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17. ɢʀᴜᴘᴏ ʀᴀᴄʜᴀᴅᴏ

NATÁLIE DIXON

A reunião estava acontecendo. Todos mostravam sua opinião, até mesmo Carl. Resolvi ficar na minha, encostada em um canto da sala.

Dale tentava a todo custo convencer o grupo de não matar Randall, mas eles não o escutavam. O mais velho falava que poderíamos dar uma chance ao garoto, fazer ele trabalhar e mostrar seu valor.

一 Natálie... - Dale se virou para mim. 一 Você também concorda com isso?

Todos agora estavam virados para mim, esperando a minha resposta.

一 Eu... - suspirei fundo e olhei para ele. 一 Acho que você tem razão, em tudo. Mas, não posso dizer que quero, ou não, ele vivo. Eu penso que, se dermos uma chance, ele pode sim mostrar seu valor e virar alguém desse grupo. - Dale sorriu esperançoso. 一 Como isso também não pode acontecer. Sinto muito, Dale. - abaixei a cabeça.

一 Então é isso?! Vocês vão matar um garoto que tem uma vida toda pela frente? - Dale começou. 一 Matamos alguém por não saber o que fazer com ele? Você o salvou agora olha para nós. - ele diz para Rick. 一 Ele foi torturado. Será executado. Como somos melhores do que as pessoas que tememos? - ele terminou, e todos ficaram em silêncio.

一 Todos sabemos o que deve ser feito. - Shane se pronuncia.

O grupo continuou discutindo sobre o que deve ser feito. Rick pediu para, quem fosse a favor de matar Randall, levantasse a mão. A maioria fez isso.

一 Também vão assistir isso? - Dale pergunta, após a decisão final de Rick. 一 Não, irão colocar suas cabeças nas barracas e tentar esquecer que matamos um ser humano. - mais uma vez, ninguém disse nada. 一 Não quero ser parte disso. - Dale começou a andar até a porta, parando um pouco perto do meu irmão. 一 Esse grupo está rachado! - foi a última coisa que ele disse, antes de sair pela porta.

(...)

Daryl, Rick e Shane foram acabar com o Randall. Entrei na barraca do meu irmão, esperando ele voltar. Estava sentada no chão, quando ele entrou e me encarou um pouco surpreso.

一 Não fizemos. - Daryl começou. 一 Rick estava com o dedo no gatilho, mas não puxou. Carl apareceu por lá, queria ver. - estava surpresa por aquilo.

一 E agora? - pergunto, e ele suspira.

一 Vão fazer turnos para vigia-lo. - assenti. 一 Quer saber porque bati nele? - afirmei. 一 Ele disse que o grupo encontrou uma família, pai e duas filhas. Os homens do grupo deixaram o pai assistir, enquanto eles abusavam das garotas. E depois nem o mataram. - uma lágrima caiu dos meus olhos. 一 Não queria ele vivo, por saber que você está aqui, mesmo que agora eu poderia te defender. - meu irmão também estava com lágrimas nos olhos, mas disfarçou.

一 Daryl... - abracei ele, que me apertou forte em seus braços. 一 Eu te amo. - digo baixo e percebo ele dar um curto sorriso.

一 Eu também te amo pirralha. - Daryl me deu um beijo na cabeça, e depois me soltou. 一 Vamos...

A fala do meu irmão foi interrompida por um grito agonizante, que vinha do pasto da Fazenda. Nós corremos até lá e encontramos um errante abrindo a barriga de Dale. Enquanto meu irmão gritava e sinalizava para os outros, eu joguei o corpo para longe e finalizei ele.

Me levantei e vi que o zumbi era o mesmo que Carl estava brincando na floresta. Me afastei em dois passos e todo o grupo já estava lá. Andréia chorava, e Hershel disse que mais nada poderia ser feito. Olhei para Carl, e ele chorava abraçado a mãe, provavelmente se culpando pela perda.

一 Ele está sofrendo, façam alguma coisa! - Andréia diz. Rick pega sua arma e tenta atirar, mas não consegue.

一 Deixa comigo. - Daryl aponta a arma para Dale. 一 Desculpa irmão. - ele diz e dispara, acabando com o sofrimento do homem.

(...)

O clima está tenso em todos. Perdemos mais uma pessoa. Mesmo que eu não tivesse conhecido muito bem Dale, eu senti a perda dele.

Quando voltamos, avisei Maggie que queria ficar sozinha um pouco. Fui até o celeiro e subi a pequena escada, que ia para a parte de cima. Me sentei na janela, e fiquei olhando para a noite de lua cheia.

Senti uma presença na parte de baixo, e logo alguém também subia as escadas. Carl se sentou ao meu lado e ficou em silêncio.

一 Se culpa pela morte dele não é? - ele concorda com um fraco movimento de cabeça. 一 Não foi sua culpa...

一 Foi sim. - olho para ele, que faz o mesmo para mim. 一 Se eu não tivesse te impedido de matar aquele errante, ele não tinha se soltado, nem pegado o Dale. - Carl diz e começa a chorar.

一 Mesmo assim, não foi sua culpa. - digo. 一 Nós vamos perder pessoas, Carl. Sempre perdemos. Temos que aprender a lidar com isso.

Ficamos em silêncio, apenas olhando para a noite fria e escura lá fora. Estava com a mão apoiada no chão e senti Carl colocando a sua por cima da minha. Olhei para ele e minhas bochechas esquentaram ao ver que o mesmo já me olhava.

O que nós temos? - pergunto em um sussurro, com meus olhos ainda vidrados nos deles.

一 Eu gosto de você, você gosta de mim. - Carl se aproximou um pouco do meu corpo. 一 Quer ser minha namorada? - fiquei surpresa, mas me contive a sorrir.

一 Quero. - respondo e dou um beijo rápido nele. 一 Vai falar com meu irmão? - pergunto sacana, e ele arregala os olhos.

一 É... O Daryl né?! - ri do nervosismo dele. 一 Posso tentar, mas se eu morrer...

一 Não precisa ser agora, cowboy. - peguei o chapéu dele e coloquei em mim. 一 Podemos esperar um pouco. Sabe... - dei de ombros.

一 Ganhei alguns dias a mais de vida. - dei uma gargalhada, e ele me acompanhou.

Ficamos mais pouco ali, até voltarmos para o acampamento. Estava na porta da casa e vi Carl na entrada de sua barraca. Sorri e acenei para ele, antes de entrar.

一 E aí? - me assustei ao ver Maggie no sofá.

一 Você parece um fantasma, credo! - me apoiei na porta e fiquei vendo ela rir de mim. 一 E aí o que? - me fiz de desentendida.

一 Onde você estava? Estava sozinha? - Maggie sorriu sacana, e eu rolei os olhos.

一 No celeiro e não, estava com o Carl. - vi os olhos dela brilhar. Mags bateu a mão ao seu lado no sofá. 一 Ele me pediu em namoro. - solto, e a mulher da um gritinho animado.

一 O Daryl sabe? - neguei 一 Vai contar?

一 Agora não. - sorri. 一 Contei para você, porque sabia que iria descobrir de qualquer forma.

一 Ia mesmo. - rimos juntas 一 Vamos dormir, antes que meu pai venha aqui e coloque nós duas a força na cama. - ela me abraçou pelo ombro e subimos juntas para o nosso quarto.

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