𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐒𝐈𝐗 - 𝐂𝐋𝐀𝐒𝐒 𝐅𝐈𝐆𝐇𝐓
NORTH DENVER
1978
o capítulo a seguir tem gatilhos de violência física e verbal.
OS DIAS passavam de forma mais lenta, e minha mente continuava me torturando com cada pensamento e mínima coisa.
Quando a manhã de outro dia chegou, o clima parecia pesado e estranho. Minha mãe tinha acabado de ser demitida do emprego em uma lanchonete em que trabalhava.
Então o antigo tempo que ela usava trabalhando, estava usando enchendo a si mesma de cigarros e bebida.
Quando o telefone tocou pela terceira vez naquela manhã no café, minha mãe andou lentamente até ele pegando o telefone com uma mão enquanto a outra tirava o cigarro da boca.
—— A Suzie está na escola! Pare de ligar! —— Ela completou desligando o telefone com certa brutalidade. —— Se continuarem ligando, eu vou quebrar essa merda.
Apenas continuei em silêncio continuando o café, observando minha mãe se sentar na minha frente na mesa com o cigarro em mãos me olhando fixamente.
—— Eu quero pare de esconder as cartas do seu pai de mim... —— Ela murmurou.
—— Eu não estou escondendo —— Menti sendo interrompida com uma batida forte na mesa que fez tudo que estava encima dela tremer.
—— Ele não é um bom homem, e se fosse... Nós não teríamos ido embora —— Ela completou continuando seu cigarro. —— Tem que parar de acreditar em todos os homens a sua volta.
—— Eu não...
—— A sua necessidade de atenção masculina vai acabar levando você em lugares ruins —— Ela completou.
Apenas abaixei a cabeça furiosa, eu odiava ela, eu sentia vontade de gritar contra a sua cara e dizer o quanto ela era ruim.
Meu pai podia ser um péssimo marido, mas ela me tirou de perto dele antes que eu pudesse saber se era um ruim, ela tirou tudo de mim.
—— Eu só falo isso, porque eu quero o seu bem —— Glenda completou se levantando da mesa e passando a mão em meus cabelos antes de ir em direção ao quarto.
(...)
Quando a aula acabou, eu caminhei em silêncio até em casa dessa vez Finney Blake também não teria como me acompanhar.
—— Olha, olha —— Algumas garotas um pouco mais velhas me pararam no caminho.
—— Se não é a Suzanne Saint Clifford —— Uma das garotas completou.
O apelido era bobo, e sinceramente qualquer um que fosse chamado de santo acharia àquilo um elogio, mas vindo delas, não era.
Eu tinha recebido esse apelido graças a fama de boazinha, elas diziam que por trás dessa cara boazinha e santa, havia uma vagabunda suja pronta para atacar.
E elas fariam de tudo para que ela aparecesse.
—— Diz pra gente, o quê fez com Yamada? —— Uma das garotas perguntou.
—— Eu acho que ela matou ele —— A outra comentou.
—— Ele deve ter tentando terminar com ela, e ela não aceitou —— Outra completou.
Eu dei um passo para trás e logo notei que estava cercada por todas as garotas presas em uma rua vazia observando todas elas sorriem pra mim.
—— Ouvimos os boatos sobre você... —— Uma delas disse.
—— Que você dormiu com o seu padrasto e é por isso que sua mãe te odeia —— A outra garota completou.
—— Me deixem ir embora! —— Eu disse tentando passar por duas das garotas que me empurraram no chão.
—— Garotas como você precisam saber dos seus limites! —— Uma delas veio para cima de mim se sentando na minha cintura impedindo que eu me movesse.
—— Você é suja Suzanne, e não merece piedade! —— A outra gritou.
E então eu fui atingida por um soco no rosto, e depois por outro e outro e mesmo que tentasse me defender com meus braços era quase impossível já que a outra garota continuava me segurando e gritando comigo.
Eu fechei meus olhos tentando manter o foco em mim mesma implorando que a dor fosse menor, até outro soco mais forte vir em direção ao meu nariz fazendo sangue derramar até a minha boca.
—— Vamos! Tem gente vindo! —— Uma das garotas gritou fazendo as outras pararem de me machucar e irem embora.
—— Vagabunda —— A garota que depositava socos em mim completou antes de ir embora.
(...)
Quando cheguei em casa observei minha mãe andando pela cozinha ainda em silêncio enquanto eu estava parada lá com um pano no nariz.
—— Deixa eu ver isso —— Ela completou tirando o pano de perto do meu rosto e observando o nariz.
E então minha mãe segurou o nariz com força me fazendo chorar de dor enquanto torcia ele sobre seus dedos.
—— Não está quebrado —— Ela completou largando dele.
Apenas concordei em silêncio voltando a colocar o pano no nariz sentindo ele dolorido.
—— Estou sem dinheiro para curativos —— Ela completou pegando uma garrafa de bebida. —— Pegue um pano com gelo e deixe aí até que ele melhore.
E então apenas concordei indo em direção ao quarto ainda tentando fazer o nariz melhorar.
Quando a noite começou a chegar, o barulho da tv da sala era quase impossível de ser ouvida graças a porta do quarto que abafava o som alto. Porém ainda assim consegui ouvir o barulho mínino da janela.
Quando andei até lá abrindo a janela me deparei com Finney Blake com uma pequena sacola branca em mãos que entrava no quarto escondido.
—— Eu ouvi meu pai falando com sua mãe pelo telefone, sobre isso —— Ele disse logo que entrou no quarto.
—— O quê você quer? —— Perguntei inquieta.
—— Te ajudar —— Finney completou.
E então lá estávamos nós, sentados no chão do quarto enquanto Finney Blake limpava o sangue do meu nariz e passava algum remédio que ajudasse.
—— Eu devia ter ido embora com você, desculpa —— Finn disse enquanto terminava de limpar.
—— Não precisa se culpar, eu devia saber me defender —— Dei de ombros.
—— Acho que nós dois —— Finn completou. —— Eu vou aprender a me defender, aí eu protejo você também.
Apenas ri baixo observando Finn me olhar com um sorriso baixo.
—— A gente protege um ao outro —— Completei fazendo Finn concordar.
E então quando Finney Blake terminou o curativo continuamos em silêncio olhando um para o outro.
Finn levou sua mão até uns fios do meu cabelo colocando eles para trás e então se aproximou do meu rosto rápido.
Senti meu coração acelerar com a aproximação do garoto, até sentir Finn beijar a ponta do meu nariz de leve e então se afastar novamente.
—— Logo vai melhorar —— Ele completou.
Apenas concordei, e depois de alguns minutos Finn pulou a janela novamente indo embora para então outro dia.
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