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32. ɴãᴏ ᴇxɪsᴛᴇᴍ ғᴇʟɪᴢᴇs ᴘᴀʀᴀ sᴇᴍᴘʀᴇ

CARL GRIMES

Daryl e meu pai foram atrás dos Salvadores e das armas. Prometi a Aaron que contaria sobre Eric para Lia, e ele me pediu que levasse o corpo dele para lá. O coloquei no banco de trás do carro e fui para Alexandria. Quando desci do carro, Lia veio correndo em minha direção, com Rosita atrás dela.


一 Cadê eles? - ela perguntou e suspirei fundo.

一 Amor... vamos conversar na sua casa. - ela me olhou confusa, e me acompanhou até a casa.

一 O que aconteceu Grimes? - ela perguntou impaciente, assim que nos sentamos no sofá.

一 Atacamos o Santuário e um posto avançado, achando que as armas estavam lá, mas não estavam. - comecei. 一 Meu pai e o Daryl foram atrás delas e Aaron... bom... ele está bem. - vi ela sorrindo. 一 Rick encontrou uma bebê e ele se ofereceu para cuidar dela e levá-la até Hilltop.

一 Eric está com ele? - Rosita perguntou apreensiva, como se já soubesse da resposta.

一 Lia... O Eric morreu. - seu sorriso sumiu e algumas lágrimas fizeram presente em seus olhos.

一 O que?! Não... - ela colocou a mão na boca, começando a chorar de verdade, e eu a abracei.

一 Aaron me pediu que o trouxesse. - disse e ela concordou fraco com a cabeça.

(...)

Scott, Tobin e eu cavamos algumas covas e colocamos os corpos dentro delas. Lia ficou de frente para a de Eric e me observou, com algumas lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto, jogando terra sobre o lençol que cobria o corpo.

Assim que todos os corpos já estavam enterrados, as pessoas foram voltando para suas casas, menos eu e Rosita, que ficamos com Lia. Ela ainda estava do mesmo jeito, sem dizer uma só palavra ou se mover.

一 Não sei o que ele era meu... - ela disse por fim, um pouco divertida na voz, mas sem deixar a tristeza de lado. 一 Cuidava de mim como um pai, brigava como um irmão mais velho e dava conselhos como um melhor amigo. Vou sentir falta dele.

一 Ele falou para o Aaron... - ela me olhou sem entender. 一 Sobre sua grávidez.

一 Sabia que Eric não aguentaria. - ela sorriu. 一 Posso ficar na sua casa?

一 Claro. - sorri e entrelacei nossas mãos. 一 Vamos.

Nos despedimos de Rosita e caminhamos até minha casa. Quando paramos na varanda, Lia olhou para o outro lado da rua e soltou um suspiro pesado.

Entramos e Judy, que estava com uma senhora, veio correndo em nossa direção. Lia deixou a tristeza de lado e sorriu, se abaixando e abraçando a pequena.

一 Brinca comigo Lia? - minha irmã pediu e ela sorriu.

一 Claro meu amor! Vamos. - nós dois sentamos no chão da sala e ficamos com a pequena a tarde toda. Quando foi a noite, a colocamos para dormir e ficamos sentados na sala.

一 Quer conversar? - perguntei e ela negou. 一 Tudo bem... Vamos deitar?

一 Vai indo... eu já vou. - concordei e lhe dei um beijo na cabeça.

LIA MONROE

Quando Carl subiu as escadas, eu levantei do sofá e me sentei na varanda da casa. Fiquei encarando a casa do outro lado, enquanto lágrimas caiam em meu rosto. Daryl se aproximou e se sentou ao meu lado, mas não disse nada.

一 Não queria dizer isso de novo, porque não adianta em nada, mas vou dizer... - virei o rosto para ele, que fez o mesmo. 一 Eu sinto muito. Por tudo o que você está passando, e passou nessas últimas semanas. - voltamos a olhar para frente.

一 Eu também caipira... - disse em um suspiro. 一 Estamos no fim do mundo, não existe mais felizes para sempre.

一 É. - ele disse simples. 一 Acha que o Rick vai conseguir matar o Negan? - Daryl me olhou, mas continuei olhando para frente.

一 Se ele não conseguir, eu faço. - respondi de maneira fria. O Dixon não respondeu, apenas me encarou por um tempo. 一 Eu estou grávida. - falei depois de alguns segundos de silêncio.

一 O que?! - ele disse meio surpreso e eu dei de ombros.

一 A intenção era não falar para ninguém. Mas você não é ninguém, você é meu melhor amigo... - o olhei. 一 Acho justo que soubesse. - Daryl me deu um abraço desajeitado de lado.

一 Parabéns pirralha. - ele bagunçou meu cabelo e sorriu com o canto da boca. 一 O garoto também não perde tempo em? - ele disse sarcástico e eu revirei os olhos.

一 Cala a boca, Dixon. - bati em seu ombro e ri. Fiquei com ele mais um pouco e logo entrei. Subi para o quarto de Carl, que já dormia, e me deitei ao seu lado.

(...)

Carl saiu no outro dia cedo, disse que tinha que fazer uma coisa na floresta. Me sentei na varanda de casa e fiquei observando as pessoas pela comunidade.

"Sabe que a fase ruim sempre passa não é?" - minha mãe apareceu.

一 É eu sei. - respondi, sem tirar o olhar da rua. 一 Mas, parece que a minha nunca acaba, sempre aparece outro problema ou algo de ruim.

"Mas vocês resolvem..." - ela respondeu calmamente e eu a olhei. 一 "Quando isso passar, você vai ver que tudo valeu a pena."

Saí dos meus pensamentos, quando vi Carl se aproximando. Ele estava estranho, parecia assustado e confuso.

一 Carl?! - o chamei e ele levou um pequeno susto. 一 Está tudo bem?

一 Está! - ele sorriu sem mostrar os dentes. 一 Preciso de um banho, depois a gente conversa. - ele passou por mim, deixando um beijo rápido em meus lábios, e entrou na casa.

Tudo bem... - falei, mesmo ele não podendo mais me ouvir.

(...)

Daryl, Tara, Rosita e Michonne haviam sumido. Rick ainda não tinha voltado. E Carl, quis ficar sozinho. Resolvi não questionar e aproveitei para ir até nosso "cemitério". Me sentei ali e fiquei olhando a cova de Eric.

一 Fica de olho em mim, por favor... - disse, encarando a placa de madeira com seu nome. 一 Eu te amo, você sabia disso não é?

Lia?! - olhei para cima e vi Carl, com Judith em seu colo. 一 Vamos... vamos ficar com ela? - estranhei o jeito dele, mas concordei.

Passamos a manhã juntos. Corremos com Judy pela comunidade, fizemos um bolo, e os dois marcaram as mãos com tinta na varanda de sua casa, e ainda, tiraram uma foto. No fim do dia, estendemos um pano na grama e nos sentamos em cima, vendo a pequena brincando no balanço da comunidade.

一 Lia... - olhei para Carl. 一 Você sabe que eu te amo muito não é?

一 Porque isso agora, cowboy? - comecei a rir, mas parei quando vi que ele estava sério, até demais. 一 Claro que sei Carl. Eu também amo você... - peguei sua mão e coloquei em minha barriga. 一 Nós amamos! - ele sorriu e me deu um beijo.

Desculpa badgirl... - ele sussurrou, mas antes que eu pudesse questionar, vimos Rick e os outros chegando. Carl foi até o pai e eu fui para o lado de Rosita.

一 Onde vocês estavam? - perguntei, e vi Daryl se aproximando de nós.

一 Fomos atrás de Rick, e depois até o Santuário. - ela respondeu e fiquei sem reação.

一 Estão loucos?! Deveriam ter ficado aqui. - disse autoritária.

一 A gente voltou garota, é o que importa. - Daryl respondeu e logo os dois saíram, me deixando plantada no meio da rua.

(...)

Durante o dia, as coisas ficaram calmas. Mas, à noite, Negan apareceu no portão da comunidade.

一 Vamos para os esgotos, nos escondemos lá e depois vamos pela floresta. Vai parecer que fomos pelos fundos. - Carl começou a dizer.

一 Mais...

一 Sem mais Lia. - ele me cortou. 一 Levem todos para lá. - Carl disse para Daryl e Rosita. 一 Vou distrair o Negan.

一 Eu vou com você. - falei, já caminhando ao lado dele.

Subimos na torre e olhamos para Negan e seus capangas. Ele queria falar com Rick, mas quando nos viu, deu uma risada debochada.

一 Olha, eu queria negociar com o líder do grupo, mas o casalzinho que vai fazer o acordo?! Melhor ainda!

一 Ele não está em casa, babaca. - falei com ódio.

一 Há famílias aqui. Crianças. Minha irmã caçula. Minha namorada... - Carl me olhou e parou de falar.

一 Isso me parte o coração. - Negan disse irônico. 一 Haviam crianças no Santuário também. Devem ter visto. Até tínhamos uma bebê em dos postos avançados. Não sei o que houve com ela. - engoli em seco. 一 Nada disso é justo garoto. Vocês devem saber, mataram a própria mãe e viram a família toda morrer aos poucos. - Carl abaixou a cabeça e eu cerrei meus punhos.

Fale logo o que você quer Negan! - gritei, já perdendo a paciência.

一 Precisamos de alguém no comando dispoto a fazer o que for necessário para que essa merda não ocorra. - ele respondeu.

一 Coisas ruins acontecem, mas podemos dar um jeito. Podemos parar isso. - Carl falou.

一 Agora quer conversar? - Negan perguntou e deu um sorriso irônico. 一 Veja, seu pai queria que eu morresse. Ele deu uma escolha para minha gente, não para mim. Agora precisamos de um novo entendimento. Desculpas, castigo...

Me mate! - Carl gritou e eu olhei para ele surpresa.

一 O que disse? - Negan se aproximou do portão outra vez.

一 Se tem de matar alguém, se tem de haver castigo, então me mate. - ele repetiu com a voz calma. 一 Falo sério!

一 Você quer morrer? - Negan perguntou debochado.

一 Não, mas eu vou. E se minha morte puder parar isso, tornar as coisas diferentes para todos, vai valer a pena.

Carl... - o chamei baixinho. Ele me olhou, e vi que ele segurava algumas lágrimas, enquanto eu já não segurava mais as minhas.

Um comboio saiu, estamos indo atrás. - ouvimos o rádio do Negan, o que fez ele se distrair.

Vem! - Carl me puxou pelo braço e descemos a torre. Negan começou a falar algumas coisas, mas não prestei atenção.

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