- 𝟎𝟏𝟑
—— VICTOR, VOCÊ TEM VISITA —— O guarda disse batendo na grade. —— E bonitinhas ainda.
E quando o guarda se afastou, a única coisa que pode ser ouvida naquele corredor, era a respiração pesada de Victor Creel.
—— Victor... Eu sou Nancy Wheeler —— Nancy se aproximou. —— E essa é a...
—— Cassie, Cassie Willow's —— Eu disse esperando alguma reação ao sobrenome.
E naquele momento, Victor parou de arranhar a mesa, e sua respiração ficou um pouco mais calma, como se ouvisse algo de conforto.
—— Nós queríamos saber sobre 1959 —— Nancy tomou a inciativa de novo.
—— Eu não falo com repórteres... E Anthony sabe disso! —— Victor mudou sua reação.
—— Não somos repórteres, viemos... Porquê, acreditamos em você —— Eu disse.
—— Você disse... Willow's, não é? —— Vitor perguntou. —— Conhece Mary Willow's?
—— A Mary... É minha mãe —— E naquele momento, Victor se virou e então notamos sua face velha, a face de um homem que viveu um trauma.
Victor não tinha os olhos, e suas pálpebras eram inchadas e estavam sujas... Seu rosto estava suado e sujo, não era muito bem cuidado por ali.
—— O quê matou a Mary e a sua família, voltou —— Eu disse não estando segura do que exatamente aconteceu com a minha mãe.
—— Matou a Mary? —— Victor disse en murmuro. Ele não sabia, ele sem dúvidas não sabia mesmo.
—— Nossa amiga disse, que é como transe... Um pesadelo vívido, e achamos que ela possa ser a próxima —— Nancy completou. —— Algo que falámos, parece familiar?
—— Victor... Eu sei que é difícil
—— Vocês não sabem de nada! —— Victor gritou.
—— Exatamente, não sabemos —— Eu disse. —— É por isso que precisamos saber, como você sobreviveu naquela noite.
—— Sobreviver? É isso que vocês chamam sobreviver? —— Victor se levantou indo até perto das grades. —— Eu garanto, eu nunca saí do inferno.
—— Victor, eu perdi a minha mãe pra essa coisa —— Eu disse. —— Eu não quero perder mais gente. Creel apenas suspirou derrotado.
E então Victor cedeu, contando a nós toda a história de sua vida... Ou melhor, de como a sua vida acabou totalmente.
Sobre Henry, sobre seu possível sensitismo. As teorias da casa ser assombrada por um demônio. Contou a nós sobre a noite em que sua família desmoronou, sua mulher morrendo na frente de seus filhos, sobre sua filha e filho simplesmente desapareceram em seus braços da forma mais cruel possível.
—— Aquele demônio ia me levar, exatamente como fez com minha querida Virginia —— Victor contava. —— Até eu ouvir outra voz... Parecia um anjo, e então eu segui, mas acordei em um pesadelo muito pior.
—— Meu filho ficou internado, mas morreu uma semana depois, pobre Henry... —— Victor disse. —— É uma pena que não conheceu seu padrinho, Cassie...
Eu entrei em choque, paralisada não sabendo o quê dizer. Henry Creel, o assassino da minha mãe, era meu padrinho.
—— O anjo que o senhor ouviu... Quem era? —— Nancy perguntou observando Victor se deitar totalmente paralisado ao lembrar de todas as coisas.
Victor apenas murmurava uma canção, uma melodia baixa como se cantasse para sua própria cabeça não enlouquecer.
—— Tive uma conversa bem interessante com o professor Bradley, será que podemos ter uma conversa na minha sala... Enquanto esperamos a polícia —— O diretor do manicômio logo chegou rápido andando pelos corredores.
Estávamos ferradas, bem mais do que ferradas... Andando na frente dos seguranças e do diretor do manicômio até a sala dele novamente. E enquanto caminhava pelo fim do corredor, eu ouvi o relógio de novo. Que merda era aquela? Eu só podia estar ficando totalmente louca.
—— O Victor disse que na noite, tudo ligou na casa... Mas falou especificamente da música —— Eu comentei baixo com Wheeler.
—— Sim, o quê que tem?
—— E quando a gente falou do anjo, ele começou a cantarolar alguma coisa —— Eu disse imitando os murmúrios dele, como notas musicais.
—— Ele tava cantando... —— Nancy entendeu meu raciocínio. —— É como se...
—— A música te puxasse pra realidade de volta! Essa é a resposta —— Eu disse.
—— Eu acho que dá pra correr —— Nancy sussurrou.
—— O quê?!
E antes que eu pudesse falar algo, Nancy me puxou para o lado e começou a correr sem parar para o caminho do estacionamento.
—— Nancy! Eu sou sedentária porra! —— Eu gritei juntando todo meu fôlego para acompanhar a garota.
E quando chegamos no estacionamento, entramos rápido no carro fechando as portas observando os guardas baterem insistentemente no vidro do carro.
—— Cassie! Porra você tá aí?! —— Oliver gritou pelo walkie-talk. —— Alerta vermelho.
—— É a Cassie, tá na escuta? —— Eu perguntei.
—— Puta merda! Me diz que vocês descobriram alguma coisa —— Oliver disse.
—— Música!
—— Alguma coisa útil, Cassie! —— O garoto gritou.
—— Não dá pra explicar! Só coloca a música favorita da Max pra tocar, ok? —— Eu disse ouvindo o silêncio do outro lado. —— Confia em mim...
E então Oliver desligou. Correndo na direção dos outros garotos no cemitério com várias fitas.
—— Kate Bush! —— Oliver disse pegando a fita com Running Up That Hill.
—— Que merda é essa? —— Lucas perguntou.
—— Não dá pra explicar, ok? —— Oliver colocou a fita dando play na música.
E então todos os garotos notaram Max Mayfield flutuar no ar, com seus olhos brancos profundos de alguém que não parecia ter consciência.
Oliver sentiu medo, um frio na espinha que impedia ele de tirar os olhos da ruiva, ao mesmo tempo que queria não ver mais, pelo medo que desse tudo errado. E naquele mínimo minuto, Oliver sentiu gotas de sangue na grama.
Tocando meu rosto de leve, sentindo seu nariz sangrar sem parar, talvez fosse todas as emoções a flor da pele, o medo de perder sua amiga... O medo da sua vida toda estar desmoronado.
O garoto não era cristão, não por vontade própria, mas naquele momento... Ele rezou a Deus que Max ficasse bem... Que ela não fosse a próxima. Oliver pediu que fosse ele no lugar da garota.
E fechou os olhos esperando o pior, até ouvir seus outros amigos suspirar aliviados e observar Max agora no chão. O garoto correu na direção pegando sua mão, Max olhou pra ele e acenou com a cabeça.
—— Eu tô aqui —— Max murmurou baixo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro