08 ➵ Caminhos Cruzados
Secret Love | Hyunlix
A CHUVA estava forte naquele distrito. O casaco de couro não escondia muita coisa, seu corpo ainda estava exposto a temperatura baixa.
Tentou uma ligação, mas se lembrou o que eles disseram. Sem contato com a família, ou senão eles jamais te acharão.
Ele tentou discar o número de um táxi, mas estava muito tarde para tentar uma ligação e achar qualquer posto aberto.
Droga de merda de vida.
Ele bateu os dentes, os dedos cortados. Os carros passaram em alta velocidade, não ligando para ele, que estava encolhido atrás da placa.
Enfim, tomou a plena coragem de erguer os olhos e tentar algo. A caixa ainda estava intacta dentro da mochila, ainda tinha estoque para dois meses. Fez os cálculos. Daria certo se mantivesse tudo em ordem.
Pegou a outra mochila e bateu os sapatos no chão, as botas desgastadas. Andou até a beirada da pista, onde levantou o polegar.
Caronista, isso sim é uma merda.
Minutos se passavam e ele continuava na mesma posição, sem se mexer.
Até que um carro preto parou.
Que não seja um Alfa, ele pediu.
— Para onde vai, amigo?
— Seul.
— Hm, está meio longe não acha?
— É por isso que eu estou pedindo carona, senhor.
O homem coçou o rosto e seus olhos eram tão gentis. Mas o cheiro alertou.
Alfa meio puro.
Ele quis hesitar, mas o homem sorriu novamente.
— Estou indo para lá, entretanto, está meio tarde para prosseguir viagem e eu estou com sono. Que tal a gente dirigir por mais alguns quilômetros e parar em um posto para descansar?
— Não quero atrapalhar.
— Não posso deixar um caroneiro nessa chuva forte. — o homem destravou a porta. — Entre aí, só não repara no carpete sujo.
O rapaz entrou. Tirou a touca molhada e o cachecol encharcado. O Alfa prosseguiu a viagem, alternando entre a pista e o desconhecido.
— Então, qual é seu nome?
O desconhecido tirou o casaco e jogou no carpete.
— Jisung. Han Jisung.
「• • •」
Félix estava nervoso enquanto via Hwang Hyunjin flertar descaradamente com a gerente superior. Ele estava calado, anotando tudo o que eles falavam, naquela reunião extremamente chata.
Changbin e Christopher estavam na outra ponta, Changbin fazendo o mesmo que Félix. Christopher Bang era um homem muito bonito, Félix pensou. O mais irônico era que Christopher era o estereótipo de homem que Changbin montava.
Hyunjin estava usando um terno azul, e óculos. A gerente mostrava o decote excessivo, e o cheiro dela era um pouco enjoativo, para uma Ômega. Félix sabia que o cheiro de um Ômega poderia ser enjoativo para outros.
Ele tentou ao máximo segurar a língua para não soltar algo sarcástico.
Enquanto Félix desviava seus pensamentos, Changbin focava em Christopher. O Alfa era muito bonito. Os dedos eram cheios de anéis, e os cabelos eram curtos e bagunçados. Pareciam macios. Os olhos castanhos ficavam atentos nos relatórios finais.
Christopher usava ternos coloridos, mas hoje, ele estava com um vermelho vinho e sem gravata, fazendo Changbin ver um pouco do tórax definido. Era explícito porque muitas Ômegas e até alguns Betas queriam Christopher Bang em suas camas.
— Eu finalizo isso com esse gráfico, Sr. Hwang. E Sr. Bang, já enviarei as cópias dos dados finais do mercado assim que conseguir.
— Ótimo. — Christopher bebeu água da taça. — Está liberada. Changbin, comece a preparar a documentação para apresentar o novo portfólio para as empresas. Fique na minha sala de preferência.
Changbin estremeceu. A sala de Christopher era um perigo, porque trazia o cheiro másculo de Alfa.
Changbin se seguraria para não se masturbar com o cheiro quente de Christopher.
Félix estava retirando os óculos de grau.
— Ajudarei o Sr. Seo. — ele se levantou. — Se me permitem, senhores.
Eles saíram. No corredor, Changbin gemeu.
— Droga de Alfa gostoso. — ele murmurou. — Por que temos que conviver com eles?
— Porque o salário é de quase cinco dígitos e a gente está bem protegido.
— Acha que Hyunjin vai cumprir com a palavra dele? Nos proteger?
— Ele é um Alfa muito honrado. — Félix passou pelo corredor. — Um Alfa militar cumpre muito bem suas promessas.
— Você não estaria interessado nele?
Félix ergueu a sobrancelha.
— Eu não quero envolver trabalho com sentimentos. Além disso, Alfas só me dão trabalho.
— Você acha que o acontecimento...
— Changbin. — Félix o repreendeu. — Combinamos em jamais mencionar o que aconteceu em Osaka.
— Mas...
— Já chega, Changbin. — Félix empurrou a porta. — Vamos montar a droga desse portfólio de uma vez.
Na sala, Hyunjin olhava a porta. Changbin era um Ômega bastante atraente, e pequeno. Ele garantiria a proteção daqueles dois pequenos seres, no entanto, tinha medo de quebrar a promessa.
Félix estava tão incrível que ele se perguntou se poderia se aproximar novamente, sentir aquele cheiro e arrastar Félix para seu colo novamente.
Apesar de odiar Ômegas machos e não sentir atração, Félix estava quebrando o padrão.
Seu celular tocou. Era Jisu.
— Jisu.
— Hyunjin. — ela soou formal. — Como vai?
— Estou bem. Qual o motivo da sua ligação?
— Seus pais e meus pais vão fazer um jantar de noivado. E estão apostando as fichas que você já tem o anel comprado.
— O quê?
— Não adiantou muita coisa. Eu tentei escapar, mas sabe como é. Eles colocaram dois seguranças, um na porta e um na janela.
— Jisu...
— Eu sei que você não comprou a droga do anel. — ela gemeu. — Escute, eu tenho um anel. Ele é safira, e de prata. Comprei na Itália, e é ele que vai ser usado como anel de noivado.
— Ryujin?
— Ela está trabalhando na ala oeste da mansão, ajudando os preparativos do casamento do meu irmão. Meu pai tentou fazer com que a gente se aproximasse, mas minha mãe nos separou.
Maldita Yeojin, Hyunjin esbravejou.
— Que horas será esse jantar?
— Sua mãe deve ligar para você e falar que será às oito horas.
— Jisu, e seu heat?
Ela suspirou.
— Eu tomei o último inibidor ontem.
— Merda.
— Não vou conseguir nenhum clandestinamente. Eu sinto muito.
— Farei o possível.
— Obrigada Hyunjin.
— Te ligo mais tarde.
Hyunjin desligou e viu Christopher o encarar.
— Até quando vai sustentar essa farsa maldita?
— Até quando der.
Christopher olhou para a janela.
— Já reparou que Changbin é muito bonito?
— Não tenho tempo para reparar em Betas.
— Era isso que eu queria tratar com você. Percebeu que Changbin não tem cheiro de Beta?
— Betas não tem aroma, Chan.
— Exato. Mas Changbin tem um aroma. Mesmo que seja mínimo.
— Você está ficando maluco. — Hyunjin suou frio. Christopher poderia ser um bom rapaz, mas se tratando de Ômegas, ele não era. O sonho de Christopher era possuir e usufruir de um Ômega macho. Se Changbin caísse nas garras de Bang, era o fim dele na empresa... Ou uma paixão inesperada.
— Perceba na próxima vez, você verá. Cheiro de chuva, de madeira molhada... Algo cítrico, como limão siciliano.
Hyunjin se levantou.
— Sua sede por sexo está ficando mais alta e te deixando maluco.
Christopher sorriu.
— Eu transei com betas ontem. E foi maravilhoso. Você tinha que ver como eles falavam do meu pau.
— Isso é nojento.
— Deveria sair com alguns. — ele seguiu Hyunjin. — Sabe, você não transa desde que saiu do exército.
— Não preciso de nenhuma companhia por agora.
E Changbin e Félix saíram da sala no final do corredor. As vistas de Hyunjin focaram na beleza sobrenatural que Félix tinha.
Os caninos dele ainda estavam doloridos pelo acontecimento.
Félix e Changbin chegaram e entregaram a pasta.
— Tudo pronto. — Félix sorriu. — Precisa de mais alguma coisa, Sr. Hwang?
Hyunjin apertou o botão do elevador.
— Vamos para a ala norte. — ele deu espaço. — Chan, marque uma reunião com Byeol para vermos sobre as ações da multinacional e o balanço trimestral da empresa.
— Changbin cuidará disso. — Christopher passou a mão nos ombros de Changbin, que estremeceu.
Hyunjin e Félix entraram no elevador. Félix suspirou e então, Hyunjin apertou o botão de desligamento da força geral do elevador.
Presos entre o quadragésimo segundo e terceiro andar, Félix encostou-se na parede.
— Eu tenho medo do escuro. — ele choramingou. Hyunjin sentiu pena.
As luzes de emergência acenderam. Félix viu a face escura e negra de Hyunjin. As pupilas dilatadas.
— Mande Changbin tomar algum supressor. O cheiro dele está chegando ao nariz de cachorrinho de Chan, e é perigoso demais deixar um Ômega macho perto de Chan. É como balançar um cordeiro para um lobo.
— Precisava me trancar dentro da porra de um elevador para falar isso? — Félix esbravejou.
— Escute, Ômega. — Hyunjin rosnou. — Não estou no meu melhor dia. Meus caninos estão doloridos e meu rut está chegando. E preciso arrumar uma caixa de inibidores de cio para uma amiga.
Félix se aproximou.
— O que você faz quando seus caninos estão doendo?
— Começo a me morder ou mordo qualquer coisa. Não para deixar marca, mas para aliviar a pressão.
Félix pensou. E então, começou a desabotoar a camisa.
Hyunjin o encarou.
— O que está fazendo?
Ele abriu até o último botão.
— Changbin e eu vivemos em um beco atrás de um restaurante durante uns quatro meses. Naquele lugar, tinha dois Alfas, que estavam escondidos da ARO, por ter defendido um Ômega. O problema era que quando o rut de um deles chegou, ele precisava se aliviar e morder algo. Assim como você. Eu e Changbin oferecíamos nosso corpo para que ele mordesse. Não o pescoço, claro. Mas o ombro, os braços... Ele conseguia melhorar e se aliviava sexualmente com prostitutas. Mas a mordida era com a gente. Então, Sr. Hwang, eu estou oferecendo meu corpo para que o senhor alivie-se.
Hyunjin estava assombrado pelo ato que o Ômega estava fazendo.
— Escuta, você não conviveu comigo.
Félix abriu a camisa e deixou o peito exposto.
— Eu também não conhecia o Kuanlin, mas ele me mordeu umas três vezes. Vamos Hyunjin, eu não sentirei dor. Só retirei a camisa para que não a suje de sangue.
Ele se ajoelhou, submisso. A visão de Félix ajoelhado, os olhos brilhando, aqueles olhos cor do céu. Os cabelos caindo na testa, e as tatuagens compondo todo um corpo.
Hyunjin se ajoelhou na frente de Félix, e ergueu seus olhos.
— Me desculpe por isso.
Hyunjin espalhou dois beijos no pescoço de Félix, antes de chegar ao ombro e morder.
Os caninos rasgaram a pele clara, fazendo com que Félix agarrasse os cabelos de Hyunjin, puxando. Não era como Kuanlin. A mordida de Hyunjin era mais forte, mais precisa.
Ele gemeu, quando sentiu o sangue escorrer em sua pele. A arcária dentária de Hyunjin estava em seu ombro. O Alfa o soltou e o encarou.
A boca de Hyunjin estava há pouco tão perto da sua... Suja de sangue.
Hyunjin se inclinou e lambeu a ferida.
— Me desculpe, me desculpe... — ele tirou o lenço do bolso do paletó e passou na ferida, já sem sangue. — Não queria isso, eu...
Félix se afastou.
— Eu sei, eu sei. — ele pegou a camisa. — É apenas instinto. Sua atração, suas vontades. São apenas instintos.
Hyunjin o ajudou a levantar. Limpando a boca, ele esperou Félix abotoar a camisa e tirou seu paletó, jogando nos ombros de Félix.
— Não diga nada. — a face dele ficou dura. — Não aconteceu nada aqui dentro.
E com isso, Félix suspirou.
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