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46. ᴘᴀᴅʀᴇ ɢᴀʙʀɪᴇʟ

NATÁLIE DIXON

Anoiteceu, e resolvemos parar de andar por hoje. Escolhemos um lugar da floresta, fizemos uma fogueira, e fomos descansar.

Jeffrey e Judith já tinham dormido, assim como outros do grupo. Rick e Carol conversavam mais afastados, e meu irmão também se isolou. Sabia que ele se preocupa com o sumiço de Beth, e que está louco para ir atrás dela.

Michonne veio em minha direção, com um sorriso no rosto, e se sentou ao meu lado.

一 Pode dormir. Vou ficar com eles. - ela se refere aos dois bebês, que dormiram em cima de um lençol jogado no chão.

一 Boa noite samurai. - a mais velha me deu um beijo no rosto, e sorriu.

Me deitei ali mesmo, onde Carl também estava, e logo peguei no sono.

(...)

Pela manhã, voltamos nossa caminhada. Daryl havia sentido alguém nos vigiar pela noite, então  tivemos que sair dali. Maggie pediu para ficar com Jp, e eu deixei. Tyresse estava com Judy, então eu e Carl fomos na frente.

一 Acha que são pessoas do Terminus que estão nos vigiando? - Carl puxa conversa, falando em um tom que só eu podia ouvir.

一 Impossível alguém ter saído daquele lugar. Mas se for, vamos dar um jeito. - respondo, olhando para ele.

一 Tem razão. Na verdade, você sempre tem. - sorrio com aquilo, e dou um beijo nele.

一 Eu sei. - digo, sorrindo orgulhosa.

SOCORRO! ALGUÉM! - na mesma hora, ouvimos gritos pela floresta.

一 Pai, vamos até lá! - Carl pede ao Rick.

Após ele sair correndo, todos foram atrás. Havia um homem - vestido como um padre -, em cima de uma pedra e com errantes tentando pegar seus pés.

Peguei minha faca e matei dois próximos a ele, e depois um que se aproximou de Rick, que agradeceu com um movimento de cabeça.

一 Você está bem? - o líder pergunta. O homem pede um minuto e se vira para o lado, começando a vomitar.

一 Obrigado. - ele diz, após limpar a boca com a manga da blusa. 一 Sou Gabriel.

一 Você tem armas? - Rick pergunta, ignorando a apresentação.

一 Pareço alguém que tem armas? - o padre pergunta, dando uma risada nervosa. Olhamos para ele, sérios, e esperando a resposta. 一 Não tenho arma nenhuma. A palavra de Deus é a única proteção que eu preciso.

一 É?! Não pareceu minutos atrás. - digo debochada, e cruzando meus braços.

一 Chamei por ajuda. E ela veio! - Gabriel olha para todos. 一 Vocês tem alguma comida?

一 Temos nozes. - Carl diz, e mostra para ele.

一 Obrigado. Eu tenho uma igreja. Podem passar a noite por lá, se quiserem.

一 Levanta. - Rick ordena, começando a revistar o homem, que fica com cara de assustado, por ser pego de surpresa. 一 Quantos errantes já matou?

一 Nenhum na verdade.

一 Quantas pessoas já matou? - nosso líder continua o questionário.

一 Nenhuma. - o padre responde baixo.

一 Por quê? - o homem hesita um pouco, antes de responder.

一 Porque o Senhor é contra a violência.

(...)

A tal igreja está limpa. Sem errantes, ou pessoas. Eu, Tyresse, Carl e os bebês ficamos na igreja, enquanto os outros foram até um mercado próximo. Arrumei um lençol no chão e coloquei os dois para brincar. Ty ficou com eles, e eu fui atrás de Carl.

Saí da igreja e fui até a parte de trás, o encontrando parado em frente a parede, olhando algo escrito lá.

一 Parecem arranhões. - me aproximo e digo.

一 É, o padre está escondendo algo. - Carl diz e aponta para uma frase escrita na Madeira. 一 "Você morrerá por isso".

一 Mostrou ao seu pai? - pergunto, e ele concorda. 一 Então depois pensamos nisso. - o abraço pela cintura.

一 Acha que podemos achar um outro lugar, como a prisão? - Carl pergunta, enquanto também me abraçava.

一 Quem sabe? - levanto a cabeça para olhar em seu rosto. 一 Seja onde for, vamos sempre estar juntos. Não é?!

一 É, Princessa Dixon. - ele começa a passar a mão pelo meu rosto. 一 Tive medo de não te encontrar. Nunca mais quero te perder de vista.

一 Não vai. - sorrio. 一 Nunca vou te perder de vista também. Você é meu alvo de caça, lembra?!

一 Lembro. - ele responde e toca a barriga, onde tomou meu tiro. 一 Eu te amo.

一 Eu também. - o respondo, e nos beijamos em seguida.

(...)

O grupo voltou para a igreja com várias caixas de enlatados. E, pela noite, nos sentamos em frente ao altar e fizemos um belo banquete, com direito ao vinho da comunhão, que o Padre Gabriel nos deu.

Sentei em um dos bancos, e fiquei brincando com Jp. Os adultos estavam rindo, e tomando a bebida, se esquecendo por um segundo do apocalipse lá fora.

Abraham se levantou e ergueu sua taça, fazendo um brinde a tal cura que Eugene tinha. Rick concordou de ir com eles para Washington. Isso ainda estava muito mal contado.

Me levantei, com Jp no colo, e fui até Maggie. Ela e Tara estavam conversando, e aposto que a segunda já contou da sua ida com o Governador até a prisão.

一 Oi... - me aproximo, e chamo a atenção delas. 一 Posso falar com a Maggie? - pergunto para Tara.

一 Claro! Já estava indo mesmo. - ela se despede de nós e sai. Me sento em seu lugar e me viro para minha mãe.

一 Como você está? - pergunto, e sei que ela me entendeu.

一 Na medida do possível, bem. - Maggie responde, dando um sorriso de lado. 一 Sei que vamos achar Beth.

一 É. - respondo simples. 一 Eu gostava dele... - me refiro ao Hershel. 一 Ver ele, daquele jeito, também me deixou abalada.

一 Eu sei. - ela se aproxima, e passa a mão em meu cabelo, que estava preso de qualquer forma em um rabo de cavalo. 一 Meu pai, ele gostava de você Nate. Eu gosto de você! - sorrio. 一 E vou te proteger, mesmo que não precise. - Jp da um sorriso, o que faz Maggie sorri também. 一 Nós dois vamos.

一 É. E eu vou proteger vocês. - digo, sorrindo para eles.

Manter eles à salvo. Era tudo o que eu precisava fazer.

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