ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝐱. santa claus
─ CHAPTER TEN
o papai noel.
UMA NÉVOA BRANCA A RODEAVA, parecia estar dentro de um furacão ou coisa do tipo. Estava atordoada e virava-se para todos os lados, como se tentasse encontrar um meio de socorro. Suas mãos já começaram a soar mas tentava se manter estável, sem surtar. Não tinha um bom passado com sonhos e muito menos pesadelos. Por um segundo ela parou e fechou os olhos, tentando concentrar-se que aquilo era apenas um sonho mas nem deu tempo de pensar em nada já que escutou seu nome ser proferido:
── Bellatrix…── a voz parecia muito distante, nem pareciam estar no mesmo local mas Bella ainda a escutava. Era uma voz feminina.── Bellatrix… finalmente em casa, minha querida.
── Quem… quem está aí?── se amaldiçoou por ter gaguejando, não queria parecer patética.
── Ah, você sabe quem eu sou.
── Se eu soubesse não estaria perguntando.── rebatendo.
── Língua afiada… como Dominic mas bela como Alambil. Isso não foi um trocadilho com seu nome.── a voz riu sozinha.── Só não tenha medo do futuro, Bellatrix. Aslan tem algo guardado para você e, bom, confie nele. Ele é uma boa pessoa e a essa altura sei que se pergunta se ele é realmente confiável, já que estas se esforçando tanto para acreditar nele. Ele é muito mais que confiável.
── Olhe, quem é você e por que acredita tanto em Aslan?
── Ele me salvou. Me retirou das ruínas e me deu uma missão. Ele irá te explicar tudo mas venho aqui lhe informar para não ter medo. E em relação a quem eu sou, você em breve saberá, draconis…
E a voz desapareceu num estalar de dedos. Bella continuou a chamando, girando, dando voltas e voltas, mas nada acontecia. Parecia estar presa ali mas sentiu seu corpo se levantar e pareceu acordar de um pesadelo. Ela tremia e olhava atordoada fixamente para o chão, além de sua respiração estar descompassada. Sentiu uma mão posta em seu ombro e ela virou abruptamente, encontrando o brilho inocente dos olhos azulados de Lúcia, que parecia preocupada.
── Está tudo bem?── perguntou a menor.
E foi aí que Bella notou que todos a encaravam. Lançou um olhar confuso a todos mas logo voltou a encarar Lúcia, com um sorriso mínimo.
── Estou bem.── respondeu, acariciando os cabelos da amiga.
── Não parecia.── Susana se intrometeu.── Você estava tremendo e sussurrava algumas coisas. A gente estava te chamando mas você não respondia, quando Lúcia gritou pelo seu nome foi quando você voltou a realidade de alguma forma. Tem certeza que está tudo bem?
── Está, está, Susana. Eu só estava tendo um sonho não tão bom, entende? E eu provavelmente estava tremendo por causa do frio, só isso.── deu de ombro, se levantando e limpando suas vestimentas.── Estou ótima, não se preocupem. Agora acho que devemos continuar o caminho.
── Está começando a acontecer…── sussurrou o sr. castor para a esposa, este recebeu um tapa no braço da sra. castor e não entendeu de primeira mas em seguida notou que todos o encaravam, estavam confusos. Ele pigarreou alto.── Digo que está começando a entardecer. Melhor irmos, queremos chegar lá antes do almoço.
── É, isso, Bella pegue o casaco e vamos.── a sra. castor disse, tentando ajudar o marido.
As três crianças trocaram um olhar indecifrável que nem se quer Lúcia entendeu. Pareciam discutir em suas mentes mas aquilo só durou segundos, se encerrou quando Pedro apenas deu de ombros e em seguida Bella fez o mesmo que si, Susana demorou um pouco, intercalando o olhar entre os amigos mas por fim também desistiu, suspirando profundamente.
Os castores seguiram a trilha e os irmãos foram atrás deles, enquanto Bella vestia seu casaco e se apressava para acompanhar o passo deles. Vasculhando os bolsos, a Evans encontrou seu caderno de desenho e lembrou-se que estava anotando suas histórias em Nárnia. Aprofundou sua investigação em seu bolso e encontrou seu lápis de carvão, não demorando para começar a atualizar seu caderno.
ִֶָ٠⋆៹
Já iria fazer algumas horas que caminhavam naquela branquidão, sem nenhum outro caminho. Pareciam andar sobre as nuvens, só que bem mais gelado. Desceram uma ladeira, os humanos se segurando com força em cada um para não despencarem dali. Ao chegarem no que aparentava ser o pico da montanha, eles pararam, observando o horizonte.
Bella desejou uma câmera naquele momento para registrar o que via mas aquilo era impossível, então começou a rabiscar em seu caderno o mais rápido que conseguia. Pedro a olhou.
── O que está fazendo?── sussurrou.
── Registrando.── disse apenas isso e, por fim, ela ergueu o caderno e mostrou o desenho para os amigos. Não havia ficado perfeito mas ótimo para ter sido feito em apenas alguns poucos segundos.
── O acampamento de Aslan é perto da mesa de pedra.── disse o sr. castor, chamando a atenção de todos.── Do outro lado do rio congelado.
── Rio?── questionou Pedro, com as sobrancelhas arqueadas.
── O rio está congelado há cem anos.── explicou a sra. castor.
E olharam de novo para a paisagem. Bella fez uma anotação mental de que teria que melhorar seu desenho mil vezes, mas sentia que nunca esqueceria aquela vista gloriosa.
── É imenso!── comentou Pedro.
── Igual ao nosso mundo. Pensou que fosse pequeno?── rebateu a sra. castor.
Susana deu mais uma olhada no desenho de Bella e depois encarou o irmão, como se quisesse dizer "eu te avisei, agora estamos numa enrascada". De certa forma ela não estava errada.
── Menor.── disse Susana soando fria, encarando o irmão mais velho com um olhar furioso.
A Pevensie mais velha os ultrapassou e voltou a seguir o sr. e a sra. castor, com Lúcia em seu enlaço. Pedro ainda observava o além da paisagem e Bella notou sua preocupação. Ela colocou a mão em seu ombro, tentando o confortar.
── Eu também estou com medo, Pedro. Acho que todos aqui estão. Olha, eu não sou o melhor exemplo de agir sob pressão, eu simplesmente surto mas acho que devemos confiar nos planos de Aslan.── o loiro a encarou.── Ainda não o conhecemos, mas é como se minha consciência dissesse que ele é confiável e um bom leão. Não estaríamos aqui se não tivesse um propósito, não é?
Nem ela mesma acreditava que havia acabado de dizer aquilo, era como se tivesse saído de sua boca sem ela sequer pensar.
── É, acho que sim.── ele suspirou.
── Venha, vamos alcançar os outros.── sorriu e estendeu a mão, esperando que ele a segurasse, assim ele fez.
Trocaram sorrisos e passaram a correr de mãos dadas para alcançar as garotas e os castores. Se sentiam mais livres e calmos na presença um do outro e, naqueles tempos, isso era muito importante.
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Agora andavam numa imensidão branca. O lago estava coberto de neve e isso o fazia parecer uma superfície plana. Os castores iam mais à frente, liderando a tropa; Susana ia bem atrás deles, logo depois dela vinham Pedro e Bella, a garota estava mostrando seu caderno de desenhos ao amigo que havia adorado saber que agora tinha uma amiga desenhista; e a pobre Lúcia vinha mais atrás, com suas pernas curtinhas.
── Venham logo, humanos enquanto ainda somos jovens.── resmungou o sr. castor.
── Se ele nos apressar mais uma vez…── iniciou Pedro. Entre sua fala, já estando perto de Susana, ele se agachou para Lúcia subir em suas costas e assim ela fez.── eu juro fazer dele um chapéu bem fofo.
As garotas riram.
── Rápido! Venham!── exclamou o castor.
── Isso já está ficando chato.── comentou Bella ao serem apressados mais uma vez, revirando os olhos e jogando seu braço nos ombros de Susana, que a abraçou pela cintura sem exitar.
── Ele já está começando a ficar mandão.── comentou Lúcia e todos concordaram.
── Ah, não! Vejam, é ela!── gritou a sra. castor, apontando para trás das crianças.
── CORRAM!
As crianças olharam para trás e puderam ver um trenó com uma alta mulher de vestido azul e cabelo platinado sentada nele. Não exitaram em correr, Pedro desceu Lúcia de suas costas e passaram a apressar o passo para alcançar os castores.
Bella exalava desespero, assim como todos os outros. Tentava conciliar o peso do grande casaco que usava e correr mais rápido, o que não era uma das coisas mais fáceis. Era a última do grupo, estava muito atrás e achava que não aguentaria muito tempo correndo na neve. Seus pobres pés estavam congelados e sua respiração parecia sumir a cada minuto que se passava. Além de que estava repetindo as orações que sabia desde que se entendia por gente, as repetia sem parar, era uma das formas para seu coração parar de se desesperar.
Estava tão cansada que perdeu o equilíbrio, caindo de joelhos e ficando desorientada por um tempo. Ouviu Pedro e Susana gritarem seu nome mas tudo que escutava era o som do trenó da feiticeira se aproximando e as patas das renas chocando-se com a neve. Bella virou-se depressa e viu que estava em apuros. Ela começou a engatinhar, já que não tinha mais força para andar e muito menos correr. Seu coração batia rápido, seus pensamentos estavam a mil, sentia um suor frio descer pela sua testa, seu corpo inteiro tremia. Ainda escutava o som do trenó e do chicote que alguém usava para açoitar as pobres renas. Era como se sua morte estivesse se arrastando até si, suplicando por seu nome. Sentia que estava prestes a morrer.
Finalmente conseguiu se levantar mas, ainda desesperada, ela virou para trás e viu que não estava muito longe da vilã. Ao escutar o grito "PEGUEM-NA" da feiticeira, Bella, num instinto, apenas ergueu as mãos como se fosse para proteger o rosto e gritou alto, um grito tão agudo que escutou até os pássaros se assustarem.
Surpreendentemente algo saiu de suas mãos, parecia fumaça mas era extremamente branco. Ela fez com que a visão da feiticeira fosse comprometida e Bella conseguiu correr até os seus amigos, onde estava tão nervosa que quase nada via, tudo parecia ocorrer lentamente ao seu ver, talvez fosse um estado de choque. Somente sentiu Susana lhe abraçar pela cintura e lhe puxar para correr enquanto mais a frente Pedro ajudava Lúcia. Bella parecia estar num estado catatônico, olhando assustada para as próprias mãos. Se questionava como havia feito aquilo, esse tipo de coisa nunca havia acontecido em Liverpool. Estava assustada, tinha medo, então levou as mãos até o coração e suspirou profundamente. Afinal era a única coisa que poderia fazer.
Atravessaram o lago congelado e adentraram a floresta onde, aos comandos do sr. castor, se esconderam numa espécie de gruta.
Eles ficaram apertados lá dentro mas pelo menos estavam protegidos. Bella sentou-se ao lado de Lúcia, ainda olhando abismada para suas mãos. A Pevensie lançou um olhar preocupado para Bella pelo canto do olho e então juntou sua mão na da Evans. Bella olhou confusa para a amiga mas Lúcia apenas sorriu, depositando um mínimo beijo na palma da mão da garota, como se quisesse dizer que tudo ficaria bem. Bella sorriu e soltou um suspiro, como se aquilo houvesse aliviado seu coração e dissipado suas dúvidas.
De repente sua preocupação voltou quando viu uma sombra ser projetada e a neve de cima da gruta cair na frente deles. Todos exclamaram em surpresa e Lúcia, assustada, apertou com mais força a mão de Bella e a Evans retribuiu. Segundos depois a sombra sumiu, caminhando para o lado; escutaram os passos se dissiparam, parecia que havia ido embora mas o castor ainda tentava cheirar para ver se não captava nenhum cheiro diferente. Estavam num silêncio mortal até que Lúcia o quebrou:
── Parece que já foi.
── Melhor eu ir ver.── sugeriu Pedro.
Bella, que estava ao lado esquerdo dele, jogou seu braço na frente do rapaz como se isso o fosse impedir de algo. Ele olhou assustado para a amiga e capturou seu olhar ainda desesperado e temeroso com os acontecimentos passados. Ao mesmo tempo, o sr. castor virou para Pedro sussurrando:
── Não! Não vai servir a Nárnia morto.
── E nem você, meu velho.── disse a sra. castor.
── Obrigado, querida.── e despediu-se beijando as patinhas da esposa.
E saiu do local. Os segundos pareciam minutos, os minutos pareciam horas e as horas pareciam eternidades até que…
── SAIAM!── gritou o castor, aparecendo de repente na parte de cima da gruta, de cabeça para baixo, o que assustou todos ali, fazendo até Bella e Lúcia soltarem um grito estridente.── Espero que tenham sido bonzinhos, porque vocês tem visita!
Trocaram um olhar confuso mas nada disseram. Bella e Lúcia saíram na frente em comunhão da sra. castor e logo atrás Pedro ajudava Susana a sair da gruta. Quando finalmente saíram por completo do esconderijo, tiveram a visão de um velhinho com os cabelos e barba bagunçados e roupas de inverno quentinhas. Ao ver as crianças, ele sorriu alegremente. Bella não podia acreditar no que estava vendo.
── Minha vida inteira foi uma mentira, então?── Bella sussurrou mais para si mesma do que para qualquer outro, mas todos escutaram, isso fez o velhinho a sua frente soltar uma risada.
── Feliz Natal, senhor.── Lúcia o cumprimentou, se aproximando dele lentamente.
── Com certeza, Lúcia. Desde que vocês chegaram.── respondeu o velhinho.
── Olha, eu já aguentei muita coisa depois que cheguei, mas isso?!── disse Susana, olhando para Pedro de maneira indignada.
── Susana!── Bella a repreendeu, dando um empurrão de leve em seu ombro.
── Nós pensamos que fosse a feiticeira.── disse Pedro, mudando de assunto rapidamente.
── Eu sei, eu sei, desculpe o mau jeito mas, em minha defesa, um dirijo um desse há muito mais tempo que a feiticeira.── disse, apontando para seu trenó e retirando as próprias luvas.
── Achei que não houvesse natal em Nárnia.── disse Susana.
── Não, por muito tempo. Mas a esperança que trouxeram, majestades começa a enfraquecer o poder da feiticeira. Porém ouso dizer que vocês vão precisar disso.── e virou-se para o trenó, em específico um saco meio amarronzado.
── Presentes!── exclamou Lúcia, correndo até ele.
De lá ele retirou um frasco com um líquido dentro e o mostrou a Lúcia.
── O suco da flor de fogo. Uma só gota cura qualquer ferida.── disse soando meio enigmático e finalmente entregou o frasco a Lúcia juntamente de uma adaga. ── Apesar de torcer para que nunca use.
── Obrigada, senhor, mas eu seria capaz de não ter medo?── perguntou a pequena, incerta.
── Aposto que seria mas batalhas são brigas feias.── disse por fim e sorriu. Lúcia retribuiu o sorriso e se afastou, indo para perto do irmão mais velho. O papai noel retirou do saco um arco e ergueu a cabeça novamente, encarando Susana com seus olhos azuis vibrantes.── Susana.── ela se aproximou dele e recebeu o utensílio.── Confie neste arco, ele quase nunca vai errar.
── Mas não disse que batalhas são brigas feias?
── Apesar de não ter problemas para se expressar ── e lhe mostrou uma trompa.── assopre isto e, onde estiver, o auxílio virá.
── Obrigada.
── Bellatrix.── Bella o encarou animada e se aproximou dele lentamente. Ele sorriu para si, lhe mostrando uma adaga prata que continha uma forma de dragão no punho.── Esta aqui foi destinada a você, usada pelos mais bravos guerreiros. É passada de geração em geração e agora ela é sua. E também aqui está um dos mais importantes.── em seguida lhe mostrou um colar com uma pedra azul como pingente. A menina olhou maravilhada para a jóia.── A pedra de Zu, o dragão mais poderoso que já viveu durante eras. Sei o que aconteceu no lago há alguns minutos, querida. Eu vi acontecer. Essa pedra irá te ajudar e daqui a pouco entenderá o porquê da importância dela. Proteja ela com todo o seu coração, se alguém a roubar estará em grande perigo.
── Entendi, obrigada, senhor.── colocou o colar em seu pescoço e pegou a adaga, logo voltando para o lado das amigas.
── Pedro, a hora de usar isso pode estar próxima.── e lhe entregou uma espada e um escudo.
── Obrigado, senhor.
── São armas, não brinquedos. Usem bem e com sabedoria.── os alertou.── Agora eu preciso ir. O inverno está quase no fim e tudo se acumula quando você some por cem anos.── e gargalhou, guardando o saco de presentes e jogando-se dentro do trenó.── Vida longa a Aslan e Feliz Natal!
── Feliz Natal!
── Obrigado, senhor!
── Até o ano que vem!
── Adeus!
Isso foi o que as crianças gritaram em despedida do bom velhinho que já desaparecia de vista, estando há muitos metros deles.
── Eu disse que ele existia.── disse Lúcia se gabando para Susana, como se tivesse acabado de ganhar uma aposta. Susana apenas a olhou indiferente e revirou os olhos.
── Ele disse que o inverno está quase no fim.── comentou Pedro, pensativo.── Não perceberam? Chega de gelo!
── Finalmente uma boa notícia.── respondeu Bella, sorrindo abobada enquanto encarava tudo a sua volta.
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