𝒒𝒖𝒂𝒕𝒐𝒓𝒛𝒆. a insônia de evie
QUATORZE. a insônia de evie
"Não confie em ninguém..."
Evangeline não dormiu naquela noite, preocupada com a mensagem da avó e com todas as coisas que poderiam ou não acontecer com ela. Se ela dormisse e alguém invadisse seu quarto e roubasse a caixa? Ou sei lá, se alguém entrasse enquanto ela ia para as aulas?
Mas o que ela poderia fazer? Não seria muito efetivo ela apenas trancar a porta. Existem feitiços que destrancam a porta. Evangeline Vaillant estava surtando às 5 horas da manhã. Pelos céus, nem havia amanhecido ainda.
A jovem Vaillant já conformada que nada mais traria o seu sono naquela manhã, decidiu vestir um moletom e caminhar até a Torre de Astronomia, torcendo que a brisa suave e o silêncio trouxessem sua paz naquela manhã de segunda-feira.
Evangeline envolveu-se no moletom para se proteger do frio da madrugada, suas mãos tremiam ligeiramente devido à ansiedade que a consumia. Com passos silenciosos, ela saiu de seu dormitório, atravessando os corredores vazios de Hogwarts. Cada sombrio corredor parecia ecoar com os sussurros de sua mente inquieta, alimentando seus medos e incertezas.
Ao chegar à Torre de Astronomia, Evangeline encontrou o local envolto em uma serena quietude, com as estrelas cintilando no céu noturno acima dela. A brisa fresca acariciava seu rosto, trazendo um alívio momentâneo para sua alma aflita. Ela se sentou em um dos bancos de pedra, abraçando seus joelhos enquanto contemplava o vasto horizonte estelar.
Por um momento, ela permitiu-se perder-se na imensidão do cosmos, deixando que os pensamentos tumultuados se dissipassem sob o brilho reconfortante das estrelas. O som suave do vento e o farfalhar das folhas nas árvores distantes acalmaram sua mente atribulada, trazendo-lhe um breve instante de paz em meio ao caos que a cercava.
No entanto, mesmo na tranquilidade da noite, Evangeline não conseguia afastar completamente a sensação de perigo iminente que a assombrava. Ela sabia que precisava descobrir a verdade por trás da mensagem da avó, mas também compreendia que estava lidando com forças além de sua compreensão.
Foi então que algo, ou melhor alguém, chegou de repente na torre perturbando seu silêncio. Evangeline virou-se lentamente para ver quem interrompera sua paz momentânea. Para sua surpresa, era Theo, o brilho da lua refletindo em seu rosto.
"Evie?" , Theo sussurrou. "Oi... Desculpa, não sabia que você estava aqui."
"Não tem problema..." , Evie diz enquanto observa Theo acender um cigarro. Eles ficam um momento sem falar nada.
"Pesadelos?" , Evie pergunta, quebrando o silêncio estranho que ficou após a chegada de Theo. E ele acena com a cabeça.
"O mesmo de sempre e você?" , Evie suspira.
"Também."
"Isso é novo." , Theo se permite olhar para Evie, mas rapidamente desvia após seu cérebro vacilar e induzir pensamentos sobre o quanto Evie ficava bonita apenas iluminada pela luz da lua crescente.
"É... Começou há alguns dias." , Evie passa as mãos sobre os braços e continua olhando para o vasto céu estrelado.
Theo observa a cena de canto de olho e continua em silêncio.
"Você está bem, Theo?" , Evie pergunta, curiosa.
"Melhor impossível." , Evie não responde, apenas continua encarando seu rosto. "Hum... Eu terminei com Loren." , Evie suspira pesadamente. "Na verdade, ela meio que sumiu depois de tudo."
"Sinto muito."
"Não sinta... Você me avisou e eu simplesmente não ouvi."
"Mesmo assim... Você estava apaixonado. Às vezes só não queria ver o que estava na sua frente."
"Sou um idiota..." , Evie suspirou, sabia que nada que ela dissesse iria mudar o jeito que Theo estava se sentindo naquele momento. Theo parou por um momento para refletir as palavras de Evangeline e deu um pequeno sorriso. "Não estava apaixonado pela Loren. Nunca fui."
"Se serve de alguma coisa... Eu e Fred não estamos mais juntos. Ele..." , Evie se segura ao falar acerca da conversa que teve com Fred e o que levou a briga entre os dois. "Ele tem os seus próprios interesses e eu tenho os meus, não sei porque achei que daria certo, mesmo sabendo disso desde o início."
Theo fica calado por um tempo, apenas fumando seu cigarro e soltando a fumaça pela boca. Evie espera pacientemente a resposta ou alguma palavra de Theo.
" Não se culpe, você estava apaixonada por ele..." , Theo diz de repente, dando um pequeno susto em Evie.
"O quê?"
"Você estava apaixonada pelo Weasley" , Theo bufa, fazendo com que suas palavras saíssem mais como uma afirmação do que uma pergunta.
"Ah... Eu não estava. Também levei um tempo para entender isso." , Theo vira rapidamente para olhar para Evie.
"Então vocês não são uma coisa?"
"Acho que não mais." , Evie deu de ombros.
Nenhum dos dois falou mais nada por minutos e aquele silêncio estranho voltou a emergir na torre de Astronomia. Theo observava Evie de relance, enquanto Evie olhava para o céu amanhecendo lentamente e pensava na troca de palavras estranhas com Theo e na maneira que estava olhando para ela desde que apareceu ali.
Evie mordeu o lábio lembrando da festa sonserina. Da noite que ela e Theo se beijaram. Ela virou a cabeça para olhar para ele e Theo rapidamente tentou olhar para outra coisa que não fosse Evie.
"Você está olhando..." , Evie deu uma pequena risada, apoiando sua cabeça nos joelhos enquanto continuava olhando para Theo.
"Eu não..." , Theo corou, fazendo Evie rir novamente. "Desculpa." , Ele sorriu coçando o pescoço.
"Porque está se desculpando?"
"É que..." , Theo suspirou e deu um sorriso pequeno antes de continuar. "É quase impossível não olhar pra você."
Evie arregalou os olhos e ficou em silêncio tentando raciocinar o que Theo estava insinuando. Ela tentou esconder o sorriso e a vermelhidão que se espalhou por seu rosto.
"Quem está corando agora?" , O jovem Nott brincou, tocando o cotovelo de Evangeline.
"Theo..." , Evie resmungou.
"Oi, étoile."
O apelido fez Evangeline revirar os olhos, mas ela não pôde deixar de sorrir de leve. "Theo, você sabe que eu odeio quando você me chama assim."
"Eu sei, mas é só porque você fica adorável quando está irritada", ele respondeu com um sorriso divertido.
Evangeline bufou, mas não pôde evitar sentir-se aquecida pelo elogio disfarçado. "Você é um idiota, Theo."
"Mas você gosta de mim mesmo assim", ele provocou, dando uma piscadela.
Evangeline rolou os olhos novamente, mas desta vez com um sorriso genuíno. "Você tem sorte de eu gostar de idiotas."
Theo riu suavemente e jogou o cigarro no chão, apagando-o com o pé. "É... Acho que sou sortudo mesmo."
Eles ficaram em silêncio por um momento, apreciando a companhia um do outro e a tranquilidade da Torre de Astronomia. O sol continuava a subir lentamente no céu, espalhando seus raios dourados sobre Hogwarts.
"Evie...", Theo começou, sua voz mais suave agora. "Sobre aquela noite na festa..."
Evangeline segurou a respiração, sentindo seu coração acelerar um pouco. "O que você quer dizer?"
Theo olhou para ela com sinceridade e sorriu. "Eu só queria dizer que... foi um bom beijo."
Evangeline sentiu um sorriso tímido surgir em seu rosto. "Sim, foi um ótimo beijo, na verdade."
Eles trocaram um olhar significativo, palavras não sendo necessárias para expressar o que sentiam naquele momento. A presença um do outro era suficiente para confortá-los e fazer com que se sentissem menos sozinhos em meio às suas próprias lutas pessoais.
Enquanto o sol continuava a subir no céu, banhando Hogwarts em uma luz dourada, Evangeline e Theo permaneceram juntos na Torre de Astronomia, compartilhando a quietude da manhã até chegar o horário do café da manhã e ambos se separarem.
Pansy ficou em choque, com os olhos arregalados e a boca entreaberta. "Ele disse o quê?!"
Helena riu e deu tapinhas nas pernas de Evie. "Tudo isso graças às suas insônias, Eviezinha."
Evie riu com as brincadeiras das amigas, mas sentiu-se um pouco constrangida com toda a situação.
"Tudo bem e agora?" , Helena parecia confusa.
"Agora o quê?"
"Theo e Evie", Pansy corrigiu.
"Não, meninas, calma! Não é pra tanto", tentou amenizar Evie.
"Claro que é! Ele praticamente deu a entender que queria te beijar de novo", a jovem Di Laurentis insistiu.
"Isso mesmo", concordou Parkinson.
"Meninas..."
"Evie, Evie... Diz pra ele que você só vai beijar aqueles lábios se ele parar de fumar!"
"Verdade, Eviezinha... Não é nada bom", Pansy acrescentou.
Evie suspirou, sentindo a tensão acumulada nos ombros enquanto se levantava da cama de Helena. Dirigiu-se à porta, desejando escapar daquele momento constrangedor. "Eu não vou falar isso... e acho que vocês estão exagerando", murmurou, tentando encontrar coragem para enfrentar a situação.
Ao abrir a porta, deu de cara com Theo e Draco parados ali, como se estivessem esperando por ela. Seu coração deu um salto repentino, surpreendendo-a com a proximidade inesperada dos dois. Evie tentou recuperar a compostura, mas seu rosto já revelava a surpresa e o desconforto diante da súbita aparição dos rapazes.
"Há quanto tempo estão aí?" Evie perguntou nervosa.
"Acabamos de chegar", respondeu Theo, enquanto Draco sufocava uma risada. "Para com isso, idiota", ele sussurrou para Draco, dando uma cotovelada em seu braço.
"É melhor eu ir... Até mais tarde, pessoal", disse Evie rapidamente, enquanto disparava pelas escadas até a saída da comunal.
"Vocês escutaram tudo, né?" Pansy perguntou com os braços cruzados.
"Na verdade, não. Só é engraçado ver Theo e Evie nervosos", riu Draco, enquanto Theo revirava os olhos. "Do que vocês estavam falando?" Draco perguntou, jogando-se na cama de Pansy.
"Não te interessa, Malfoy", respondeu Pansy, se aproximando de Theo. "Então, quais são suas verdadeiras intenções com nossa Evie?"
"Inferno sangrento, Pans", murmurou Theo, escondendo o rosto nas mãos.
"É sério, Theo. O que foi aquilo lá?" Helena continuou pressionando.
"Eu gosto dela. Vocês já sabem disso", confessou Theo, ficando tímido de repente.
"Finalmente!!" , Pansy e Helena exclamaram extremamente felizes com a situação.
"E o que você está esperando, cara?" Draco perguntou, incrédulo.
"Queria contar no baile de inverno."
"Ai meu Merlin!" Helena sussurrou, colocando as mãos na boca.
"Vamos ajudar você, Theo", disse Pansy com um sorriso determinado.
"Estava contando com isso", respondeu Theo, visivelmente aliviado pela ajuda das amigas.
A penumbra se instalou sobre Hogwarts, testemunhando a chegada sombria de Dolores Umbridge. A notícia da imposição do Decreto Educacional Número Vinte e Dois reverberou pelos corredores, deixando uma tensão palpável no ar. Estudantes sussurravam em grupos, trocando olhares preocupados.
Em um dos recantos do Salão Principal, mais precisamente na mesa da Sonserina, Helena e Draco resmungavam para os outros da mesa após a chegada da nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.
"Isso é ridículo! Nomear Umbridge sem a aprovação de Dumbledore...", queixou-se Helena, cruzando os braços com indignação.
Draco, mais direto em suas palavras, grunhiu em concordância. "Ela não sabe nada sobre Defesa Contra as Artes das Trevas. O que ela vai ensinar, afinal? Como fazer um memorando oficial? Totalmente ridículo."
Nos dias que se seguiram, o toque autoritário de Umbridge começou a se entrelaçar com a rotina de Hogwarts. As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas se tornaram tediosas e ineficazes, à medida que a professora impunha métodos ultrapassados e restringia qualquer forma de questionamento.
"Mas como podemos usar isso em uma batalha, professora?", indagou Evie educadamente, após Dolores Umbridge repassar os livros que os estudantes usarão naquele semestre.
"Segundo o Ministério, um estudo teórico já é o suficiente para prepará-los para os exames, que afinal é o propósito dessa escola", respondeu Umbridge com um sorriso forçado.
"Não vamos usar magia?", Hermione Granger questionou, perplexa.
"Vocês vão aprender feitiços de um jeito seguro e sem riscos", assegurou Umbridge, sem demonstrar qualquer preocupação com as preocupações dos alunos.
"E de que isso adianta se seremos atacados?", interpelou Harry Potter, desafiador. "Como a teoria nos prepara para o que está lá fora?"
Umbridge ficou momentaneamente em silêncio, encarando Harry com um olhar gélido. "Não há nada lá fora, meu caro. Quem você acha que quer atacar crianças da sua idade?"
"Ah, não sei, talvez Lord Voldemort?", provocou Harry, sem se intimidar.
Umbridge parou e encarou Harry Potter por alguns segundos, seu semblante duro e implacável. "Vamos deixar uma coisa bem clara... O retorno de um certo bruxo das trevas é uma grande mentira."
"Não é mentira, eu o vi e lutei com ele!", retrucou Harry, exasperado.
"Detenção, senhor Potter!", anunciou Umbridge, furiosa. "Quero vê-lo na minha sala após a aula."
Os dias que antes carregavam um manto de tranquilidade sobre Hogwarts tornaram-se testemunhas de um período de desafios e adversidades. O destino da escola estava agora entrelaçado em uma batalha entre a resistência e a opressão para todos os estudantes.
Evie lembrava vagamente do dia que ela achou o livro de Corvino na sessão proibida da biblioteca, onde Flint balbuciava com sua gata sobre como as coisas seriam melhores com ela no comando.
"Mas quando o Decreto Educacional Número Vinte e Nove chegar, eu terei permissão para fazer essas coisas... E ela pediu ao Ministro para assinar uma ordem para a expulsão de Pirraça... Ah, as coisas vão ser muito diferentes por aqui com ela no comando."
Ela olhou para o lado e viu que Theo estava muito concentrado riscando a folha do livro que Dolores havia entregado. Decidida que aquilo tudo não era uma coincidência, ela tirou um pequeno pedaço de papel de seu livro e escreveu seu bilhete para Theodore. Evangeline amassou o pequeno papel e jogou discretamente em Theo.
"O quê-", Theo arregalou os olhos com o susto e fechou a cara tentando achar quem havia jogado uma bolinha de papel em sua cabeça.
Assim que ele percebeu que foi Evie, sua feição se aliviou e ele deu um sorriso pequeno.
"Lê", Evie sussurrou.
"O que é isso?"
"Apenas leia, Nott", Theo voltou sua atenção para o pequeno bilhete, lendo a caligrafia perfeita de Evie.
"O que Flint falava na ala proibida, acho que era sobre Dolores."
Enquanto lia as palavras escritas por ela, uma sensação de urgência o invadiu. Evie estava certa; Flint estava envolvido em algo, e Dolores Umbridge parecia estar tramando tudo isso de alguma forma. No entanto, antes que ele pudesse formular uma resposta adequada para Evie, a presença autoritária de Umbridge interrompeu o momento. Theo tentou agir rapidamente, mas sua tentativa de disfarce apenas resultou em mais problemas.
"Sr. Nott, o que você tem aí?", interpelou Dolores Umbridge, se aproximando rapidamente de Theodore, que olhou para os lados tentando pensar em algo rápido para a professora não ver o papel.
"Nada", respondeu Theo, colocando o papel na boca, fazendo alguns alunos rirem de sua atitude. Evie suspirou colocando as mãos na boca, não acreditando no que Theo acabou de fazer.
"Detenção para você também, senhor Nott!"
"Theo-"
"É melhor ficar quieta, senhorita Vaillant, se não irá para a detenção com seu amigo."
"Desculpe", sussurrou Evie para Theo, que sorriu se encostando mais na cadeira.
Enquanto a noite caía sobre o castelo, os estudantes de Hogwarts se preparavam para uma batalha não só fora do castelo com os Comensais da Morte e seu Lord, mas também dentro dos muros reforçados de Hogwarts. As sombras que se estendiam sobre as paredes antigas eram um lembrete sombrio do perigo iminente que pairava sobre a escola. Aqueles que estavam dispostos a se opor à tirania de Dolores Umbridge e ao reinado do medo instigado pelos Comensais da Morte se reuniam secretamente. Planos eram traçados, alianças eram formadas e a esperança brilhava em meio à escuridão que ameaçava consumir a escola.
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