04 ➵ Rua das Tentações
Rua das Flores | Hyunlix
CÉUS.
Como a noite era bela, as estrelas brilhavam como se não houvesse amanhã, e talvez não existisse, porém o balanço do vento guiando o grande navio afirmava que o amanhã estava prestes a chegar, assim como o caminho, pois até a ilha em que eles ficariam seria apenas mais algumas luas, caso nada os atrapalhe.
O mar era extenso, grandioso e misterioso, a olho nu não se saberia onde estava, nem mesmo com luz do sol, Félix nunca foi bom com localizações, apenas apreciava o luar.
— Acha mesmo que o senhor Hwang desconfia? — a voz suave do ômega foi questionadora para o outro de fios loiros.
— Não o chame de senhor, aquele alfa está brincando comigo e eu vou me irritar seriamente com ele. — e com os olhos profundos com aquele ar ridiculamente confiante, pensou mantendo a expressão séria, já não estava mais em paz apreciando a beleza do oceano.
— Desculpe, senhora. — Lee encarou o ômega suspirando, eles sabiam que poderiam se tratar sem tais formalidades. — Félix, temo que aquele pirata mau o machuque, não arranje problemas, sim?
— Eu jamais me envolveria em problemas, sou um ômega responsável. — aquilo não tranquilizou Park, pelo contrário, ele apenas suspirou se desencostando da grade do navio.
— Bem, eu estou ficando muito cansado. — bocejou cobrindo os lábios, Lee concordou com a cabeça rodando os braços juntos com o do outro e foram em direção ao quarto. — O que faremos se ele descobrir?
— Não sei, matá-lo talvez? Mas já tenho um plano para que não precise fazer isso. — realmente as palavras de Lee não eram reconfortantes, pelo contrário.
— Só não morra. — sussurrou o servo cansado por aquele dia exaustivo.
Isso porque apenas falaram com Jisung e brincaram com Jade, que dormia calmamente na despensa onde eles dividiam o leito. Park entrou primeiro e não olhou absolutamente nada, ao ponto de tropeçar em um prego no chão, quase caiu no colchão do pequeno cômodo, mas mesmo com essa movimentação o sono continuou e simplesmente caiu nos braços do mundo dos sonhos assim que deitou-se.
— Fofo. — sussurrou Lee, ele estava cansado também, mas o sono parecia não o querer, se sentou ao lado do ômega que já respirava pesado ao seu lado, olhou para o lado e viu apenas a parede de madeira, olhou para o outro onde Jade dormiria e não tinha nada. — Jade?
Onde uma cabra filhote, pequena e quieta como aquela poderia sumir assim? Jade era um amor, mesmo que tenha quase levado Félix ao colapso quando comeu os alimentos daquela noite e sujou a cozinha inteira, além de ter quase derrubado Jeongin, que olhou duramente para os dois ômegas fazendo ambos se encolherem.
— Céus! Quem poderia maltratar ela? — falou alto, Park sempre teve um sono pesado, principalmente quando estava tão cansado como esta noite. — Maldito!
Bateu as mãos contra as pernas cobertas pelo tecido verde, apertou os olhos redondos e quase desmaiou de tanta raiva, queria morder aquele despudorado e o chutar no traseiro até fazê-lo cair da prancha. Levantou-se irado, as bochechas cobertas de sardas estavam vermelhas e seus passos pesados como um touro.
Caramba! Por que tanto nervosismo vindo de si para aquele pirata de baixa categoria? Estava óbvio. Aquele homem o desejava e estava o provocando. Pensou já abrindo a porta da pequena despensa, que não precisou dar menos do que dois passos para chegar na porta.
Seus pensamentos realmente eram engenhosos, um pouco narcisistas e com um toque de dissimulação. Aquele ômega era impossível.
Porém não era páreo para Jade, que mesmo não sendo racional, tinha uma aptidão invejável para fazer besteiras, como provocar um alfa lúpus enquanto ele dormia.
A boca do animal estava devorando a coberta cara, roubada de um nobre que presentearia um rei, o grande Vale da Esmeralda Sombrio o cercou roubando tudo, até tecidos. Que neste momento eram destruídos por uma cabra curiosa, após se sentir satisfeita e decepcionada pelo tecido ter gosto de linhas podres, agora lambia o pé descoberto do alfa deitado na cama no canto da cabine.
Capitão Hwang estava dormindo na cama com um mapa no rosto com a rota para Maldivas desenhada, águas rasas e um centro de matérias primas que eram levadas para o centro comercial, venderia os ômegas ali, mas aquilo dificilmente aconteceria.
Félix nunca foi alguém revente, até mesmo com o rei de Heresia ele era petulante, mas com a graça do filho preferido em si, o rei não o repreendia. Então jamais iria sujeitar-se àquele alfa.
Abriu de uma vez a porta, precisou usar toda sua força pelo peso e talvez algo estivesse a forçando, preparou-se mentalmente para enfrentar aquele alfa e agir da forma mais dissimulada possível diante dele e daquela conversa insinuante sobre sua índole.
Quando entrou, seus olhos redondos e verdes se arregalaram, Jade estava lambendo os dedos do alfa, preso nos dentes da cabra tinha o tecido azul da coberta. Aquele alfa mataria ela e Lee não saberia o que dizer para impedi-lo de tal ato.
— Jade! — gritou quase inaudível, foi até o animal que agora parecia tentar morder o capitão, Félix cogitou fingir-se de louco e sair, mas antes que pudesse tomar qualquer decisão o alfa acordou.
Afinal, como dormiria tendo algo babado tocando seus pés enquanto dormia? Principalmente porque estava cansado, olhou todas as rotas possíveis e o dia tinha sido difícil para não cair em um sono profundo.
— O que está fazendo aqui? — a voz rouca de quem tinha acabado de acordar fez o ômega parar de olhar a cabra. — O que é isto nos meus pés? — abaixou a cabeça fazendo a coberta escorregar revelando o peitoral nu, céus. Félix esqueceu de Jade para encarar cada repartição do corpo escultural do lúpus.
— Minha nossa! — lembrou-se de Jade assim que o alfa encarou sério o animal, parecia irritado e estava.
Correu para pegar a cabra, porém ela parecia irritada, talvez o gosto do alfa seja péssimo para ela. Jade estava irritada ao ponto de desviar com tanta rapidez que o ômega nem mesmo teve tempo de pensar antes de cair sobre o corpo grande do capitão, seu nariz ardeu quando se chocou com força no peito firme do alfa, as pernas se abriram cada uma de um lado e a parte superior do vestido escorreu o bastante para mostrar um de seus mamilos.
— Diabos! — praguejou colocando as pequenas mãos no nariz o cobrindo, apertava na intenção de parar a irritação.
O lúpus olhou o ômega em cima do seu colo, os fios loiros bagunçados cobrindo os olhos apertados, o cheiro doce de melancias raras naquela parte do mundo. No entanto, quando os olhos escuros bateram no corpo do ômega era como se seu lobo quisesse uivar e assumir o controle. Estava óbvio como o mar, direto como as ondas e forte como o vento: queria aquele ômega, seu lobo o queria.
— Princesa. — o tom da voz dele se assemelhava como um suspiro, poderia enlouquecer se continuasse daquela forma, virou o rosto tentando não desrespeitar um ser mais frágil que si, afinal, o capitão sempre fora tão prepotente ao ponto de odiar forçar um ômega a deitar-se consigo, gostava na verdade de ver eles implorando e faria isso com o Lee.
— Que foi? Vai dizer que jamais viu um ômega nu? — a voz arrogante arrancou um sorriso desacreditado do lúpus, estava tentando fazer o certo e aquele ômega o desprezava assim?
Félix na verdade se sentiu desprezado, aquele alfa virou o rosto para si, mesmo que tudo tenha sido um acidente, Lee sempre esteve acostumado a ter tudo o que quisesse, principalmente ter alfas rastejando aos seus pés olhando seu corpo com desejo, gostava de ser o centro e aquele estúpido estava o rejeitando? Aquilo era uma ofensa para si.
— Claro que já vi ômegas nus, uma bela obra de arte. — aquilo abalou Lee, estava acostumado a ser o ômega mais lindo e ter alfas e betas brigando por si.
— Verdade? Pois não me interessa suas patifarias, seu devasso! — brandou soltando o nariz e puxando a alça do vestido que escorregou revelando seu corpo, Hwang ainda não o encarava. — Seu estúpido! — seu lobo o irritava, céus, por que não conseguia ignorar aquilo?
— Está irritadinha por eu não olhá-la ou talvez por ter envolvimento com outros? Pode tranquilizar-se, foram apenas cios. — o capitão continuou olhando a mesa ao seu lado, as mãos no colchão se mantendo afastado e como seu corpo estava desejando procriar com aquele ômega, o fazê-lo gritar para receber seu nó.
— Não me importo com suas aventuras pecaminosas. — Félix quase gritou para todos do navio, ainda estava sentado sobre o alfa e por Deus, o corpo era quente demais.
Podia sentir o calor do peito nu acariciar sua pele gelada, o lúpus emanava uma onda quentinha que fazia seu lado racional se encolher buscando mais do capitão. Além de seu lobo buscar desesperado o cheiro do alfa, mas ele não tinha nenhum, apenas o cheiro do mar estava no navio. Isso o irritou.
— Ômega, por favor. — a voz era mais grossa e rouca, não foi usada como uma ordem, mas parecia um pedido desesperado para que se afastasse o suficiente para que um alfa lúpus não o agarrasse para tomá-lo.
— Só sairei porque não quero me humilhar desta forma, alfa. — com soberba, Lee se aproximou com a voz potente, embora não tivesse um timbre de comando, ele sabia dobrar alfas, principalmente os lobos fracos. — Mas saiba que você virá se arrastando, capitão.
Os lábios tocaram o pescoço, tocou a clavícula e subiu arrastando lentamente e molhado, tocou no queixo e um suspiro pesado escapou dos lábios grossos, os dedos longos amassando o tecido da cama, jogou para trás revelando o corpo, deixando que a boca daquela duquesa o incendiasse. Estava às portas do inferno.
Félix sorriu, gargalhou internamente vendo o grande capitão a mercê de si, gostava de ter o poder nas mãos, governar mesmo que alfas pensem que estão no comando, embora gostasse de ser o centro, também não se importava de fingir que outros estavam no controle, já bastava saber que mandava. E naquele momento soube disso.
— Porra. — o palavreado imundo do alfa arrancou um arrepio do ômega, Lee se repreendeu disso, mas não poderia negar que gostou de ver as reações do lúpus, seria uma distração deliciosa no navio.
— Agora fique aqui e lembre-se dos ômegas nus que já encontrou, apenas vim buscar Jade. — Lee falou aquilo para se afastar do homem, porém recordou de Jade, esperava que ela não tivesse fugido novamente.
Olhou ao redor da cabine vendo muitos papéis, tantos que alguns estavam na boca da cabra.
— O que? — o alfa sussurrou virando para o ser pequeno em seu colo, os beijos tinham parado e as palavras manhosas do ômega só rodavam para lembrar o som gostoso delas, mas ainda não tinha entendido o significado, ainda estava com sono e agora excitado.
Sem importar-se com o alfa, a duquesa levantou-se indo até a cabra mal humorada, a pegou nos braços e estava indo em direção a porta, mas um alfa entrou no caminho impedido de sair, entretanto a surpresa para o ômega foi a forma que o capitão estava. Pelos mares!
Hwang estava nu diante da viúva, a coberta estava aos pés do homem que levantou rápido sem pensar ainda, o sono ainda estava em seu corpo. E com as provocações de Félix, o membro do alfa estava animado e pronto para ser usado e Lee não conseguiu fechar ou virar o rosto, já tinha encarado e corado vendo que realmente aquele homem era um alfa lúpus, grande demais e imponente forçando o lobo de Félix a encolher-se querendo gerar filhotes.
— Seu descarado! — ainda vermelho e olhando bem para o homem de cima a baixo, gritou o julgando.
— Princesa, por que está assustada? — realmente aquele homem não poderia ficar com sono, pensou o outro negando com a cabeça escutando a pergunta.
— Olha, seu mentecapto, não quero vê-lo até o sol raiar, poupe-me de suas aventuras românticas. — confuso com si mesmo, Lee abraçou a filhote de cabra nos braços e correu o mais rápido possível da cabine do Punho Negro, iria dormir e prender Jade para que não o fizesse passar novamente por aquelas coisas vergonhosamente estúpidas.
No quarto do alfa, após o som da porta de madeira fechando-se deixar o lugar, Hyunjin gargalhou negando com a cabeça, foi até a cama se sentando ali, realmente tinha sido um acidente, mas levantar e deixar a coberta cair mostrando sua nudez foi proposital, queria saber a reação dele, mas não esperava que a duquesa fosse tão complicada assim.
— Ele queria ou estava irritado? A princesinha me agarrou e ficou brava e depois fez isso. Ômegas. — disse a categoria como se explicasse tudo, balançou os ombros e jogou a cabeça para trás, alfas tinham audições excelentes para escutar tudo, agora lúpus poderiam escutar ainda mais, porém não invadiria a privacidade do ômega, embora quisesse saber o que ele falava de si.
Pensando, o alfa balançou as mãos nervoso, em um desses movimentos esbarrou contra seu membro ainda duro, isso o fez gemer arrastado, porra, aquele ômega era um sonho e seu corpo não sabia se controlar, excitado demais, o capitão ficou em dúvida se deveria ou não tocar o músculo grosso expelindo tanto pré-gozo que parecia querer explodir.
— Desgraçada. — gemeu baixo rodando o dedo na glande, aquela duquesa estava bagunçando tudo, até seus limites de não fraquejar perante um simples ômega.
A noite do capitão foi longa, molhada e agonizante, seu lobo estava perto de tomar controle pela excitação.
🏴☠️🏴☠️
Antes do sol nascer os oficiais já estavam em pé, acordados e forçando os empregados a limparem o convés imundo, quem jamais estivesse em um navio com aqueles oficiais de vestes azuis e juízes religiosos com vestes pretas jamais diriam o quão carrascos são.
Isso porque eles são a lei, caçadores de piratas, bruxas, ciganas e qualquer outro que não fosse "normal'', um cachorro dócil submetido às vontades da igreja. Afinal, seriam pegos pela justiça divina que é realizada por homens comuns que se declaram justos.
Como Young-chul, juiz que viaja ao redor do mundo buscando por almas perdidas que precisam de sua ajuda, a fraca plebe que precisa de correção. Obedecendo, sendo um homem justo e bom por quase seis décadas, ele estava voltando para Heresia, quase vinte e cinco anos longe de sua terra e agora no meio do oceano a caminho do reino, ele clamava aos céus por vingança de uma cigana.
— Sou um homem correto, íntegro e santo, peço pela plebe vulgar de Heresia, a babilônia. Mate os ciganos, os ômegas pecaminosos que provocam nós: alfas, afinal, o senhor corta o mal pela raiz, destrua aqueles que nos fazem cair em tentação. Amém. — beijou a imagem e colocou novamente em sua mesa, levantou e caminhou até a proa do navio da marinha.
— Juiz Young-chul, talvez teremos que desviar o navio, a correnteza parece querer ir contra. — era um dos oficiais inexperientes, afinal o mar das Águas Paradas tende a puxar os navios, apenas o mar entre Heresia e o Centro Comercial que os levava.
— Claro, quero chegar à Heresia a tempo da coroação do novo rei, poderei? — aquele alfa era intimidador, o beta que cuidava das rotas balançou a cabeça saindo com temor.
— Levantem as bandeiras. — aquilo os atrasaria, mas ninguém ali tinha uma ligação ou no mínimo sabedoria para navegar.
O juiz olhou o mar, o sol estava surgindo tímido entre as águas no horizonte, os raios fracos estavam brilhando para todos, porém poucos sabiam agradecer por novamente contemplar a vida que lhe foi dada mais um dia. Algo que Young-chul não sabia, mesmo sendo o poder mais alto da igreja, ainda por cima estava irritado e amaldiçoava o mar, mas principalmente ômegas com belos olhos e que o fazia fraquejar, pois Deus fez o alfa bem mais fraco que o mal.
— Espero que tenha morrido, cigana maldita.
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