Capítulo 8
Seojun me evitou pelo resto da noite, quando nos reunimos em volta da fogueira, não o via em lugar algum.
— Seojun deveria cantar! — Joo-kyung disse alto, quando ouvi avistei ambos sentados juntos.
Seojun levantou-se sem jeito e alcançou um violão, meu coração disparou por breves segundos, ele cantou, sua voz era grave tornando a música uma brisa fria de outono, seu olhar era ainda mais frio, ele não tirava os olhos de um ponto fixo, gostaria que fosse eu...
No outro dia fizemos as malas, a viagem terminou mais cedo por causa do meu acidente, era estranho não conseguir lembrar... desta vez Seojun passou direto por mim e sentou em um dos últimos bancos, e Joo-kyung sentou-se do meu lado. Apenas coloquei meus fones e dormi durante quase toda a viajem, quando chegamos, avistei a maioria indo encontrar seus pais, esperei um pouco por minha avó e nada, o que era estranho, ela estava tão preocupada que não tinha sentido não ir me buscar, quando menos esperava, recebi uma ligação do número de emergência.
— Oi?
— É a neta da senhora Nam Jina?
— Sim, sou eu, aconteceu alguma coisa? — Perguntei nervosa.
— Ela teve algumas náuseas e passou mal agora pouco, trouxemos para o hospital, acha que pode vir para cá?
— O-o que? Ela está bem? — Minhas mãos tremiam só de imaginar minha avó mal.
— Song-i. — Seojun segurou meu ombro, ele notou que havia algo errado.
— E-eu preciso ir para o hospital, minha avó, ela passou mal. — Expliquei aflita, Seojun assentiu e me entregou um capacete.
Ele me levou em sua moto até o hospital que o enfermeiro havia mencionado na ligação, estava tão ansiosa que o segurei firme, precisava aliviar minha tensão. Ele me acompanhou até a recepção e foi impedido de continuar por não ser da família, minha mãos tremiam, não conseguia pensar direito então apenas continuei.
— Quando ela chegou?
— Uns vizinhos à encontraram no mercado, parecia tensa.
— Mas como ela está? Está melhor?
— Sim, ela está te esperando, avisamos que viria. — Ele abriu a porta, corri direto até a maca.
Minha avó estendeu as mãos para mim, a abracei mais aliviada em vê-la sorrir.
— Vovó, pensei que tivesse te perdido. — A tensão, de repente, começou a diminuir.
— Eu ainda vou viver muito para te atormentar, minha neta. — Ela respondeu sorridente. — Mas como veio até aqui? Pensei que estivesse na viagem...
— Eu estava, mas o nosso professor achou que seria melhor voltarmos mais cedo. Fico feliz e aliviada de ter voltado. — Segurei firme sua mão. — Vou ficar com a senhora até que melhore.
Ela sorriu, algumas horas depois de ler revistas e assistir alguns vídeos, Jina adormeceu, estava de repouso até o doutor libera-la. Saí do quarto para pegar um café, e por coincidência, encontrei Seojun dormindo em um dos bancos, ao lado da máquina.
— Seojun? — Tentei acordar ele, seu cabelo estava bagunçado, ele havia dormido ali mesmo me esperando? O garoto pulou da cadeira, assustado, só agora havia percebido que havia apagado. — Por que não foi embora?
— Eu... como está sua avó? — Seojun levantou e arrumou a jaqueta.
— Está melhor, mas vai ficar de repouso até o doutor liberar. — Expliquei, encarei o chão e o som do meu estômago quebrou o silêncio.
— Vamos comer?
— Tem um refeitório em algum lugar aqui.
— Aqui não, vem comigo. — Ele me puxou pela mão, hesitei surpresa com a ação mas continuei.
Seojun me levou em sua moto até um pier, onde comprou empanados em palito para nós. Estava com tanta fome que devorei logo três, ele estava feliz em me reconfortar.
— Você está bem? — Perguntou meio sem jeito, ele era tímido até demais quando demonstrava afeto.
— Fiquei preocupada, mas agora que ela está melhor, fico aliviada. — Respondi e mordi um pedaço de empanado.
— E a cabeça? Ainda não lembra de nada?
— Não consigo lembrar de quando caí, eu fiz alguma coisa? Só me lembro de caminhar pela trilha e me perder.
— Nada. Não fez nada. — Ele negou, mas eu sentia que queria me contar alguma coisa.
— Obrigada... por me trazer e ficar comigo. — Resmunguei, ele coçou a nuca.
— Ela ia ficar velha esperando por você. — Brincou, o empurrei, Seojun segurou meus braços e me encarou nos olhos.
Seu coração estava tão aquecido por me ter em suas mãos, mas eu não percebia isso, ele me deixava envergonhada e confusa com tanta proximidade, a única coisa que conseguia notar é que às vezes ele era menos irritante. De repente gostas começaram a cair forte do céu, uma chuva passageira, daquelas que não tem previsão e que acontecem num dia de verão qualquer, corremos até o estacionamento, um raio cortou o céu fazendo Seojun me abraçar firme.
— Foi só um raio. — Disse com meu rosto abafado em seu peito, seu coração estava tão acelerado que conseguia sentir. — Seojun.
Ele se afastou, estávamos encharcados e gotas escorriam de seu cabelo bagunçado.
— Droga, não posso voltar para o hospital assim.
— Vamos pra minha casa. — Ele me entregou o capacete, meio hesitante, aceitei a proposta e fomos para sua casa.
Não havia ninguém além de nós, Seojun me deu uma toalha e algumas roupas, me troquei em seu quarto enquanto ele usava o banheiro, enquanto secava meu cabelo úmido passava os olhos pelo quarto dele, haviam fotos em família, ou com Su-ho e outro garoto, eles eram um trio, Seojun parecia feliz, e não era comum vê-lo sorrir sem ter que sacanear alguém.
Tropecei em uma cueca de oncinha no chão, chutei para longe e praguejei, não queria nem imaginar ele vestindo aquilo. Seu computador estava ligado, ele tinha a foto de um gatinho como papel de parede, sorri só de imaginar Seojun apaixonado por gatinhos filhotes, não fazia o tipo dele, cliquei na barra de espaço curiosa para ver outro papel de parede e encontrei um aplicativo de edições com algumas de Joo-kyung usando máscara de argila.
— Que isso? — Me perguntei extremamente confusa, ela parecia irritada com ele nas fotos.
Joo-kyung estava vestindo pijama, o que quer dizer que eles tinham intimidade o suficiente para que ele pudesse vê-la naquele estado, engoli em seco, eu estava com ciúmes dela? Fiquei irritada só de imaginar sentir ciúmes de Seojun, afinal, eu devia odiar ele por tudo que fez para mim.
— Song-i. — Ele me chamou enquanto secava seu cabelo, com um sorriso no rosto.
Apenas passei por ele fazendo questão de esbarrar, Seojun apenas me seguiu tentando me impedir de passar.
— Ei, o que foi?
— Vou para o hospital, obrigada pelas roupas, te devolvo assim que puder. — Apenas soltei meu braço e saí.
Peguei o primeiro ônibus e voltei para o hospital, minha avó estava confortável em sua cama assistindo TV enquanto comia uma tigela com lámen.
— Achei que não voltaria mais. — Disse ao me ver, logo notou que estava tensa com algo. — O que foi?
— A senhora está melhor?
— Melhor impossível. — Ela sorriu, a abracei aliviada. — O que foi?
— Nada, só fiquei com medo.
— Eu sei querida, mas não se preocupe, vou estar com você sempre que precisar de mim.
Eu sabia que suas palavras me serviam apenas de conforto, nada além de uma mentira, pois ela não estaria para sempre e era isso que me preocupava.
— Sra. Nam? — O doutor bateu na porta e nos interrompeu. — Está liberada para ir para casa, o resultado dos seus exames mostram uma melhora exorbitante.
— Então, ela vai ficar bem?
— Sim, meu conselho é que diminua o consumo de Sal, e a senhora não deve mais fazer tanto esforço para a sua idade.
— Ora para a minha idade, eu estou muito bem, se parar de fazer o que faço não terei mais nada para fazer da vida. — Praguejou, o doutor riu de sua resposta. — A última coisa que eu quero, é me tornar uma vizinha fofoqueira.
— Vovó! — Repreendi, ela negou incrédula com o pedido. — Farei de tudo para que ela faça isso, doutor.
— É claro. — Ele concordou e tirou uma prancheta de trás. — Aqui está a conta do hospital e da hospedagem.
A parte mais difícil era ter que pagar pelo hospital, havíamos esquecido disso, de repente minha avó e eu entramos em agonia por dentro.
— Por que tantos zeros? — Minha avó disse boquiaberta, apenas aceitei gentilmente a conta.
— Vamos pagar, assim que possível. — Respondi gentilmente, a mais velha praticamente pulou da cama resmungando.
— Quando eu morrer, quero que me enterrem sem pagar um tostão. — Dizia, ri e a guiei até o corredor.
— Isso não é possível vovó.
Voltamos para casa, no caminho pensava em como iria pagar pelas contas do hospital, minha avó não ganhava muito e seria difícil nos bancar e pagar pelas contas sozinha.
— Vovó, vou conseguir um emprego. — Chamei sua atenção no caminho para casa.
— Não precisa querida, eu dou um jeito.
— Sejamos sinceras vovó, a senhora não consegue manter nós duas e pagar aquela conta enorme, aliás, eu também vou precisar juntar dinheiro para a faculdade.
— Está bem, mas não trabalhe com nada pesado, não quero que se esforce muito. — Dizia preocupada.
Assenti, estávamos subindo as escadas quando Jun-ho nos parou, ele parecia preocupado e aliviado conosco.
— Por onde esteve? — Perguntei e bati levemente em seu ombro.
— Tive que verificar algumas coisas com relação a minha bolsa da faculdade, então não pude estar presente, desculpe. — Jun-ho respondeu sem mudar de expressão.
— Tudo bem, não precisa se preocupar conosco. Mas e a faculdade? Tudo bem?
— Tudo bem, o sistema só estava com dificuldades em encontrar meu histórico. — Dizia ajudando minha avó a subir as escadas, ela se apoiava em seu braço. — E vocês?
— Estamos bem, só vou ter que arrumar um emprego pra ajudar a vovó a pagar as contas do hospital.
— Posso ajudar vocês com isso.
— Você já ajuda todos os dias, e também, tem que se preocupar com seus estudos e a faculdade. — Expliquei. — Deixa as contas comigo.
Ele assentiu mesmo se negando a aceitar, sabia que tinha coisas que nem ele poderia mudar. Foi exatamente o que eu fiz, uns dias depois de distribuir currículos e fazer algumas entrevistas, consegui um emprego em uma cafeteria local, o meu horário era depois da aula e as vezes nos finais de semana.
Estava indo para a sala de aula quando Seojun me parou, ele apenas me encarava esperando alguma coisa, foi a semana mais estranha da minha vida por dois motivos, não conseguia olhar para ele e nem falar normalmente com Joo-kyung, só não conseguia entender porque não conseguia controlar minha raiva por eles, eu nem mesmo gostava de Seojun para sentir qualquer coisa... ao menos era o que eu imaginava.
— Song-i. — Soo-jin me encontrou no caminho e me puxou pelo braço. — Como você está?
— Estou bem, animada por ter conseguido um emprego.
— Na cafeteria né, fico feliz por você.
— Oi meninas! — Soo-ah nos encontrou. — Viram a Joo-kyung, ouvi boatos de que ela está saindo com alguém.
— Saindo? Com quem?
— Acho que não, ela nos diria. — Soo-jin estava tão confiante, eu por outro lado, só conseguia pensar que ela estava saindo com Seojun em segredo, o garoto que ela tratava como irmão mais velho.
Entramos na sala e fui direto até meu lugar, Joo-kyung estava completamente arrumada logo pela manhã, era incrível sua capacidade se ser perfeita sem fazer esforços.
— Meninas, hoje terá um evento musical no Centro da cidade, o que acham? — Joo-kyung perguntou.
— Tenho que trabalhar. — Resmunguei, ela ficou chateada.
— Podemos todas ir ao café, assim Song-i não ficará sozinha. — Soo-ah sugeriu.
— Não façam isso por minha causa, sério, podem ir sem mim.
— Deixa de ser boba, esses eventos acontecem quase sempre.
— Tudo bem. Mas já aviso, não posso dar descontos na bebida. — Brinquei e elas riram.
— Então está combinado.
No intervalo nos sentamos todas juntas perto do refeitório, Seojun e seus amigos sentaram em uma mesa ao lado, ele fez questão de virar sua cadeira para a direção da nossa mesa.
— Então Joo-kyung, tem alguma coisa para nos contar? — Soo-ah perguntou diretamente, Joo-kyung terminou de beber seu suco.
— O que?
— Com quem você está saindo?
Su-ho sentou-se entre mim e Joo-kyung, Seojun praticamente pulou de onde estava e ficou entre mim e Su-ho.
— Seojun. — Disse surpresa com o acontecimento, Soo-ah sorriu adorando a situação.
— Não vai tirar ela de mim. — Ele resmungou para Su-ho, o mesmo olhou para mim e confrontou Seojun.
— Ei vocês dois, Seojun já chega, volta pra sua mesa! — Joo-kyung pediu.
— Isso não é sobre você. — Suas palavras me arrepiaram, apertei firme minhas mãos.
Seojun me puxou pelo braço para longe deles, meu coração nunca esteve tão acelerado, cada passo que dávamos para fora do refeitório atraindo a atenção de todos, fazia meu coração bater cada vez mais forte, e minhas respiração desregular.
— Seojun! — Gritei e soltei meu braço.
— Sei que vai continuar me ignorando na frente de todos, então quero que fale diretamente comigo, só entre você e eu. — Disse sério e irritado. — Estava tudo perfeito naquele dia, até você mexer nas minhas coisas como uma selvagem sem educação!
Levantei minha mão e levei na direção de seu rosto, Seojun segurou firme, nossos olhos se encontraram, minha garganta estava seca e áspera e meu coração acelerado. Seojun puxou-me com sua outra mão e selou nossos lábios, ele tinha um leve gosto de amora silvestre e sua mão em minha cintura era tão firme que fazia-me arrepiar completamente, ele me beijou intensamente e eu podia jurar que o retribui. Parecia tudo fruto de minha imaginação, não havia ninguém além de nós, será que havia me perdido em minha mente? Ou aquilo realmente estava acontecendo?
— Ai! — Ele se afastou segurando os lábios. — Você me mordeu?
— Você me chamou de selvagem! — Me afastei, completamente vermelha.
— E não é? Olha o que fez comigo! — Seojun disse incrédulo, sem entender o acontecido.
Lembrei-me das fotos de Joo-kyung em seu computador, e do que dissera para Su-ho logo antes de me puxar, "não vai tirar ela de mim" foram suas palavras. Bati forte em seu peito, ele parecia surpreso com a reação.
— Pervertido! — Gritei e corri o máximo que pude até sentir meus pulmões casarem.
Eu não sou dele, e Joo-kyung precisa saber das fotos que ele tem em seu computador, estava decidida a desmascarar Seojun o quanto antes.
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