𝒗𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝒕𝒓𝒆̂𝒔. a batalha final
VINTE E TRÊS. a batalha final
Evie permaneceu em silêncio, aninhada nos braços de Theo, ouvindo o som compassado da respiração dele. A intensidade daquele momento parecia gravada no ar, mas a realidade não tardou a se insinuar novamente. Ela sabia que precisava voltar para a reunião, enfrentar as perguntas, os julgamentos, e a inevitável batalha que os aguardava. Mas, por agora, permitiu-se desfrutar daquele breve instante de paz.
O som de passos ecoando pelo corredor interrompeu o momento. Ambos se afastaram rapidamente, embora a proximidade entre eles ainda carregasse uma intimidade inegável. Sirius apareceu na curva do corredor, os olhos avaliando a cena com um misto de preocupação e curiosidade.
“Vocês vão voltar para a reunião ou preferem que a gente leve o chá até aqui?” ele provocou, tentando aliviar a tensão com seu típico sarcasmo.
Theo lançou-lhe um olhar tímido, Evie respirou fundo e respondeu: “Já estamos indo.” Sua voz estava mais firme do que ela esperava, carregando uma determinação renovada.
Sirius assentiu e desapareceu de volta para a sala. Evie virou-se para Theo, os olhos buscando os dele. “Preciso que você confie em mim,” disse ela, sua mão deslizando pelo braço dele até segurar a mão dele com firmeza. “Não sei o que vai acontecer, mas preciso que você acredite que eu vou lutar para voltar. Por mim. Por você.”
Theo hesitou, os olhos escuros procurando alguma incerteza no rosto dela. Encontrando apenas convicção, ele apertou a mão dela e assentiu. “Eu confio. Mas eu não vou parar de lutar por você, Evie. Nem por um segundo.”
Eles caminharam juntos de volta à sala de reuniões. Quando passaram pela porta, todos os olhares recaíram sobre eles, alguns curiosos, outros preocupados. O ambiente parecia ainda mais pesado do que antes, como se a tensão no ar tivesse se multiplicado em sua ausência.
“Tudo bem,” Evie disse, assumindo a palavra antes que qualquer um pudesse questioná-los. “Eu vou usar as relíquias. Mas preciso que todos aqui saibam: isso não é apenas o meu sacrifício. É uma luta de todos nós.”
“E como podemos ajudá-la?” Hermione perguntou, sua voz firme e determinada, mas com um traço de preocupação evidente.
Evie olhou ao redor da sala, seu olhar parando em cada rosto familiar e querido. “Precisarei de proteção. Preciso que vocês estejam prontos para o pior. Se eu perder o controle, se eu me tornar uma ameaça... vocês precisarão deter-me, não importa o custo.”
A sala ficou em um silêncio absoluto. Era uma realidade dura de enfrentar, mas a gravidade na voz de Evie não deixou espaço para negações. Theo, ao lado dela, parecia pronto para explodir novamente, mas manteve-se em silêncio, sua mandíbula tensa.
“Isso não vai acontecer,” Harry disse finalmente, sua voz firme. “Nós não vamos deixar você se perder, Evie. De jeito nenhum.”
“Concordo,” disse Sirius, levantando-se. “Nós não somos apenas soldados dessa guerra. Somos uma família. E ninguém é deixado para trás.”
Um murmúrio de aprovação percorreu a sala. Mesmo Theo, que ainda carregava uma sombra de angústia nos olhos, encontrou alguma esperança nas palavras deles.
Evie sentiu uma onda de emoção subir dentro dela. Não era apenas medo ou determinação; era gratidão. Por mais que o caminho à frente fosse incerto, ela sabia que não estava sozinha. Havia algo poderoso em saber que tantas pessoas estavam dispostas a lutar por algo maior que elas mesmas. E, naquele momento, isso era o suficiente para ela continuar.
Lupin, com a voz calma, mas firme, que sempre transmitia autoridade, quebrou o silêncio.
“Temos algumas horas antes que Voldemort consiga localizar Evangeline,” disse ele, enquanto desenrolava um mapa mágico da área ao redor de Hogwarts.
“Exato, temos que nos preparar,” respondeu Sirius, inclinando-se sobre o mapa. Ele apontou para os pontos marcados em vermelho. “Esses são os lugares mais prováveis onde os Comensais estarão posicionados. Precisamos agir rápido.”
Hermione foi a primeira a se pronunciar, com a mente já trabalhando a mil.
“Podemos usar as passagens secretas de Hogwarts para mover grupos menores sem sermos detectados. Se fizermos parecer que estamos vindo pelo sul, podemos criar uma distração.”
“Uma boa ideia,” disse Lupin, assentindo. “Mas precisaremos de alguém que saiba como guiar as pessoas por esses túneis.”
“Deixa comigo,” disse Fred, entrando na conversa com um sorriso confiante. “Os gêmeos Weasley conhecem cada canto escondido daquele castelo.”
Enquanto o grupo debatia estratégias, Evie observava tudo. A seriedade no rosto de Harry enquanto ele discutia táticas com Ron, a determinação de Ginny ao se voluntariar para liderar um grupo de distração, até mesmo o jeito como Draco mantinha-se em silêncio, mas atento a cada detalhe. Todos estavam colocando suas vidas em risco — por ela, por todos.
Theo aproximou-se lentamente, colocando a mão no ombro dela.
“Você está bem?” ele perguntou, em um tom baixo, quase hesitante.
Evie respirou fundo antes de responder.
“Eu nunca estive tão assustada. Mas, ao mesmo tempo… nunca me senti tão segura.”
Theo sorriu de lado, mas seus olhos estavam carregados de preocupação.
“Eu só quero que você saiba que… eu vou estar ao seu lado. Até o fim.”
Antes que ela pudesse responder, Lupin chamou a atenção do grupo novamente.
“Precisaremos de um feitiço para ocultar Evangeline quando nos movermos. Alguma ideia?”
Hermione e Luna começaram a debater possibilidades, enquanto Sirius pegava uma garrafa de whisky de fogo e tomava um gole, oferecendo a Harry e Ron.
“Alguém precisa de um pouco de coragem líquida?” brincou ele, embora sua expressão carregasse o peso da situação.
Conforme o tempo passava, a tensão na sala crescia. Mas, ao mesmo tempo, havia uma estranha sensação de união entre eles. Não importava o que acontecesse, eles estavam prontos para lutar — juntos.
Evie apertou a varinha em sua mão e olhou ao redor da sala. Eles eram sua família agora. E isso dava a ela força.
Ao anoitecer, todos estavam posicionados nos terrenos de Hogwarts, ocupando seus postos com precisão tensa. O céu acima era uma massa cinzenta e carregada, nuvens densas movendo-se como se fossem puxadas por uma força invisível. Relâmpagos lampejavam à distância, iluminando brevemente as torres do castelo, agora sombrias e imponentes. Era como se o próprio mundo prendesse a respiração, antecipando o confronto.
Os Comensais da Morte apareceram primeiro, surgindo em meio a redemoinhos negros de fumaça, suas máscaras sinistras brilhando à luz fraca que restava do dia. Eles se espalharam rapidamente, suas vozes sibilantes ecoando como um prenúncio de caos. Logo atrás, vieram os Dementadores, deslizando como sombras vivas, trazendo com eles um frio cortante que fazia os ossos tremerem.
Evie observava tudo de sua posição, ao lado de Theo e Hermione, escondida parcialmente atrás de uma grande pedra que marcava a borda de um dos antigos jardins. O coração dela batia tão rápido que ela achava que todos podiam ouvir. Mas havia algo mais forte dentro dela — a determinação de enfrentar o que viesse.
“Evie,” Theo sussurrou, puxando-a suavemente pelo braço. “Fique atenta. O primeiro ataque pode ser o mais perigoso.”
Ela assentiu, seus olhos brilhando com a luz que ainda restava no horizonte.
Do outro lado do campo, Lupin liderava um pequeno grupo, varinha em punho, olhando para Sirius, que estava ao seu lado.
“Está na hora,” disse Lupin, sua voz baixa, mas firme.
Sirius deu um passo à frente, erguendo a varinha. Ele não disse nada, mas a determinação em seus olhos era clara. A Ordem da Fênix estava pronta.
De repente, um grito ecoou pelo ar, seguido por o som de feitiços ricocheteando. Era como se o mundo explodisse em movimento. Jatos de luz verde, vermelha e azul cortavam o ar enquanto os dois lados colidiam. Os gritos de ordens e os feitiços misturavam-se ao som aterrorizante dos Dementadores, que agora se aproximavam em massa.
“Patronum!” Harry gritou, sua voz clara e forte, enquanto um cervo prateado irrompia de sua varinha e investia contra os Dementadores. Outros membros da Ordem seguiram seu exemplo, conjurando seus Patronos para conter as criaturas das trevas.
Evie viu Ginny lutando ferozmente ao lado de Luna, seus feitiços tão rápidos e precisos que pareciam uma dança ensaiada. Ron estava mais à frente, protegendo um grupo de estudantes mais jovens que haviam decidido lutar.
Hermione apontou a varinha para um grupo de Comensais que avançava em direção a eles.
“Protego Maxima!” ela gritou, erguendo uma barreira brilhante que os manteve temporariamente seguros.
“Eles estão tentando cercar a gente!” Theo avisou, os olhos avaliando o campo de batalha rapidamente. “Precisamos recuar para a linha central.”
Evie olhou para Theo e depois para Hermione.
“Eu vou ajudar na linha da frente,” ela disse, com mais coragem em sua voz do que sentia de verdade.
/
A batalha no campo de Hogwarts continuava intensa, e a escuridão parecia envolver tudo. Feitiços cortavam o ar como raios, enquanto as sombras dos Comensais da Morte e dos Dementadores se moviam com uma força incontrolável. O cenário era um caos, mas no centro da luta, Evie se destacava, como se um poder invisível a impulsionasse, embora ela estivesse com a sensação de que seu corpo não aguentaria por muito mais tempo, ela ainda deveria guardar suas energias para o final.
Enquanto ela se deslocava pelo terreno, seu coração disparava, não apenas pela luta, mas também pela presença familiar que sentia se aproximando. Antes que pudesse sequer pensar sobre o que estava acontecendo, ela viu os contornos de seus pais e avós, que surgiram entre a névoa e o caos da batalha.
“Evie!” A voz de seu pai, forte e imponente, ecoou sobre o campo de batalha. Ela virou-se, os olhos se encontrando com os dele. Ele estava ferido, mas a determinação em seu olhar a fez sentir uma onda de alívio e tristeza ao mesmo tempo. Ela nunca imaginara que veria seus pais nesse tipo de situação. Eles tinham sido figuras de estabilidade em sua vida, mas agora estavam imersos na mesma guerra que ela.
O campo de batalha parecia uma tempestade viva ao redor deles. Evie sentia o ar vibrar com o impacto dos feitiços que explodiam próximos, mas tudo desapareceu quando ela viu o rosto de seu pai. O alívio e a dor se misturaram em seu coração. Ela tentou correr até ele, mas um feitiço verde cortou o ar à sua frente, forçando-a a se abaixar rapidamente. O calor da magia passou perto demais, fazendo seus sentidos se aguçarem ainda mais.
“Pai!” ela gritou, a voz carregada de emoção.
Ele a encarou, seu rosto suado e sujo de fuligem, mas seus olhos brilhavam com uma determinação feroz. “Eu estou bem, agora que você está aqui,” respondeu, forçando um sorriso tenso.
Evie podia ver através da tentativa de bravata. O peso da batalha, o medo por sua segurança, tudo estava ali, estampado nos olhos dele. O sorriso era um escudo, mas não a enganava. Ela sentiu um nó se formar em sua garganta. Estar ao lado dele naquele momento trazia tanto conforto quanto responsabilidade.
Seu olhar foi atraído para sua mãe, que se movia com precisão e habilidade, ajustando sua posição para proteger os dois. O rosto de sua mãe estava sério, os olhos alertas, examinando o ambiente como se tentasse prever o próximo ataque. Evie sempre a vira como a rocha da família, a base inabalável que sustentava a todos. Mas agora, havia algo diferente. Uma sombra de cansaço nos olhos dela, uma rigidez nos ombros que denunciava o desgaste da luta.
“Evangeline, precisamos sair daqui,” sua mãe disse com firmeza. Havia urgência em sua voz, mas também um cuidado quase protetor.
Evie abriu a boca para responder, mas algo em sua mãe a fez hesitar. Era mais do que apenas a batalha; era o olhar que dizia tudo o que ela não conseguia verbalizar. Você é nossa esperança. Você precisa sobreviver. As palavras não ditas pairaram no ar como um peso que Evie não sabia se podia carregar.
De repente, um feitiço explodiu próximo, lançando faíscas vermelhas pelo chão e levantando uma nuvem de poeira. Evie instintivamente puxou o pai para o lado enquanto sua mãe erguia a varinha e disparava um contra-ataque rápido e preciso, derrubando um dos Comensais da Morte que se aproximava.
“Eu não vou sair sem vocês!” Evie declarou, sua voz firme.
“Não se trata de nós, Evangeline!” sua mãe rebateu, girando para lançar outro feitiço em um Dementador que se aproximava. “Trata-se de você. E do que você carrega.”
Evie sentiu o peso da caixa em suas mãos, o calor das relíquias pulsando através dela como se fossem vivas. Era um lembrete do que estava em jogo, do sacrifício que todos estavam dispostos a fazer para protegê-la.
Seu pai colocou uma mão firme em seu ombro. “Você é mais forte do que pensa. Mais forte do que nós. Mas precisa ir. Agora.”
Antes que Evie pudesse protestar novamente, uma explosão sacudiu o chão, e sua visão foi preenchida por um clarão branco. Quando o som ensurdecedor diminuiu, ela viu seu pai e sua mãe de pé, lado a lado, enfrentando uma horda de Comensais da Morte que se aproximava.
“Corram!” sua mãe gritou por cima do ombro, enquanto lançava feitiços em rápida sucessão.
Evie hesitou, cada fibra do seu ser dizendo para ficar e lutar ao lado deles. Mas o olhar que seu pai lançou foi suficiente para quebrar sua resistência. Ele não disse nada, mas seus olhos imploravam: Confie em nós. Faça valer a pena.
Com lágrimas queimando seus olhos, Evie deu um passo para trás, depois outro. Finalmente, virou-se e correu, o som da batalha ecoando em seus ouvidos. Ela sabia que estava deixando uma parte de si para trás, mas também sabia que tinha que cumprir o papel que sua família havia arriscado tudo para proteger.
Evie sentiu uma pressão em seu peito, mas antes que pudesse responder, um grito a fez voltar sua atenção para o que realmente importava. Ela viu Helena, sua melhor amiga, surgindo na linha de frente da batalha, os olhos vazios e cheios de ódio.
"Helena?" Evie sussurrou, a surpresa tomando conta dela.
Helena parecia transformada. A amizade que uma vez compartilhavam agora era uma lembrança distante. Ela estava de pé, com os olhos frios e insensíveis, a varinha erguida de forma ameaçadora. Havia uma escuridão nela que Evie nunca imaginara.
“Evangeline,” disse Helena, a voz cortante e cheia de desprezo. “Você nunca entendeu. O poder nunca foi seu, foi de todos nós. Você não merece esse destino!”
Evie não podia acreditar no que ouvia. Helena sempre fora sua confidente, a pessoa com quem compartilhava todos os segredos, todas as promessas. Mas agora, em vez da amiga leal, ela via uma traição profunda e cruel. A dor cortou sua alma como um feitiço afiado.
"Helena... Por favor, não faça isso," Evie implorou, sentindo a tensão se acumular entre elas.
“Você acha que sou cega, Evie?” Helena riu com amargura, o sorriso contorcido. “Você sempre foi a favorita, a escolhida. Mas você não tem noção do que isso realmente significa. O que você não entende é que há uma força muito maior esperando para ser tomada. E não será você a detê-la.”
Evie sentiu seu coração pesar. Ela sabia o que Helena estava dizendo. A raiva, a inveja, tudo o que ela havia alimentado em segredo por tanto tempo, agora estava transbordando. Mas Evie não poderia permitir que aquilo a derrotasse. Não agora.
“Eu não sei o que aconteceu com você, mas isso não é você. Você não precisa seguir esse caminho.”
A amiga riu novamente, a varinha brilhando com uma luz escura. “Você é tão ingênua, Evie. Não entende que a única maneira de ser verdadeiramente livre é ter o poder que eu possuo. Eu sei o que tenho que fazer, e você, bem, você só vai ficar no meu caminho.”
O ar estava saturado com a eletricidade da batalha, e as palavras de Helena soavam como lâminas cortantes no coração de Evie. Ela mal podia acreditar no que via: sua amiga, alguém em quem confiara cegamente, estava agora disposta a destruí-la. A traição queimava como fogo em suas veias, mas Evie sabia que não podia se deixar abater. A batalha ainda estava longe de terminar.
Antes que Evie pudesse reagir, Helena lançou outro feitiço, desta vez mais feroz. O brilho vermelho cortou o ar como uma tempestade violenta. Evie ergueu sua varinha mais uma vez, conjurando um escudo protetor, mas o impacto foi avassalador. O feitiço colidiu com o escudo como uma onda em uma rocha, e a força a empurrou alguns passos para trás. Ela quase caiu, mas fincou os pés no chão, determinada a não ceder.
“Me entregue as relíquias e eu deixo você ir,” Helena disse, a voz fria como gelo.
“Nunca,” Evie respondeu com firmeza, seus olhos queimando de determinação enquanto segurava a caixa das relíquias com ainda mais força.
Helena riu, uma risada cruel que parecia ecoar pelo campo de batalha. “Você pode tentar resistir, Evie, mas no final, todos sabem a verdade. Você nunca será o suficiente.”
Aquelas palavras atingiram Evie como uma facada, mas em vez de enfraquecê-la, alimentaram sua raiva. Com um movimento rápido, ela apontou sua varinha para Helena e conjurou um feitiço que explodiu em uma luz azul brilhante. O feitiço cortou o ar como um raio, direcionando-se diretamente a Helena, que tentou desviar, mas não foi rápida o suficiente. A magia atingiu seu braço, e um grito de dor escapou de seus lábios.
Helena cambaleou para trás, segurando o braço machucado, mas sua expressão era de pura fúria. “Sua…”
Antes que pudesse terminar, Helena ergueu a varinha para lançar um contra-ataque, mas Pansy surgiu de repente, posicionando-se à frente de Evie.
“Sai daqui, Evie. Eu cuido dela,” Pansy ordenou, sua voz firme e cheia de autoridade.
“Pansy, eu não posso-”
“Vai, Evie!” Pansy gritou, sem tirar os olhos de Helena. “Você tem algo muito maior para enfrentar. Deixe essa para mim.”
Evie hesitou por um momento, seu coração dividido entre o medo de deixar Pansy enfrentar Helena sozinha e a urgência de proteger as relíquias. Mas a determinação no olhar de Pansy a convenceu.
Helena, com um sorriso cruel, apontou a varinha para Pansy. “Você acha que pode me deter, Parkinson? Vou passar por cima de você, assim como passarei por cima de todos que tentarem proteger essa traidora.”
“Isso não vai acontecer,” Pansy respondeu com um tom desafiador, sua varinha brilhando enquanto ela conjurava um feitiço protetor ao redor de si mesma e de Evie. “Você é a traidora aqui, Helena.”
Helena avançou com uma ferocidade que Evie nunca tinha visto antes. Elas trocaram feitiços em uma dança mortal, a luz de suas magias iluminando o campo de batalha. Evie deu um passo para trás, observando o confronto com o coração apertado, mas sabia que não podia ficar ali. Ela apertou ainda mais a caixa das relíquias contra o peito e correu, olhando para trás apenas uma vez.
“Isso não acabou, Evie,” Helena gritou, sua voz cheia de veneno e promessa. “Eu vou derrubar você e todos ao seu redor.”
As palavras ecoaram na mente de Evie enquanto ela se afastava, cada passo um lembrete do peso que carregava. A traição de Helena a deixava com uma cicatriz que nenhum feitiço poderia curar, mas ela sabia que não podia parar. Havia muito mais em jogo. O destino de todos dependia dela agora.
﹙🐍﹚
“Evie, cuidado!” Hermione alertou, mas a garota já havia dado um passo à frente, erguendo a varinha.
Do lado oposto do campo, Draco duelava contra dois Comensais, seus movimentos rápidos e precisos. Ele não parecia hesitar, mesmo quando um deles conjurou um feitiço que explodiu o solo ao seu redor. Ele ergueu a varinha, gritando:
“Expelliarmus!”
O feitiço desarmou um dos Comensais, mas outro avançou rapidamente. Antes que pudesse atacar, um jato de luz dourada o atingiu por trás. Draco virou-se e viu Neville, que sorriu antes de voltar à luta.
A batalha estava apenas começando, mas cada um deles sabia que precisariam dar tudo de si para vencer.
Evie avançou pela linha de frente, o som ensurdecedor dos feitiços e gritos ao redor quase fazendo-a hesitar. Mas ela manteve a varinha firme, lembrando-se do que estava em jogo. Hogwarts. Seus amigos. Sua família. Tudo dependia deles.
Theo a alcançou, bloqueando um feitiço que vinha em sua direção com um reflexo rápido.
“Evie, não faça nada imprudente!” ele disse, ofegante.
“Eu sei o que estou fazendo!” ela respondeu, lançando um Estupefaça em um Comensal que se aproximava perigosamente de Luna.
De repente, o chão tremeu, e uma série de explosões sacudiu os terrenos. Gigantes, liderados por Greyback, surgiram da floresta, seus passos fazendo a terra vibrar. Os membros da Ordem se reagrupavam rapidamente para enfrentá-los, enquanto Hagrid e Grope avançavam para enfrentá-los diretamente.
“Dementadores, à esquerda!” alguém gritou, e Evie virou-se a tempo de ver um grupo deles avançando. Um frio mortal a envolveu, como se toda esperança fosse sugada de dentro dela.
Evie ergueu a varinha, a mão tremendo. Sua mente buscava uma memória feliz, mas no caos, parecia impossível encontrar uma. Então, uma imagem veio à mente — o dia em que Charlie a ensinou a voar em sua Nimbus. A risada dele ecoava em seus ouvidos, e ela sentiu uma onda de calor.
“Expecto Patronum!” ela gritou, e uma águia brilhante emergiu de sua varinha, lançando-se contra os Dementadores com uma força feroz.
“Bom trabalho!” Theo exclamou, bloqueando outro feitiço enquanto se colocava ao lado dela.
Do outro lado, Sirius duelava com Bellatrix, suas varinhas emitindo faíscas enquanto feitiços colidiam no ar.
“Finalmente, querido primo, você resolveu se juntar à festa,” Bellatrix provocou, um sorriso maníaco no rosto.
“Você sempre foi boa em dar shows, Bella,” Sirius respondeu, lançando um feitiço que fez o chão sob os pés dela rachar.
Enquanto isso, Hermione e Ron protegiam Harry, que estava claramente esperando algo. Ele segurava a varinha com força, os olhos fixos no horizonte como se estivesse aguardando Voldemort aparecer.
“Harry, precisamos recuar!” Hermione gritou, sua voz tensa.
“Não!” ele respondeu, os olhos brilhando com determinação. “Ele está aqui. Eu sinto.”
No exato momento, um silêncio estranho caiu sobre o campo, como se o tempo tivesse parado. E então, ele apareceu. Voldemort surgiu entre os Comensais, sua figura alta e esquelética irradiando poder sombrio. Sua varinha brilhava com uma luz verde maligna, e um sorriso frio curvava seus lábios.
“Harry Potter,” Voldemort disse, sua voz ecoando como um sussurro mortal. “Chegou a hora de acabar com isso.”
Evie sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao vê-lo. A batalha parecia parar por um momento, todos os olhares fixos na figura imponente do Lorde das Trevas. Harry deu um passo à frente, ajustando a empunhadura de sua varinha.
“Seja qual for o preço,” Harry disse, a voz baixa mas firme, “isso acaba hoje.”
A batalha, que havia dado uma breve pausa, explodiu novamente com uma intensidade ainda maior. Cada feitiço, cada movimento, parecia carregar o peso de seus destinos. Evie sabia que o confronto final estava próximo — e que seu papel, pequeno ou grande, poderia ser a diferença entre a vitória e a derrota.
Evie sentiu o calor da magia antiga pulsar em suas veias, conectando-a à energia das relíquias. O zumbido ao redor intensificou-se, quase como um coro ancestral respondendo à invocação dela. O tempo parecia desacelerar quando o feitiço mortal de Voldemort cortou o ar na direção dela, uma luz verde brilhante carregada de ódio puro.
Theo reagiu num instante, colocando-se entre Evie e o feitiço. “Protego Maxima!” ele gritou, sua voz reverberando com força. Um escudo cintilante se formou à frente deles, absorvendo o impacto do Avada Kedavra. O choque fez Theo recuar alguns passos, mas ele permaneceu firme, os olhos fixos em Voldemort.
“Você não vai tocá-la,” Theo disse, com uma convicção que fez Voldemort franzir o cenho por um breve momento antes de soltar um riso seco.
“Dois tolos,” Voldemort murmurou, erguendo a varinha novamente.
Evie manteve os olhos fixos em Voldemort, sua postura firme apesar do tremor que começava a invadir seus membros. A luz dourada ao seu redor não apenas crescia, mas parecia pulsar em sincronia com o próprio coração dela. Cada palavra que ela proferia carregava uma energia tão antiga e poderosa que reverberava pelo campo de batalha, silenciando momentaneamente os sons da luta ao redor.
"Tenebris oblivioni trade! Lucem restituas!"
A luz se intensificou, formando um círculo brilhante ao redor dela e de Theo. O feitiço de Voldemort, lançado com toda a sua força, foi engolido pela barreira dourada, fragmentando-se no ar como poeira luminosa.
“Isso... isso é impossível,” Voldemort murmurou, recuando um passo. Pela primeira vez, algo que se assemelhava a medo atravessou seus olhos frios. Ele ergueu a varinha novamente, mas suas mãos tremiam ligeiramente, a confiança inabalável começando a vacilar.
Evie respirou fundo, sentindo o poder das relíquias Vaillant se fundir com sua própria magia. Não era algo que ela estava controlando por completo; era como se as relíquias a estivessem guiando, escolhendo-a como o canal de sua força.
“Você passou a vida inteira manipulando e destruindo,” Evie disse, sua voz ecoando com firmeza. “Mas o verdadeiro poder não é sobre o que você pode tomar. É sobre o que você pode proteger.”
“Chega dessas lições tolas!” Voldemort rugiu, sua raiva dominando o breve momento de hesitação. Ele ergueu a varinha com ambas as mãos, conjurando um feitiço tão sombrio que o próprio ar ao redor dele parecia escurecer. Um turbilhão de sombras e magia maligna disparou na direção de Evie, rápido como uma tempestade furiosa.
Theo gritou um aviso, mas Evie não recuou. Ela ergueu a caixa, as relíquias brilhando como um pequeno sol. No momento em que as sombras atingiram a luz, um estrondo ecoou pelo campo, como o rugido de um trovão. O impacto sacudiu o chão, forçando aqueles ao redor a se protegerem do clarão e da onda de energia que se seguiu.
Quando a poeira baixou, Evie ainda estava de pé, a luz dourada agora irradiando com uma intensidade quase divina. Voldemort, por outro lado, cambaleava, a expressão marcada pela fúria e pela incredulidade.
“Você acha que isso pode me parar?” ele gritou, tentando recuperar o controle.
“Não sou só eu,” Evie respondeu, sua voz baixa, mas carregada de convicção. “São todos que você tentou derrubar. São todos que se levantaram contra você.”
Ela ergueu a caixa novamente, e as relíquias começaram a flutuar, rodeando-a em um círculo de energia pura. O brilho cresceu, preenchendo cada canto do campo de batalha. Ao longe, os combatentes começaram a parar, virando-se para olhar. A própria Hogwarts parecia responder àquela magia, com as torres e pedras antigas ressoando em uníssono.
Evie fechou os olhos por um instante, concentrando toda a sua energia na última parte do encantamento. Sua voz, agora carregada de poder, reverberou pelo campo de batalha:
"Lux perpetua, expelle obscurum, et redde pacem!”
“Lucem restituas!” Evie gritou mais uma vez, e, dessa vez, a luz não apenas protegeu. Ela avançou como uma onda implacável, carregando consigo a força de todos os feitiços, sacrifícios e esperanças que haviam sido depositados naquela batalha.
Voldemort foi consumido pela luz dourada, seu corpo desaparecendo em meio ao brilho que parecia engolir até mesmo a escuridão ao redor. Por um instante, tudo o que Evie conseguia ouvir era o som do seu próprio coração, pulsando em sincronia com a magia que fluía através dela.
Ela sentiu o calor da luz crescendo, como se estivesse prestes a explodir. A figura dourada se voltou para Evie, seus olhos brilhando com uma sabedoria além do tempo. "Você carrega o peso de todos nós, Evangeline," disse o ancestral Vaillant, sua voz cheia de reverência. "Mas lembre-se, a verdadeira força não está apenas no poder, mas no coração que o guia."
As palavras ecoaram dentro dela, fortalecendo-a. Evie abriu os olhos, agora completamente tomados pela mesma luz dourada, e levantou a caixa, canalizando todo o poder restante das relíquias.
“Finem faciam tenebris!” ela gritou, sua voz ressoando como um trovão pelo campo.
A luz tomou a forma de um grande pássaro de fogo, suas asas brilhantes se espalhando pelo céu. A ave avançou em direção a Voldemort, um grito ensurdecedor ecoando pelo campo enquanto ele tentava resistir. Seus feitiços mais poderosos foram esmagados como vidro contra a força das relíquias.
"Não!" Voldemort rugiu, sua voz carregada de ódio e desespero. "Eu sou imortal! Eu sou eterno!"
Mas a luz não o ouviu. O pássaro o envolveu completamente, queimando o último vestígio de sua magia sombria. Sua forma começou a desintegrar, pedaços de sua essência sendo arrancados e consumidos pela força pura e antiga das relíquias.
Evie sentiu a energia a puxando. Era como se as relíquias exigissem mais dela, mais do que ela achava que poderia dar. O pássaro de fogo explodiu em um último clarão, cegando a todos ao redor.
Quando o brilho finalmente se dissipou, Evie caiu de joelhos, a caixa escorregando de suas mãos. O campo de batalha estava mergulhado em silêncio. Voldemort não estava mais lá. Apenas um vazio onde antes existia o maior bruxo das trevas de todos os tempos.
Theo foi o primeiro a alcançar Evie. Ele se jogou ao lado dela, segurando-a antes que ela pudesse cair completamente. “Evie! Fique comigo,” ele disse, sua voz tremendo enquanto verificava se ela estava consciente.
Ela abriu os olhos lentamente, ainda brilhando com o resquício da magia. “Acabou?” sussurrou, sua voz rouca e fraca.
Theo olhou ao redor, vendo os olhares de espanto e alívio nos rostos de todos os que haviam lutado. Ele assentiu, seus olhos cheios de lágrimas. “Sim, você conseguiu. Nós conseguimos.”
Ao longe, o ancestral Vaillant observava, sua forma começando a desaparecer junto com a luz dourada que lentamente se esvaía. Antes de partir, ele olhou uma última vez para Evie, inclinando a cabeça em um gesto de aprovação silenciosa.
A batalha estava vencida, mas o peso do que havia sido sacrificado pairava no ar. Evie fechou os olhos, sentindo o toque de Theo em sua mão, enquanto o mundo ao seu redor começava a se encher de gritos de vitória. Ela sabia que tinha sobrevivido, mas também sabia que nunca seria a mesma.
Theo observava Evie, que estava agora totalmente imóvel em seus braços. O brilho dourado das relíquias parecia ter se dissipado, mas a energia que ela emanava ainda fazia o ar ao redor vibrar. O sorriso de vitória que ele tinha esperado ver em seu rosto estava agora ausente, substituído por uma expressão pálida e vazia. Os olhos de Evie haviam se tornado completamente brancos, como se a alma dela estivesse se desprendendo do corpo. O que restava de sua energia vital estava indo embora.
“Evie!” Theo gritou, a voz rouca e cheia de desespero. Ele apertou a mão dela, mas não sentiu nenhuma reação. O pânico começou a tomar conta dele, como se o chão estivesse desmoronando sob seus pés. Ele sabia o que aquilo significava, sabia o preço que as relíquias poderiam cobrar. O sacrifício. O mesmo que Corvino, anos atrás, teve que pagar.
“Não... Não agora, por favor!” Theo implorou, tentando manter a calma, tentando se convencer de que tudo ainda podia dar certo. Ele não podia perder Evie. Não agora, não depois de tudo que haviam enfrentado juntos.
Corvino e a família de Evie chegaram correndo, o rosto de todos marcado pela tensão e pelo medo. O avô de Evie, com os olhos marejados, se ajoelhou ao lado dela, tocando sua mão com extrema delicadeza. A avó de Evie, com as lágrimas escorrendo pela face, sussurrou palavras que Theo não conseguia entender completamente, mas seu olhar, cheio de gratidão e tristeza, dizia tudo.
"Você conseguiu, minha estrela. Salvou todos nós." A avó de Evie murmurou, a voz frágil, mas cheia de um orgulho imenso.
Mas Theo não conseguia processar aquilo. As palavras ecoavam em sua mente, mas tudo o que ele podia ouvir, tudo o que ele sentia, era a batida do seu coração, acelerada e quebrada pela incerteza. Ele olhou para Evie, buscando qualquer sinal de vida, qualquer movimento, mas ela estava completamente imóvel, a expressão serena de antes agora transformada em uma máscara de dor e cansaço.
"Étoile…" Theo sussurrou, a voz carregada de sofrimento. Ele usou o apelido carinhoso, como sempre fazia, na esperança de que ela o ouvisse, de que ela soubesse que ele ainda estava ali. “Você prometeu que voltaria… Que voltaria para mim.” A dor em suas palavras era profunda, quase insuportável.
Ele a apertou contra seu peito, as lágrimas escorrendo sem cessar. Cada lágrima parecia pesar como um fardo, e ele as deixou cair livremente, sem se preocupar mais com nada ao redor. “Por favor, volte para mim.” Sua voz falhou no final, quase um sussurro desesperado, como se estivesse falando para si mesmo, tentando fazer o impossível acontecer.
Foi quando Madame Pomfrey, acompanhada de outros curandeiros, apareceu apressadamente, com uma expressão profissional, mas visivelmente afetada pela gravidade da situação. “Vamos cuidar dela,” prometeu, sua voz serena, mas marcada por um leve tremor de preocupação.
Theo olhou para os curandeiros, hesitando por um momento. Ele queria gritar, queria se recusar a deixá-la, mas sabia que não poderia fazer nada sozinho. Ele não podia curá-la, ele não podia tirar aquela dor de dentro dela. A única coisa que ele podia fazer era esperar, e a ideia de esperar parecia insuportável.
Theo permaneceu parado no campo de batalha, o vento trazendo consigo os ecos da vitória, mas ele não sentia alívio, apenas um vazio esmagador. Lupin permaneceu ao seu lado, silencioso agora, respeitando o momento. As palavras de Theo, sussurradas a Evie antes de ela ser levada, pareciam ecoar em sua mente como uma promessa que ele não podia quebrar.
“Você sabe onde encontrá-la,” Lupin finalmente disse, a voz gentil mas firme. “Mas você precisa estar inteiro, Theo. Ela precisa de você, mas isso significa que você precisa de si mesmo também.”
Theo fechou os olhos, tentando absorver aquelas palavras. Ele sabia que Lupin estava certo, mas o medo o corroía por dentro. Ele não podia falhar com Evie. Não agora.
Ele inspirou profundamente, o cheiro de terra e magia ainda impregnado no ar ao seu redor. Seus olhos se fixaram no horizonte, onde Evie havia desaparecido junto com os curandeiros. Ele fez um movimento hesitante, como se seus pés estivessem presos ao chão, mas Lupin colocou uma mão firme em seu ombro, segurando-o.
“Antes de ir,” Lupin começou, a expressão grave. “Você precisa entender que lutar por ela não é só estar lá fisicamente. É acreditar que ela também vai lutar. É confiar na força que ela tem, assim como todos nós confiamos nela hoje.”
As palavras de Lupin atingiram Theo como um soco. Ele sabia que Evie era forte, mas vê-la naquele estado vulnerável havia abalado algo dentro dele. Ele não estava preparado para lidar com a possibilidade de perdê-la, e isso o apavorava mais do que qualquer feitiço ou batalha.
Finalmente, ele assentiu. “Eu confio nela. Eu sempre confiei,” ele disse, sua voz mais firme, embora ainda carregada de emoção.
Lupin apertou seu ombro uma última vez antes de se afastar, deixando Theo sozinho para processar tudo.
Ele olhou ao redor, vendo os rostos cansados, alguns comemorando, outros simplesmente tentando entender o que aconteceria a seguir. Mas para Theo, a batalha só terminaria quando Evie abrisse os olhos novamente, quando ele pudesse dizer que ela estava bem e ouvir sua voz.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro