02. ᴢᴏɴᴀ sᴇɢᴜʀᴀ ᴅᴇ ᴀʟᴇxᴀɴᴅʀɪᴀ
LIA MONROE
A menina me deu o ombro como apoio e eu abaixei a cabeça.
一 O que foi? - ela perguntou olhando para mim.
一 Lia Monroe, posso saber o que você está fazendo aqui? E quem é ela? - minha avó estava olhando para mim, com os braços cruzados e super brava.
一 Ela é minha vó... - sussurrei para a garota 一 Eu... - suspirei fundo pensando em como explicar isso para ela. 一 E-eu queria ficar um pouco sozinha. Não quero viver minha vida toda em volta de muros, quero saber o que se passa do outro lado deles.
一 Lia, eu entendo. - olhei para ela surpresa. 一 Mas você não pode sair assim! Seu pai deve estar louco atrás de você. Se eu não tivesse te visto e seguido, você e ela estariam mortas agora! - ela disse olhando para mim e para a garota.
一 Eu sei! Não fala para ele, por favor! - fiz uma carinha manhosa para ela.
一 Tudo bem! - ela sorriu para mim 一 Mas como vamos explicar seu pé? E você querida, está sozinha? - a garota me olhou e eu balancei a cabeça, incentivando ela a falar.
一 Sim... - ela disse desviando o olhar 一 Meus pais morreram e minha cidade foi invadida a dois meses.
一 Sinto muito. Pode vir com a gente, minha casa tem uma cama sobrando. - Minha vó sorriu gentilmente para ela, que retribuiu. 一 Qual seu nome?
一 Enid. Obrigada!
Voltamos para a comunidade. Minha avó mandou Enid ir até minha casa e tomar um banho e depois me levou até o Doutor Pete, para ver o meu pé. Ele disse que só foi uma pequena torção, que eu teria que ficar alguns dias de repouso.
Quando voltamos para casa, meu pai estava preparando o jantar e meu avô estava mexendo com alguns papéis na mesa. Enid e Jony estavam no chão da sala, pelo visto já tinham feito amizade.
一 Aiden ainda não voltou? - minha avó perguntou, assim que me colocou no sofá.
一 Não, talvez ele chegue hoje à noite ou amanhã de manhã. - meu avô veio até nós, acompanhado do meu pai. 一 A mocinha vai nos explicar o que aconteceu? - Eu abaixei a cabeça. Antes que eu pudesse falar, minha vó inventou uma desculpa.
一 Ela estava indo até a casa de Jessie, mas encontrou com Enid. Quando elas estavam vindo para cá, Lia virou o pé. Eu estava na rua e ajudei elas. - Ela olhou para nós e piscou discretamente.
一 Certo, cuidado da próxima vez pequena. Enid já nos contou o que aconteceu com ela. Vai ser bom ter mais uma criança em nossa casa. - Meu pai disse sorrindo. 一 A janta já está pronta, vamos comer.
Jony, eu e Enid comemos na sala e os adultos ficaram na mesa conversando. Quando acabamos, ouvimos alguém bater na porta. Era Olívia, uma das moradoras.
一 Desculpem atrapalhar... mas Aiden e Nicolas voltaram. Seu filho pediu para que eu os chamassem. - ela disse para meu avô na porta.
一 Obrigado Olívia, já vamos até lá.
Saímos na rua e vimos que só meu tio e Nicolas tinham voltado. Eles disseram que tiveram um problema na cidade e os outros morreram. Mesmo assim, eles tinham encontrado bastante coisa, enlatados, roupas, armas e até alguns brinquedos para nós.
Meus avós decidiram fazer uma dispensa e um arsenal na casa de Olívia. Ela iria controlar tudo que fosse pego. Combinamos que armas seriam proibidas dentro dos muros, mas quem saísse em busca de alguma coisa ou ficasse na vigia, poderia pegá-las.
(...)
No dia seguinte, eu e Enid ficamos em casa brincando juntas, já que eu não vou poder sair durante alguns dias.
一 Lia, com quem você estava conversando na floresta? - ela quebrou o silêncio. Olhei para ela sem graça. 一 Se não quiser falar, tudo bem.
一 Com minha mãe... - respondi sem olhar para ela. 一 Ela morreu a dois anos e em alguns momentos, quando eu fecho os olhos, eu vejo a imagem dela e ela conversa comigo. - olhei para ela, que ouviu tudo com certa curiosidade. 一 Não fala para ninguém. Nem mesmo meu pai e o Jony sabem disso.
一 Não vou contar. Você é minha amiga, seu segredo está guardado comigo. - ela me lançou um sorriso.
一 Então somos amigas? - perguntei sorrindo também.
一 Sim, melhores amigas. Juro de dedinho! - me estendeu o mindinho, coloquei o meu ali também celando nossa promessa.
一 Já estão de segredinhos por aí? - meu pai apareceu na sala e ficou olhando para a gente rindo. 一 Vim avisar que vou sair. Vou procurar materiais para os muros.
一 Volta ainda hoje? - perguntei preocupada.
一 Sim. Até o entardecer estou aqui. Obedeça sua avó. - ele deu um beijo na minha testa e outro em Enid, e saiu.
× QUATRO MESES DEPOIS ×
Já fazem alguns meses desde que esse novo mundo começou. Os muros da nossa comunidade já estavam quase prontos, só faltava um portão e as torres de vigia. Meu avô resolveu chamar o local de Alexandria.
Meu pai tinha ensinado eu e meus amigos a usar uma faca, como forma de proteção. Depois que encontrei com Enid, eu não sai mais dos muros, sempre fico na minha casa ou na de Jessie.
O filho mais velho dela, Ron se aproximou mais de mim, o que não é bom. Não é bom por que ele é chato, meloso, quer sempre minha atenção. Eu já fiquei brava algumas vezes com ele, mas não adianta.
Colocaram uma pessoa para dar aula para nós, e hoje foi o primeiro dia. Eu, Enid e Jony estamos fazendo uma lição que a professora passou.
一 Oi crianças, como foi a aula? - Minha avó entrou na cozinha e se sentou na mesa conosco.
一 Foi bem tia Deanna. - Enid respondeu com um sorriso.
一 Que bom. Tenho que ir, vamos colocar uma placa no muro da frente.
一 De boas vindas? - Jony perguntou.
一 Quase isso. Tem alguma sugestão do que possa ser escrito nela? - Minha avó perguntou para nós.
一 Poderíamos escrever algo como "Bem vindo à Alexandria. Zona segura. Misericórdia pelos perdidos. Vingança pelos saqueadores." - sugeri e minha avó me olhou orgulhosa.
一 Essa é minha garota. A futura líder desse lugar. - ela bagunçou meu cabelo e saiu.
一 Como pensou naquilo? - Enid me perguntou surpresa.
一 Não sei... - dei de ombros. 一 Só achei que ia combinar. - Continuamos a fazer nossas lições. Depois que acabamos subimos para nossos quartos e fomos dormir.
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