas Liam ficavam cada vez mais pesado. — Vamos Liam, você precisa me ajudar.
Uma lágrima escorreu queimando o meu rosto, ele não me respondia mais, mal conseguia ouvir seu coração bater... de repente seu peso aliviou o meu ombro, Scott me ajudou a carrega-lo.
— Estamos perto. — Dizia mostrando-me seus olhos vermelhos, soltei o ar aliviada.
Conseguimos chegar ao Deaton e ele conseguiu salvar o garoto da quase morte, Liam estava tão fraco que mal conseguiu lutar contra nós.
— Conseguiu, salvou ele. — Cruzei os braços aliviada, Scott colocou a mão no meu ombro.
— Você salvou ele. — Me disse orgulhoso, o abracei outra vez.
— Eu morri? — A voz de Liam nos assustou, ele estava acordado.
— Não Liam, você não morreu. — Deaton afirmou, Scott e eu trocamos risadas aliviados.
— Ninguém mais vai morrer.
— Do que está falando? — Perguntei ao meu irmão, ele parecia saber do que estava falando.
— Tem uma forma de encontrar quem está pagando esses assassinos, é arriscado, mas vamos descobrir.
Engoli em seco pensativa, algo me dizia que era um plano arriscado ainda mais para ele, no jeito como contava decidido.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro