𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄 - 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐂𝐎𝐍𝐃 𝐏𝐇𝐀𝐒𝐄
NORTH DENVER
1978
o capítulo a seguir pode causar gatilhos a alguns leitores
leia com cuidado.
QUANDO A NOITE CHEGOU tudo parecia mais calmo, e do mesmo jeito ainda tínhamos medo de qualquer coisa que podia acontecer.
Finney ficava a maior parte do tempo com as mãos na minha, segurando a minha mão como se de alguma forma isso trouxesse segurança.
Quando Grabber abriu a porta mais uma vez, foi a primeira vez que Finney soltou rápido da minha mão. Observando o homem mais alto trazer comida.
—— Qual o seu nome? —— Grabber perguntou na direção de Finney.
—— Você se importa? —— Finney perguntou.
—— Não, eu sempre acabo descobrindo no jornal, eles sempre postam com uma foto bem bonita —— Grabber disse. —— Com todos os detalhes que eu possa querer.
—— E qual a diferença agora? —— Perguntei.
—— Tá complicado, tá tudo meio diferente agora —— Grabber disse. —— Bem difícil.
—— Então solta a gente —— Eu disse.
—— Eu tô pensando nisso... —— Grabber completou.
—— Eu prometo que a gente não conta pra ninguém —— Finney respondeu. —— Você pode me fendar e deixar em algum lugar longe, a gente arruma um jeito de voltar pra casa...
—— Me diz o seu nome —— Grabber completou dando um um pouco de esperança falsa pra gente.
—— É Taylor —— Finney respondeu. —— Taylor Mullen.
E então Grabber deu um passo para dentro da sala jogando toda a comida no chão, e então olhando furioso para Finney.
E depois jogando um jornal do dia de hoje na direção de nós dois, nossa foto no jornal mostrando que estávamos sendo procurados.
—— Eu estava começando a gostar de você, Finney —— Grabber completou. —— Suzie...
E novamente eu olhei pra ele, Grabber tinha algo sobre eu comer ali embaixo, era como se eu fosse a sua companhia.
Me levantei do colchão já sabendo o quê talvez fosse acontecer, Finn me olhou mais uma vez preocupado, eu sorri leve pra ele concordando avisando que nada de mal aconteceria.
(...)
Quando chegamos no andar de cima, novamente tivemos um jantar silencioso e então quando acabou eu esperei que Grabber me levasse para o porão novamente.
E então Grabber andou até a sala pegando uma corda grande, meu coração disparou enquanto ele vinha na minha direção.
—— Você não é uma garotinha levada como ele —— Grabber disse.
E então o mesmo me pegou pelo braço me arrastando até a sala, sua mão forte apertava a carne do meu braço deixando marcas vermelhas.
Me sentou sobre o chão, e então começou a passar a corda pelo meu corpo a apertando forte contra mim enquanto eu sentia as lágrimas de medo caírem.
E então ele me amarrou contra uma parte firme do sofá que estava alí. Logo Grabber colocou uma cadeira quase de frente para a porta do porão.
Tirou sua camisa e pegou um cinto de couro que estava ali, ficando em silêncio enquanto respirava pesado.
(...)
Eu tentava me soltar de todas as formas, principalmente quando Grabber começava a adormecer, porém quanto mais eu me mexia, mais apertado ficava a corda me machucando mais ainda.
Eu tentava segurar a minha respiração ofegante, toda vez que eu sentia a corda apertar a minha pele a deixando mais vermelha ainda.
E então eu parei, quando observei Finney subir as escadas em silêncio, o garoto venho até a minha direção e começou a desamarrar as cordas com dificuldade.
Quando eu pensei em falar algo, ouvi Grabber se mexer na cadeira, fazendo meu corpo arrepiar. Finney colocou o dedo indicador na frente do próprio lábio indicando para fazer silêncio, e então eu concordei.
Andamos até a a porta de trás da casa, enquanto Finney tentava abrir o cadeado na porta com a numeração 23317.
Eu observei a sala em silêncio, até que ouvi o barulho do cadeado sendo destrancado, e naquele momento Finney e eu nós olhamos e saímos correndo pela porta.
Parecia desesperador, estávamos fracos e mesmo assim usamos toda a força dentro de nós pra correr, e quando Samson começou a latir fazendo um alto barulho eu percebi que Grabber tinha acordado.
Observamos a van preta atrás de nós enquanto corríamos mais e mais, até Grabber sair da van e começar a correr atrás de nós.
Naquele momento Grabber alcançou Finney, o segurando com força sobre o chão com uma lâmina de faca no seu pescoço.
—— Se der mais um passo ou grito, eu corto a garganta dele —— Grabber disse.
—— Suzie! —— Finney gritou assustado.
Continuei parada, eu não poderia perder o Finney... Eu não queria mais perder ninguém.
(...)
Fomos arrastados de volta ao porão com alguns hematomas enquanto tentávamos fugir de lá. Grabber jogou Finney na cama que ainda estava meio desacordado.
E então Grabber segurou meu pulso com força, não me soltando por nada.
—— Eu estava enganado sobre você —— Grabber disse me arrastando para fora da sala.
—— O quê!? Não! Não! —— Eu gritei tentando soltar dele.
—— Não! Me leva no lugar dela! —— Finney gritou antes que Grabber trancasse a porta o deixando do lado de dentro.
Grabber me colocou de joelhos sobre o chão da sala, eu não sabia o quê exatamente iria acontecer... Eu tava com medo.
—— Por favor... —— Eu murmurei.
—— Eu te odeio —— Grabber completou.
Normalmente vítimas de abuso aprendem a não tomar a própria consciência no momento, parecia automático.
Era como seu não estivesse mais lá, enquanto minha pele era rasgada e sentia minha pele ser suja de todas as formas possíveis.
Fechar os olhos e imaginar outro mundo, imaginar que eu estava morta, aquele corpo não era meu... Eu não era mais eu, e estava tudo bem.
O sufocamento e a forma como o mundo podia passar devagar a cada toque, como cara movimento e cada respiração pesada podia me levar a vomitar a qualquer momento.
Na primeira vez eu senti tristeza, a depressão profunda e o nojo da própria pele, banhos ou roupas curtas eram um desafio diário. Mas dessa vez, eu não senti tristeza.
Eu senti ódio, a raiva consumiu totalmente o meu corpo com força, meu sangue fervia e eu sentia meus ossos pesados. Eu sentia falta da raiva.
Eu queria ele morto, fosse ele Grabber ou Albert Shaw, e se fosse necessário eu mesma mataria ele para conseguir o quê eu queria.
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