Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝐱𝐯𝐢𝐢. the end of the war

─ CHAPTER SEVENTEEN
o fim da guerra.

BELLA SENTIU UM GRANDE ARREPIO ao adentrar no grande castelo. Seus olhos percorriam todo o pátio, olhando as estátuas uma por uma e se espantando a cada segundo que passava. De fato não eram só os poderes de gelo que a feiticeira possuía, seu coração provavelmente era feito da pedra de gelo mais pesada e gelada de todos os tempos. Ela arfou assustada assim que viu um grande leão congelado, com a boca escancarada. Trancou um grito e passou bem distante dele.

── Que lugar estranho!── comentou Lúcia e Bella assentiu nervosa, concordando.── Quantos bichos de pedra! E gente também! Parece até um museu!

── Eu costumava gostar de museus, mas agora…

── Psiu!── fez Susana, interrompendo a Evans.── Olhe o que Aslan está fazendo.

Aslan aproximou-se do leão de pedra que Bella havia visto há algum tempo e soprou em seu rosto. Deu meia-volta, como um gato querendo agarrar o próprio rabo, e soprou também sobre o anão de pedra. Saltou sobre uma grande dríade de pedra, voltou-se rapidamente para um coelhinho petrificado à direita, correu para dois centauros.

── Susana, Bella! Olhem o leão!── exclamou Lúcia, animada.

Já viu alguém aproximar um fósforo aceso a um pedaço de jornal num fogão de lenha? Parece no princípio que não aconteceu nada; depois, você nota uma chamazinha fraca na beirada do papel. Aconteceu uma coisa muito parecida. Durante os primeiros segundos, depois do sopro, o leão de pedra ficou igualzinho. Depois, um fio dourado, muito fraquinho, começou a andar por seu corpo branco de mármore e foi aumentando. Daí a pouco, a cor lambia as costas do leão como o fogo lambe um pedaço de jornal.

Por fim, enquanto as patas traseiras continuavam de pedra, o leão sacudiu a juba, e as pesadas ondulações marmóreas que o cobriam ficaram encrespadas, já transformadas em pêlo. Escancarou então a grande boca vermelha, quente e viva, num impressionante bocejo. E já as patas traseiras voltaram à vida. Levantou uma e coçou-se. Vendo Aslan, correu para ele aos pulos de pura felicidade, lambendo o rosto do Rei.

E as estátuas voltaram à vida por todos os lados. O pátio já não parecia um museu: era um jardim zoológico. Seres de todos os tamanhos, de todas as formas, corriam atrás de Aslan, dançando em torno dele.

Desaparecera a brancura de morte:
o pátio era festival de cores, com dorsos lustrosos e castanhos de centauros, chifres anilados de unicórnios, plumagens deslumbrantes, o pardo-avermelhado das raposas, cães, sátiros, meias amarelas e capuzes vermelhos de anões. E espíritos de bétulas em túnicas de prata, espíritos de faias envoltos num verde fresco e transparente, espíritos de vidoeiros vestidos de verde tão brilhante que quase parecia amarelo.

Sumira o silêncio de cemitério; o pátio ressoava com um som alegre de rugidos, zurros, latidos, uivos, grunhidos, arrulhos, relinchos, gritos, canções e risos.

Bella sorriu largamente, vendo que havia sido uma boba por ficar com medo. O outro leão até chegou próximo de si e lambeu seu rosto, fazendo a menina gargalhar alto e o abraçar. Lúcia era rodeada por algumas raposas, estas que exclamaram em êxtase ao ver a pequena rainha.

── Ah-ah!── gemeu Susana, num tom diferente.── Olhe, você acha que isto é seguro?

Bella e Lúcia olharam e viram que Aslan soprava os pés de um gigante de pedra.

── Está tudo bem.── gritou Aslan alegremente.── Quando os pés estão corretos, todo o resto os acompanha.

── Não era isso que eu estava querendo dizer.── murmurou Susana para Bella.

Mas era tarde demais, mesmo que Aslan tivesse entendido. A força da vida já subia pelas pernas do gigante. Ele mexeu os pés. Levantou o cajado que tinha encostado ao ombro. Esfregou os olhos e disse:

── Que foi isso? Devo ter dormido demais! Ah! Onde está aquela feiticeira de uma figa?

Tiveram de explicar ao grandão tudo o que havia acontecido. Levou a mão à orelha e fez com que repetissem tudo, até ouvir e entender bem. Depois, inclinou a cabeça à altura de um monte de feno e tirou o boné a Aslan, muitas vezes, com o carão a resplandecer de alegria.

Os gigantes – de todas as raças – são tão raros hoje que há poucos com boa aparência; aposto dez contra um que você nunca viu um gigante com o rosto resplandecente. Mas, pode estar certo, vale a pena ver.

── E agora é lá dentro!── disse Aslan.── Todo mundo de olho bem aberto. Busca rigorosa em tudo! A gente nunca sabe onde pode estar escondido um pobre prisioneiro.

Foi uma correria. Durante alguns minutos, aquele horrendo castelo, velho, escuro e mofado, ressoou com o ranger das janelas que se abriam e com o eco de vozes que gritavam ao mesmo tempo:

── Não se esqueçam dos calabouços!... Quem me ajuda a arrombar esta porta?...
Aqui tem outra escada de caracol... Olhem o coitado do canguru!... Chamem Aslan...
Puf, que abafamento!... Será uma porta falsa?... Tem um bando imenso aqui em cima!...

Mas o melhor de todos os momentos foi quando Bella e Lúcia subiram as escadas gritando:

── Aslan! Aslan! Achamos o sr. Tumnus! Depressa, por favor!

Bella o abraçou com tanta força que o fauno chegou a ficar sem ar certa hora. A Evans pediu desculpas umas cem vezes até aceitar que o tudo bem dele significava que realmente estava tudo bem.

Daí a pouco, Lúcia e o pequeno fauno, de mãos dadas, dançavam de alegria. Apesar daquela temporada triste de estátua, ele era ainda o mesmo, muito interessado nas coisas que a menina tinha a contar.

Até que a busca na casa da feiticeira chegou ao fim. O castelo estava vazio de todo. Pelas portas e janelas abertas, entrava a luz, e o ar perfumado da primavera insinuava-se até nos cantos mais escuros e feios. A multidão de ex-estátuas voltou ao pátio. Foi aí que alguém (o sr. Tumnus, se não me engano) se lembrou de perguntar:

── Mas como iremos sair daqui?

Aslan entrara de um salto; os portões ainda permaneciam fechados.

── Sou o gigante Rumbacatamau, às suas ordens.── disse ele, tirando o boné.

── Pois muito bem, Sr. Rumbacatamau; pode ajudar-nos a sair daqui?

── Com muito prazer.── disse o gigante.── A miudagem (isto é, os pequeninos) que se afaste dos portões!

Então avançou para os portões e se ouviu o tan-tan-tan do cajadão. Os portões chiaram ao primeiro golpe, estalaram no segundo, estremeceram no terceiro. Depois, o gigante arremessou-se contra as torres ao lado dos portões; apertou-as e sacudiu-as tanto, durante alguns minutos, que elas, junto com pedaços de muralhas, caíram estrondosamente. Era estranho estar naquele pátio de pedra e olhar pela abertura, e ver a relva lá fora, as árvores balançadas pelo vento, os riachos cristalinos, as montanhas azuis e o céu.

── Macacos me mordam se não estou suando em bicas!── disse o gigante, ventando como uma locomotiva das grandes.── Falta de treino é isso! Alguma das mocinhas aqui presentes terá, por acaso, aquilo a que dão o nome de lenço?

── Eu tenho.── gritou Lúcia, pondo-se nas pontas dos pés e levantando o lenço o mais que pôde.

── Obrigado, menininha.── disse Rumbacatamau, inclinando-se para apanhá-lo.

Lúcia levou um dos maiores sustos de sua vida ao sentir-se levantada no ar, como num elevador de obra, entre os dois dedos do gigante. Já estava para tocar no rosto dele quando o gigante deu uma freada brusca e voltou a colocá-la no chão, com muito cuidado, murmurando:

── Mil perdões! Foi engano meu; agarrei a menina pensando que era o lenço.

── Não tem importância.── disse Lúcia, rindo.── Aqui está o lenço.

Desta vez, o gigante conseguiu apanhá-lo, mas o lenço era tão pequeno para ele como é para nós um chiclete. Quando a menina o viu esfregando solenemente o lenço de um lado para outro na carantonha vermelha, exclamou:

── Sinto muito... o lenço é tão pequenininho... não vale quase nada, Sr.
Rumbacatamau.

── Pelo contrário, pelo contrário.── respondeu o gigante, com delicadeza.── Nunca vi um lenço tão distinto... tão jeitoso... e tão... e tão... nem tenho palavras…

── Pra um gigante ele até que é bem simpático!── Bella comentou ao pé do ouvido do sr. Tumnus, este que deu uma risadinha curta.

── Ah, simpático ele é!── replicou o fauno.── Os Catamaus sempre foram assim. Eram uma das famílias de gigantes mais estimadas em Nárnia. Nunca foram lá muito inteligentes (pelo menos, nunca vi um), mas, sem dúvida alguma, uma das famílias mais antigas. Com muita tradição, compreende. Aliás, se não fosse isso, a feiticeira não ia se dar ao trabalho de transformar um Catamau em pedra.

Aslan bateu as patas e pediu silêncio.

── A nossa tarefa do dia ainda não acabou. Se quisermos derrotar para sempre a feiticeira antes de anoitecer, teremos de encontrar já, já o campo da batalha.

── E espero poder travá-la, senhor!── falou o centauro-maior.

── É! Vamos acabar com aquele pedaço de papel humano!── Bella exclamou animada e recebeu algumas risadas em resposta, fazendo a garota sorrir.

── Evidente!── concordou Aslan.── Avante! Os que não podem acompanhar a marcha (crianças, anões e bichos menores) vão às costas dos outros (leões, centauros, unicórnios, cavalos, gigantes e águias). Nós, os leões, vamos na vanguarda, e os que têm o faro apurado vão conosco, ajudando a localizar o campo de batalha. Depressa, todos a postos!

Com grande alegria e bastante barulho, todos obedeceram. Mas quem estava inchado de contentamento era o outro leão, que corria de um lado para outro, fingindo-se muito atarefado, só para ter a oportunidade de repetir a cada um que encontrava:

── Ouviu o que ele disse? Nós, os leões! Ele e eu! Nós, os leões! Por aí você vê por que eu gosto tanto de Aslan. Não se põe lá em cima, não é de bancar o importante. Nós, os leões! Ele e eu!

E só parou quando Aslan colocou em cima dele três anões, uma dríade, dois coelhos e um ouriço. Aí, ficou um pouco mais calmo.

Bella subiu junto a Lúcia e Susana nas costas de uma águia, que fez a maior questão de levar as futuras rainhas.

Quando estavam todos prontos (foi um grande cão de guarda que ajudou o Rei a colocá-los em forma), saíram pela abertura feita na muralha. A princípio, os leões e os cães iam farejando em todas as direções, até que de repente um cão encontrou um rasto e soltou um latido.

Não perderam mais tempo.

Cães, leões, lobos e outros animais de guerra partiram a toda a velocidade, de nariz no chão, enquanto os outros, coitados, em fila quilométrica, iam seguindo como podiam. O barulho lembrava uma caça à raposa, só que era muito maior. Rugia o leão e, mais aterrador, rugia Aslan. A velocidade aumentava à medida que o rasto se acentuava.

Ao chegarem à última curva, num vale estreito e sinuoso, Bella ouviu um ruído que dominava os outros todos: um ruído que a fez estremecer por dentro. Eram gritos e uivos e o choque de metal contra metal. Ela engoliu em seco e segurou com mais firmeza nas penas da águia (que a pouco descobriu que se chamava Judith), sentindo seu coração palpitar rápido e desesperar-se. Esperava de coração que Pedro, Edmundo e o restante dos narnianos estivesse bem. Segurou com força seu colar, sentindo que brilhava. Ele parecia prever o perigo.

Ao saírem do vale, viram logo do que se tratava. Pedro, Edmundo e todo o resto do exército de Aslan lutavam desesperadamente contra uma imundície de gente, seres hediondos, como os da véspera. À luz do dia, eram ainda mais estranhos, mais malignos e monstruosos. E pareciam mais numerosos.

O exército de Pedro – de costas para ela – parecia uma brincadeira. E havia estátuas espalhadas por todo o campo de luta: a feiticeira certamente usara sua varinha. Mas agora ela lutava com o grande facão de pedra. E era com Pedro que lutava, os dois com tal fúria, que Bella mal conseguia ver o que se passava. Só via o facão e a espada cruzarem-se com grande rapidez como se fossem três facões e três espadas. Os dois estavam no meio exato do campo de batalha. De um lado e outro, as fileiras dos combatentes. Não havia lugar onde os olhos não vissem coisas de arrepiar.

Aslan e o outro leão corriam mais a frente, logo chegando no topo de uma pedra pontuda. Os outros animais ficavam nos montes ao lado enquanto as águias rodeavam o céu, dançando em meio ao vento. E Aslan rugiu mais alto do que de costume, atraindo olhares surpresos de seu exército e olhares apavorados do exército da feiticeira. Bella, em cima de Judith, gritou bem alto um "ENGULAM ESSA, FRACOTES!", o que não passou despercebido por ninguém do campo. Pedro, ainda extremamente surpreso, saudou uma continência.

Não demorou muito para a batalha retornar e a feiticeira voltar a atacar Pedro. Judith desceu no meio do campo de batalha, fazendo as irmãs Pevensie descerem.

── Pegue, minha rainha.── um centauro disse, chamando a atenção de Bella. Ele lhe estendia um arco e uma aljava lotada de flechas.── Talvez vá precisar.

Bella sorriu satisfeita e agarrou as armas.

── Farei o meu melhor. Avante, Judith!

E retornaram a subir. Bella atirava flechas a cada segundo que se passava, errando algumas e acertando muitas. Acertou muitos anões e minotauros e Judith também lhe ajudava, muitas vezes pegando um membro do exército inimigo e o levando muito ao longe, o soltando numa distância fatal.

Sentia sobre seu peito o colar brilhar uma luz roxa escuro. Seus olhos castanhos estavam à procura da feiticeira, encontrando-a ainda duelando com Pedro.

E foi aí que viu a feiticeira passar o facão na perna do Pevensie, fazendo-o cair e, em seguida, enfiando a espada em seu braço. Bella sentiu uma enorme fúria dentro de si, seu coração palpitava rápido e suas mãos tremiam. Guiou Judith para próximo dos dois, a águia perguntava se era realmente o certo a se fazer mas Bella nada respondia, permanecia olhando com os olhos fixados na cena. Nunca havia sentido tanta raiva em sua vida e não sabia se chorava ou se gritava. Havia visto a pouco tempo Aslan ser morto a sua frente. Não estava animada para ver mais um dos seus morrer.

── Avançe nela que eu irei pular. A desestabilize, assim ficará sem o facão e será mais fácil de atacá-la.── ordenou Bella.

── Como tem certeza de que isso dará certo, minha rainha?── questionou a águia.

── Confio nos livros de aventura e fantasia que já li.── respondeu simples, colocando o arco na aljava e pegando seu punhal, o apertando com força.

E aconteceu como o plano de Bella previa. A águia atacou a feiticeira antes que ela matasse Pedro. Assim que Jadis voou para trás, caindo de costas a alguns metros, Bella pulou mas Judith voltou a voar, voltando a atacar os membros do exército inimigo. A Evans suspirou pesadamente e correu até a feiticeira, segurando em seu pescoço. Jadis, nervosa, levou suas mãos até as mãos da menina e olhou-a profundamente. Os olhos da feiticeira não exalavam nada mais do que ódio e desgosto, Bella não era diferente.

── Ora, ora, ora se não é a salvadora.── disse entredentes. Bella apertou ainda mais suas mãos em seu pescoço.── E não é que é verdade? Irá me matar, como a profecia manda. Seus pais estariam tão…

── Não ouse falar dos meus pais.── ela disse lentamente, se segurando para não chorar. Com isso, Bella intensificou o aperto e viu que fios de cor azul intensa surgiam ao pescoço de Jadis, mas, mesmo assim, ela não parou. Sentia raiva demais para parar.── Eu perdi tudo por sua causa! Meus pais morreram, eles se foram, eu poderia ter tido uma boa vida com eles, poderia tê-los conhecido! Mas você os matou… a sangue frio! Como que você não possui um pingo de empatia?

── Empatia é para os fracos, querida. O poder absoluto é muito mais importante. E pare com esse showzinho, foi você quem tirou tudo de mim! Eu poderia ter sido uma deusa! Poderia ter governado esse lugar e ter vencido a muito tempo, mas você atrapalhou meus planos, com aquela profecia ridícula.

── Eu era uma criança, perdi os meus pais e Zu se sacrificou por mim. Eu não tive culpa de nada, você fez seu próprio destino.── e sorriu sem emoção alguma, pegando seu punhal e o retirando de seu bolso. O ergueu no ar e suspirou profundamente.── Acabou. Você nunca mais irá tirar a família de ninguém como fez comigo!

E enfiou a espada no coração dela, vendo seus olhos perderem o brilho e ela perder o próprio movimento. As linhas azuis do pescoço da feiticeira se conectavam ao punhal, parecia intensificar a força, o que assustou a garota. Sangue jorrava de onde Bella havia a ferido e logo Jadis caiu morta. Tudo estava acabado. Nem Bella acreditava ainda. Não tinha percebido que chorava mas só o notou quando arrancou o punhal do coração dela e se afastou depressa do corpo falecido, se encolhendo e abraçando os próprios joelhos, escondendo o rosto ali e passando a chorar copiosamente. Sentia cada nervo de seu corpo vibrar e seu coração doer. Nunca separava que mataria alguém. O pior que não havia sido uma pessoa, haviam sido várias. A sensação não era nem um pouco boa.

Ela percebeu que braços lhe rodearam e ela apenas deixou-se ser levada pelo carinho, escondendo o rosto no peito de quem quer que fosse. Sentiu ser beijada no topo da cabeça. Em momento algum parou de chorar mas, após alguns segundos, ela ergueu o rosto e encontrou os olhos azuis de Pedro. Eles pareciam bem mais cintilantes ali, talvez fosse porque ele também havia chorado. Ele sorriu pequeno e Bella apenas segurou em seu rosto, como se decorasse tudo em sua face. Ele fechou os olhos, parecendo aproveitar o toque, puxando a garota mais para si e encostando suas testas.

── Pedro, eu a matei…── ela estremeceu, continuando a chorar.

── Shh. Está tudo bem. Era preciso e você fez o certo. Não se preocupe, Bella tudo acabou! A tristeza se foi e agora a alegria está se instalando aos pouquinhos.── ele sussurrou, voltando a abraçá-la.

── Pedro, Pedro ── escutaram a voz de Susana, preocupada e se separaram relutantes, vendo que Lúcia e Susana se aproximavam aos tropeços e Aslan os observava.── Onde está Edmundo?

── Droga.── ele praguejou, parecendo lembrar do irmão. Pareceu ficar nervoso de repente.── Está machucado mais para frente… Bella, você se importa se eu…

── Claro que não. É o seu irmão, ele é mais importante e, pior, está machucado.── ela fungou.── Vá logo! Alcanço vocês num segundo!

E ele correu junto de Lúcia e Susana até onde jazia o corpo de Edmundo.

Bella ainda chorava, tentando fazer suas mãos pararem de tremerem. Ela olhava para suas próprias mãos como se fossem aberrações horrendas. Nada parecido com aquilo havia acontecido desde o incidente no lago congelado, era como se aqueles poderes houvesse sumido de seu corpo mas aparentemente não era tão simples assim.

── Não tenha medo, minha querida.── a voz solene de Aslan a acordou do pequeno surto, fazendo-a erguer a cabeça encará-lo.── Se lembra que eu lhe disse que haviam poderes adormecidos em seu interior? Pois bem, aí estão eles.

── Como assim?── perguntou, assustada.── No lago congelado eles estavam diferentes.

── Não, não estavam.── respondeu, suspirando e se aproximando da menina.── Bella, agora que eu percebo, na verdade já desconfiava mas tinha que ter certeza. Creio que não tenha visto mas, ao canto da floresta, algo emanava magia. Foi isso que assustou a feiticeira e que também me assustou, e quando estava no acampamento. O espírito de Zu-El estava te protegendo.

── Espírito? Mas ele não era um dragão?

── Sim, ele é mas não acha mesmo que ele sumiria do nada, não é? Afinal, quem acha que te salvou no lago congelado quando estava prestes a morrer?── Bella nada disse, apenas olhava para Aslan, chocada demais para dizer algo.── Zu-El te segue e te protege desde que colocou os pés em Nárnia, claro que não se intrometia porque sabia que você tinha imensa capacidade para lutar sozinha. E também porque eu pedi, deveria provar que estava pronta para assumir tal responsabilidade de possuir a joia. No lago não houve escapatória, ele teve de distrair a feiticeira para te ajudar.

── E por que ele faria isso?

── Bella, você é a escolhida. A guardiã escolhida por Zu-El para proteger sua pedra e usá-la da maneira correta. Já houveram muitos guardiões mas…

── Nem todos os guerreiros agiram de forma correta, alguns deles escolheram caminhos errados, caminhos tortuosos.── disse sem pensar, como se aquelas palavras já estivessem destinadas a serem ditas por si.── Aquela… aquela voz me disse isso. Quando eu estava afundando, ela apareceu, explicando sobre isso e dizendo que estava orgulhosa de mim, de que Zu-El estava feliz. Disse que eu poderia ter me tornado a feiticeira e me juntado as forças do mal ali mesmo mas não o fiz, ajudei meus amigos.

── De fato ela estava correta. Você possui a pedra de Zu-El, o dragão mais poderoso existente em todos os mundos e reinos, até o mais ignorante se curvaria perante ele. Em sua terra, ele é um deus, o espírito que organiza e manda nas estrelas. Em seu sangue, Bella, corre poderes inimagináveis e desconhecidos. Alguns possuem medo de até onde seus poderes possam ir. Terá de aprender sobre si mesma, sobre sua verdadeira história, sobre seus destino e sobre seu passado.

── Mas, Aslan você já não me contou tudo isso há dias? Sou uma draconis, filha de Alambil e Tarva, o senhor da vitória e a senhora da paz. Quando nasci uma profecia surgiu sobre mim, amedrontado a feiticeira e fazendo-a atacar Draconis. Ela aniquilou muitos e aqueles que sobraram fez dele seus escravos. Eu fui enviada a terra para ser protegida, mas, há uns dias, reapareci por aqui. Para salvar Nárnia das garras da feiticeira, junto a Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, os quatro filhos de Adão.

── Não falo especificamente de você, querida e sim dos seus poderes. Precisa controlá-los. Não ache que os poderes de Zu-El são apenas isso que você tem tido espasmos para usar, eles são muito mais do que isso. Bella, eu como conhecedor da magia profunda, consigo ver uma enorme onda de poder emanar de você, emanar do colar. Precisa aprender a controlá-los.

Ficando em silêncio por um tempo, a futura rainha suspirou profundamente, se levantando. Ela encarou um pouco acima de Aslan, já que não tinha coragem de encarar seus olhos, achava que ninguém teria num momento como aquele.

── Prometo tentar.── ela disse, sorrindo muito fraco e levantando a mão a testa, em continência.── Palavra de escoteira.

Aslan riu e se aproximou ainda mais da garotinha, lambendo seu rosto. Bella sentiu uma lufada de ar atingir seu rosto que não fez nada além do que cócegas, fazendo-a soltar risadinhas.

── Sei que ainda é uma criança e talvez não saiba como fazer isso ou ache que é muito mais do que possa suportar. Lembre-se, Bella, que a confiança vale muito mais do que qualquer outra coisa. Você tem amigos que podem te ajudar e sei que irão, não precisa fazer tudo sozinha. Tem com quem contar.── ele parecia sorrir.── Agora, esqueça isso por um momento, sim? Vá ficar com seus amigos e comemorar o fim da guerra.

Bella apenas assentiu, ainda duvidosa. De fato aquela conversa havia acalmado-a, suas mãos já não tremiam mais mas seus olhos estavam inchados de tanto chorar e suas bochechas muito molhadas. Ela suspirou e passou as mãos pela roupa, fazendo uma nota mental que precisava de um banho urgentemente.

Ao avistar os quatro irmãos Pevensie se separando do abraço, Bella correu até eles e abraçou Edmundo com força. Ele retribuiu no mesmo aperto.

── Está tudo bem?── ela perguntou num sussurro, beijando o ombro do rapaz e abraçando com mais força.

── Eu que te pergunto.── ele rebateu, se separando dela. Ele a encarava muito animado.── Pedro disse que você matou a feiticeira!

Ela apenas sorriu e deu de ombros, fazendo Edmundo rir.

Todos se viraram e presenciaram Aslan descongelar um de seu exército. Lúcia, já entendendo o recado, se levantou rápido para ir ajudar aos outros com seu suco da flor de fogo. Bella abraçou o restante dos irmãos umas duas ou três vezes.

Finalmente tudo estava acabado.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro