𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍 - 𝐋𝐀𝐂𝐊 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑
NORTH DENVER
1978
A RAIVA ela pode motivar as pessoas, a vingança principalmente, hoje não é um dia de dúvidas ou de arrependimentos, é um dia de fazer.
Quando eu voltei pro porão, eu observei Finney Blake ainda dormir no colchão, o nariz sangrando mostrando como a pancada tinha sido forte.
Me sentei no colchão observando a porta fechada e então o silêncio cair sobre a sala,
—— Desgraçado —— Finney murmurou enquanto acordava e notava seu nariz sangrar.
O garoto se sentou ao meu lado em silêncio esperando algum sinal, sem choro ou palavras, eu continuei em silêncio.
—— Ele te machucou? —— Finney perguntou preocupado.
Em silêncio eu apenas levantei às mangas do suéter dando a visão do meu pulso machucado, ele tinha me segurado contra o chão.
—— Vamos matar ele, nós vamos sair daqui —— Eu completei.
Finney apenas concordou em silêncio, a raiva no seu rosto era nítida. Nós dois estávamos furiosos com ele.
E então o telefone tocou mais uma vez, e naquele momento eu me levantei do colchão e fui em direção ao telefone atendendo ele.
—— O quê foi? Vai falar alguma coisa? —— Perguntei.
—— Você sabe quem você é? —— Finney perguntou.
—— Que merda de pergunta é essa garoto? —— Uma voz um pouco familiar tocou do outro lado.
—— Eu sou Finney Blake —— Finn respondeu.
—— Porra, muito prazer Finney Blake, vai ser aqui —— O garoto do outro lado disse. —— O fim do pesadelo que é a sua vidinha patética.
—— Puta merda... Você é o Vance Hopper —— Eu disse.
—— E você é? —— Vance perguntou do outro lado.
—— Suzanne, Suzanne Clifford —— Eu respondi.
—— Suzanne...? —— Vance perguntou, parecia confuso e surpreso, eu não pensei que veria ele novamente.
(...)
Vance Hopper foi o primeiro garoto a não duvidar da minha força, e talvez o primeiro garoto que tinha me ensinado como a raiva pode levar a gente a muitos lugares.
Em 1977 foi a primeira e talvez a última vez que eu pensei que veria ele. Naquela loja de conveniência que por algum motivo tinha uma máquina de pinball aonde você sempre o veria.
Eu costumava comprar os cigarros da minha mãe lá, então quase sempre eu via Vance Hopper jogar.
E naquele dia não foi diferente, mas tinha algo diferente no dia em si... Alguns garotos mais velhos tinham decidido mexer comigo.
—— Olá Suzizinha —— Um dos garotos disse se aproximando de mim.
Encolhi meu ombros inquieta e então me afastei dele.
—— Não precisa ficar com medo —— Ele voltou a se aproximar de mim.
—— Eu tô falando sério, não toca em mim —— Eu disse andando para trás.
—— Você é tão chata... —— Ele voltou a se aproximar. —— Sinceramente os boatos sobre você, são bem mais interessantes...
E então o garoto me empurrou para trás, e eu senti meu corpo se bater contra a máquina de pinball aonde Vance Hopper estava.
—— Você acabou com o meu jogo! —— Vance disse irritado, seus olhos foram até os meus e então notou o garoto atrás de mim.
Vance respirou fundo e então puxou o garoto para perto de si o jogando sobre uma pilha de revistas em quadrinho. Logo mais um dos amigos do garoto caminhou até Vance com uma canivete em mãos.
Vance nem se importou de ir pra cima do garoto, e chutar ele pro chão, observando o outro garoto levantar e tentar segurar ele por trás, enquanto o outro também tentava se equilibrar.
O loiro chutou o garoto para o chão novamente, fazendo com que o garoto batesse a cabeça no chão. Foi na direção do outro que tentava segurar ele por trás.
—— Nunca mais mexe comigo! —— Vance gritou dando uma cabeçada no garoto o fazendo cair no chão. E então pegou o canivete do garoto e olhou pra mim. —— Vem aqui.
Me aproximei assutada de Vance observando o garoto encima do outro que ainda estava desacordado.
—— Escreve seu nome nele, pra ele nunca mais esquecer, de nunca mexer com você —— Vance disse me entregando o canivete enquanto segurava o garoto.
Apenas concordei, enquanto escrevia Suzanne com letras um pouco fracas observando o sangue escorrer. E então se levantou bateu a cabeça do garoto sobre o chão várias vezes.
Hopper se levantou e recuperou a respiração olhou pra mim mais uma vez e então observou os policiais lá fora.
—— Não deixa eles mexerem com você —— Ele disse e então deu um espaço pra mim.
Naquele momento a raiva tinha consumido dentro de mim, algo que eu não sabia muito bem o quê era.
Mas naquele momento eu dei um chute em um dos garotos quebrando seu nariz, observando Vance Hopper orgulhoso antes da polícia entrar.
Foi a última vez que eu vi o Vance, depois disso eu descobri que ele tinha sumido, ou melhor... Sequestrado.
(...)
—— Já tentou pegar os tapetes pra chegar na janela? —— Vance perguntava pelo telefone.
—— A gente já tentou de tudo —— Finney respondeu.
—— Não, não tentaram de tudo ainda —— Vance respondeu. —— Quando o sequestrador viu o quê eu fiz, já era... Ele não teve pressa comigo —— Vance completou.
—— O quê você fez? —— Perguntei.
—— Aquele filho da mãe teve que gastar uma grana pra concertar o estrago —— Respondeu.
—— O quê você fez!? —— Perguntei de novo.
—— Eu tô chegando lá! —— Vance disse. —— Posso terminar de falar ou tem alguma coisa mais importante pra fazer?
—— Não, não —— Finney interrompeu. —— Estamos ouvindo.
—— Tem uma tomada no banheiro —— Vance disse. —— De frente pra privada.
—— É, a gente já viu —— Respondi.
—— Tem um depósito do outro lado, mas não dá pra chegar lá porquê tem um congelador gigantesco na frente —— Vance completou. —— Então vai batendo na parede meio metro acima da privada, até achar um painel e parafusos, tira eles que você vai entrar no congelador.
—— E depois a gente saí pela depósito —— Finney completou. —— Obrigado.
—— Pelo o quê?
—— Por nós ajudar... —— Finney completou.
—— Ajudar? Se liga, isso não é sobre vocês! —— Vance disse furioso. —— Suzanne.
—— Sim?
—— Lembra o quê eu te falei uma vez? —— Vance perguntou. —— Não deixa ninguém mexer com você. Acaba com ele!
O grito de Vance era de uma alma atormentada, o grito de raiva e socorro ao mesmo tempo enquanto o telefone se desligava mais uma vez.
As garrafas de refrigerante eram jogadas na direção da parede enquanto aquele grito ecoava nós nossos ouvidos uma última vez e a sala tremia.
Eu segurei a mão do Finney com força e então olhamos um para o outro, nós sairíamos finalmente dalí de um jeito ou de outro. Vivo ou mortos...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro