Capítulo 1.
𝗠𝗮𝗴𝗴𝗶𝗲 𝗗𝗮𝘃𝗶𝘀.
²² ᵈᵉ ⁿᵒᵛᵉᵐᵇʳᵒ
A noite fria como um coração partido. Tenho medo do que essa sensação pode me trazer. Costumava gostar do frio, mas não durou muito tempo.
Não tenho certeza do porquê sinto que o frio é algo ruim como um coração sendo quebrado. Talvez seja porque nenhuma das minhas experiências foram boas.
O único homem que realmente me amou foi morto cruelmente, até hoje me pergunto o porquê dele.
Já percebi que esse lance de amor não é para mim, já fui até usada para esquecer ex, e isso já diz muito sobre meus antigos relacionamentos. Homens afinal.
Deixo meu celular cair da cama e acabo saindo dos meus pensamentos. Observo minha mãe entrando no meu quarto.
— Temos um jantar essa noite, esteja pronta às nove. — Assim que terminou sua fala, saiu do quarto. Que jantar é esse que começa às nove, isso é tão tarde.
Espero que esse não seja como todos os outros jantares que já frequentei. Falam como o negócio da família anda e como eu devia assumir o lugar da senhora Davis, porque agora que papai morreu, minha mãe ficou sobrecarregada.
Me levando calmamente da cama, saindo do quarto, desço as escadas e sigo até a cozinha. Estava faminta. Normalmente, nessa droga de casa, não tem um sanduíche, só tem essas comidas da dieta doida da minha mãe.
Depois que papai morreu, essa casa não tem nada de bom, ele que alegrava essa casa, mas não posso dizer que a senhora Davis não vem se esforçando, mas, por incrível que pareça, ela está tentando ser melhor comigo e até consigo mesma.
— Mãe. — Grito, mas não obtive respostas, ela deve ter saído já, odeio chegar nos jantares sem ela, mas como ela é a dona do negócio, tem que chegar sempre cedo.
São exatamente 8:30, tenho que me arrumar mais uma vez correndo como sempre, mas não tem nem dez minutos que minha mãe foi me avisar desse jantar, com certeza ela devia estar pronta há bastante tempo.
Corro para o meu quarto, tenho que arrumar um vestido direito para esse jantar. Coloco o primeiro vestido que vejo no meu guarda-roupa.
Eu estou usando um vestido preto incrível, de ombro único, que deixa minha pele à mostra de maneira delicada, sem perder a elegância. O tecido é leve e fluído, mas tem uma estrutura que abraça meu corpo, destacando minha silhueta de forma sutil. O ombro descoberto traz um toque moderno, quase como se o vestido fosse uma dança entre o clássico e o ousado.
O mais fascinante é a fenda – ela é discreta, mas sexy na medida certa. Quando dou um passo, ela revela um pouco da minha perna, dando um movimento natural à peça, como se o próprio vestido estivesse em sintonia com o meu corpo. A fenda me faz sentir confiante, sem ser exagerada. Ela traz uma leve sensualidade, mas de um jeito sofisticado, como se o vestido falasse por mim sem precisar de muitas palavras.
Eu adoro como ele me faz sentir poderosa e, ao mesmo tempo, feminina. O preto é tão versátil, sempre elegante, e o corte assimétrico só adiciona mais charme. Sinto que, com ele, sou capaz de entrar em qualquer lugar e deixar minha marca sem esforço, como se o vestido fosse parte de quem sou.
Até que fiquei pronta a tempo, recorde.
Eu dou uma última olhada no espelho antes de sair, me certificando de que tudo está perfeito. O vestido preto de ombro único é a escolha certa para a ocasião.
Meus saltos são altos, mas não muito, o suficiente para me dar um pouco mais de altura e deixar minha postura ainda mais ereta. Penteio meu cabelo de forma simples, e passo um batom vermelho que harmoniza com o visual, mantendo a classe. A maquiagem está impecável, mas de maneira leve, como se eu tivesse apenas acentuado o que já é bonito.
Saio de casa e fecho a porta com um leve suspiro, sentindo aquele friozinho na barriga que sempre aparece antes de um evento importante. O jantar de negócios está à minha frente e, embora o objetivo seja claro – fazer que a mamãe feche negocio, impressionar, sei que o traje que escolhi é parte de minha comunicação. Cada passo que dou na calçada, com o som do salto ecoando, me faz sentir mais segura.
Eu vejo o carro esperando lá fora. Entro e me acomodo, ajustando a postura, já começando a planejar o que vou dizer, como vou me comportar, tudo enquanto tento manter a compostura. O reflexo da rua nas janelas do carro me lembra do poder silencioso de uma presença bem vestida. Quando chegar ao restaurante, sei que vou entrar e ser notada.
Eu chego ao restaurante e, ao sair do carro, o ar fresco da noite me envolve por um momento. A entrada do local é imponente, com suas grandes portas de vidro e o brilho suave das luzes internas vazando para a calçada, convidando-me para dentro. O ambiente está repleto de uma energia elegante e discreta, ideal para o tipo de jantar de negócios que eu estou prestes a encarar. Com um passo firme e confiante, atravesso a calçada, sentindo o som dos meus saltos em sintonia com o ritmo do meu corpo. Cada passo é calculado, mas sem rigidez.
A recepcionista me cumprimenta com um sorriso, e sigo a ela pelo salão. À medida que atravesso o espaço, o restaurante parece se dividir em dois – o ambiente mais íntimo de um canto tranquilo e os sussurros de conversas concentradas nas mesas. As pessoas parecem perceber a minha presença de forma quase imperceptível.
Eu sou recebida por minha mãe, que sorri ao me ver. Os olhares de cumprimento são rápidos, mas cuidadosos. Há uma troca de aperto de mãos e sorrisos, mas eu não sou precipitada.
Me acomodo na meu assento e pude vê quem eu gostaria de esquecer de toda as formas.
Quando ele entrou no restaurante, eu quase não o reconheci. O cabelo mais curto, o jeito mais sério. Mas os olhos... os olhos ainda tinham aquele brilho que eu conhecia tão bem. E aí, a gente se viu. Naquele instante, foi como se todo o tempo em que a gente esteve afastado tivesse desaparecido. Era como se o passado ainda estivesse ali, pairando entre nós.
Eu sabia que não ia ser fácil, mas tentei me controlar. Coloquei a taça de vinho na frente, como se fosse um escudo. Fiquei olhando para ela por um tempo, fingindo que estava bem, tentando não ver o quanto ele estava me observando, com aquele olhar que sempre foi bom em me desarmar. Mas, no fundo, eu sabia o que estava por vir. Sabia que esse jantar não era sobre relembrar os bons momentos. Não com o que ficou entre nós.
Quando ele me perguntou da ultima vez que nos vimos se eu realmente achava que tudo tinha sido culpa dele, senti uma raiva que quase me fez perder a voz. Como ele pode ainda achar que estava certo? Como se ele tivesse sido a vítima? A gente nunca falou sobre o que aconteceu.
Ele me fez sentir como se eu estivesse exagerando. Como se as minhas inseguranças e minhas decepções fossem apenas suposições, coisas que eu imaginava. Mas não era assim, nunca foi. Não era sobre supor, era sobre a mentira dele, sobre o que eu senti, sobre o que ele me deixou sentir. O silêncio dele.
Ele veio até ao meu lado e se sentou. Não irei conseguir me controlar.
— Você me destruiu.— Eu disse, tentando controlar a voz, mas ela saiu tremida. Eu estava exausta. Exausta de carregar o peso dessa história sozinha. — Achou que o silêncio era a solução. Que eu ia entender o porque de você ter me usado, sem você dizer nada. — Aquelas palavras, essas acusações, pareciam fáceis de dizer, mas o peso delas no meu peito era insuportável.
E então ele me olha, com aquela expressão de quem tenta entender, de quem ainda acredita que eu estava errada. Aquilo me feriu mais do que eu esperava.
— Eu tentei te explicar, Maggie. — Eu quase ri, mas a dor estava tão grande que me faltou a coragem. Que tipo de tentativa era aquela? Ele se afastava e eu ficava esperando, sempre esperando que ele me olhasse, que ele me dissesse algo. Mas ele não disse. Nunca disse.
Eu me vi perdendo a paciência. O meu estômago estava embrulhado, a tensão na mesa era quase palpável. Era como se ele ainda não entendesse.
— Tentou me explicar como me usou? — Minha voz saiu quase como um suspiro. Eu queria ser mais dura, mas não dava. Ele me fazia sentir essa dor, essa fragilidade. — Você apenas me usou e depois me descartou.
Eu não conseguia mais olhar nos olhos dele. Eu não queria mais falar, não queria mais explicar, porque já estava exausta. Ele olhava para mim, mas eu não conseguia mais ver a pessoa que eu conhecia. Era só um estranho, alguém que havia sido capaz de me fazer sentir tão pequena, tão irrelevante.
O tempo pareceu parar. Eu respirei fundo, tentando manter a compostura, tentando segurar as lágrimas. Mas uma delas escapou, traiçoeira, rolando pela minha bochecha. Eu não queria que ele visse, mas ele já tinha visto. Já tinha visto tudo.
Eu só queria ir embora, mas minha mãe nunca deixaria.
O destino, sempre com seu senso de humor cruel. Ele ainda tentou puxar conversa, palavras cheias de gentileza superficial. Eu mantive a compostura, respondendo com frases curtas e neutras, mas sem jamais permitir que ele penetrasse a barreira que agora existia entre nós.
Não via a hora desse jantar chegar ao fim.
Mamãe, podemos ir embora? — Digo, e olho na direção dela.
— Maggie, um segundo, ok? — Assento com a cabeça.
Não aguentava mais ficar nesse local e nem tinha tocado na comida. Perdi a fome com essa pequena conversa com Matteo.
Detesto essa sensação, odeio tudo o que ele faz, eu senti.
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