
━━━━ 𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗩𝗜𝗡𝗧𝗘 𝗘 𝗨𝗠
━━━━ 𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗩𝗜𝗡𝗧𝗘 𝗘 𝗨𝗠
𝘂𝗺𝗮 𝗻𝗼𝘃𝗮 𝗰𝗵𝗮𝗻𝗰𝗲.
HAVIAM SE PASSADO SEIS MESES desde os acontecimentos em Shibuya, foi tempo suficiente para que a Hyuna conseguisse completar o tratamento médico e estar saudável o suficiente para o mundo novamente.
Mesmo assim a garota ainda fazia visitas recorrentes no hospital, principalmente para fazer companhia aos pacientes que ainda estavam em fase de tratamento. Ela sentia como se pagasse uma dívida com o mundo por ter sobrevivido no lugar de tantas pessoas.
—— Eu ganhei —— Hyuna disse pegando a última peça do seu adversário no xadrez fazendo enfim o xeque-mate.
—— Me lembre de nunca mais apostar com você no xadrez —— Suguru Niragi disse jogando o corpo para trás na cadeira branca do quintal do hospital.
—— Se no lugar de perder o seu tempo fumando, utilizar ele para aprender estratégias melhores —— Hyuna completou pegando o cigarro dos dedos do garoto e guardando no bolso.
Niragi era do tipo de paciente extremamente difícil de lidar, a única pessoa que conseguia não abaixar a cabeça facilmente para o garoto, era a Hyuna, o quê fazia dela uma ótima companhia pra ele.
Hyuna estendeu a mão esperando pelo dinheiro apostado naquela longa partida de xadrez, Niragi revirou os olhos batendo com o dinheiro na mão da garota.
—— Foi ótimo jogar com você —— Hyuna brincou contando o dinheiro.
—— Deve ser muito estranho transar na maca de um hospital —— Niragi murmurou olhando para trás curioso.
—— Credo, por quê você você tá pensando nisso? —— Hyuna perguntou voltando a atenção no garoto.
—— O médico alí, não para de olhar para você —— Niragi explicou. —— Tem cara do tipo pervertido que transaria na maca do hospital.
—— E você do tipo pervertido que pensa sobre isso —— Hyuna jogou. Observou o médico mais longe que conversava com mais um enfermeiro.
Se lembrava da primeira vez que viu ele, também tinha sido uma das vítimas do meteoro em Shibuya. Tinha os cabelos loiros e longos até o pescoço e um olhar neutro sobre tudo, ainda assim, preocupado.
—— Gosta dele? —— Suguru Niragi perguntou.
—— Não, eu só simpatizo com os ideias —— Respondeu Hyuna se levantando e indo para longe de mesa.
Observou Niragi uma última vez lhe dar o dedo do meio, Hyuna apenas riu negando com a cabeça e se afastando novamente indo em direção a dentro do hospital. Caminhou até a direção de alguma máquina de bebidas do corredor, colocou o dinheiro da vitória do jogo e então apertou o botão esperando pelo seu refrigerante de laranja.
—— O paciente Suguru parece bem difícil de lidar —— Uma voz calma logo puxou a atenção de Hyuna.
Observou o médico de cabelos claros que tanto a olhava, observou ele com as mãos no jaleco olhando para a janela.
—— Ele é do tipo que você precisa ter paciência —— Hyuna respondeu.
—— E você? É de que tipo? —— Ele perguntou curioso.
—— O quê?
—— Desculpa, eu não quis ser indelicado —— Completou. —— Sou Chishiya, Shuntarō Chishiya.
—— Hyuna Jouki —— Hyuna se apresentou. —— É respondendo a sua pergunta, eu sou do tipo difícil de lidar também.
Chishiya manteve um sorriso de canto de boca, algo dentro do rapaz dizia que ele sabia lidar com a difícil garota, mesmo que se conhecessem agora.
—— E você? Que tipo é? —— Hyuna brincou de volta com a provocação de Chishiya.
—— Do tipo que você precisa de paciência —— Chishiya brincou com a resposta.
Tirou os braços do jaleco ficando de braços cruzados na frente da garota que segurava o próprio refrigerante de laranja.
—— Seria indelicado e invasivo perguntar se você tem um namorado? —— Chishiya perguntou.
—— Seria se a sua intenção não for me chamar para sair —— Hyuna soltou. —— Está me chamando para sair, doutor?
—— Se eu estivesse, acha que eu teria chance de me encontrar com você as oito da noite? —— Chishiya se atreveu a primeira vez de tomar uma atitude.
Hyuna riu, algo nela de antes do acidente negaria totalmente qualquer interação com intenções, mas a nova ela com certeza estava disposta àquilo.
E ela sentia algo em Chishiya, como se suas almas pudessem ter se conhecido em algum momento passado.
—— Ok, marcado para as oito —— Hyuna respondeu. Pegou a caneta no jaleco de Chishiya puxando a mão do garoto com delicadeza para perto de si, e então anotando seu número de telefone.
(...)
Hyuna se olhou uma última vez no espelho antes que seu relógio marcasse as exatas oito horas da noite, seu vestido branco simples e a forma como ele caía exatamente bem no seu corpo.
Desceu do próprio apartamento andando lentamente na direção do carro e do homem a sua frente que usava uma roupa social simples em tons claros também.
—— Belo vestido —— Chishiya disse olhando hipnotizado na direção da garota.
—— Roubei a sua cor —— Hyuna brincou lembrando do jaleco branco do trabalho do garoto.
—— É, branco combina muito com você —— Chishiya completou antes de abrir a porta do carro para a garota.
Sentiram como se fossem eternos, foi a primeira vez em meses que Chishiya permitiu tomar um gole de vinho novamente sem o transtorno de se sentir um fracassado. E foi a primeira vez que Hyuna passou a noite tão sorridente depois de tanto tempo se perguntando o quê tinha de errado. Parecia que algo tinha sumido desde o meteoro, como se algo tivesse morrido com ela naquele dia.
Quanto mais o tempo passava, eles se sentiam como se pudessem se conhecer a vida inteira, e quando a chuva caiu sobre o céu de Tokyo, observaram que já era a hora de ir embora. Chishiya saiu do carro em silêncio, caminhou até o outro lado com o guarda chuva em mãos ajudando Hyuna a sair do carro.
—— Hoje foi ótimo —— Hyuna completou. —— Obrigada pela noite.
A garota apenas caminhou seus lábios até a direção do rosto de Chishiya juntando em sua bochecha em um beijo rápido.
Foi como um ponto de gatilho para Chishiya, observando Hyuna partir para dentro novamente, algo dentro dele gritava para que não a deixasse ir, para que ele não a deixasse escapar.
—— Desculpa, mas... Eu sinto como se já nós conhecessemos antes —— Chishiya disse segurando firme o guarda chuva.
—— Bem, nós dois passamos pela mesma situação —— Hyuna explicou lembrando do acidente.
—— Não, muito antes —— Chishiya explicou deixando o guarda chuva cair no chão. —— É como se a minha alma e a sua...
—— Se conhecessem antes da gente —— Hyuna completou.
A garota se aproximou de Chishiya na chuva, seus corpos ensopados de água como se o mundo agradecesse por finalmente seus corpos se encontrem novamente.
—— Tive de medo de falar isso e você me achar uma maluca —— Hyuna riu.
—— Algo dentro de mim tava gritando pra te contar —— Chishiya explicou sorrindo de forma explícita.
Hyuna apenas se aproximou do garoto novamente, juntando seus corpos e lábios en um beijo perfeito.
Chishiya segurou Hyuna nós braços abraçando sua cintura com força como se pudesse a perder novamente, mas dessa vez, ele não deixaria. Sorriam um pro outro entre a chuva, com seus lábios tão perto um do outro como se os universos se alinhassem em paz finalmente.
Estavam juntos, fosse outra vez ou não, eles nunca saberiam, mas estavam juntos e isso era a coisa mais linda que poderia acontecer com suas almas.
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