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34. sᴇxᴛᴏ sᴇɴᴛɪᴅᴏ

NATÁLIE DIXON

(...)

Desci para as tumbas, para procurar a enfermaria e ver se ainda tínhamos alguma coisa de útil. Carl me explicou o caminho, mas acabei me perdendo. Virei para um corredor e paralizei ao ver Michonne caída no chão e Merle a amarrando.

一 Que merda você está fazendo?! - comecei a me aproximar com rapidez. 一 Eu vou falar para o Rick e ele vai...

一 Ele não te falou?! - olhei confusa para meu irmão. 一 A nossa samurai é parte do acordo de trégua com o Governador. - olhei desacreditada para ele.

一 Você está mentindo! Vou tirar satisfações com ele agora mesmo. - me virei, pronta para voltar.

一 Desculpa irmãzinha, mas o xerife não pode saber. - Merle me deu um golpe na nuca, e eu logo desmaiei.

(...)

Merle havia amarrado minhas mãos e as de Michonne, pegado nossas espadas, e feito nos sairmos da prisão. Já estamos andando à alguns minutos, provavelmente, já sentiram nossa falta.

一 Rick fez um acordo com o Governador. - meu irmão começou a falar 一 Se entregarmos você, teríamos chance a paz. - diz à Michonne.

一 E porque estou aqui? - perguntei irônica.

一 Se você contasse ao seu sogrinho, o plano não iria funcionar. - rolei os olhos com desdém,  e fiquei séria. 一 Continuem andando. - ele nos apontou a arma. 一 Olha só! Temos companhia. - Merle disse olhando para um errante que se aproximava. 一 Espero que não se importe de eu usá-la. - ele disse, puxando a espada de Michonne.

A samurai o encarou, enquanto Merle ia até o zumbi e dava um golpe na cabeça. Voltamos a caminhar, em silêncio dessa vez.

(...)

一 Quero ficar com meus irmãos. Eles querem ficar na prisão. - Merle quebrou o silêncio, depois de algum tempo 一 Essa viagenzinha, talvez mantenha aquele lugar de pé. Se eu conseguir, talvez tudo seja perdoado. - dei uma risada sem humor.

一 São muitos "talvez" Merle. - digo, observando meu irmão indo até uma cabana, em busca de um carro.

一 Você fala sobre o peso do que preciso fazer. Sobre saber lidar com isso. - Michonne começa a dizer ao meu irmão. 一 Um vilão. Alguém realmente malvado é leve como uma pena. Não sentem nada.

一 Já matei dezesseis homens desde que tudo começou. - Merle a encara. 一 Vamos. - começamos a correr. 一 Okay, acho que estamos bem. - ele diz, quando nos afastamos dos errantes.

一 Sim, estamos ótimos. - Michonne ironiza, e eu sorrio disfarçadamente.

一 Vou ver se um desses pega. - Merle amarra Michonne e eu em uma pilastra, e vai até os carros abandonados.

Nos duas nos olhamos por um instante, e depois ficamos olhando em volta. Estávamos em frente à um bar velho, de beira de estrada. Ouvi grunhidos se aproximando e olhei para trás, vendo um grande número de errantes se aproximarem.

一 Merle... - chamo, mas meu irmão me ignora. 一 Merle! - chuto um zumbi, fazendo ele bater a cabeça na parede. 一 MERLE! - grito e, por fim, ele me ouve. Meu irmão corre até nós e corta nossas cordas.

VAMOS! - entramos no carro e Merle saio cantando pneu, desviando dos zumbis.

(...)

Fiquei calada no banco de trás, não fiz questão de participar da conversa que meu irmão e Michonne mantinham, mas estava atenta a tudo que eles falavam.

一 Seus irmãos pensam diferente. - Mich diz, e o Merle me olha pelo retrovisor.

一 Sim, eles pensam. Principalmente Daryl. Se Rick dizer "pule", ele pula sem pensar duas vezes. - ele a responde.

一 Não. Rick precisa dele. - Michonne diz. 一 Ele o respeita. Mas, não pediu isso a ele não é?

一 Não, porque ele quer que isso seja feito.

一 Continue dizendo isso a si mesmo. - digo, pela primeira vez. 一 A verdade, é que poderia ter tido sua chance. Com suas habilidades, um começo totalmente novo. Mas, você escolheu ficar de fora.

一 Ninguém lamentará sua morte. - Michonne diz. 一 Nem mesmo Daryl. Ele tem a Nate. E eles têm uma nova família agora.

一 Se ficar tentando me atingir, vou arrancar sua língua. - Merle diz. 一 O seu amiguinho está te entregando porque quer salvar o próprio traseiro. Você está tão fora quanto eu querida.

一 Talvez. - Mich responde. 一 Mas, a culpa não irá me corroer quando o Governador me pegar. - sorri, orgulhosa com a fala dela.

(...)

一 Sabe que podemos voltar não é? - digo, tentando o convencer.

一 Eu não posso voltar. - Merle para o carro aos poucos, e depois se vira para nós. 一 Mas, vocês vão. - ele corta as cordas em nossas mãos e nos entrega as katanas. 一 Voltem para lá, se preparem para o que virá. - Merle abre as portas e volta ao banco do motorista. 一 Há algo que quero fazer sozinho.

一 Ei... - me aproximei da janela do passageiro. 一 Não faça besteira, e se cuida. - meu irmão me olha sem dizer nada. 一 Apesar de tudo, eu ainda amo você, miolo mole.

一 Se cuida pirralha. - Merle diz, e da uma risada abafada.

Fiquei vendo o carro se afastar pela rodovia e senti meu coração se apertar, como se algo de ruim fosse acontecer com meu irmão.

(...)

Michonne e eu já estávamos voltando para a prisão. Não falamos nada pelo caminho, porque não tinha nada para se dizer. E a samurai parecia entender que eu estava preocupada com Merle.

Parei de andar e fiquei pensando na possibilidade de ir atrás dele. Olhei para Michonne, e ela parecia ter me entendido só com o olhar.

一 Se cuida guerreira. - ela se aproximou, e me estendeu a mão para um toque. 一 Vou pedir para Daryl ir atrás de vocês. - assenti e virei de volta para onde viemos, saindo correndo pela estrada.

Já fazia um tempo que eu seguia as marcas de pneu pela rodovia. Parei um pouco no acostamento, para recuperar o ar dos meus pulmões. Ouvi passos atrás de mim e me levantei, pegando minha faca no coldre.

一  Ou! - Daryl segurou meu pulso, antes que eu pudesse acertar seu rosto. 一 Você está bem?

一 Estou. Michonne te falou?

一 Sim, eu encontrei ela no caminho. Vamos, antes que ele faça alguma besteira.  - concordei, e voltamos a seguir os rastros do nosso irmão.

Acabamos parando em um lugar abandonado. Daryl disse que foi ali que o Governador e Rick se encontraram. Matamos os zumbis que encontramos, e nós vimos um deles devorando a carne de um homem.

Não... - sussurro e começo a chorar. 一 NÃO! - falo mais alto, atraindo a atenção daquela coisa para nós.

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