
14. ᴅᴇsᴄᴏʙʀɪɴᴅᴏ sᴇɴᴛɪᴍᴇɴᴛᴏs
NATÁLIE DIXON
Fizemos uma cerimônia para enterrar os familiares de Hershel e a garota Sophia. Os corpos foram enterrados lado a lado, e em baixo de uma grande árvore. Quando acabou, todos foram para um lado da Fazenda. Aproveitei o momento e fui conversar com Daryl.
一 Ei caipira. - chamei, mas ele não fez questão de me olhar. 一 Eu tô te chamando. - corri até alcança-lo, e conseguir segurar seu braço.
Daryl virou com brutalidade, me assustando. Tirei minha mão do seu punho e dei um passo para atrás, o encarando.
一 O que você quer? Veio dizer que não vai embora comigo, para poder ficar com essa gente? - ele pergunta com raiva, mas tinha um pouco de irônia em sua voz.
一 Não, iria dizer que vou com você. - digo, e ele fica surpreso. 一 Não quero te deixar de novo.
一 Mas, e sua amiga, a filha do Hershel, como ela fica? - suspiro fundo, e olho para meu irmão.
一 Ela vai entender que não se abandona família. - digo, e ele abaixa um pouco a cabeça. 一 Eu vou com vocês, e é isso que importa. - me viro de volta para casa.
No caminho, deixo algumas lágrimas solitárias caírem no meu rosto. Seco as rapidamente, quando vejo que estava próxima a varanda.
一 Onde vão? - pergunto ao Rick e Glenn, que estavam dentro do carro de Hershel.
一 Hershel sumiu, vamos atrás dele. - Rick responde. 一 Beth está mal e precisa do pai.
一 Vou ajudar a cuidar das coisas. - digo, mesmo que não precise. Rick assentiu, e logo saiu pela estrada da Fazenda.
(...)
Maggie e eu nos revezavamos para ficar com Beth, ela estava em choque catatônico. Patrícia aplicava soro no braço dela, e conversava baixinho com a garota.
Depois de alguns minutos, ela reage e fica deitada na cama. Maggie saí para fazer algo para a irmã comer, a deixando sobre minha responsabilidade.
一 Não precisa ficar aí me vigiando, eu estou bem. - ela diz, se virando na cama, e me encontrando parada no batente da porta.
一 É, eu sei que está. - digo irônica, e me sento na ponta da cama. 一 Eu sinto muito por sua família.
一 Eu também. - ela responde triste e me olha, como se estivesse criando coragem para dizer algo. 一 Você não conheceu sua mãe? - Beth pergunta hesitante, e eu nego com a cabeça.
一 Ela morreu quando eu tinha alguns meses. Daryl e Merle sempre se viraram do jeito deles para cuidar de mim. - digo, e olho para baixo.
一 E seu pai? - a olho por um tempo, mas logo desvio. 一 Desculpa não devia ter perguntado. Ele morreu de que?
一 Will Dixon nunca foi meu pai. - digo fria, e ela me olha espantada. 一 Só pensava em beber, usar drogas, e bater em nós. E as poucas vezes que ficava lúcido, jogava a culpa da morte da minha mãe em mim. Ele ainda... - paro de falar, quando percebo já estar chorando.
一 Sinto muito mesmo. - a Greene diz, tocando minha mãe sobre a cama, mas eu esquivo. 一 Nunca sentiu vontade de morrer por isso? - a olho incrédula por ser capaz de dizer aquilo.
一 A morte não é solução para tudo. - digo, e ela abaixa a cabeça. 一 Temos que aprender a enfrentar nossos medos, e passar por cima deles.
Assim que falo, Maggie entra com um prato nas mãos. Resolvo deixá-las a sós, e vou para algum canto isolado.
(...)
Sentada na parte de trás da casa, rodando minha faca nas mãos, coloco todos os meus pensamentos em ordem.
Não quero ir embora daqui, não será justo com Hershel muito menos com a Maggie. Mesmo não confessando isso a ela, a morena se tornou a figura materna que eu nunca tive, não posso fazer isso com ela. Mas tenho meu irmão. Já o deixei uma vez, não podia deixar outra.
Não sei o que fazer, meus sentimentos estão uma bagunça dentro de mim. E para piorar, acho que Dale está mesmo certo. Algo dentro de mim se despertou ao conversar com Carl, mas não acho que seja real. Talvez, seja só a Maggie querendo colocar coisa na minha cabeça. Pode não ser nada. Ou realmente seja alguma coisa.
一 Atrapalho? - levanto a cabeça e vejo Carl me olhando de cima. O chapéu escondendo um pouco seus olhos e o cabelo já um pouco grande. Nego, e ele se senta ao meu lado. 一 O que está fazendo?
一 Pensando. - digo olhando para frente.
一 Quer pensar lendo gibis? - ele me estende uma revista, e eu pego sorrindo.
(...)
O silêncio entre nós era confortável. De vez, ou outra, comentavamos alguma passagem dos gibis ou riamos de alguma piada sem sentido do Carl.
一 Sério, olha isso. - ele me mostra a revista, e vejo uma piada super engraçada ali, mas também bem idiota.
一 Agora sei da onde tira as besteiras que você fala. - digo, e ele revira os olhos, fazendo eu rir ainda mais.
一 Não gosta das minhas piadas é? - nego, ainda sem olhar para ele, e segurando minha risada. 一 Pois vamos ver se você gosta disso.
一 O que... - ele não deixa eu terminar e começa a fazer cócegas em mim. 一 Para Carl! - tento sair dali, me enrolando em seus braços. 一 Ei, para! - enrolo ainda mais, fazendo os dois cair no gramado.
Carl estava por cima de mim, com as mãos apoiadas ao lado da minha cabeça. Sentia sua respiração batendo descontrolada em meu rosto, e seu olhar nada discreto para minha boca. Mordi meu lábio inferior e, sem pensar em minhas ações, puxei ele pela nuca, fazendo nossos lábios se encostarem com um selinho demorado.
Quando iria avançar, escuto Maggie me gritando de dentro da casa. Carl se levanta todo atrapalhado, e me leva junto no processo.
一 Eu... - gesticulo com as mãos, super constrangida.
一 Vai lá. - ele também diz, colocando as mãos no bolso da calça, desviando o olhar. Saio correndo dali, procurando um lugar para enfiar minha cara.
(...)
Subo as escadas correndo, entrando no quarto em que Beth estava. Maggie e Lori seguravam um pano sobre o pulso da garota, onde havia um grande corte.
一 Meu Deus... - murmuro, e saio atrás de alguma coisa para fazer um curativo. 一 Dê um pano para ela morder, não temos anestésia. - falo para Lori, que logo entrega um travesseiro para a garota.
Faço os pontos, com alguns resmungos de Beth e depois Patrícia faz o resto do curativo. Saio até o banheiro do corredor, para lavar as mãos.
Quando levanto a cabeça, tomo um susto ao ver Maggie me olhando pelo espelho, encostada na porta, e com os braços cruzados.
一 Mags! - falo em repreensão e com a mão no peito, fazendo a morena rir. 一 O que foi? - me viro irritada para ela.
一 Onde estava? - engulo em seco.
一 Eu? Eu... estava caçando! - digo rápido. 一 Isso, caçando! - repito e Maggie levanta a sombracelha, desconfiada. Reviro os olhos e bufo, cruzando os braços. 一 Estava com Carl. - digo baixo, sentindo meu rosto ficar vermelho.
一 Por isso demorou chegar aqui? - ela pergunta maliciosa. 一 Vocês se beijarem? - ela estava animada em saber.
一 Só um selinho rápido, já que alguém atrapalhou. - digo, e ela dá risada. 一 Agora vamos. - sai do banheiro, com a mulher me seguindo.
一 Você não vai escapar dessa conversa, mocinha. - Maggie passa um pouco a frente, esbarrando de leve seu ombro no meu. Balanço a cabeça negativamente e dou risada sozinha.
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