- 𝟎𝟎𝟗
O HOSPITAL HAWKINS estava vazio, eu odeio hospitais. O silêncio ensurdecedor e como as vezes a única coisa que você ouve são os pequenos gritos de socorro em murmura.
Eu caminhei lentamente até o quarto número 253, aonde meu pai estaria. Observando o homem deitado na cama com aparelhos que avisavam sobre cada parte do seu corpo ainda viva.
Me sentei ao lado dele sentindo a cama afundar um pouco comigo, notando seu rosto pálido e dormente. Um verdadeiro monstro em coma.
—— Eu queria que você fosse um pai melhor —— Eu murmurei em silêncio segurando sua mão.
E então meu pai abriu os olhos em questão de segundos, os aparelhos que faziam um barulho alto e ensurdecedor e sua mão fria que segurava com força a minha.
—— Cassie?... —— O homem perguntou em um murmuro. —— Eu... Eu preciso te contar uma coisa.
Eu apenas me aproximei dele em silêncio, sentindo meu coração bater forte, eu estava com medo.
—— A sua mãe... Ela não tirou a própria vida —— Ele disse forçando sua própria voz a sair.
Eu estava paralisada, eram os efeitos do remédio? Não podia ser, não mesmo. Do quê ele tava falando?
—— O quê? —— Eu perguntei baixo.
—— Ele matou ela, ele tirou ela de mim... De você —— Ele sussurrou.
—— Ele quem? —— Eu soltei da mão do meu pai totalmente em choque. —— Pai! Ele quem?
—— Henry, Henry Creel... Ele matou a Mary —— E então, Meu pai parou de falar novamente.
Os aparelhos voltaram ao normal e eu apenas observei o homem fechar seus olhos novamente, como se apenas saísse por alguns segundos do seu próprio subconsciente.
Quem era Henry Creel?
E naquele momento eu lembrei da foto, das cartas assinadas por um tal de Creel. Papai não era louco, ele só era um péssimo em esconder as coisas.
E quando decidi ir embora da sala, senti gotas de sangue caírem na minha roupa, quando coloquei a mão sobre meu rosto senti o sangue derramar sobre meu nariz. Sem parar, que agonizante.
Caminhando lentamente pelos corredores em busca de papel para o sangramento, algo me chamou mais a atenção... Um som de relógio, badaladas altas demais para um hospital. Que estranho.
Caminhando pelos corredores em busca de saber da onde vinha aquele relógio, até sentir alguém tocar meu ombro me fazendo despertar.
—— Tá tudo bem? —— Steve perguntou notando meu nariz sangrando. —— Ah droga, vamos procurar algo pra isso aí.
Quando saímos do hospital, fomos direto para a casa do Rickconha, ou melhor, atrás do Eddie de novo. Enquanto sentia o sangramento parar com os papéis no nariz até finalmente poder tirar eles.
Entrando rápido no galpão observando o garoto assutado olhando para nós do lado da janela. E então eu apenas sorri pra ele, que sorriu de volta.
—— A gente tem notícias boas, e notícias ruins —— Dustin completou. —— Qual você quer primeiro?
—— Ruim primeiro —— Eddie disse comendo sem parar uma caixa de cereais.
—— Certo. A gente ouviu o rádio da polícia de Hawkins... E eles estão procurando você —— Dustin completou. —— Aliás, eles já aceitaram que você matou a Chrissy.
—— Eles tem 100% de certeza —— Max completou.
—— A outra má notícia é que nosso pai descobriu que a Cassie tava com você, quando a Chrissy... morreu —— Oliver soltou fazendo Eddie ficar mais assutado ainda.
—— E a boa notícia? —— Eddie perguntou na direção de Oliver e Dustin.
—— Nosso pai entrou em algum tipo de coma... Então, ele não vai contar pra ninguém —— Oliver deu de ombros.
—— E o seu nome não foi divulgado ainda, nem o seu... Nem o meu —— Completei.
—— Mas se a gente sabe, é só questão de tempo até outras pessoas saberem também —— Robin completou. —— E quando isso vazar, todas essas pessoas de cabecinha fechada vão vir atrás de você.
—— Caçando um monstro... Né? —— Eddie perguntou.
—— Exatamente —— Eu respondi olhando o olhar triste e assustado do mais velho.
—— Então, antes que isso aconteça... Temos que achar o Vecna, matar ele e provar a sua inocência —— Dustin comentou.
—— Vecna? Agora ele tem um nome? —— Eu perguntei observando o garoto apenas concordar. Parecia piada.
—— Só isso, Henderson?! —— Eddie perguntou quase surtando.
—— Eu sei que parece que o quê o Eddie tá falando é muita balela —— Oliver entrou no assunto. —— Mas a gente já passou por isso antes...
—— Normalmente quem ajuda é uma garota com superpoderes... Mas ela tá na Califórnia agora e pelo jeito, não tá podendo vir pra cá com a irmã dela hein —— Steve disse citando tanto a tal Eleven quanto Sam.
—— Então, nesse momento estamos só cuspindo idéias —— Eu disse enquanto todos apenas concordavam.
—— Mas olha só, não precisa se preocupar com nada —— Dustin disse.
E então, depois de alguns minutos lá, em silêncio enquanto todos estavam em lados diferentes do galpão, eu me aproximei de Munson que bebia alguma coisa.
—— Que coisa é essa do seu pai entrar em coma? —— Eddie perguntou.
—— Longa história —— Eu disse vendo o olhar de curiosidade do garoto. —— O Oliver deu um tiro nele.
—— Cara... —— Eddie soltou em choque.
—— Ele tentou me matar... —— Eu disse. —— Ele não é um bom pai, mas... Não esperava que ele fosse tão ruim.
—— É, sobre pai ruim eu entendo —— Eddie disse tentando me confortar. Olhei pro garoto e forcei um sorriso.
—— Acho que ele me ama, mesmo... Com tudo —— Completei lembrando do hospital. Algo dentro de mim queria que fosse verdade, que ele só acordou pra me alertar... Que, ele sentia que precisava me contar porquê se importava.
—— Alguém que te ama não faria isso... —— Eddie completou meio sem graça, ele tava certo.
Apenas concordei em silêncio, sentindo o garoto aproximar sua mão da minha como forma de conforto, fazendo um leve carinho nela.
Até sermos interrompidos com barulhos de sirenes da polícia, indo em outra direção passando na frente da casa do Rick, chamando nossa atenção.
E então apenas me despedi rápido de Eddie e fui com os outros para dentro do carro, saber exatamente o quê estava acontecendo. E quando chegamos, sai do carro junto de Robin e Steve e fiquei paralisada.
Lá estava ela, Nancy Wheeler. Minha ex melhor amiga de infância junto da polícia em uma cena de crime totalmente perdida, até olhar para nós e entender.
Que aquilo aí muito mais além de algo que a polícia poderia resolver.
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