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—— A GENTE TEM UM PLANO —— Nancy disse quando descemos as escadas do porão.

—— Os estagiários da Nancy colocaram a gente como alunas destaques da faculdade de psicologia de NotreDame —— Eu completei.

—— Eu sou a Ruth, e a Cassie é a Rose —— Nancy sorriu vitoriosa.

—— Ligamos para a instituição psiquiátrica Pennhurst e conseguimos um horário —— Eu disse observando os garotos e Robin super atentos no plano.

—— Uma reunião com o diretor, talvez assim a gente consiga algo com o Victor Creel —— Nancy soltou.

—— E talvez dê pra livrar a Max da maldição —— Oliver entrou na conversa e apenas concordamos.

—— Espera, cadê o meu? —— Steve perguntou.

—— É... Você conta? —— Nancy disse olhando pra mim.

—— Você tá brincando comigo, se acha que eu vou ficar de babá de novo! —— Steve disse indo na nossa direção para o quarto da Nancy.

—— Primeiramente eles não são mais bebês, e a Max tá em perigo —— Eu disse. —— E desculpa Robin, mas eu não posso deixar todas elas no controle da Robin!

—— Tudo bem, eu não me ofendo —— Robin disse mexendo nas coisas de Nancy com curiosidade.

—— Eu podia sei lá! Ajudar vocês com esse diretor do manicômio —— Steve disse. —— Jogar o seu charme.

—— Seu charme tá bem estragado, Harrington —— Eu disse pegando as roupas no guarda roupa com Nancy.

—— Fica aqui e conversa com a Sam pelo telefone e faz o pessoal lá embaixo ficar seguros! —— Nancy disse.

—— Não dá pra conversar com a Sam! —— Steve soltou. —— Ela foi presa!

—— O quê!? —— Dessa vez foi Robin que perguntou em choque.

—— Eu não entendi muito bem, ela jogou um patins na cara de uma garota e deu uma confusão —— Steve gesticulava sem parar.

—— Ótimo! Lê uns livros de advogacia e vê se você conseguem tirar sua namorada da prisão —— Eu comentei e Steve apenas me olhou sério.

—— Veste isso —— Nancy disse me entregando um vestido rosa cheio de babados.

—— Credo, quem foi a senhora que morreu nesse vestido? —— Eu disse.

Quando chegamos na Pennhurst, observamos aquela imensa mansão e alguns pacientes no jardim. Mas aquele maldito vestido que coçava tudo em mim me fazia não se sentir impressionada, somente muito agoniada.

—— Vai demorar muito? Eu acho que vou morrer sufocada por esse monstro! —— Eu disse tentando afrouxar a gola do vestido.

—— Que monstro? —— Nancy perguntou.

—— Essa coisa cor de rosa no meu corpo! —— Eu disse fazendo a Wheeler rir e negar com a cabeça.

Sorte que Eddie Munson não estava lá, eu acho que morreria de vergonha se o garoto me visse usando aquela coisa brega e horrorosa.

—— Tem um grande processo para visitar um paciente como Victor, precisam de uma licença... Depois uma avaliação e aí então, o conselho decide —— O diretor da instituição completou. —— Vejo que estão decepcionadas, eu posso arrumar alguns pacientes de segurança baixo para vocês conversarem.

—— Seria um prazer, mas a nossa tese é para o mês que vem —— Nancy explicava.

—— Estão atrasadas —— O diretor rebateu.

—— Sim, estamos.

—— A culpa é de quem? —— Ele perguntou nós alfinetando.

—— Nossa! Completamente, e eu sinto muito mesmo... —— Nancy continuava aquele papo. Eu sabia que não importava o quanto enrolassemos em simpatia ali, não sairíamos do lugar.

Estava na hora de Cassie Willow's dar as caras.

—— Ruth não pede desculpa! —— Eu disse irritada. —— Entramos com o pedido a meses e todas as vezes foram negadas! Vir até aqui era a nossa última chance de conseguir concluir nossa tese e eu juro que não dá pra respirar nisso aqui! —— Eu disse murmurando as últimas palavras para Nancy.

—— Escuta Rose, porquê você não vai lá fora respirar um pouco, hein —— Nancy disse.

—— Eu vou mesmo Ruth! Porquê eu tô começando a achar que tudo isso foi um tremendo erro! —— Me levantei da cadeira. —— Minha pele tá irritada e meus peitos estão doendo! —— Eu disse pegando nos meus peitos sem cerimônia.

Nancy e o Diretor apenas me olharam assustados.

—— Anthony! Posso te chamar de Anthony? —— Perguntei com o papel de recomendação em mãos.

—— Claro —— Anthony disse atento ao meu "surto".

—— Ótimo! Essas roupas bregas nem são minhas! Eu peguei elas porquê queria parecer mais séria pra vir aqui —— Eu disse. —— Porque eu sei que mulheres não são levadas a sério nesse ramo.

E naquele momento, Nancy me olhou como se soubesse exatamente aonde eu queria ir com aquele papo furado.

—— Em 1978 eu estava no acampamento de verão, e meu instrutor Drew, contou uma história para toda a cabine C sobre o massacre de Victor Creel —— Me aproximei da mesa. —— Aí o pequeno Peter McHugh, você lembra do Peter não é? —— Eu perguntei para Nancy.

—— Sem dúvidas eu lembro —— Nancy mentiu.

—— Coitado do Peter, ficou se tremendo todo naquela noite, ninguém conseguiu dormir! Nem eu consegui! —— Eu disse. —— Mas não por medo! Por curiosidade de saber mais! As outras crianças queriam ser astronautas, estrelas de cinema ou jogadores de basquete... Mas eu queria ser você! —— Eu apontei para o diretor.

—— Que merda você tá fazendo? —— Nancy sussurrou baixo apenas pra mim enquanto sorria.

—— Sim, não temos uma licença oficial... Mas não olha na minha cara e diz que se o bebê chorão do Peter McHugh não teria uma cinco minutos com Victor se ele não pedisse com jeitinho —— Eu gritei. —— Porque nós dois sabemos que seria diferente!

E então o diretor me olhou espantado com minhas palavras, nem eu sabia que podia tirar tantas coisas assim da minha garganta ao mesmo tempo.

—— Cinco minutos com Victor, é só isso que estamos pedindo —— Nancy disse.

—— Tudo bem, vamos lá —— Anthony completou se levantando de sua mesa e indo em direção a porta.

—— É, você conseguiu —— Nancy disse quando estávamos sozinhas na sala.

—— Eu sempre consigo o quê eu quero —— Eu disse orgulhosa.

E então seguimos para o andar de fora, caminhando junto do diretor até às alas mais fechadas da instituição.

—— Poderíamos falar sozinhas com Victor? —— Nancy se atreveu a perguntar.

—— Sozinhas?

—— A experiência de saber que poderíamos conversar com alguém como Creel, sem outro profissional do lado... Seria muito boa para a nossa tese —— Eu disse simpática.

Anthony apenas concordou avisando o segurança que ficasse de olho em nós.

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