Capítulo 4
Naquela manhã, no caminho para a escola comprei dois sucos no sabor morango e laranja, para mim e para Soo-jin, a garota que me deu o suco no dia anterior, avistei Seojun conversando com alguns garotos, julgando pelas roupas e postura deles podiam ser de algum tipo de gangue, mas eles também pareciam se conhecer, será que... Seojun era de uma gangue também?
Apenas apressei o passo para a escola, antes de me sentar deixei o suco na mesa de Soo-jin como agradecimento, Seojun entrou logo depois de mim e sentou-se em seu lugar, tentei não incomoda-lo, só de pensar em seu envolvimento com uma gangue me deixava preocupada.
— Bom dia. — Joo-kyung disse ao sentar-se na minha frente, a cumprimentei.
— Viu a Soo-jin? — Perguntei, notei que a aula estava para começar e ela não havia chego ainda.
— Oh, ela não veio, deve estar doente. — Joo-kyung era tão avoada que só percebeu isso quando perguntei, fui até sua mesa e peguei o suco de volta.
— Trouxe isso para ela, entrego outro dia...
Nem notei que o professor já havia entrado na sala, comecei a retirar meu material quando senti alguém chutar minha cadeira.
— O que foi? — Virei-me para ele, Seojun estava sério e parado feito estátua. — Melhor parar, ou vou aí chutar você.
Sua atenção estava no ex-melhor amigo Su-ho que parecia entretido com Joo-kyung, a garota de quem Seojun gostava, a cada risada que a garota dava ele chutava minha cadeira, era irritante, nem notei que o processor já estava explicando a matéria.
— Formem duplas.
— Joo-kyung! — Ele gritou me fazendo pular da cadeira, todos na sala estremeceram. — Vou fazer dupla com a Joo-kyung.
— Não, eu vou fazer dupla com ela. — Soo-ah se pronunciou.
— Na verdade eu vou escolher as duplas. — O professor disse, alguns resmungaram. — Soo-ah você vai fazer dupla com a Soo-jin, ela não veio hoje mas sei que são próximas então entre em contato com ela e façam o trabalho para semana que vem.
— Joo-kyung e Su-ho. — Ela comemorou, enquanto ele bufou irritado. — Song-i e Seojun, são uma dupla agora, para aprenderem a conviver um com o outro.
— O-o que? Senhor... — Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele me impediu.
— Aposto que aprenderam bastante com o castigo. — Alguns alunos riram, encostei-me na cadeira, chateada com a decisão.
Depois da aula, tivemos educação física, estava caminhando com Joo-kyung e Soo-ah enquanto elas conversavam.
— Você vai fazer o trabalho com o Su-ho, isso não legal?! — A amiga dizia, Joo-kyung sorriu só de imaginar.
— Quem dera eu tivesse essa sorte. — Resmunguei.
— Vai fazer o trabalho com Seojun, sinto muito. — Joo-kyung disse só de imaginar a situação.
— Não deixe que ele ganhe nota sem fazer nada, e também, você é a única garota que conheço que consegue rebater a grosseria dele, sem ofensa. — Soo-ah dizia tentando me encorajar.
O procurei, ele estava em uma partida interminável de basquete, dormindo nem parecia ser tão bravo mas conseguia notar em seu olhar como ele tinha este senso de liderança, com certeza fazia parte daquela gangue na qual avistei mais cedo. Não entendia porque haviam tantas garotas derretidas por ele, elas esperavam ao lado com garrafas nas mãos, ele nem era tudo isso para ter tanta atenção, não era muito diferente com seu ex-amigo Su-ho mas ele não parecia se interessar por ninguém, a única garota com quem conversava além da amiga Soo-jin era Joo-kyung, eles acabaram ficando próximos de algum modo.
— Ei novata! — Umas garotas gritaram em minha direção. — Jogue a bola!
Notei que a bola não estava muito longe de mim, peguei e arremessei para elas.
— Obrigada porquinha! — Uma delas brincou e as outras riram imitando o som de porco, só podia estar brincando, o apelido veio inicialmente de Seojun.
Não pensei que fosse me afetar tanto ser chamada assim, mas lembrei-me da minha antiga escola, de Jang-mi novamente... quando notei, Seojun estava parado não muito longe assistindo tudo, ele provavelmente estava se sentindo orgulhoso pelo apelido ter se espalhado. Fiz questão de esbarrar nele antes de deixar o campo, não sabia que na verdade ele estava decepcionado consigo mesmo, detestava valentões apesar de agir como um às vezes.
Durante o intervalo, fui até a biblioteca, precisava ouvir um pouco de música pra aliviar o estresse da aula, e não são muitos os que escolher ler livros enquanto comem, Seojun chamava atenção até quando não queria, assim que entrou no corredor com seus dois amigos os poucos estudantes que estavam lá olharam para ele.
— Pensei que fosse estar no refeitório com Joo-kyung e a Soo-ah. — Ele sentou próximo à mesa, seus amigos ficaram de pé feito guarda-costas.
— O quê você quer?
— Calma novata, você já comeu? Não vejo você comer.
— Você nem me vê. — Brinquei, ele olhou para o lado tentando manter sua postura, o fato de eu o responder lhe deixava surpreso. — E não me chame de novata.
— Venha comer comigo depois da aula.
— Só pode estar brincando.
— Temos um trabalho para fazer. — Ele usou o trabalho como desculpa, parei para pensar, ele tinha razão mas era a última coisa que eu gostaria de fazer, peguei meu material.
— Estou cansada dessas brincadeiras de mal gosto. — Resmunguei, ele segurou meu braço. — Me solte.
— Estou falando sério.
— Você vai pagar?
— Cada centavo.
Segurei o sorriso, se ele estava disposto a correr este risco por algum motivo inexplicável, então não havia problema em brincar um pouco, retrucar a vergonha que havia me feito passar.
— Esta bem.
Ouvi alguns burburinhos quando deixei a biblioteca, tentei não me importar mas o olhar das pessoas estava começando a me deixar paranóica, apenas ouvi música pelo resto do dia até acabar a aula, Seojun estava me esperando na estrada da escola em sua moto, engoli em seco e tentei desviar dele mas o mesmo me alcançou e segurou meu braço.
— Por que quer tanto isso? — Resmunguei, ele desviou o olhar novamente.
— Posso pedir que confie em mim pelo menos uma vez?
— Confiar em você? Está louco?! — Puxei meu braço de volta.
— O que eu tenho que fazer pra você vir comigo?
— Parar de ser tão insuportável. — Peguei o capacete, Seojun subiu na moto e sentei-me logo atrás.
Segurei em sua jaqueta, quando ele acelerou a moto o abracei forte, meu coração acelerou. Seojun olhou de relance para mim através do espelho retrovisor e sorriu, nós fomos até um restaurante no Centro da cidade, me senti estranha por estar com o uniforme da escola.
— O que vão querer?
— Vou querer arroz, dois ovos, Kimchi, Bibimbap, barriga de porco, e para beber Haiti.
— Vai conseguir comer tudo isso? — Seojun resmungou.
— Olhar pra você me deixa com fome, e também, não comi nada no intervalo. — Respondi, ele parou de reclamar quando meu estômago borbulhou.
Eu realmente estava com fome, acho que nunca havia visto tanta comida em minha vida, estava meio sem graça com o silêncio entre nós.
— Não sabia que comia tanto. — Remungou.
— A comida aqui, é muito boa. — Disse enquanto mastigava, justamente para deixá-lo sem graça, de repente senti uma forte dor no estômago. — Acho que estou tendo indigestão, já volto.
Levantei-me e corri até o banheiro, não era nada demais, aproveitei para lavar o rosto e tomar um ar, encontrei algumas garotas da escola.
— Ouvi dizer que eles estão saindo.
— Sério? Pensei que se odiassem. — uma dizia, quando me viu, fez questão de ficar quieta e chamar a atenção das outras garotas.
Engoli em seco e peguei um papel para secar as mãos, antes de sair uma das garotas segurou meu braço.
— Ei! — Chamei sua atenção.
— O que ele viu em você? Ein, porquinha. — O apelido me fez estremecer.
— Me solta. — Pedi com calma, ela apertou mais forte.
— Você não merece alguém como Seojun.
— O que está fazendo no banheiro feminino! — Uma das garotas gritou, Seojun havia entrado no banheiro feminino.
Ele veio até nos e puxou a mãos da garota com força, ela estremeceu e recuou.
— O que pensa que está fazendo? — Gritou, de repente todas pareciam querer chorar com a situação.
— O que viu nela? Você é tão perfeito, ela não merece toda essa atenção!
— Quem disse que é você quem decide isso? — Ele perguntou, a garota engoliu em seco.
— Cansei disso, quer ele? Pode ficar! Não estou aqui pra discutir com garotas infantis como vocês! Se encostar em mim de novo, quebro seu nariz plastificado. — Retruquei, os dois ficaram boquiabertos com a explosão de repente.
Deixei o banheiro, Seojun veio logo atrás de mim, ele já havia pago o jantar e começou a me seguir com sua moto.
— Ei! Novata! Vai caminhando para casa? É muito longe! — Dizia carregando a moto.
— Não sei onde estava com a cabeça em aceitar isso, cansei dessas brincadeiras, você continua me humilhando. — Pisava forte no chão tentando controlar minha raiva.
— Fiz isso para me desculpar, fui um idiota, mas você é muito mal agradecida, quer saber? Você é insuportável! Seus pais não te deram educação?
— Meus pais estão mortos seu idiota. — Pisei forte para trás e o encarei.
— O que? Me desculpe.
— Não me olhe assim. Me viro muito bem sem eles. — Retruquei.
— Como pode ser tão indelicada. — Praguejou novamente.
— Oh me desculpe se não ajo como a perfeita Joo-kyung pele-de-pêssego. — Deixei escapar.
— Do que está falando?!
— Ficou chutando minha cadeira por causa dela. Aposto que é assim só porque ela não sente o mesmo por você! — Minhas palavras parecem ter soado como facas para ele, nunca o vi tão chocado, ele segurou firme o capacete.
De repente começou a chover, eu definitivamente não estava pronta para isso, Seojun pôs o capacete e subiu em sua moto.
— Seojun! Han Seojun! — Gritei tentando me proteger da chuva, ele teve a coragem de me deixar no meio da rua mesmo com tanta chuva.
Queria ser forte, mas a chuva, o que Seojun fez, estava tão frio e me sentia tão sozinha que comecei a chorar, mais como forma de me aliviar do que havia acontecido, um carro parou ao meu lado na estrada e Soo-jin me olhou pela janela, ela abriu a porta.
— Vem logo! — Chamou, entrei no carro.
— Obrigada Soo-jin.
— Está ensopada, o que aconteceu? — Ela tirou o casaco e colocou em volta de mim.
— Seojun, aquele idiota. E-ele me deixou lá na chuva.
— E porque estava com ele?
— Acabamos fazendo um trabalho em dupla, o professor nos colocou juntos... — Tive que mentir, dizer que caí no papo dele me deixava envergonhada.
— Sinto muito por isso.
— E você? Por que não foi à aula?
— Tive alguns problemas pessoais.
— Ah, aqui, isso é pra você. — Retirei o suco de morango de minha mochila, e entreguei para ela.
— Obrigada. — Soo-jin sorriu em agradecimento.
Ela me levou até em casa, e percebeu como era longe, no caminho conversamos um pouco sobre nossas famílias, escola e faculdades.
— Não sabia que morava tão longe, vou te levar em casa a partir de hoje. — Dizia, saí do carro.
— Não precisa, é sério.
— É muito perigoso, e também, é mais rápido.
— Obrigada Soo-jin. — Sorri e me despedi dela.
Corri até em casa, Jina estava me esperando perto da mesa nervosa, assim que entrei ela pulou da cadeira.
— Ah minha neta finalmente chegou, olha quanta chuva lá fora, fiquei preocupada, você está ensopada! — Ela pegou uma toalha e começou a me secar.
— Avó, está tudo bem, só peguei uma chuva. — Comecei a resmungar enquanto ela me secava.
— Vamos, tire essas roupas molhadas e tome um banho logo, vou fazer uma sopa.
— Já está tarde, a senhora não precisa fazer. E também, eu comi bastante hoje. — Dizia enquanto ia para o banheiro.
Tomei um banho quente e relaxante implorando para não ficar doente, praguejando pelo que aconteceu, Seojun aquele idiota, espere até vê-lo de novo. Enquanto me preparava para dormir, me olhei no espelho, pensando no quanto comi para irrita-lo, mas logo me veio a discussão que tivemos, o que eu disse para deixá-lo tão irritado? De qualquer forma era o Seojun, eu não tinha que confiar nele.
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