ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝐢𝐢𝐢. the visit to mr. tumnus's house.
─ CHAPTER THREE
a visita a casa do sr. tumnus.
JÁ ERA TARDE DA NOITE E BELLA SE encontrava deitada em sua cama, com um grosso livro em mãos. Mais cedo, umas nove da noite, dona Marta havia passado por todos os três quartos, mandando as crianças deitarem em suas camas e adormecerem com rapidez, para que nenhum barulho fosse proferido durante a noite, não querendo que incomodassem o professor. Mas Bella havia achado um livro muito interessante na biblioteca, que tinha como título "Alice no país das maravilhas" e estava lendo-o escondida desde que teve a certeza que não teria perigo de Dona Marta dar as caras em seu quarto.
Mas a atenção de Bella foi retirada de seu livro quando viu, por uma frestinha de sua porta, uma luz passar pelo corredor. Curiosa, ela fechou o livro e deixou-o jogado por cima da cama, logo pegando suas pantufas e calçando-as. Pegou seu roupão violeta e o vestiu, recolhendo em seguida sua vela que estava em cima da cômoda ao lado da cama e seguindo rumo para fora do quarto.
Andou pelo corredor de forma calma para não acabar esbarrando em nada e nem tropeçando, mas tentou apressar o passo para conseguir alcançar quem quer que estivesse na frente.
Após algum tempo, chegou ao seu destino e franziu a testa ao notar que a porta da sala do guarda-roupa estava aberta. Adentrou o local sorrateiramente, olhando para todos os lados e encontrando um amontoado rosa se preparando para abrir o armário.
── Lúcia?── sua voz soou no escuro de maneira tão de repente, que a menina de cabelos castanhos se assustou e segurou-se para não dar um grito. Se virando lentamente para encarar quem quer que estivesse ali e soltando um longo suspiro aliviado ao ver que se tratava de Bella.⚊ O que está fazendo aqui?
── Eu… ham…── havia ficado muito nervosa mas logo respirou fundo, tentando achar a resposta mais compreensível para aquela pergunta, por mais que não houvesse.── Eu estou tentando voltar a Nárnia.
── Lúcia…
── Pode não acreditar em mim, Bella mas tenho que ver se o sr. Tumnus está bem! Da última vez que o vi, corria muito perigo. Preciso checar se meu amigo está bem e, principalmente, vivo. Não sabe com quem estamos lidando.── disse tudo muito rápido, soando estar desesperada.
── Lúcia, por mais que isso seja verdade, você vai arriscar a sua vida por um fauno que acabou de conhecer? Sabe, acho que devemos saber primeiro as intenções dele antes de chegarmos a qualquer tipo de conclusão. Ele pode ter colocado minhocas na sua cabeça. Ele pode nem ser seu amigo e apenas querer o seu mal.
── Mas você nem conhece o sr. Tumnus!
── Posso não conhecê-lo mas durante toda minha vida já convivi com pessoas que se diziam boas mas, depois de um tempo, mostraram suas garras e seu lado sombrio. Não quero que se machuque, Lu.
── Acha que se fosse para ele me machucar já não teria feito? Como eu disse, passei horas com ele e o sr. Tumnus se provou ser uma boa pessoa. Bom, ele começou sendo mau mas depois pediu perdão e acredito em sua palavra, algo em sua fala me dizia que falava a verdade.
── Lúcia…
── Pode ver com seus próprios olhos se quiser. Pode ir comigo.
── Ainda não acho uma boa ideia. Acho melhor ficarmos aqui, onde estamos seguras.
── Está bem, eu vou ir sozinha e…
Foi bem aí que começaram a escutar passos apressados, como se tivessem visto as duas garotas entrarem ali e elas estavam prontas para serem pegas com a boca na butija.
Desesperada e não querendo que fosse alvo de estresse de dona Marta, a única solução que tiveram foi correr para dentro do guarda-roupa. Lúcia abriu a porta com rapidez aos protestos baixinhos de Bella. A mais nova sorriu ao sentir um vento gelado se chocar contra si e o fogo de sua vela apagar; ao contrário da Pevensie (que havia ficado maravilhada), Bella arregalou os olhos e sentiu uma leve pontada no lado lógico de seu cérebro que estava fazendo uma grande burrada e uma pontada no lado da imaginação dizendo que seria uma ótima aventura. Ela estava quase entrando em colapso.
Viram primeiramente os casacos de pele e sentiram um cheiro meio forte de naftalina. Pularam para dentro do guarda-roupa e se meteram entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto. Bella, que foi a última a entrar, não fechou a porta por completo, até porque não queria ficar presa ali para sempre. Foram avançando cada vez mais e Bella notou que Lúcia já parecia acostumada com a rota e isso levemente assustou a Evans, que tinha uma mão no ombro esquerdo de Lúcia e a outra estava esticada, para não acabar metendo de cara com o fundo do guarda-roupa. Mas, quanto mais passos davam, mais parecia que nunca chegariam ao fundo.
"Deve ser um guarda-roupa colossal! Um daqueles que as pessoas ricas da escola possuem", foi a única explicação lógica que Bella achou para ainda não terem encontrado o fundo do guarda-roupa. Mas ainda assim, achou completamente estranho, já que, pela manhã, havia chegado ao fim de maneira rápida e fácil.
Logo Bella sentiu algo molhar suas pantufas e a primeira coisa que pensou foi ter pisado numa urina de algum animal, mas isso seria impossível, aquela casa era tão limpa que muitas vezes você conseguia ver seu rosto no chão. Então, curiosa, Bella se agachou e notou que aquilo era branco se assemelhado muito a… neve! Ao perceber isso arregalou os olhos e tocou no conteúdo, sentindo sua mão esfriar por causa da temperatura. Pegou um bom punhado e levou até o nariz, o cheirou e deu uma leve encostada de língua, tendo a confirmação que era neve, passando a cuspir e a tirar de sua mão, quando começou a congelar.
── Venha logo, Bella!── a voz animada de Lúcia pôde ser escuta meio longe.
A Evans se levantou atordoada, achando ainda tudo muito estranho. Não prestando muita atenção a sua frente, não notou um ramo de árvore que havia no chão e nem um que havia na altura de sua cabeça, em resultado acabou machucando a testa e de brinde tropeçou e saiu rolando por algo ainda mais gelado (que, claramente, julgou ser neve após o episódio anterior).
Após alguns segundos ela parou de girar e ainda ficou meio atordoada, com a cabeça girando e a bochecha direita enterrada na neve branca e macia. Tinha os olhos semicerrados, tentando se acostumar com a claridade e a boca meio aberta, tentando recuperar o fôlego. Por fim, conseguiu se levantar com um pouco de dificuldade e se sentar de joelhos.
Arregalou os olhos pela segunda vez quando viu que não era nenhum de seus sonhos malucos.
── Lúcia Pevensie, onde estamos? Abriu um portal para outra dimensão?── questionou, completamente alvoroçada.
Lúcia, em resposta, apenas riu e se aproximou saltitante da amiga.
── Estamos em Nárnia, oras!
── Você fala com tanta facilidade que parece que vem visitar todo final de semana.── murmurou irritada, se levantando com a ajuda da amiga e finalmente podendo olhar ao seu redor.── Aqui, sem dúvidas, está no inverno. Poderia ter me avisado, assim eu pegaria um casaco mais grosso e vestiria minhas botas!
── Ei, ei, ei… você que me seguiu e teve a ideia de entrar no guarda-roupa para se esconder de Dona Marta.── resmungou Lúcia e Bella bufou, sabendo que ela estava certa.── Agora venha, quero que conheça o sr. Tumnus e finalmente tire suas conclusões sobre ele.
── Eu iria dizer para voltarmos para casa, mas Dona Marta deve ter acabado de entrar na sala e não quero dar de cara com ela. E ficar aqui, no meio do nada, não é nem opção já que nem sei que perigos existem nesse mundo. Se existem faunos, devem existir minotauros. Mas, se ele tentar fazer algo com a gente, pode deixar que eu acabo com ele no soco. Meu tio me ensinou a lutar para eu conseguir me defender dos garotos quando necessário.── no fim de sua grande explicação de lógica, sorriu orgulhosa com a parte do final.
── Vamos logo. Lá tem chá e uma fogueira, podemos nos esquentar.
E saiu arrastando Bella pelo bosque, de braços dados.
Ainda não tinham andado muito quando chegaram a um lugar em que o chão era mais áspero, e havia rochas por toda parte e pequenas colinas para subir e descer. Ao chegarem ao fundo de um valezinho, Lúcia voltou-se de repente para o lado, indo direto ao encontro de uma rocha colossal. No último segundo, Bella notou que a amiga estava a guiando para a entrada de uma caverna.
A jovem criança de cabelos até o ombro deu leves batidinhas na porta e ela foi aberta com rapidez, revelando uma estranha criatura que tinha pernas de bode e tronco de humano. Bella segurou com força a mão de Lúcia, tentando calar o seu grito.
── Sr. Tumnus!── exclamou a jovenzinha, soltando a mão de Bella e abraçando o fauno, este que devolveu a demonstração de afeto de uma maneira meio desajeitada.── Que bom que o senhor está bem. Fico feliz que a feiticeira não tenha descoberto nada. Essa é a minha amiga, Bellatrix. Bella, este é o sr. Tumnus.
── É um prazer conhecê-la, filha de Eva.── disse Tumnus, parecendo meio vislumbrado.
── O prazer é todo meu, sr. Tumnus. Lúcia fala muito do senhor.── disse, sorrindo de lado, ainda temerosa.
── Ah, entrem, entrem, está muito frio, não quero que fiquem doentes.── disse meio rápido, dando passagem para as meninas entrarem.
Mal se acharam lá dentro, Bella começou a piscar à vista de uma bela lareira acesa. A dupla seguiu até mais embaixo, onde haviam poltronas. Lúcia e sr. Tumnus tagarelavam sobre algo que Bella nem sequer prestou atenção, estava mais interessada no fogo da lareira. Seus olhos brilharam ao parecer ver algumas criaturinhas formando um círculo; estavam de mãos dadas e giravam provavelmente conforme alguma música. Pareciam felizes, pareciam excitados de alegria e isso aqueceu o coração da menina de cabelos acastanhados.
Bella desviou o olhar da lareira e agora observava ao seu redor. O local era estupidamente agradável e isso fez com que seu medo fosse embora, como num piscar de olhos; uma caverna quentinha e limpa, aberta numa rocha de tons avermelhados, um tapete no chão e três poltronas. Havia ainda uma mesa, uma prateleira e uma chaminé por cima da lareira; e, dominando tudo, o retrato de um velho fauno de barba grisalha, este que Bella supôs ser algum parente (provavelmente o pai) do sr. Tumnus.
── Sr. Tumnus…── sussurrou a jovem Evans, virando lentamente para encará-lo. Bella possuía um sorriso transbordando em seus lábios. Tumnus abriu um mínimo sorriso ao ver a alegria estampada na face dela.── Sua residência é adorável. E parece que realmente me sinto em casa. Me sinto acolhida de certa forma.
── Hã, obrigada, filha de Eva. Bem, de certa forma, é a sua casa.── soltou no ar e isso fez a garota franzir o cenho.
── Como assim, sr. Tumnus?── questionou ela, soando confusa.
── Em breve saberá, filha de Eva.
E logo o assunto foi esquecido quando o sr. Tumnus finalmente serviu o chá, acompanhado de torradas com manteiga e carne assada, logo em seguida fora servido torradas com geleia de morango e um bolo de aveia com mel, "delicioso de lamber os beiços, como meu tio diria" disse uma Bella muito mais velha certa vez (não aquela que estava sentada ao lado de Lúcia), se lembrando das boas memórias.
Após o breve lanche, o sr. Tumnus começou a contar antigas histórias de Nárnia, o que deixou as duas meninas com a boca aberta por causa do esplendor das palavras proferidas.
Um tempo depois Bella informou a Lúcia que deveriam voltar para casa logo, talvez começassem a sentir a falta delas e, por mais que o tempo ali fosse diferente, seria perigoso se Dona Marta enlouquecesse e fosse ver se as crianças haviam a obedecido mesmo e não as encontrassem em seus devidos quartos e em nenhum local da casa. Lúcia, mesmo a contragosto, concordou com a amiga e o sr. Tumnus também aprovou as palavras da Evans, dizendo que não seria seguro elas ficarem ali, sendo que a feiticeira branca (que Lúcia contou que se achava a rainha de Nárnia mas não passava de uma louca varrida) poderia encontrá-las.
Então, as jovens se despediram do Sr. Tumnus da forma mais calorosa que uma forma apressada poderia oferecer. Logo as meninas saíram de braços dados, caminhando com um pouco de dificuldade pela neve, principalmente por Bella estar de pantufas e elas estarem todas molhadas e quase estarem se tornando pedras de gelo.
Por um momento, o pé de Bella havia ficado preso e, enquanto ela tentava desvencilhar-se daquela enrascada, Lúcia havia capturado uma imagem não muito longe delas; era um garoto, um pouco mais alto que Lúcia, ele trajava vestimentas azuis e parecia estar atordoado.
── Hey, aquele ali não é o Edmundo?── perguntou Bella, num cochicho, após também notar o garoto.── O que ele faz aqui?
── Também não sei.── respondeu Lúcia, parecendo confusa e ao mesmo tempo animada, por ter provado para mais uma pessoa que Nárnia existia.── Talvez tenha nos seguido ou coisa parecida.
E começou a se aproximar do irmão de maneira cautelosa, com Bella em seu enlaço.
── Edmundo?── o chamado de Lúcia soou suave, como se não quisesse o assustar. Edmundo virou-se subitamente. ── Ah, Edmundo! Você também entrou! Não é formidável?
E a menor o agarrou num abraço mas o menino pareceu meio incomodado com a troca de carinho.
── É, até que é um lugarzinho bacana. Se aqui houvesse natal, eu facilmente moraria por aqui.── comentou Bella.
Edmundo havia a notado pela primeira vez ali e ficou meio embasbacado, tentando mudar de expressão rapidamente. Empurrou Lúcia levemente, para se desvencilhar do abraço e alternou seu olhar entre Evans e a própria irmã.
── Por onde estiveram?
── Com o sr. Tumnus!── foi a vez de Bella responder, alegre e contente por se recordar do tempo agradável que havia passado com o fauno e sentindo o gosto da geleia de morango ainda em suas papilas gustativas.
── Ele está bem. A feiticeira branca não soube do nosso encontro.
── A feiticeira branca?── a pergunta denunciava que ele não havia prestado atenção nas respostas de sua antiga pergunta.
Bella notou que, a todo custo, Edmundo tentava limpar a boca com a manga do roupão e isso a deixou levemente incomodada. Ah não ser que o Pevensie tenha decidido provar neve, ele provavelmente havia trombado com alguém e eles tiveram uma bela refeição pelo visto. Porém a garota nada falou, deixando aquele assunto quieto.
Querendo responder a pergunta do irmão, Lúcia se esticou para frente e passou a falar baixinho, como se contasse um segredo:
── Ela se diz rainha de Nárnia, mas não é.
Ele parecia ter ficado meio tenso com aquela declaração. Passou a olhar para o chão de maneira perdida, com os lábios entreabertos de nervosismo e a testa franzida.
── Edmundo, você está bem?── questionou Bella, atraindo a atenção do garoto.── Parece péssimo.
── E o que você queria, Evans?!── rebateu de forma rude, fazendo a pronunciada dar um leve passo para trás, ainda confusa com a mudança de humor repentina.── Estou congelando! Como vamos sair daqui?
── Pelo guarda-roupa, oras!── foi a vez de Bella ser rude com o menino, que apenas a lançou um olhar irritado.
── E, por acaso, você sabe para que lado fica o guarda-roupa, gênia?
── Parem de brigar!── Lúcia os interrompeu, agarrando uma mão de cada um.── Venham comigo. Sei exatamente por onde irmos. Por aqui.
E passaram a caminhar. Caminharam bastante. Mas logo se viram rodeados de casacos, em vez de ramos de árvores. Logo se encontravam na sala vazia.
── Edmundo, tem certeza que está bem mesmo? Parece abatido.── abordou Lúcia, soando preocupada.
── Estou ótimo.── respondeu curto e grosso.
── Então vamos logo ver onde estão Susana e Pedro, devem estar em seus quartos, claramente. Agora eles vão ter que acreditar, vai ser bem engraçado…── disse Lúcia tudo muito rápido. Bella concordou com sua afirmação, dando uma risadinha baixa mas Edmundo pareceu não achar graça nenhuma, apenas permaneceu indiferente.
E finalmente saíram da sala do guarda-roupa, seguindo até o quarto de Pedro.
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