𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐅𝐈𝐕𝐄 - 𝐌𝐈𝐒𝐒𝐈𝐍𝐆
NORTH DENVER
1978
BRUCE YAMADA tinha desaparecido a mais de uma semana e desde o seu sumiço não tinha um mínimo sinal do garoto.
Eu não conseguia comer, dormir ou viver como uma pessoa normal sem torturar a minha própria mente com todas as possibilidades possíveis do quê poderia acontecer.
Os pais de Bruce não tinha desistido ainda, com razão... E mesmo que a polícia falasse que as investigações estavam indo de forma sigilosa, ainda estávamos colando cartazes por toda Denver na esperança de um mínino sinal ou pista.
Eu ainda tinha que seguir em frente, mesmo que minha mente continuasse na última vez que nós vimos, eu ainda tinha que ir a escola.
Parecia que todos ainda viviam normalmente, eu me sentia a estranha.
—— Eu vou continuar com o meu plano de casar com o Danny Bonaduce —— Gwen disse se referindo a uma série de televisão, enquanto caminhamos em direção a escola.
—— Você não vai casar com ninguém da família Doremi —— Finney respondeu.
—— E você não vai casar com a Suzie! —— Gwen sussurrou tão baixo que quase foi impossível de ouvir, e então Finney deu um empurrão leve na irmã.
Enquanto voltamos a atenção as ruas, observando outro cartaz de Bruce Yamada recém preso em um papel colado na grade de mais uma casa.
—— Esse é novo —— Finney comentou.
—— O Sr. Yamada está espalhando de novo —— Eu respondi observando o rosto de Bruce no cartaz que me fazia revirar, me perguntando quando nós veríamos outra vez.
E naquele momento eu apenas voltei a andar indo em direção a multidão de pessoas mais a nossa frente esperando que os irmãos Blake me acompanhasse.
—— Você não acha que vão achar ele não é? —— Finn perguntou a própria irmã.
—— Não do jeito que eles querem... —— Gwen respondeu e então voltou a andar na minha direção.
—— Briga! Briga! Briga!
A voz de vários pré adolescentes era ouvida um pouco mais longe, quando corremos para perto observar a multidão de pessoas, notamos Robin Arellano junto de Moouse entre a multidão.
—— Eu vou te quebrar igual taxinha, seu mexicano magricelo! —— Moouse completou furioso.
—— Vem então —— Robin completou. —— Ou você tá com medo?
E então Moouse foi na direção de Robin mas logo foi atingido caindo para trás, e quando foi na direção dele novamente foi recebido com um chute que o fez cair sobre o chão.
E então Moouse foi recebido com vários socos até finalmente o seu rosto sangrar.
—— Vem, vamos embora —— Finney completou chamando a minha atenção e a da Gwen.
—— Você viu? O Robin acabou com o Moouse! —— Eu disse.
—— Ele é o maior babaca da escola! —— Gwen disse.
—— Eu não tô nem aí —— Finney completou, claramente não querendo falar da agressividade do amigo.
—— Ele tirou sangue do seu nariz ano passado! —— Gwen completou fazendo Finn olhar surpreso.
—— Gwen!
—— Ele mereceu —— Eu disse.
—— Ninguém merece àquilo... —— Finney rebateu.
—— Finney ele bateu em você! —— Gwen explicou.
—— Eu sei! Eu tava lá, lembra? —— Finn completou.
—— Ele foi burro de puxar briga com o Robin, ele é o garoto mais forte da escola desde que o Vance do pinball foi sequestrado —— Gwen deu de ombros.
Sequestrado, Deus, aquela palavra me dava um arrepio terrível e só de pensar na possibilidade... Eu já entrava em pânico.
—— Dá pra não falar assim —— Finn completou.
—— O quê? Todo mundo chama ele de Vance do pinball —— Gwen disse.
—— Não, a outra palavra —— Eu completei andando mais rápido e me afastando dos irmãos Blake.
(...)
As aulas de ciências eram um saco total, e meu único colega de aula não estava lá, parecia que ele fazia parte de 100% da minha rotina e não ter ele alí desmoronava tudo.
—— Poderíamos falar com a Suzanne Clifford, por favor? —— A diretora chamou a atenção de todos na sala com seu olhar na minha direção.
—— Você sabe nós dizer quando foi a última vez que viu Bruce Yamada? —— O Miller perguntou novamente.
—— Eu já falei! —— Eu respondi. —— Eu já perdi as contas de quantas vezes vocês me chamaram pra me interrogar!
—— Suzanne, só precisamos ter certeza —— Detetive Rith completou.
—— Certeza do quê? —— Perguntei. —— Que o Bruce Yamada foi sequestrado e vocês não fazem a mínima idéia da onde ele tá?
—— Suzanne Clifford! —— A diretora chamou minha atenção.
—— É a mais pura verdade! —— Eu disse. —— Sabe, deveriam falar com Gwen Blake, já que ela tem uns sonhos bizarros e deve saber de algo!
E então eu peguei minha mochila e saí da sala notando a movimentação nós corredores avisando que a aula estava acabando.
(...)
—— Eu vi massacre da cerra elétrica ontem —— Robin completou enquanto terminava de fazer o seu curativo.
—— Esse filme não é pra minha idade, meu pai nunca me deixaria ver —— Finn respondeu.
—— Mas cara, aquele filme é o melhor de todos! —— Robin defendeu.
—— Melhor até que Operação dragão? —— Finn perguntou.
—— Ok, o segundo melhor filme —— Robin completou.
—— De repente passa na tv —— Finn deu de ombros.
—— Aí você assiste —— Robin completou. —— E chama a Suzie pra ver também.
—— A Suzie? —— Finn perguntou sentindo seu rosto esquentar.
—— É, você gosta dela, não é? —— Robin perguntou.
—— Da Suzanne?
—— Tem outra Suzanne Clifford na cidade e eu não sei? —— Arellano riu. —— Ela é legal.
—— É, ela é muito legal —— Finn sorriu e negou leve com a cabeça despertando novamente.
—— Devia falar pra ela —— Robin propôs. —— Que gosta dela.
—— Não, você sabe... O Bruce —— Finney deu de ombros.
—— É, eu esqueci por um segundo —— Robin completou.
(...)
Quando as aulas acabaram eu estava andando sozinha pelas ruas de Denver novamente, sentindo a brisa fria da noite que logo chegaria.
—— Eu posso te acompanhar? —— Finn perguntou vindo ao meu lado.
Apenas concordei em silêncio e então permaneceu assim até que eu fosse a primeira a chegar em casa.
Observando outro cartaz de Bruce Yamada pelo caminho, esse era um pouco mais antigo. E então meu coração novamente se colocou a bater forte com ansiedade.
—— Finn.
—— Sim?
—— Eu posso te abraçar? —— Perguntei logo que paramos na frente da minha casa.
Finney Blake apenas concordou rápido e então me aproximei do garoto juntando nossos corpos em um abraço forte.
Fechei meus olhos apertando mais Blake contra mim, sentindo a vontade de chorar imensa e a tristeza maior ainda.
—— Eu sinto muito Suzie... —— Finney sussurrou.
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