━━━━━ 𝗣𝗥𝗢́𝗟𝗢𝗚𝗢
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𝗩𝗶𝘃𝗲𝗿 𝗻𝗮̃𝗼 𝗲́ 𝘂𝗺𝗮 𝗲𝘀𝗰𝗼𝗹𝗵𝗮, 𝗲́ 𝘂𝗺𝗮 𝗼𝗯𝗿𝗶𝗴𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼.
HYUNA TINHA UMA VIDA ENTEDIANTE, ela podia não se lembrar dela, mas sabia que se fosse interessante, ela jamais iria esquecer, ela se sentia impotente sempre que pensava nisso, de como ela não sabia nem ao menos quem ela era.
Hyuna significava sol, ela sabia que adorava o verão, as praias e ar caloroso que tudo aquilo podia causa, essa era sua nova ela, e ela gostava disso. Foi quando ela encontrou a praia, foi quando o Chapeleiro disse a ela que lá ela poderia ser quem ela quisesse.
Ela era a Alice dele, a primeira garota que ele olhou sem pensar se dormiria com ela ou não, ela era como um amuleto de sorte ambulante. Porém, em Alice no país das maravilhas, Alice nunca pensou em trair o chapeleiro, já a Hyuna sim.
O plano dele era perfeito, achar todas as cartas e deixar a garota Jouki sair, ele queria que ela fosse a primeira, queria que ela saísse primeiro pra assim ela se lembrar de quem verdadeiramente ela era. Mas Hyuna nunca pensou em voltar pra realidade, ela nunca quis, ela tinha medo de olhar pra si mesma e não sentir mais quem verdadeiramente ela era, quem aquele jogo tinha feito ela se tornar.
Não era só o jogo que fazia Hyuna sentir que não precisava saber quem ela era. Hana Tanaaka tinha os olhos mais brilhantes como o coração no tapa olho de Ilosovic Stayne, descritos na obra, ela era o seu valete de copas.
—— Eu preciso sair da praia —— Murmurou Hyuna em mais uma das visitas noturnas ao quarto de Hana. Sentada perto da janela tendo a visão do horizonte da praia.
—— Falta tão pouco, muito pouco —— Hana respondeu soltando a fumaça sobre os lábios.
Hyuna não entendia a obsessão, se ela pudesse, daria a passagem de saída para Hana, que mais desejava sair de lá. Hana era uma oficial da marinha antes de ser uma assassina, uma aviadora e sempre que podia ela contaria de novo, e de novo todas as histórias para Hyuna.
Hana tinha vontade de viver, vontade excessiva de viver e para ela o céu não era um limite, era só mais uma passagem para algo novo.
—— Meu lugar não é aqui, mas também não é lá fora —— Hyuna tentou explicar olhando para o horizonte da paisagem utópica.
—— Lá fora' a praia, ou lá fora o mundo real? —— Hana perguntou.
—— Os dois —— Hyuna respondeu sentindo a impotência de um passarinho preso.
—— Eu vou com você —— Hana respondeu jogando o cigarro fora e saindo de perto da janela.
—— Mas você gosta daqui, adora a praia —— Hyuna riu. Parecia piada da parte de Hana.
—— Mas eu gosto mais de você —— Hana explicou. —— É a minha irmãzinha, eu nunca deixaria você ir embora e ficar sozinha, é perigoso.
—— Eu sei me virar, você sabe bem disso —— Argumentou.
—— Não vai precisar, enquanto eu estiver aqui —— Hana sorriu.
Quando partiram embora da praia, não levaram cartas com ela, não precisavam delas. Mas algo dentro de Jouki esperava que o Chapeleiro aceitasse aquilo como um pedido de desculpas, um pedido de desculpas por ir embora.
(...)
A garota não gostava de jogar, mas ela sempre entrava nós jogos apenas pelo tempo limite, ela não gostava de ficar com poucos dias de vida. Parecia que a sorte sempre estava ao lado delas, quase o tempo todo, o naipe de espadas era o favorito delas. Elas podiam usar a força que tinha dentro delas.
Elas andaram em silêncio até a estação de trem mais próxima, anunciando com a luz original ainda do ambiente que mostrava mais um jogo começando. O lugar sombrio e silêncio trazia com elas apenas os barulhos dos próprios passos em eco pelo ambiente.
Pegaram dois celulares mais próximos de uma mesa branca, também notaram uma mesa mais longe máscaras de gás e três pequenos cilindros de ar. Hyuna arqueou a sombrancelha em confusão, pensando na possibilidade de um jogo de espadas.
—— Acha que pode ser espadas? —— Hyuna perguntou na direção de Hana.
Tanaaka por sua vez se abaixou notando os trilhos dos vagões mais abaixo quebrados, impedindo que os trens se mexessem.
—— A probabilidade é mais alta que seja um de paus —— Hana respondeu. —— Jogamos dois jogos de espadas seguidos nós últimos dias, acho que não dariamos essa sorte.
Hyuna concordou esperando que seu celular desse algum sinal para o jogo começar, estavam sozinhas até o momento naqueles vagões de trens largos e mais longe. Haviam três trens contando com o tubo do outro lado, um trem mais velho.
Ela suspirou sentindo ar quente sair da sua boca naquela noite fria, enfiou as mãos dentro da jaqueta dando passos largos de tédio pelo corredor central do jogo esperando que começasse. Tanaaka e Jouki tiveram sua atenção centralizada rapidamente na direção das escadas quando ouviram passos rápidos e desesperados de alguém, um homem de cabelos cacheados e altos, de cores claras e roupas sujas.
As duas garotas se manteram em silêncio olhando para o homem parado na frente delas com os olhos escuros arregalados como se estivesse finalmente encontrado um jogo para jogar, havia insanidade no seu olhar certamente. Ele correu até a mesa pegando o último celular, quando a tela branca acendeu sobre seu rosto, Hana e Hyuna puderam ouvir sua risada nasal e gargalhadas saírem e ecoarem pelo local todo.
—— Finalmente! Eu achei que iria morrer! —— O homem riu caindo de joelhos sobre o chão com o celular em mãos.
—— Limite de jogadores alcançado! Dificuldade; Dois de copas! —— A voz responder alegre pelas telas. Todos alí arregalaram os olhos com a surpresa da temática do jogo.
Mesmo que Hana e Hyuna não fossem as mais inteligentes para deduções, acreditaram firmemente que o jogo pudesse ser um de paus. Um jogo de copas não passou pela cabeça de nenhuma das garotas naquela noite.
—— Jogo; arriscar! Apenas um jogador pode embarcar em cada trem. Cada trem é composto por 4 vagões, uma das 4 salas está cheia de um gás venenoso letal. Se for inserido sem uma lata de oxigênio, o jogo terminará —— A voz explicou em êxtase. —— Cada jogador recebe uma máscara de gás e 3 cilindros de ar e cada cilindro fornece 5 minutos de ar.
As regras eram simples, assim que um jogador entra em um vagão, a porta para o próximo vagão não abre por 5 minutos, o que significa que o jogador tem que usar a cilindro de qualquer maneira. Isso significa essencialmente que cada jogador terá que escolher um vagão para entrar sem máscara e torcer para que não seja o vagão que contém o veneno.
O homem loiro correu até a mesa colocando de forma desleixada a máscara pegando seus cilindros de ar, os deixando cair sem jeito no chão.
—— Os cilindro de ar pode ser compartilhados pelos jogadores se caso desejarem —— A voz completou.
—— Vocês vão precisar disso? —— O homem perguntou apontando na direção dos dois três cilindros de ar, uma pergunta óbvia demais para alguém com consciência.
—— Pode ficar com um dos meus cilindros —— Hana disse na direção de Hyuna que negou com a cabeça.
—— Não mesmo, vamos ser justas nesse jogo —— Hyuna rebateu negando a idéia de Hana ter menos chances de sobrevivência que ela.
Hana apenas concordou em silêncio, pegou a máscara e os três cilindros junto da outra garota. E antes que entrasse dentro do trem, Jouki sentiu seu corpo ser puxado para perto de Hana que abraçou a garota com força.
—— Me prometa que vai sair desses vagões —— Hana pediu em sussuro segurando o corpo de Hyuna contra o seu.
—— Eu prometo, você tem que viver também —— Hyuna pediu quando Hana se afastou de si ainda segurando seus ombros fortes.
—— Viver não é uma escolha nesse mundo, é uma obrigação —— Hana explicou antes de se afastar da garota.
Quando ambas entraram em vagões diferentes, Hyuna sentiu seu coração bater rápido, pegou a máscara de ar a colocando sobre seu rosto, conectando um cilindro. Segurou os cilindros de ar sobre a mão esperando o jogo começar.
(...)
Quando o jogo começou, Hyuna andou pelo vagão vazio, sem sinal algum de ar venenoso e para melhorar, o jogo não havia tempo limite, era uma escolha dela o limite que ficaria dentro daquele trem.
Notou o ar frio sair de um dos buracos sobre o chão, colocou a mão acreditando ser o gás venenoso, mas notou ser apenas um ar fresco normal. Se sentou em um dos vagões em silêncio, enquanto observava pelas janelas do outro lado Hana com uma máscara de gás e um cilindro conectado, mas principalmente um olhar que passava confiança.
Deu uma olhada em um dos bancos vazios de dentro do vagão com rosas desabrochando lindamente, em um vaso de cerâmica branco delicado como de uma casa de boneca, Hyuna sorriu com delicadeza de um objeto simples no meio de um lugar tão mortal.
Se levantou e então conectou o cilindro na própria máscara, antes de abrir o próximo vagão. Talvez já tivesse um gás venenoso, quando adentrou o lugar, ouviu o ar subir pelo chão outra vez com seu coração batendo acreditando que talvez fosse, mas então observou que não havia absolutamente nada. Havia gastado dois cilindros de ar até aquele momento.
Olhou pela janela esperando algum sinal de Hana, começou a ficar em desespero quando percebeu que a garota não tinha saído do último vagão ainda, e então grudou o máximo que conseguiu o rosto no vídro batendo sem parar na esperança que Tanaaka pudesse ouvir.
—— Hana!?
Foi um alívio quando os cabelos bagunçados em um rabo de cavalo de Hana foram avisados por Hyuna, ela respirou o ar da máscara em alívio se sentindo bem em saber que a sobrevivência de Hana estava intacta até o momento.
Hana acenou na direção de Hyuna, que mesmo preocupada acenou de novo, esperando os cinco minutos acabarem para mudarem de vagão outra vez. Tirou seus olhos do vidro quando observou um vaso de girassóis mais longe no chão, com um vaso de cerâmica outra vez.
—— Flores outra vez? —— Hyuna perguntou a si mesma confusa se aproximando das flores intactas e bem cuidadas.
Quando os cincos minutos acabaram, Jouki se atreveu a colocar a máscara outra vez, seu último cilindro de ar esperando que aquele fosse o maldito vagão envenenado e assim pudesse acabar com aquela tortura. Quando entrou no vagão, olhou pela janela outra vez esperando por Hana que ainda não havia dado sinal. Quando as mãos de Tanaaka bateram no vidro, ela percebeu que havia algo errado.
Hana tirou a máscara de ar, não tinha mais nenhum cilindro, mas como!? Ela tinha três, e havia usado apenas dois até aquele momento. Hyuna sentiu seu coração disparar em desespero, quando Hana colocou as mãos na garganta suprindo ar e tentando evitar o veneno quase impossível.
—— Hana! Levanta Hana, porra! —— Hyuna gritava descontroladamente dentro da máscara batendo no vidro sem parar. Quando observou o corpo de Hana sumir da sua visão caindo no vagão cheio de gás letal.
Hyuna bateu várias vezes no vidro em desespero, tentava enxergar Hana que não dava nenhum sinal ainda, a Jouki estava ficando em desespero de mente e alma. Ouviu a porta do vagão de destrancar correndo para o próximo batendo sobre outro vaso de flores vivas e bonitas de um belo violeta.
Ela ignorou a cerâmica branca cair no chão, quando chegou o outro vagão já não existia mais cilindro de ar, e muito menos algo que ela poderia fazer, continuou olhando para o vidro sem receber sinal algum de que Hana estaria viva. Seus olhos caminharam rápido pelo vagão vazio observando outro vaso de flor. Que diferente dos outros, estava com flores mortas.
Sentiu o ar tóxico invadir sua garganta, lentamente se sentindo impotente procurando pela máscara, que de qualquer forma, não estava impedindo o ar de atravessar sua garganta. Caiu no chão quando percebeu que as malditas flores eram estratégias de mostrar os vagões limpos de ar, com certeza os lugares foram testados antes dos jogos, e até aquele momento, o vagão de Hyuna estava envenenado.
Se debateu sobre o chão com o ar tóxico, até sentir algo dentro da jaqueta que até aquele momento não havia notado. Outro cilindro de ar, pensou em Hana, a mulher provavelmente colocou o cilindro dentro da jaqueta de Jouki sem que ela percebesse.
Conectou na máscara sentindo finalmente o ar puro, mesmo que quisesse vomitar o veneno pra fora, não poderia agora com a máscara impedindo, se levantou lentamente do chão quando notou o ar tóxico impedir sua visão dos lugares do vagão. Quando finalmente os cinco minutos acabaram, Hyuna correu para fora em desespero tirando a máscara.
Hyuna se ajoelhou no chão, vomitou com ardência na garganta o veneno e então respirou o ar limpo. Correu para o trem aonde Hana estava batendo constantemente no vidro tentando encontrar Hana no meio do ar envenenado.
—— Hana por favor! É sua obrigação viver, Hana! —— Hyuna gritou com a garganta ardendo.
Não tinha mais o quê fazer, quanto mais batia sobre o vidro, mais as mãos de Hyuna se machucavam insistentemente ao ponto de sangrar. Ela sentiu a raiva consumir dentro dela, chutando e batendo o vagão de metal e ferro sem parar implorando que libertassem Hana daquele jogo mortal.
—— Parabéns! Jogo concluído! —— Foi a última coisa que Hyuna ouviu sobre o jogo.
Ela era a única sobrevivente, a única maldita jogadora que sobreviveu a mais um jogo horrível daquele lugar. E ela se sentiu impotente e culpada, ela viveria por Hana, já que agora a garota já não estava mais lá.
E lá estava ela de novo, Hyuna estava sozinha, sem praia, sem Chapeleiro, sem Hana. Somente ela, e agora, Hyuna odiava até a si mesma, a própria companhia era torturante, era fraca e principalmente tão odiosa que a causava repulsa.
Hyuna pensava em entrar nos jogos mais horríveis que podiam existir, só pra morrer da forma mais brutal que pudesse. Mas ela não fazia, ela tava vivendo... Não por ela, mas por Hana, porquê ela sabia que Hana queria viver. Mas principalmente, queria que Hyuna também vivesse. No fundo a garota sabia que não era só por Hana, era por vingança também, ela queria que quem fosse que tivesse tirado a Hana dela, sofresse pra sempre.
Quem fosse que tirou Hana do mundo, nunca mais pudesse ver o sol nascer de novo.
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