━━━━ 𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗗𝗘𝗭𝗘𝗡𝗢𝗩𝗘
━━━━ 𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗗𝗘𝗭𝗘𝗡𝗢𝗩𝗘
𝗮 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗮𝗰𝗮𝗯𝗼𝘂.
O CHÁ CONTINUAVA, Mira continuava enrolando, tanto para responder as perguntas de Arisu, quanto para terminar o jogo como pedido de Hyuna.
Mira respirou fundo, olhou para o céu e então voltou sua atenção para os dois convidados a sua frente, que esperavam alguma resposta.
—— Já se perguntaram, como seria o futuro? Nanotecnologia, energias renováveis, células pluripotentes, realidade virtual, terra formação... —— Mira respirou fundo voltando a respiração. —— A tecnologia da sua era, são repletas de esperança, deveriam estar extasiados.
—— Com ó que exatamente? —— Hyuna perguntou.
—— Todas essas coisas se tornaram realidade! De fato, a tecnologia atingiu Barreiras inimagináveis —— Mira explicou.
—— Espera um pouco, do quê você tá falando? —— Arisu parecia curioso.
—— Como assim? Eu simplesmente estou dizendo a vocês como vai ser o futuro da humanidade daqui á mil anos! —— Mira respondeu.
—— Daqui a mil anos? —— Arisu parecia confuso.
Hyuna notou algo entra às rosas brancas, observou uma tela de câmera, uma lente que estava observando exatamente tudo que eles estavam fazendo.
—— Na verdade, nesse exato momento vocês estão fazendo parte de uma experiência virtual —— Mira disse. —— Estão em um sono profundo e esqueceram disso.
Não podia ser verdade, a vida da Hyuna era uma mentira total? Que merda era àquela, a garota parecia confusa e totalmente perdidas sobre as próprias idéias.
—— E para o conhecimento de vocês, eu administro esse sistema —— Mira completou.
E então no mesmo instante, Mira soltou uma gargalhada exagerada. —— Brincadeirinha, isso é tudo mentira.
—— Isso é perca de tempo —— Hyuna revirou os olhos. —— Ela não sabe nada!
—— A verdade é que! —— Mira interrompeu Hyuna. —— Vocês viram a vegetação não é? Aumentando.... A cidade está repleta de montanhas, foram os alienígenas que fizeram isso.
—— Alienígenas? —— Arisu perguntou.
—— Eles capturaram a humanidade e apagaram as lembranças, e nos forçaram a jogar esses jogos —— Mira continuou.
—— Isso é verdade mesmo? —— Arisu perguntou.
—— Claro que não! Arisu ela tá mentindo! —— Hyuna gritou já irritada com aquela situação.
—— Com certeza, existe um boato que circula pelos humanos, dizem que devido a uma guerra nuclear —— Mira sorriu sádica. —— Humanos não podem viver na superfície da terra, então os ricos criaram androides com memórias artificiais implantadas, para jogar na superfície, e agora apostam para ver quem vai sobreviver. Mira levou seu olhar para Hyuna que parecia com raiva, cansada e perdida.
—— Quem apostou em você Hyuna, deve ser uma pessoa de sorte —— Mira murmurou.
Aquela era a maior loucura que a Hyuna já ouviu na vida, de um momento para o outro ela deixou de ser uma humana jogando um jogo insano, para um androide de memórias artificiais que só serve para apostas.
—— Para com essa merda! —— Hyuna disse já irritada.
—— Você tá falando a verdade ou não? —— Arisu perguntou batendo a mão na mesa.
Mira apenas riu leve novamente, voltando a postura séria.
—— Caíram na minha de novo! —— Mira brincou.
—— Já deu de chá, vamos voltar pro croquet —— Hyuna disse se levantando da mesa já sem nenhuma
—— Aposto que você nem sabe a resposta —— Arisu se levantou também.
—— A resposta é tão importante assim? —— Mira perguntou. —— Você quer a resposta por causa dos seus amigos mortos? E você? —— Ela apontou para Hyuna. —— Quer por quê sua amiga se sacrificou por você? Que coisa fofa.
Àquilo parecia não ter um fim certo, nunca, parecia que aquela conversa era eterna e que eles nunca iriam zerar o jogo.
—— A propósito, eu que criei os dois jogos de copas —— Mira completou.
Foi como um ponto de gatilho, Arisu e Hyuna não pensaram duas vezes antes de pegarem as próprias arma e então apontarem na direção de Mira. Ela poderia atirar, poderia puxar o gatilho naquele exato momento. Ela prometeu que acabaria com quem tirou a Hana dela, e a pessoa estava alí, na frente dela.
—— Eu quero zerar esse jogo —— Hyuna disse abaixando a arma. Andou até a direção de Arisu, abaixando lentamente a arma dele também. —— Nós dois queremos.
—— É isso que você quer, que a gente te mate enquanto o jogo tá acontecendo, mas eu não vou fazer isso —— Arisu respondeu. —— Porquê eu sei que se fizer isso, não vai acabar.
—— Respondam pra mim, enquanto estavam jogando os jogos —— Mira perguntou. —— Não perderam todo o interesse do quê tava acontecendo no mundo?
—— Eu só quero a resposta! —— Arisu gritou.
—— Deve estar preparado para aceitar a realidade.
(...)
—— Não faz sentido, Arisu eu tô viva! Eu tô aqui! —— Hyuna gritou confusa.
—— Tem razão, mas essa realidade não é a que o Arisu tá enxergando agora —— Mira respondeu.
—— O quê...?
Foi como uma mudança de cenário brusca, quando a Hyuna abriu os olhos novamente, tudo já tinha mudado de novo. Ela usava roupas brancas e estava entre uma porta parada observando tudo, Arisu estava totalmente paralisado na frente de Mira que usava uma roupa de médica.
Tudo àquilo, era mentira.
O jogo era mentira, tudo àquilo era só a imaginação do Arisu, a Hyuna era mentira? Ela não sabia mais no quê acreditar.
—— E então Arisu, suas lembranças estão voltando? —— Mira perguntou sentada na frente de Arisu na mesa branca.
—— Chōta... Karube —— Arisu murmurou quase como um sussurro.
Mira levou seus olhos na direção da porta, observando Hyuna parada ali, totalmente imóvel e sem reação alguma sobre as coisas.
—— Vocês dois são tão próximos —— Mira disse se referindo a Arisu e Hyuna. —— Se cuidam como irmãozinhos, ela tá a todo momento preocupada com você.
Arisu levou o olhar para a porta, um olhar sem vida, sem motivações, um olhar que Hyuna já não reconhecia mais.
—— Ela também perdeu alguém importante, por isso ela tá aqui em tratamento —— Mira explicou.
A respiração de Hyuna ficava mais ofegante, como se ela não fosse aceita naquele mundo, tinha algo errado. Os amigos do Arisu haviam morrido em um acidente, atropelados. Àquilo foi um choque para o garoto, que ele simplesmente perdeu a memória por completo.
—— Foi culpa minha —— Arisu disse.
—— Parece que você lembrou de tudo —— Mira respondeu. —— Você queria tanto saber sobre esse mundo, mas na verdade, você queria mesmo era saber o quê você é nesse mundo.
Hyuna notou o quadro na parede branca, o único quadro que existia alí, três pessoas jogando croquet com roupas formais de época.
—— Eu que não tinha motivos pra viver, sobrevivi... —— Arisu chorou baixo.
Hyuna entrou na sala, foi até a direção do amigo e pegou no seu ombro o tentando acordar daquele sonho hipnótico.
—— Você tem que ficar lá fora, não chegou a sua vez ainda —— Mira disse pacificamente.
—— É mentira! Por favor para com isso! —— Hyuna implorou.
—— Saía da sala! —— Mira gritou ordenando.
Mira puxou um copo de água e um remédio em cápsula, levando na direção de Arisu.
—— Vamos acabar com isso, você só precisa confirmar pra mim que quer desistir —— Mira explicou.
Mira olhou para Hyuna e então a garota sentiu o próprio ombro sangrar manchando toda a roupa de sangue, Hyuna caiu no chão sentindo a dor insuportável do seu ombro.
—— Só precisa tomar o remédio, e todo esse sofrimento vai acabar —— Mira completou.
E antes que Arisu pudesse levar o remédio e o copo de água até a boca, Hyuna se levantou rápido do chão, mesmo com muita dor e então jogou o copo de água no chão. Derrubando ela e Arisu sobre o chão também. Mira caminhou até a direção de Hyuna, que pegou um caco de vidro do copo jogado no chão apontando na direção de Hyuna.
—— Abandono afetivo é uma das coisas mais cruéis que um pai pode fazer —— Mira disse na direção de Hyuna.
—— Do quê tá falando? —— Hyuna perguntou baixo.
—— Você foi abandonada por todos que você já amou, foi abandonada pela sua mãe, pelo seu pai... Os seus amigos, todo mundo —— Mira respondeu. —— É por isso que você criou pessoas que se importam com você.
Hyuna sentiu o caco de vidro cortando suas mão lentamente, seus braços tremendo de nervoso, ela já não sabia mais o quê deveria acreditar.
—— Criando pessoas que dariam a vida por você, um garoto que te amaria até a morte, amigos leais por toda a vida... —— Mira parecia ter tudo sobre o controle dela. —— Hyuna, você sabe que não tem nada, você sempre esteve sozinha, sempre.
Parecia que seu cérebro havia parado, era verdade? Ela tava sozinha, nada daquilo era real, ela tinha enlouquecido por completo, todos até alí, eram coisa da cabeça dela.
—— Você pode ser a próxima rainha de copas, Hyuna —— Mira explicou.
—— Vamos acabar com isso, acabar com esse jogo —— Mira disse, sentindo seus olhos se arregalaram e o arrependimento correr a sua garganta.
—— Jogo?
Hyuna lembrou, àquilo era um jogo de copas, àquilo era real, e ela prometeu que acabaria com o jogo.
—— Arisu, você disse que me protegeria, e eu disse que faria de tudo pra você sobreviver —— Hyuna disse sentindo a pele da sua mão rasgar mais. —— Eu daria a minha vida se fosse preciso.
Arisu não dava nenhum sinal, o garoto ainda estava jogado no chão totalmente imóvel, como se nem ele quisesse acordar.
—— Você prometeu pra mim, que me protegeria, nem que fosse de mim mesma —— Hyuna estava decidida.
A garota virou de frente para Arisu e sem pensar duas vezes levou o vidro na direção do pescoço o cortando no mesmo instante.
Quando Hyuna observou o sangue escorrer pelas suas mãos e pelo chão, ela percebeu o quê havia feito, jogou o caco de vidro no chão segurando o próprio pescoço tentando estancar o sangue.
—— Por favor... Acorda —— Hyuna murmurou sentindo o sangue escorrer dos dedos da sua mão.
—— Nossa que cena comovente... Mas, o amor de uma pessoa não pode te salvar de tudo —— Mira disse baixo e seria.
Hyuna caiu sobre o chão, ainda com uma das mãos segurando o próprio pescoço sentindo o próprio sangue quente sobre o chão todo.
—— Você sempre procurou respostas... Mas a verdade, é que todos nós temos respostas diferentes —— Hyuna murmurou entre sussurros. —— Viemos até aqui, procurando respostas... Quando na verdade, a gente devia procurar razões.
Hyuna fechou os olhos sentindo a sua consciência ir embora, sentindo seu corpo perdendo toda a força.
—— Eu venci —— Mira disse baixo, acariciando os cabelos de Hyuna. —— Vai desistir, não vai Arisu?
Esse parecia o fim do jogo.
Arisu arrastou seu braço lentamente até a direção de Hyuna, segurando firme o braço ensanguentado da irmã.
—— Hyuna, eu quero... Te dizer obrigado uma última vez —— Arisu disse. —— Obrigado por ter visto potêncial em mim, quando ninguém mais viu, por me salvar, quando nem eu queria.
—— Arisu, obrigada por ter sido a família que eu precisava —— Hyuna sussurrou abrindo lentamente os olhos. —— O irmão que eu procurei...
—— Eu queria ter te conhecido antes, eu sinto que tudo seria diferente pra mim —— Arisu murmurou em choro.
—— Eu queria... Eu quero, poder chamar você de irmão de novo amanhã, e saber que vai ficar tudo bem —— Hyuna sentia o gosto do sangue na boca.
Arisu levantou, caminhou até a direção de Hyuna tampando a garganta da garota com a mão, enquanto Hyuna continuava sentindo que estava perdendo a consciência.
—— Vamos continuar o jogo —— Arisu disse na direção de Mira.
Foi como se tudo voltasse ao normal do anormal, estavam na arena do último jogo novamente, Arisu notou o sangue por todo o chão, desesperado.
Mira simplesmente entregou um pano branco na direção de Arisu, o garoto pegou o pano amarrando levemente no pescoço de Hyuna tentando tampar o corte.
—— Foi maravilhoso, eu nunca vi alguém aceitar a morte tão bem como ela, fiquei comovida —— Mira disse com os olhos cheios de lágrima. —— Vamos terminar esse jogo, por ela.
Enquanto o sol partia lentamente, junto com os últimos batimentos lentos do coração de Hyuna, Arisu e Mira terminavam a última partida de croquet.
E então quando caiu a noite, Hyuna estava mais para uma lembrança no coração de todos, e o sangue que escorria pelo seu corpo agora era mancha em um pano branco preso na garganta.
—— Eu ganhei a partida! —— Mira disse saltitando animada pelo fim da rodada de croquet.
Arisu olhou para a mulher na sua frente, que parecia finalmente encontrar paz.
—— Você jogou três rodadas, sem desistir —— Mira completou. —— Meu parabéns, Arisu.
—— O jogo foi concluído!
Foi como se a paz finalmente chegasse, aquilo foi o quê mais queriam ter ouvido, durante aquele longo tempo de tortura.
—— Me responde, que mundo é esse? —— Arisu perguntou.
—— Logo você vai descobrir, você vai ter duas opções e não importa qual você escolher —— Mira explicou. —— Vai ter a resposta, vai saber que tipo de pessoa você é. Aceite que a vida é como um jogo.
Mira sorriu uma última vez, antes que o laser descesse ao céu e então tirasse dela todo o poder sobre si e o mundo, o corpo de Mira caiu sobre o gramado de croquet.
—— Parabéns jogadores! Todos os jogos foram devidamente zerados por vocês! —— A voz doce e suave anúnciou.
Observaram o último avião explodir no céu, o naipe da rainha de copas cair sobre o esquecimento, e os fogos de artifício fazerem um show no céu.
—— Você acha que eles conseguiram? —— Niragi perguntou baixo observando os fogos de artifício no céu.
—— Não subestime a minha garota, tenho certeza que ela conseguiu —— Chishiya respondeu olhando para o prédio alto.
—— Arisu...
Arisu ouviu a respiração pesada de Hyuna ainda, o chamado tão baixo da irmã como se fosse quase algo da sua cabeça, o garoto correu na sua direção observando a garota ainda respirando, mesmo que muito pouco.
—— Agora todos os jogadores sobreviventes devem fazer uma escolha, com apenas duas opções —— A voz anúnciou novamente. —— Por favor respondam se aceitando a residência permanente nessa terra, ou se preferem declinar a oferta.
Logo a voz repetiu novamente o anúncio, Hyuna fechou os olhos e sentiu as lágrimas escorrerem, finalmente havia acabado.
—— Arisu... Vamos ser amigos não é? Quando voltarmos —— Hyuna perguntou sentindo o sangue escorrer para fora do pano.
—— Sim, você é a minha irmã, eu não vou te abandonar —— Arisu respondeu.
—— Eu declino da oferta de permanência —— Arisu disse alto olhando para o céu cheio de fogos de artifício.
Hyuna sentiu seu coração parando se bater, sua respiração parando e ficando pesada, seu corpo simplesmente parando de responder e cada palavra sua garganta abria mais.
—— Eu... Eu declino da oferta —— Hyuna murmurou as suas últimas palavras. —— Eu quero voltar pra casa.
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