S I N A  D E I N E R T

Passava lápis preto na linha d'água dos meus olhos. Fui muito bem na prova da faculdade e hoje era o tal jogo que Any insistiu que eu fosse.

Deixava meus cabelos soltos e logo ouvia a buzina. Merda, por que eu aceitei em ir mesmo?

Pego minha bolsa e já tinha avisado minha mãe que eu ia sair, caso ela fosse para o meu apartamento. Estava com uma legging preta, all star preto e uma regata branca... Iria colocar a camiseta de um time que eu nem sei o nome por cima, Any me prometeu que era confortável então, tudo bem para mim.

Saia do elevador e Any e Sabina estavam me esperando no carro. Saby com um rabo-de-cavalo e Gaby com duas marias chiquinhas no cabelo.

Entro no carro e cumprimento as mesmas.

— Toma aqui, gata. — Sabina estende a camiseta do time e eu coloco.

Era bem grande, ficava até o meio dos meus joelhos. Eu gostava assim.

As duas foram cantando músicas em espanhol, Any se embolava um pouco o que a fazia rir.

Eu suspirava e olhava para a janela. Não fazia ideia que Sabina tinha um irmão, não entendia nada de futebol americano, não queria torcer para jogadores que eu nem mesmo conhecia. Mas eu precisava de uma distração, então topei.

— Sina? — Sabina me chama assim que o sinal fica vermelho. — Você vai na festa depois do jogo?

Festa? Porra, Any não me fala nada por completo.

— Não sei que festa é essa.

— Se ganharmos, o que é óbvio que vai acontecer, vai ter uma festa na casa de um dos jogadores em comemoração. Você vem? — pergunta e eu suspiro.

— Não sei Saby, vou pensar. — digo com honestidade.

As ruas vão passando rapidamente pela janela do carro e Sabina finalmente, estaciona. Any mexia no celular e o desligava rapidamente como se temesse que alguém visse algo.

— Vamos rápido, precisamos pegar um lugar bom na arquibancada. — comenta minha melhor amiga.

Começamos a andar e me sentia uma adolescente em um filme americano. Era estranho pensar que era um jogo para faculdade e não para um colégio. Nos sentamos no topo da arquibancada. Estava cheio.

— Um lado bom, chegamos um pouco atrasadas e não vamos esperar um tempão só para o jogo começar. — comenta Sabina.

A torcida grita aos dois times começarem a entrar no campo com seus uniformes e capacetes. Estávamos torcendo para os Riders.

Os jogadores faziam um aperto de mão e todos se ajeitam em seus lugares no campo.

No final da arquibancada, havia um casal. A namorada usava um óculos escuro e tinha seu rabo de cavalo e no topo da cabeça uma touca. O namorado também usava um óculos escuro e um boné. Achei estranho, já que estava de noite e não tinha nenhum sinal de sol.

A garota estava no ombro do namorado para conseguir enxergar melhor, olhava do meu lado, Any e Sabina estavam se abraçando de lado e a brasileira distribuía beijos no pescoço da namorada.

Invejei por alguns segundos, queria ter um romance que desse certo. Eu precisava de bebida alcoólica agora, para me ajudar.

— Sabe, eu acho que vou nessa festa. — falo mais alto por conta do barulho.

Elas sorriem e logo o juiz assopra o apito dando partida no jogo. Os jogadores atacavam um ao outro. Os torcedores gritavam e eu tentava entender o jogo.

Um quaterback com 02 Morris escrito atrás da camisa, faz um ponto e pulamos em comemoração.

Confesso que estou achando divertido. Estavam ganhando, o outro time fez dois pontos e estávamos com quatro.

O mesmo quaterback que tinha feito dois dos pontos, pegou a bola novamente e corria pelo campo. Não conseguia ver o que estava escrito atrás de sua camiseta, mas ele jogava bem.

Ele atravessava o gramado e todos nós estávamos tensos. Quando achávamos que ele ia fazer ponto, dois jogadores do outro time o derrubam com muita brutalidade e o mesmo cai com tudo no chão e o juiz assopra o apito.

— ISSO FOI FALTA, CARALHO! NÃO SABEM JOGAR A LIMPO? — grita Sabina.

Via uma mancha vermelha crescer na camiseta do quaterback. Todos do time ficam em volta e a torcida estava nervosa. Tiram o capacete dele e arregalo meus olhos.

Paramédicos chegam e colocam ele em uma maca o tirando do campo. Me afasto de Any e Sabina e fico na parte mais baixa da arquibancada. Eu precisava ter certeza.

Senti tudo girar em minha volta.

Era Noah.

Noah estava jogando. Noah estava sangrando. Noah estava aqui.

O sangue sujava sua camiseta cada vez mais. Um dos paramédicos levanta o tecido e pude ver o ferimento aberto.

Começo a relembrar de tudo. Parecia que eu estava de volta aquele dia que me assombrava até hoje. Parecia que eu via Adam o esfaqueando novamente.

Ele passava no meu lado. Sinto um arrepio na espinha ao seus olhos encontrarem os meus.

Desvio o olhar e volto para o meu lugar. Any e Sabina me olhavam preocupadas e eu pegava minha bolsa.

— Você sabia disso, Any? — pergunto e ela fica quieta. — Você sabia. — não era mais uma pergunta e sim uma afirmação. — Eu te falei milhares de vezes que eu não queria vê-lo novamente, que eu queria um recomeço para mim, eu não mereço isso? — minha voz sai embargada. — Você ajuda o cara que acabou com sua melhor amiga? Quem faz isso?

— Sina... Any não foi a única. — Sabina fala.

Claro. Como eu fui burra. Não tinha irmão da Sabina. Any nunca gostou de futebol americano. Noah estava aqui sendo o quaterback e elas quiseram me levar até ele.

Logo sinto alguém pegar em meu pulso delicadamente.

— Sina... Ele está arrependido. Você precisa ouvir ele. Entender toda a história. — Heyoon tira seu óculos escuro e logo atrás, via Josh com o óculos escuro e seu boné na mão.

Todos eles sabiam que Noah estava aqui.

Retiro bruscamente sua mão de mim.

— Até você, Heyoon? Eu confiei em você! Como vocês querem que eu converse com um cara que me chamou de vadia, de qualquer uma, que me usou apenas para sexo?! ME FALEM! — grito atraindo olhares.

— Sina, se acalme.... — a voz calma de Josh me irritou.

— Não, não vem com essa. Eu não quero ver, Noah! Respeitem isso!

— Sabemos que está magoada, mas você precisa ouvi-lo. Noah disse aquilo por causa do pai dele! Sei que ele te contou que a vida dele é complicada quando se diz respeito ao pai. — Josh fala.

— E eu tenho um padrasto assediador e nem por isso fico falando que as pessoas são vadias ou faço sexo com elas e depois as descarto! Não tem desculpa para o que ele fez.

Eles ficam em silêncio. Será que ninguém me entendia? Saio da arquibancada mas antes, precisava tomar água. Será que tinha algum bebedouro?

Falar com pessoas que não entendem você, gasta voz e saliva a toa.

Continua andando e meus olhos vagavam o local e eu estava péssima, um pouco distante das arquibancadas eu via o bebedouro.

Sorrio aliviada e sinto a água gelada me refrescar. Minha raiva aumentou, estou sem minha melhor amiga, sem colega de trabalho... Sem ninguém, apenas com minha família. Nunca tive ninguém, sem contar com minha mãe e minhas irmãs, mas anos atrás eu até tinha Mia e um ex namorado... Mas não ia durar e não durou. Óbvio, nada comigo é para sempre. Tudo acaba. Estava acostumada a não ter ninguém, vivo por mim e sou amiga de mim mesma. Evito decepções.

Por que? Por que essas coisas acontecem comigo? Por que ninguém me entende e ficam ajudando Noah aquele... Babaca que eu me apaixonei?

Se eles ouvissem o que eu ouvi, seria diferente. Me magoa mais o fato de Any ter ajudado, ela viu o quão destruída eu estava. Eu chorei no colo dela feito uma criança, eu contei tudo para ela e no final para que? Para nada!

Ninguém sabe ou me entende até sentir na pele o sentindo de se sentir usada, estar apaixonada e pisarem em cima de você depois. Eu estava sozinha nessa cidade.

Seco meus lábios com as costas da mão e ouço uma porta ser aperta e um gemido de dor escoar.

— Por favor, não vá embora. — sua voz escoa pelos meus ouvidos.

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Continua...

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Fuego no parquinhoo🔥

Quem sabia que ia dar merda com os pontos do Noah enquanto ele joga futebol, comente eu 🙋‍♀️

Até segundaa 🙈

Hasta Luego✨
-juh