𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐍𝐈𝐍𝐄 - 𝐊𝐈𝐃𝐍𝐀𝐏𝐏𝐈𝐍𝐆
NORTH DENVER
1978
O TEMPO TINHA SE PERDIDO meu corpo estava dolorido e a única coisa que impedia que ele ficasse no chão gelado era um colchão velho e fino.
E então eu comecei a acordar lentamente enquanto sentia uma mão tocar o meu rosto com delicadeza.
—— Suzie? —— A voz de Finn naquele eco infinito.
—— Finn? —— Perguntei enquanto voltava a realidade terrível.
E então eu senti Finney Blake me olhar assutado e logo sua expressão mudou para algo mais calmo, o garoto venho com força para cima de mim me abraçando.
—— Eu fiquei com medo de perder você —— Finney completou m segurando entre seus braços.
—— Eu também fiquei com medo, Finn —— Completei logo que ele me soltou.
E então o barulho alto da porta foi ouvida fazendo Finney se afastar de mim, ficamos sentados no colchão velho olhando para a porta.
—— Eu sei que estão com medo, e querem voltar pra casa —— O homem alto completou, era Albert. —— Eu tive uns imprevistos aqui, como vocês podem ver.
E então ele se virou para o chão notando o cadeado quebrado e enferrujado.
—— Tenho que ficar lá encima por um tempo —— Ele completou.
—— Tem alguém vindo? —— Finney perguntou.
—— Não interessa —— Albert respondeu.
—— A polícia tá vindo? Albert... —— Eu disse tentando me levantar do colchão que foi uma tentativa falha.
—— Grabber —— Ele me corrigiu, parecia frio e assustador.
—— Eu juro que não vamos falar nada, se soltar a gente, antes deles chegarem —— Finney disse tentando negociar.
—— Não é a polícia, não —— Grabber respondeu rindo.
—— Mas é alguém? —— Finn perguntou.
—— Tem alguém vindo? —— Perguntei. —— Eu vou gritar.
—— Se tiver alguém lá encima vai escutar, e vai perguntar o quê tá acontecendo —— Finney completou.
—— Ele não vai escutar com a porta fechada —— Grabber respondeu.
—— Ele quem? —— Finn perguntou impaciente.
—— Max —— Respondi. Eu podia ver o olhar de Grabber sobre mim.
—— Com a porta fechada, ninguém vai ouvir nada, eu garanto —— Grabber continuou. —— Então pode gritar.
—— Foi você que matou ele, não é? —— Finn perguntou. —— O Robin, Bruce...
Aquelas palavras tinham me feito travar, meus olhos encheram de lágrimas e então eu olhei assutada para Grabber que notou meu sofrimento silencioso.
—— Não fui eu —— Grabber se aproximou mais de Finn. —— Foi outra pessoa.
E então eu tentei me levantar, eu estava com medo certamente e a última coisa que queria era que Grabber machucasse Finney.
—— Eu nunca vou fazer nada que vocês... —— Grabber se virou para mim e depois a Finn. —— Não gostem.
—— Se encostar em mim ou na Suzie eu vou arranhar a sua cara —— Finn disse. —— E então quem vir aqui vai perguntar o quê foi.
—— Essa cara? —— Grabber perguntou exibindo sua máscara cinzenta.
E então o silêncio caiu sobre a sala novamente, meus olhos rodaram a sala pensando em todas as possibilidades de escapatória até irem para o telefone preto no canto da sala.
—— Não funciona —— Grabber respondeu. —— Eu estava aqui quando tocou uma vez, talvez fosse só a estética... Mas mesmo assim, eu atendi, esperando que tivesse alguém.
—— Tinha alguém na linha? —— Perguntei.
—— Não —— Grabber respondeu antes de fechar a porta com força.
E então a sala ficou escura novamente, apenas com as luzes ligadas do lado de fora que ele tinha permitido para nós, pequenas lanternas de luz falha.
—— É verdade? —— Perguntei na direção de Finn. —— O Bruce.
—— Provavelmente sim —— Finney respondeu. —— E eu tenho certeza que foi ele.
Meu corpo parecia fraco, e eu sentia a ansiedade invadir meu corpo por completou.
Juntei meus joelhos até meu peito segurando eles com os braços como se tentasse me proteger da dor. E então eu senti as lágrimas caírem.
Sentindo toda a dor cair com força sobre mim como nunca tinha caído antes.
Enquanto Finn gritava sem parar por ajuda, gritando socorro aos sete ventos implorando por um sinal de ajuda, qualquer um que fosse.
Eu me sentia tola, uma burra completa por ter acreditado nele por todo esse tempo. A inocência em algum momento iria me matar, eu sabia disso.
—— Socorro! Alguém?! —— Finney gritou com a garganta quase doendo.
E então eu tampei meus ouvidos pela dor dos seus gritos enquanto chorava insistentemente não sabendo mais o quê fazer.
—— Suzie —— Finn caminhou até a minha direção.
Finney tirou o cabelo do meu rosto e então segurou meu rosto me olhando preocupado enquanto as lágrimas caíam.
—— Eu não sei o quê fazer —— Disse baixo em soluços.
Finney apenas me abraçou mais uma vez, eu podia sentir sua raiva borbulhar dentro de si. Enquanto a tristeza me consumia por completa naquele momento.
(...)
Talvez tivesse alguém lá fora nós procurando, alguém que estivesse se perguntando aonde estávamos. Nós só não tinhamos idéia disso ainda.
—— Com que roupa ela está? —— O policial perguntou para Glenda que estava na frente da própria casa.
—— Uma calça jeans escura e um suéter claro com flores —— Ela respondeu. —— Cabelos soltos e bem volumosos.
—— Você e seu marido vão separados? —— O polícial perguntou. —— Ele mora perto?
—— Jeremy mora no Kansas, é impossível que tenha sido ele... —— Glenda respondeu enquanto fumava outro cigarro.
—— Em 90% dos casos, as crianças estão com o pai —— O polícial completou.
—— E os outros 10%?
—— O quê?
—— Só estou dizendo, Suzanne não sabe aonde o pai dela mora e é impossível que ela esteja com ele! —— Ela gritou.
—— Você acha que possa existir um meio dela descobrir? —— Ele insistiu.
—— Droga! Vocês podem só procurar a minha filha! —— Ela gritou jogando o cigarro no chão já descontrolada.
—— Senhora Clifford tem que se acalmar —— O polícial insistiu.
—— Não! Eu não posso! —— Ela gritou.
—— Vamos mandar que a polícia do Kansas vá até a casa do seu marido e veja se Suzanne está lá —— O policial completou.
—— Vocês estão perdendo o tempo de vocês, ela não está com Jeremy! —— Glenda gritou de novo sendo ignorada.
Naquela noite estranha, Glenda e Terrence mal conseguiram dormir pensando aonde estavam seus filhos.
E a polícia mal conseguia descansar se perguntando o mesmo, aonde estavam todos aqueles jovens que haviam desaparecido. Quem estava fazendo isso e porquê?
Lá no fundo, Gwen Blake sabia, os seus sonhos sabiam muito bem o quê talvez tinha acontecido. Ela só precisava se concentrar e então ela acharia, ela nos acharia...
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