
━━━━━ 𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗢𝗡𝗭𝗘
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𝗼 𝗿𝗲𝗶 𝗱𝗲 𝗲𝘀𝗽𝗮𝗱𝗮𝘀
MAIS DE UMA HORA havia se passado, todos olhavam para o céu observando os imensos aviões que traziam consigo as últimas cartas do baralho. Hyuna sentiu o silêncio pela primeira vez, aquela rua central de Tokyo totalmente vazia, apenas os cinco jovens parados se perguntando o quê aconteceriam agora.
—— Parece que nenhum dos jogos está inciando —— Arisu completou confuso.
—— Já se passou uma hora... —— Comentou Hyuna de braços cruzados.
—— Talvez eles tenham esquecido de apertar o botão de start —— Completou Chishiya em um tom irônico se aproximando da namorada.
—— Não é hora de piadas —— Hyuna completou séria.
—— Não foi uma piada, foi mais uma teoria —— O loiro deu de ombros.
—— Não vão nem explicar as regras pra gente? —— Se perguntou Kuina em voz alta sentada no chão de Tokyo.
E então antes mesmo que Hyuna pudesse ao menos abrir a boca novamente, o silêncio foi substituído pelo barulho alto de carros se aproximando. Observando vários carros antigos se aproximando entre os seis jogadores, observando algumas pessoas que saíram dos carros que aparentemente eram da praia.
—— O quê estão fazendo aqui? —— Hyuna e Arisu perguntaram juntos, ambos em tons diferentes.
Enquanto Arisu mostrava preocupação, Hyuna demonstrava raiva se perguntando como aqueles milicianos haviam de ter a coragem de então voltar para lá.
—— Vimos os balões —— Um dos homens respondeu.
—— Ouvimos boatos que a segunda fase vai começar —— A mulher ao lado respondeu.
—— Bem... —— Arisu olhou para o telão que não anunciava absolutamente nada —— A questão é que.
Foi como um choque, em questão de segundos o casal a frente dos dois jovens simplesmente explodiu. Com seus corpos jogados ao chão com força ensanguentados. Hyuna entrou em choque dando passos para trás observando os restos mortais no chão.
—— Um fuzil? —— Chishiya se perguntou observando as pessoas morrendo de longe distância.
—— Se protejam! —— Gritou Hyuna correndo para longe.
—— É um fuzil anti tanque —— Comentou Chishiya dando passos lentos para longe da matansa de pessoas. —— É totalmente inútil se esconder dentro de um carro.
—— Corre Chishiya! —— Hyuna puxou o garoto pelo braço para longe de lá correndo mais rápido.
E então o mais rápido que puderam, todos ali correram atrás de uma proteção e um lugar seguro para estar. —— O jogo começou? Quais são as regras!? —— Kuina perguntou.
—— Não tem regras! —— Arisu respondeu.
—— Com esse fuzil, dá pra abater um alvo a mil metrôs —— Chishiya continuou suas informações sobre a arma.
Hyuna olhou para os prédios, se perguntando por onde estariam atirando nas pessoas lá embaixo. Ouviram outro barulho afirmar, um fuzil agora de assalto que atirava sem parar, parecia que quem estivesse fazendo isso, tinha muitas armas.
—— Estão chegando os outros jogadores! —— Kuina gritou observando uma multidão desesperada. Observaram vários jogadores correndo e gritando pela própria vida, enquanto alguns apenas morriam pelo caminho sem destino concreto.
—— Não sabia que haviam tantas pessoas vivas ainda —— Completou Hyuna assustada. Ouviram mais tiros, não podiam ficar parados por quê logo seu esconderijo seria descoberto, todos ali não viram outra opção que não fosse voltar a correr.
E antes que pudesse sair de trás de um muro de ferro qualquer, observaram mais alguns tiros na sua direção, Hyuna puxou Chishiya pela camisa para perto da parede novamente impedindo que o tiro atingisse o garoto.
—— A gente precisa se separar! —— Hyuna gritou.
—— O quê? —— Kuina perguntou.
—— Se andarmos juntos assim, vai ser mais fácil de alguém levar um tiro! —— Hyuna explicou. —— Até outro tiro ser acertado no muro. —— Corram!
Hyuna sentiu seu fôlego acabar, correu sem olhar para trás, apenas correu fugindo de todos os tiros que conseguia naquele momento. Segurou firme o próprio punho tentando pensar em uma solução, não conseguia pensar direito em momento de ação e isso era o pior.
Correu mais e mais longe até observar os tiros diminuindo, parou por um segundo na tentativa de respirar enquanto observava estar no meio da multidão de vários carros. E antes que pudesse ser atingida por outro tiro indesejado, sentiu alguém a puxar para baixo com força segurando seus braços contra o corpo e então observou Chishiya escondido atrás de um carro com Kuina.
—— Não pode ficar parado aí! —— Gritou Kuina para Arisu e Usagi do outro lado.
Sendo silenciada por tiros que viam na direção do carro fazendo a garota novamente se esconder atrás do carro.
—— Da onde estão atirando? —— Hyuna perguntou em voz alta. Sentindo Chishiya soltar dos seus braços voltando a observar o céu ser escondido com o avião que se aproximava trazendo então a carta do baralho.
O naipe de espadas.
—— É o rei de espadas —— Chishiya respondeu.
Quando o silêncio se estalou novamente entre a rua, Hyuna pode soltar a própria respiração em paz, apoiou a cabeça no carro podendo enfim tentar respirar um pouco.
—— Toma, sua arma secreta —— Chishiya completou entregando para Kuina uma bomba caseira presa em uma lata de refrigerante de laranja.
—— O quê isso? Uma bomba? —— Kuina perguntou.
—— Só use se realmente for necessário —— Chishiya respondeu. Se virou para o lado de Hyuna entregando outra bomba na lata de refrigerante de uva.
—— Fiz uma pra você, Hyn —— Chishiya sussurrou entregando para a namorada.
—— Que gentil —— Brincou Hyuna pegando a pequena bomba na mão observando o cuidado que Chishiya tinha em fazer aquelas coisas.
Logo o clima foi quebrado observando Arisu e Usagi vindo na direção deles se escondendo do carro ao lado junto de um rapaz que havia morrido, caído sobre o chão em silêncio de olhos abertos.
—— Vocês estão bem!? —— Kuina perguntou.
—— O rei de espadas! Ele tá sozinho! —— Disse Hyuna observando o homem de capa preta sobre as ruas atirando por tudo.
—— Não dá pra ficar aqui —— Kuina completou.
—— Se sairmos daqui, vamos ser atingidos —— Explicou Usagi.
Hyuna fechou os olhos pedindo piedade por um plano perfeito inexistente, queria uma pequena breja para escapar daquela guerra na rua. Até ouvirem um carro de aproximar, de uma pintura verde escuro, em silêncio os cinco jovens deram as caras observando Ann e Tatta dentro do carro.
—— Entrem logo! —— Tatta gritou na janela do carro.
Todos ali então correram na direção do carro se espremendo todos juntos no banco de trás esperando que todos ali conseguissem entrar. E antes que Chishiya pudesse entrar dentro do carro, observaram uma pequena granada jogada ao lado do carro. Chishiya abriu os olhos surpreso se afastando do carro.
—— Que droga! Eu te encontro depois! —— Chishiya gritou na direção da namorada enquanto fechava a porta do carro.
—— Ó quê!? Chishiya! —— Hyuna gritou observando o carro correr rápido para londe da granada. Enquanto Chishiya se escondia atrás do carro novamente.
Quando haviam finalmente despistado o rei de espadas, Hyuna continuou nervosa se perguntando se Chishiya estava bem. Eles não haviam se separado em nenhum momento desde os acontecimentos na praia. Era a primeira vez que ficavam tão longe um do outro.
—— Será que o Chishiya tá bem? —— Hyuna perguntou.
—— Ele sabe se cuidar —— Arisu respondeu segurando firme no banco do carro ainda assutado.
—— Não se preocupe, ele vai voltar —— Kuina tentou ajudar. —— Duvido que ele deixe a única namorada que ele já teve na vida.
—— Aquele balão se movimentou durante o ataque —— Ann interrompeu voltando para as coisas importantes. —— Pode significar que a cidade toda é o campo de jogo.
—— Não podemos enfrentar ele sem armas —— Explicou Tatta ainda dirigindo.
—— Vocês acham que a Mira é a criadora do jogo? —— Perguntou Hyuna.
—— Cada naipe tem um rei, provavelmente um mestre para cada jogo —— Arisu continuou. —— Talvez, se ganharmos todos os jogos...
—— Estaremos livres —— Completou Hyuna.
—— Vocês ainda acreditam nas mentiras do Chapeleiro? —— Ann perguntou.
—— Bem, a segunda fase só aconteceu mesmo depois de conseguimos as quarentena cartas —— Hyuna respondeu. —— Então sim, eu acredito!
—— Se você prefere acreditar nisso, ok —— Ann suspirou.
Logo que o silêncio voltou, observaram um carro se aproximar notando o rei de ouros dentro do carro com alguns corpos mortos atrás. Tirando uma arma para fora atirando na direção de todos. Hyuna e os amigos se abaixaram no banco tentando dispistar dos tiros, observando Tatta que acelerava mais ainda tentando correr contra o tempo e o carro.
Voltando a tentar dispistar dos tiros e da loucura toda em movimento, Ann decidiu assumir o volante do carro quando observou o rei de espadas tirar uma arma ainda maior para fora.
—— Ann sua maldita! —— Hyuna gritou em desespero enquanto o carro corria mais e mais rápido.
—— Pode me agradecer mais tarde! —— Ann gritou ainda com os olhos na rua.
Ann continuou correndo, mais e mais rápido sem destino sentindo que todo obstáculo na rua não era nada para si mesma e aquele carro antigo, e antes que pudessem ao menos cantar a vitória.
O carro capotou pela rua rápido e o carro do rei de copas dou atropelado com outro que corria pela sobrevivência também. Saíram rápido de dentro de carro com pressa e corpos machucados e doloridos, Kuina segurou em Hyuna que ajudava a garota a se manter em pé.
—— Vocês estão bem? —— Ann perguntou.
—— Machuquei o pescoço —— Tatta respondeu se levantando.
—— Quebrei uma unha! —— Kuina respondeu de forma dramática.
—— Ele voltou! —— Arisu gritou novamente.
Voltaram a correr rápido dos tiros enquanto Ann corria na direção oposta se afastou do resto do grupo.
(...)
Quando finalmente encontram um lugar seguro, os quatro jovens já estavam mais calmos sobre tudo que estava acontecendo. Sentados em chãos e poltronas perto tentando manter o fôlego.
—— Não estou ouvindo tiros, por enquanto estamos seguros —— Arisu completou.
—— Espero que o Chishiya esteja bem —— Completou Hyuna ainda preocupada.
—— A Ann também —— Kuina completou pensativa.
—— Tenho certeza que estão, eles são muito inteligentes —— Tatta amenizou o clima. Hyuna sorriu simpática para o garoto que retribuiu.
—— A gente precisa de comida para passar a noite —— Usagi completou.
—— Enquanto isso, eu vou procurar um carro —— Tatta explicou. —— Você quer vir comigo? —— Perguntou na direção de Kuina.
—— O quê?
—— Vamos, eu conheço um lugar —— Explicou Tatta.
Kuina concordou suspirando se cansada seguindo o garoto.
—— Vamos —— Puxou o garoto pelo braço entrelaçando com o seu.
—— Hein! O quê tá fazendo? —— Tatta perguntou.
—— Aposto que você nunca andou com um gostosa como eu do lado —— Kuina disse ignorando o garoto e puxando ele para irem.
Enquanto andavam pelas ruas escuras da noite vazia e silenciosa, Hyuna esperou do lado de fora enquanto Arisu e Usagi pegavam comida em uma loja local abandonada. Observou Usagi sair rápido da loja em silêncio, pensando em um possível clima ruim que poderia ter ficado entre eles.
Arisu entregou uma das sacolas de comida para Hyuna e então andaram lentamente atrás enquanto Usagi andava mais rápido na frente em silêncio.
—— Hyuna, o quê você fazia no mundo real? —— Arisu atreveu perguntar.
—— Eu era programadora —— Hyuna respondeu. —— Na verdade, eu lutava em uma acadêmia no tempo livre.
Arisu concordou, queria saber mais, mas o medo de novamente invadir o espaço pessoal de outra pessoa o dava nós nervos.
—— Quando todo mundo sumiu, eu tinha acabado de sair de uma loja e comprado algumas coisas para o meu computador novo —— Hyuna respondeu sem graça. —— E você?
—— Eu era um fracassado —— Arisu respondeu.
—— Você... Saiu da faculdade não é? —— Hyuna perguntou se lembrando da última conversa de Karube e Arisu.
Arisu apenas concordou em silêncio, ambos tinham o mesmo medo quando voltassem; de continuar sendo um fracasso.
—— Não cheguei a entrar em uma também, acabei me perdendo muito na programação achando que poderia me ajudar —— Hyuna abaixou a cabeça sem graça.
—— Quando voltarmos, o quê acha da gente fazer faculdade juntos? —— Arisu perguntou tentando aliviar o clima.
Hyuna riu, e concordou com a cabeça, tudo que ela mais queria era voltar agora, mesmo que tudo a sua volta desse a idéia que ela deveria morrer ali, mas principalmente, ela queria voltar para ter a paz necessária.
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