
42. ᴀ ᴍᴜʟʜᴇʀ ᴇ ᴏ ʙᴇʙê
NATÁLIE DIXON
Já tínhamos nos afastado da prisão, mas ainda conseguíamos ver a fumaça branca no céu. Nós duas não conversamos muito sobre o ocorrido, até por que, não queríamos falar sobre aquilo.
Estávamos seguindo um rastro recente, achando que seria alguém do nosso grupo. Ficamos em total silêncio, quando alguns zumbis começaram a andar ao nosso lado. Michonne olhou para um - que era uma mulher e também tinha dreads - e começou a fazer barulho, o que poderia chamar a atenção dos outros.
一 Mich... - tentei chama-la em um susurro, percebendo que ela estava prestes a ter uma crise de pânico.
Não adiantou. A samurai parou de andar e começou a olhar todos os errantes, o que fez ela ser notada. Quando percebi eles se aproximaram, puxei minha espada e comecei a matá -los. Michonne também fez isso, com uma certa raiva em seus golpes.
Quando acabamos com o pequeno grupo, nossas respirações estavam ofegantes, e Michonne estava chorando.
一 Samurai... - toquei em seu braço, o que fez ela se assustar, como se voltasse de um momento de transe. 一 Vamos descansar por hoje. - ela assentiu em silêncio, e começou a andar de volta.
(...)
Havíamos encontrado um carro na beira da estrada, e decidimos ficar nele. Deixei que Michonne dormisse primeiro, e fiquei com a vigia.
Sentei no asfalto, encostando minhas costas na lataria velha do veículo. Fechei meus olhos e dei um suspiro profundo. Comecei a pensar se os outros haviam conseguido sair, e se estavam bem.
Poderia caçar algum animal, mas deixei minha faca na minha mochila, na cela da prisão. Fiquei triste por perder a única lembrança que tinha sobre Merle.
Deixei os pensamentos de lado, e voltei a atenção para minha ronda. O silêncio do apocalipse - que chegava a ser torturador - se instalava na floresta a minha frente, se misturando com a escuridão da noite. No céu, havia algumas estrelas, sendo até bonito.
Tirei meus dois colares, um com uma aliança e o outro com o pingente de asas, e segurei em minha mão. Onde quer que o Carl, Maggie ou Daryl estejam, eu desejo que eles estejam, pelo menos, à salvo.
(...)
Pela manhã, Michonne acordou assustada. Perguntei o que houve, e ela disse que havia sido um pesadelo. Resolvi não questionar. Voltamos para nossa caminhada, agora buscando comida e água.
Decidimos ficar na rodovia, na tentativa de achar alguma casa ou mercearia. Estamos lado a lado, olhando a estrada a nossa frente, e o sol subindo no horizonte.
一 Acha que eles estão vivos? - perguntei, virando o rosto para Michonne, que continuou olhando a estrada.
一 Quero acreditar que sim, Nate. - ela me olha. 一 Mas, você sabe que tem chances de eles terem...
一 É, eu sei. - digo, sem deixá-la completar. Voltamos ao silêncio. Um pedido de socorro, vindo da floresta, nos fez parar de andar e ficar em alerta. 一 Você ouviu?!
一 Ouvi. Mas, não... NATE! - deixei Michonne falando sozinha, e corri atrás da voz, mesmo sabendo que ela me seguiria.
Avistei uma cabana - já bem velha -, onde uma mulher estava caída na frente da porta, com dois zumbis em cima dela. Fui até lá e passei a lâmina no primeiro, e depois puxei o segundo, batendo seu crânio podre em um pilar, até que ele ficasse esmagado.
一 A senhora está bem? - pergunto a moça, a ajudando se levantar. Ela não responde, e sai correndo para dentro da casa.
Achando aquela atitude estranha, eu resolvo segui-la. Deixo a mão na espada, caso precise usar, e entro na cabana. Passo pelos cômodos, não encontrando a mulher. Escuto um choro franco de bebê em um dos quartos, e sigo.
Abaixo a mão da espada, e sorrio, ao ver a mulher com um garotinho nos braços. Pelo seu tamanho, suspeitei que ele tivesse a mesma idade que Judith. Me aproximei devagar, vendo a moça sorrir com isso.
Michonne entrou correndo no quarto, com a katana em mãos e a expressão fechada. A samurai também abaixou a guarda ao ver a cena.
一 É seu filho? - pergunto, e a mulher concorda, com algumas lágrimas nos olhos. 一 Posso segurar?
一 Claro... - ela me entrega o menino, que logo se ajeita em meu colo. 一 Ele se chama Jeffrey Peterson. - sorri e estendi meu dedo ao bebê, que logo o agarrou com suas mãozinhas.
一 Você está sozinha? - Mich pergunta, ainda desconfiada.
一 Sim. Estávamos em um grupo, mas as pessoas morreram. Fugi com ele e acabamos aqui, mas... - a mulher levanta a barra de sua calça, revelando uma mordida. 一 Aconteceu.
Olhei boquiaberta para o lugar. Ela tinha um filho, e ele não podia ficar sozinho.
一 Vocês poderiam...
一 Claro. - digo, entendendo sua próxima pergunta. 一 Eu vou cuidar dele.
一 Nate... - Mich me chama em repressão.
一 Eu.vou.cuidar.dele. - digo pausadamente para a morena. 一 Pode ficar tranquila, eu dou conta.
一 Tudo bem. - Michonne diz, desistindo de me convencer do contrário. 一 Você tem coisas para ele? - ela diz a mulher.
一 Tenho! Aqui. - ela se vira, e pega a bolsa no chão. Michonne a pega e a coloca atravessada em seu pescoço. 一 Não quero me transformar. - a mulher estende uma arma para a samurai. 一 Tem alguns enlatados na cozinha, e remédios no banheiro. Peguem as coisas e saiam daqui! - assentimos. 一 Se algum dia... - a moça se virou para mim. 一 ele te chamar de mãe, eu quero que deixe!
一 Tudo bem. - sorri triste. 一 Eu vou cuidar dele, é uma promessa!
一 Eu sei que vai. - ela sorri, e se aproxima do pequeno, que dormia tranquilamente em meus braços. 一 Adeus meu pequeno. - ela sussurra e deixa um último beijo na testa do filho. 一 Espero que sobrevivam.
一 Nós vamos. - Michonne responde confiante e a mulher assentiu. Quando ela se afastou, a samurai engatilhou a arma e esticou seu braço. 一 Me desculpa. - ela disse, antes de apertar o gatilho e o corpo da mulher cair no chão.
Deixei uma única lágrima cair, enquanto olhava o pequeno em meus braços. Eu cuidaria dele. Fiz minha promessa e vou cumprir. E se alguém se meter com ele, vai morrer.
Decidimos enterrar o corpo da mulher, apenas por respeito. Depois disso, Michonne juntou os enlatados e os remédios em um outra mochila e colocou ela nas minhas costas, já que a mesma já carregava a bolsa do bebê. Enrolei um lençol em meu tronco, improvisando um baby sling para o pequeno Jeffery.
Assim que tudo estava pronto, saímos da casa e voltamos nosso caminho. Decidimos ir pelos trilhos, por que dessa maneira, poderíamos achar algum lugar seguro para nós.
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