𝟬𝟬𝟱.ㅤ› the center for disease control . . .
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ㅡ CAPÍTULO 005 !! ꕀ
centro de controle de doenças
ㅤㅤO dia amanheceu vagarosamente, e em total silêncio na pedreira. Ninguém dormiu ou ao menos tentou dormir no acampamento. A decisão de que deveriam começar a limpar o local foi finalmente tomada apenas quando os primeiros indícios de sol já apontavam no céu, então os corpos foram movidos e separados em duas pilhas: os que seriam queimados e os que seriam enterrados nas covas que Jim cavou no dia anterior.
Frederick limpou o suor de sua testa ao jogar outro corpo no fogo, observando Dominic, quem lhe ajudava com a tarefa, repetindo seus movimentos. O mais velho se virou para seu irmão e olhou-o trabalhando com a carranca no rosto; não haviam se falado mais desde que perceberam que Merle havia partido de Atlanta sem eles.
ㅡ Pai. - Fred saiu de seu transe ao ouvir a voz de Dominic lhe chamando. O garoto se aproximava ainda mais, mas continuava com o olhar para onde o corpo de Amy ainda estava caído. ㅡ Ela ainda não acordou... acha que tem alguma chance de realmente não acontecer?
ㅡ Não sei garoto. - Fred disse. ㅡ A gente não sabe como essa coisa funciona. Talvez leve um tempo para cada pessoa, ou sei lá.
ㅡ A Brenda não demorou nem um minuto para voltar como uma dessas coisas. - ele sussurrou com o olhar longe. ㅡ Achei que fosse assim com todos.
Fred o observou em silêncio, suspirando e dando dois tapinhas em seu ombros para o despertar também.
ㅡ Como disse, essa coisa deve infectar cada pessoa em um tempo diferente, Dom. - Fred concluiu em baixo tom. ㅡ Vamos, me ajude com esse aqui agora. - e mudou o assunto, apontando para o próximo corpo que deveriam mover.
Eles fizeram a mesma coisa com aquele corpo podre: o jogaram no fogo. Em seguida, assim como os demais no acampamento, notaram Rick se aproximando de Andrea e a mesma lhe recebendo com a arma apontada; todos se surpreenderam, mas logo o Grimes se desculpou e se afastou outra vez.
Fred aproveitou eles se reunindo, provavelmente, para decidir o que fariam com Amy, para ir até onde Sabrina e Bryan estavam em seu próprio acampamento. Os dois ficaram sentados por toda a noite nas cadeiras, observando todo o movimento em sua frente e ainda sem nenhuma expressão além de desânimo e tristeza em seus rostos.
ㅡ Pai... - Bryan o chamou baixinho. Pela sua voz, o homem percebeu que esteve chorando recentemente, mas que provavelmente não iria confessar aquilo. ㅡ Você acha que o tio Merle vai ficar bem?
Fred, que virava uma caneca de água na boca, parou e observou o filho. O líquido desceu em sua garganta como se pudesse queimá-la, semelhante à uma grande dose de whisky, do mais velho exemplar. O Dixon soltou um suspiro, desviando seu olhar e finalmente buscando as palavras certas para responder Bryan.
ㅡ Vai, garoto. Não se preocupa. - disse com a voz arrastada. ㅡ Se Merle pegou o caminhão e fez a escolha de sair de Atlanta, com certeza ele estava se sentindo muito bem para isso.
Fred respondeu tentando não deixar a raiva momentânea do irmão aparente para os mais novos, mas não havia conseguido muito sucesso naquela missão. Os três haviam trocado um discreto olhar, notando as reações corporais do mais velho, principalmente seu forte suspiro ao final da frase, mas escolheram permanecer no silêncio.
ㅡ Dom, fique aqui com eles. As coisas já estão acabando. - Fred disse, na tentativa de disfarçar, e logo caminhou para o centro do acampamento outra vez.
Fred se direcionou para recolher outro corpo no chão, e logo se abaixou para pegá-lo por baixo dos ombros. Notou Daryl se aproximando de si, silenciosamente ajudando-o naquela tarefa. Era um de seus colegas de acampamento, mas mesmo assim Fred notou que o irmão estava os puxando em direção ao fogo, sem que conseguisse ao menos protestar.
ㅡ Isso são para os infectados. O nosso pessoal vai ali! - Glenn os abordou.
ㅡ Que diferença faz? Estão todos infectados! - Daryl rebateu.
ㅡ Nosso pessoal vai ali! Não vamos queimá-los... vamos enterrá-los! - Glenn voltou a dizer.
ㅡ Não discute. - Fred murmurou para o irmão, tomando a iniciativa de puxar o corpo.
ㅡ Você colhe o que planta. - Daryl murmurou.
ㅡ Cala a boca, cara!
ㅡ Vocês mereceram isso! Deixaram meu irmão para morrer preso naquele maldito telhado! - Daryl continuou, falando mais alto, para todos ouvirem, e ignorando o irmão.
ㅡ Aí, Daryl, cala a boca! - Fred disse mais alto, o empurrando para olhá-lo. ㅡ Fica falando besteira para ignorar o fato que Merle foi embora sem ao menos voltar aqui!
ㅡ Não sabe o que está falando...
ㅡ Sei sim! - Fred rebateu. ㅡ Ele não sabia que os outros estavam em Atlanta. Não sabia que o caminhão era nosso. Tinha todos os motivos para voltar aqui, mas não fez. - ele peitou o irmão mais velho, continuando: ㅡ Merle se mandou, mano! Deixou a gente para trás, e nem se importou com isso. Como ele sempre faz. Aceita que isso aconteceu e para de falar besteira! - o Dixon saiu batendo o ombro contra o do irmão, deixando-o parado sem palavras.
Todos haviam escutado a "discussão" dos irmãos, e aquilo apenas serviu para o silêncio tenso no acampamento se prolongar ainda mais.
Antes que pudessem voltar ao trabalho de carregar os corpos, ouviram o aviso de Jacqui:
ㅡ Jim foi mordido!
Jim tentou negar, mas Shane e Tdog o seguraram, enquanto Daryl levantava sua camisa, revelando uma grande mordida abaixo de sua costela.
Ele realmente havia sido infectado.
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O grupo havia se reunido outra vez, agora para tomar uma decisão final quanto o que fazer com Amy - que ainda não havia dado nenhum sinal de ter voltado como uma caminhante -, e agora com Jim também.
ㅡ Eu posso acertar a cabeça dele e da garota morta com a picareta. Rápido e fácil. - Daryl disse. Fred ao seu lado bufou.
ㅡ É isso que gostaria que fizéssemos se fosse você? - Shane perguntou.
ㅡ Eu na verdade agradeceria!
ㅡ Ótimo, então me empresta aqui. - Fred se virou para ele e tentou puxar a arma de sua mão. Shane os conteve, antes mesmo de começarem aquela briga.
ㅡ Não vamos fazer isso! - Rick disse, se referindo a acertarem Jim. ㅡ Jim é um homem doente, podemos achar uma cura para ele. Soube que o CCD estava trabalhando em uma.
ㅡ É, ouvi isso também. Ouvi muita coisa antes do mundo acabar! - Shane disse.
ㅡ Mas, se uma estrutura como o CCD ainda estiver funcionando, vai estar sendo protegida com guardas e armaria pesada! - Rick argumentou. ㅡ Podemos ter comida, abrigo!
ㅡ Olha, Rick, eu quero essas cosias também! - Shane continuou: ㅡ Mas, se elas existem mesmo, estão na base do exército em Fort Benning.
ㅡ Cento e cinquenta quilômetros da estrada principal? - Fred perguntou.
ㅡ Fora da zona de perigo. - Shane complementou. ㅡ Eles estarão protegidos com armaria pesada, estaremos seguros!
ㅡ Os militares estavam na linha de frente disso tudo, cara. - Rebecca disse. ㅡ Caíram em Atlanta, quem garante que ainda estão de pé em outros lugares?
ㅡ Exato! O CCD continua sendo nossa melhor escolha. - Rick disse.
ㅡ Vão procurar um remédinho. Façam o que quiserem... - Daryl disse, ajeitando a picareta em sua mão. ㅡ Eu vou acabar com isso!
ㅡ Daryl! - Fred gritou, correndo atrás do irmão.
Porém, ambos Dixons pararam ao ouvirem um som de arma sendo destravada. Fred olhou para a direção do barulho, vendo Rick apontando seu revólver para o Daryl, que suspendeu a picareta bem na frente de Jim, a centímetros de seu rosto.
ㅡ Não vamos matar os vivos. - Rick disse calmamente.
ㅡ Engraçado, fala isso com a arma apontada para a minha cabeça.
ㅡ Daryl. - Frederick o chamou.
Daryl não o olhou, apenas jogou a picareta com força no outro lado do chão e saiu de perto deles. Fred também suspirou com raiva, desistindo do que estava fazendo e caminhando até suas barracas, ao encontro dos mais novos. Se sentou em silêncio na carroceria de sua camionete e soltou mais um suspiro.
Dom, Bryan e Sabrina se olharam, antes de observarem o homem acariciar Muffin, que havia se aproximado com cuidado e pulado ao seu lado no veículo. Eles quiseram dizer alguma coisa, principalmente sobre toda a cena que haviam presenciado mais cedo dos Dixons mais velhos, mas não souberam por onde começar.
ㅡ Vocês não precisam dizer nada, 'tá bom? - o homem disse de repente. Os mais novos se assustaram, como se seus pensamentos tivessem sido descobertos. ㅡ Só... fiquem tranquilos. Eu 'tô legal. - Fred completou, tateando o bolso de sua calça em busca de seus cigarros.
Fred acendeu aquele cigarro, deu um trago e em seguida jogou a fumaça do mesmo fora. Decidiu se levantar e se aproximar dos três adolescentes; e quando estava prestes a se sentar com eles, todos notaram uma movimentação das irmãs Harrison. Amy havia levantado seu tronco, e estava finalmente transformada. Andrea deu um tiro limpo na lateral da cabeça da irmã, que voltou a cair no chão.
Minutos mais tarde, o grupo caminhou até o lugar que as covas estavam abertas - com mais algumas feitas por Rick e Shane -, onde começaram a enterrar os corpos dos membros dos acampamento. Andrea quis colocar ela mesma o corpo de Amy em uma das tumbas, e os demais ficaram atentos caso a mulher precisasse de ajuda.
No final, fizeram alguns minutos de silêncio apenas em respeito pelos mortos, e aos poucos o grupo começou a voltar para o acampamento.
Fred caminhava em silêncio ao lado do irmão, já que o clima entre eles ainda parecia um pouco tenso. Eram seguidos pelos três adolescentes. Muffin ia guiando o caminho, cheirando os arbustos e fazendo paradas por alguns deles.
ㅡ Você já precisou passar por toda essa coisa de luto, Nina? - Bryan perguntou à amiga, em um tom que deixava a conversa apenas entre eles.
A garota havia puxado o assunto primeiro e feito aquela mesma pergunta aos Dixons, que lhe contaram sobre quando perderam a avó. Agora havia chegado a vez da pergunta ser devolvida, e a Bennett não enrolou ao responder:
ㅡ Três vezes. Meus pais e meu irmão mais velho.
ㅡ Oh... eu esqueci. Me desculpe! - o Dixon disse sem jeito.
ㅡ Está tudo bem. - Sabrina tranquilizou, e logo explicou: ㅡ Eu fui adotada, sabia? Quando tinha apenas algumas semanas de vida. - os garotos pareceram surpresos com a informação, se atentando ainda mais agora. ㅡ Minha mãe era médica pediatra, e havia sido transferida para um novo hospital. Quando chegou na UTI neonatal, descobriu que eu havia sido deixada lá pela minha genitora, e até então nenhum outro parente havia me procurado. Não tinha nome e nem sabiam se iria sobreviver, porque nasci prematura.
ㅡ Sua mãe biológica simplesmente deixou você?! - Bryan perguntou.
ㅡ Não sei porque está surpreso de alguem ser capaz disso, Bryan. - Dominic murmurou com frieza, abaixando a cabeça e apertando as mãos dentro dos bolsos de sua calça.
Sabrina olhou para eles, suspirando ao ver a expressão de Bryan se transformar em realização - como se tivesse acabado de se lembrar de algo -, antes do garoto rapidamente disfarçar com uma nova pergunta:
ㅡ E, bom, ninguém viu ou tentou impedí-la?
ㅡ Mamãe disse que as enfermeiras contavam que ninguém viu a mulher fugindo, e provavelmente aconteceu durante a noite e com ajuda de fora do hospital. E quando tentaram entrar em contato com o nome e telefone dados na ficha, descobriram que eram falsos. - Sabrina contou. Parecia falar com indiferença da 'mãe', mas com admiração da sua família adotiva: ㅡ Minha mãe então sempre ia me visitar na UTI e ajudava com meu tratamento, e no final se apegou em mim mais que o necessário. Conseguiu autorização legal para me adotar, e então aconteceu.
ㅡ E seu pai? - Bryan perguntou, enquanto arremessava um galho que Muffin havia trazido para si.
ㅡ Ele e meus irmãos apoiaram minha mãe e ficaram empolgados na mesma hora com a ideia de terem outro bebê em casa. - Sabrina sorriu. ㅡ Gustav tinha acabado de completar 26 anos e Annelise iria fazer 23, meus pais já não estavam na idade de terem outro filho "naturalmente", mas todos abraçaram a ideia e me receberam com muito amor.
ㅡ Uou! É realmente uma diferença muito grande de idade. - Bryan comentou risonho, à vontade ao ver que Sabrina também ria.
ㅡ É. - disse ela. ㅡ Lembro que quando o bebê da Lise nasceu eu tinha apenas cinco anos! - a Bennett suspirou fraco. ㅡ Sinto falta deles.
Houve silêncio, mas os garotos trocaram um olhar entre si; pareciam querer perguntar mais uma coisa para Sabrina, mas também não queriam estragar o clima bom e nostálgico da conversa, mesmo que sua curiosidade estivesse gritando mais que o bom senso naquele momento.
Eles olharam para frente, vendo que seu pai estava olhando-os levemente por cima dos ombros - claramente mostrando que estava ouvindo sua conversa anterior - e os fez um sinal discreto encorajador na direção da Bennett, que no momento estava observando as pedrinhas que chutava pelo caminho.
ㅡ E como você perdeu eles, Nina? - Dominic perguntou baixinho, depois de desviar o olhar de seu pai.
ㅡ Mamãe teve câncer e morreu quando eu tinha oito anos. - Sabrina começou, depois de ficar em silêncio por um tempo. ㅡ Já meu pai morreu tem dois anos, de causas naturais. Ou apenas não suportou mais viver sem a mamãe. Eles sempre fizeram tudo juntos e tinham um casamento bonito e cheio de carinho. - ela disse baixinho, concluindo no mesmo tom: ㅡ Eu fiquei com o Gus, já que ele não havia se casado e dedicava a vida à carreira de médico e a cuidar dos nossos pais. Mas... os infectados pegaram ele no começo disso tudo, e a única coisa que ele conseguiu fazer foi gritar para que eu saísse de casa e fosse para Atlanta, pois tínhamos escutado sobre o centro de refugiados.
ㅡ E sua irmã? - Bryan também perguntou, quebrando o silêncio outra vez.
ㅡ Meses depois que mamãe morreu, Lise se mudou para Atlanta, porque o marido dela recebeu uma grande proposta de trabalho. - explicou. ㅡ Foi para ela que Gus gritou que eu fosse atrás. Mas, depois de ver a cidade sendo bombardeada e ouvir que estava infestada, eu acho... acho que aceitei o fato de... - Sabrina não concluiu, apenas engoliu sua fala em seco.
Fred e Daryl se olharam. Estavam ouvindo desde o começo sem interferir. O primeiro quis fazer aquilo naquele momento, mas se controlou e respeitou os mais novos.
ㅡ Ei, Nina! Não, não diga isso! - Dom tocou seu ombro, ganhando sua atenção. ㅡ Lembra que Becca e Vinnie também estiveram em Atlanta no bombardeio? Talvez sua irmã tenha conseguido sair como eles!
ㅡ É! - Bryan completou: ㅡ Talvez ela esteja por aí, e vocês vão se encontrar algum dia.
ㅡ Mas não posso ter esperanças, posso? - a garota disse. ㅡ Não tenho certeza se ela está viva, e muito menos tenho um ponto de partida para procurá-la!
ㅡ Mas, se o destino quiser, vocês ainda vão se reencontrar. Apenas precisa acreditar que ela está bem, como aposto que sua irmã esteja fazendo ao pensar em você. - Dom concluiu, sorrindo para a garota: ㅡ Enquanto isso, nós ficaremos juntos, sendo irmãos e cuidando uns dos outros.
Fred e Daryl trocaram um olhar, logo desviando para frente ao ficarem desconfortáveis.
Claramemte haviam pensado na mesma coisa: seu irmão, mas não iriam mais falar sobre o assunto por enquanto. Continuariam seu caminho, aceitando que Merle havia apenas sumido como as diversas vezes que havia feito no passado; e uma hora ou outra eles voltariam a se encontrar de repente.
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A decisão final que Rick tomou para o grupo, ao se reunirem na fogueira naquela noite, é que iriam sim até o CCD atrás de uma ajuda para Jim, e também respostas sobre o que estava acontecendo com o mundo. Iriam partir logo no amanhecer, para chegarem no local ao entardecer do mesmo dia.
Quando amanheceu, como todos no grupo, os Dixons começaram a guardar seu acampamento. Fred ajudou os mais novos a desmontarem suas barracas, ao mesmo tempo que eles organizavam suas mochilas. Enquanto guardava tudo na carroceria de sua camionete, o homem viu o irmão terminar de jogar suas coisas ali também.
ㅡ Tudo certo? - ele perguntou, se aproximando com cautela. Daryl confirmou com um aceno de cabeça. ㅡ Não vai com sua moto?
ㅡ Precisamos economizar gasolina. - foi tudo que o mais velho disse.
ㅡ Olha... - Fred começou dizendo, ganhando a atenção do irmão mais uma vez. ㅡ A gente não precisa seguir com eles depois de ir ao CCD. Podemos ir lá apenas para ver se já têm alguma vacina ou coisa assim. A gente põe os garotos e Nina para tomarem e depois metemos o pé.
ㅡ Podemos seguir com eles. - Daryl respondeu depois de um silêncio. ㅡ Acho que andar camuflados em um grupo grande é mais seguro caso um bando maior dessas coisas aparecer. A gente pode fazer isso por segurança, não precisamos dar satisfação ou seguir ordens. Não devemos nada a eles.
ㅡ Tem razão. - Fred disse, em um suspiro. ㅡ É isso que vamos fazer então?
ㅡ É. - Daryl disse. Os dois trocaram um aceno, confirmando e encerrando aquele assunto.
Quando todos já estavam prontos para partirem, Shane os reuniu na entrada do acampamento da pedreira para alguns avisos, segundo o mesmo.
ㅡ Certo, pessoal. - começou ele. ㅡ Os que estiverem com rádio, estaremos no canal 40. Vamos falar bempoucoo, certo? Mas, se tiverem problemas, ou estiverem sem rádio ou então sem sinal, quero que buzinem uma vez. Isso vai ser o sinal para a caravana parar. Alguma pergunta?
Morales anunciou, deixando todos surpresos:
ㅡ Olhem, a gente não vai.
ㅡ Temos família em Birmingham. Queremos ficar com o nosso pessoal. - sua esposa completou.
ㅡ Vão ficar sozinhos, sem ninguém para protegê-los. - Shane interpôs.
ㅡ Queremos arriscar. - Morales disse. ㅡ Vou fazer o que é melhor para minha família.
ㅡ Tem certeza? - Rick perguntou.
ㅡ Já conversamos sobre isso. Temos certeza. - o homem disse.
Houve silêncio, mas logo Rick e Shane trocaram um olhar. Eles pegaram uma arma e foram entregar para Morales; logo em seguida, a família passou a se despedir de todos. Fred olhou para o homem e acenou com a cabeça, sendo correspondido respeitosamente; não eram próximos, mas o Dixon tinha respeito pelo latino durante as vezes que trabalharam juntos.
Em seguida, cada um dos veículos foram sendo preenchidos.
Os Dixons mais novos se acomodaram nos bancos de trás da camionete; Fred deixou Daryl indo dirigindo o veículo, então entrou no passageiro e acomodou Muffin aos seus pés, segurando-o pela coleira. Assim que a caravana começou andar, o mais velho ficou por último ao sair da pedreira.
Os primeiros minutos de viagem foram feitos em silêncio. Toda a caravana seguia o trailer de Dale, quem ditava o caminho. Uma hora mais tarde, uma buzina veio como sinal do mais velho, assim fazendo todos os outros pararem atrás de si. Ao se aproximarem, notaram que era a mangueira do motor do RV que havia estragado outra vez.
ㅡ Disse que precisávamos da magueira do caminhão, ou então não iríamos longe com isso. - Dale disse. ㅡ Há mais fita do que mangueira. E eu não tenho mais fita! Não tem como arrumar.
ㅡ Parece ter um posto ali na frente. - Shane disse, ao olhar através do binóculo. ㅡ Vou dar uma olhada e ver o que encontro para ajudar.
ㅡ Pessoal! - Jacqui veio desesperada. ㅡ É o Jim! Acho que ele não aguenta mais.
Rick foi conversar com o homem, e voltou dizendo que o mesmo havia pedido para ser deixado para trás na estrada. O grupo atendeu sua vontade, mesmo relutantes. Grimes e Walsh o encostaram numa árvore, e o restante do grupo se despediu de Jim com poucas palavras - não havia o que ser dito; estavam chateados e tristes com mais uma perda.
Fred assistiu o irmão acenar levemente com a cabeça para o homem, antes de voltarem juntos para seu veículo. Ao olhar pelo retrovisor, viu os mais novos acompanhando o lugar que Jim havia sido deixado cada vez mais distante na rodovia, até sumir completamente de sua vista.
As próximas horas de viagem ocorreram sem mais nenhum problema. Entraram em Atlanta e acompanharam o caminho destruído e abandonado até a frente do CCD, que não estava diferente. Chegaram no lugar nos últimos momentos da tarde, e desceram dos veículos com os olhares atentos em sua volta.
ㅡ Peguem suas armas. - Fred aconselhou os mais novos, que obedeceram. O mais velho fez o mesmo, depois que prendeu a guia de Muffin à sua coleira, para conseguir o manter perto de si sem problemas.
Todo o gramado do CCD estava lotado de corpos em grande estágio de decomposição, e o cheiro era muito ruim. Precisaram andar rápido e atentos por ali, enquanto ainda tampavam seus narizes e tentavam ignorar as cenas em sua volta. Daryl foi na frente e Fred atrás guiando os mais novos, mandando que não parassem de andar e nem que olhassem muito para os corpos.
ㅡ Não tem ninguém aqui. - Shane concluiu, ao tentarem abrir as portas.
ㅡ Então porque as portas estão fechadas?! - o Grimes insistiu.
ㅡ Ei, galera, podres se aproximando! - Vicent anunciou. Daryl disparou uma flecha.
Uma discussão começou a se formar sobre o que deveriam fazer. A gritaria chamou atenção de mais infectados do perímetro, e foi preciso usarem as armas de fogo para controlar a situação. Shane ainda tentava tirar Rick de frente às portas quando ele anunciou:
ㅡ As câmeras... elas se mexeram!
ㅡ Está imaginando coisas, cara! - Fred gritou para ele, enquanto segurava Muffin, que latia para os infectados.
ㅡ É uma câmera automática, 'tá bom? - Shane disse. ㅡ Ela só virou, vamos embora! 'Tá tudo morto aqui, vamos embora, Rick!
Rick ignorou e bateu na porta.
ㅡ Eu sei que está aí! Eu sei que você pode me escutar! - Rick gritou para a câmera. ㅡ Por favor, nos ajude! Estamos desesperados. Temos mulheres, crianças... não temos comida. Estamos com pouca gasolina, não temos para onde ir!
Rick continuou gritando, e Lori correu para a tentativa de fazê-lo desistir daquilo. Os tiros dos demais do grupo continuaram, enquanto mais infectados apareciam de todos os lados.
ㅡ Você está nos matando! - Rick ainda gritou, desviando-se de Lori. ㅡ Se não nos deixar entrar estará nos matando, está me ouvindo?! Por favor...
Shane conseguiu segurá-lo pelos ombros e empurrar seu corpo para longe das portas, puxando o amigo em direção aos carros outra vez. Ele gritou para todos irem e não pararem, e todos obedeceram. Porém, o barulho da porta se abrindo e uma forte luz vindo do lado de dentro o fizeram parar sua corrida e olharem o local totalmente surpresos.
ㅡ Vamos. - Rick foi o primeiro a dizer e correr para dentro. ㅡ Olá?
Um barulho novo de arma sendo engatilhada chamou a atenção do grupo, que virou as próprias para o local. Um homem, provavelmente médico do local, olhava para eles sem uma expressão definida.
ㅡ Alguém infectado? - foi sua primeira pergunta.
ㅡ Um do nosso grupo estava, mas não sobreviveu. - Rick respondeu.
ㅡ Por que estão aqui? O que querem?
ㅡ Uma chance. - o Grimes tornou a responder.
ㅡ É pedir muito nos dias de hoje.
ㅡ Eu sei.
O médico se aproximou com cautela, ainda apontando a arma. Observou todos do grupo com atenção, logo dizendo:
ㅡ Todos terão que fazer exame de sangue. É o preço da estadia.
ㅡ Podemos fazer isso. - Rick respondeu.
ㅡ Se querem pegar alguma coisa nos seus carros, peguem agora. - o médico disse, finalmente abaixando sua arma. Os demais homens imitaram seu gesto. ㅡ Quando essas portas se fecharem, elas não serão abertas de novo. - concluiu apontando o local.
Frederick correu com os outros de volta aos carros, desviando-se dos infectados e pegando o necessário que precisariam naquela noite. Quando voltaram, acompanharam aquele homem fechando as portas atrás de si outra vez. Distribuindo as mochilas dos mais novos e com a própria nas costas, o Dixon ouviu Rick se apresentando ao médico:
ㅡ Sou Rick Grimes.
ㅡ Doutor Edwin Jenner. - Edwin também se apresentou.
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Edwin havia guiado o grupo até um elevador. O silêncio permaneceu constrangedor durante a decida dos andares, até que Daryl resolveu quebrá-lo:
ㅡ Os médicos andam sempre armados por aqui?
ㅡ Muitas armas sobraram, já me familiarizei com elas. - Edwin respondeu, observando o grupo. ㅡ Vocês parecem inofensivos. Menos vocês dois. - disse, brincando com Carl e Bryan. ㅡ Tenho que ficar de olho em vocês!
Os garotos riram. Fred bagunçou os cabelos de Bryan e sorriu, ao mesmo tempo que o elevador se abria e todos saíam.
ㅡ Estamos no subsolo? - Carol perguntou.
ㅡ É claustrofóbica? - Edwin perguntou.
ㅡ Um pouco.
ㅡ Tente não pensar nisso.
Enquanto isso, Fred sentiu Daryl tocando em seu braço e sinalizando para frente deles, onde Sabrina estava. Ela andava lentamente e parecia ter pesado sua respiração desde que saíram do elevador. O Dixon mais novo se aproximou dela e tocou em seu ombro.
ㅡ Ei, Nina, você também é claustrofóbica? - ele perguntou. A garota concordou com a cabeça, e engoliu totalmente em seco; estava suando frio e parecia ter perdido a cor de seu rosto. ㅡ Tudo bem, faça o que Jenner disse. Tente não pensar nisso. E respire fundo!
Fred segurou na mão da garota enquanto andavam, percebendo-a contar os tempos de sua respiração e se acalmar um pouco. O próprio homem se aliviou com aquilo. Em seguida, se lembrou do que estavam indo fazer a pedido de Jenner e deu um suspiro ao olhar Dominic.
Entraram em uma sala de computadores, que estava vazia além das máquinas. Jenner foi em busca de alguns papéis, enquanto pedia para uma "Vi" acender as luzes.
ㅡ Onde estão os outros? Funcionários, médicos...? - Rick perguntou.
ㅡ Sou só eu. - Edwin disse.
ㅡ E quanto a pessoa que falava, Vi? - Lori perguntou também.
ㅡ Vi, cumprimente os nossos convidados. Diga... bem-vindos.
ㅡ Bem-vindos, convidados! - uma voz robotizada soou dos alto-falantes da sala.
ㅡ Sou só eu. - Edwin repetiu.
O grupo nada mais perguntou ou disse, apenas tornou a seguir o médico pelos corredores brancos do CCD. Entraram em um laboratório, onde o médico avisou que coleria o sangue deles para os exames.
Fred se encostou na parede e acompanhou todos fazerem a doação; fingiu não notar, mas acompanhou a ansiedade de Dominic ao seu lado aumentando a cada minuto. O garoto comia freneticamente o canto da unha do dedão e balançava a perna, sentado numa cadeira giratória. Os irmãos Dixons mais velhos trocaram um olhar, percebendo que cada vez mais se aproximava a vez de Dom - que fazia questão de passar todos em sua frente -.
ㅡ Dom. - Fred o chamou, quando Vicent, o último a ir até Jenner, se levantou da cadeira. ㅡ Falta só você, garoto. - ele disse, ajudando o filho a se levantar da cadeira.
ㅡ 'Pra quê isso? Se estivéssemos infectados, não estaríamos com febre? Ou sei lá... parecendo um podre?! - ele perguntou nervoso, andando sem pressa ao encontro de Jenner.
ㅡ Já quebrei todos os códigos de segurança deixando vocês entrarem, garoto. Me deixe ao menos ser cauteloso. - Edwin disse. O garoto engoliu em seco, enquanto se sentava na cadeira em sua frente.
Daryl e Fred disfarçadamente ficaram atrás da cadeira de Dominic. Sempre foi assim quando o garoto precisava de vacinas ou fazer exames. Ele tinha pavor de agulhas, do nível que chegava a entrar em pânico na maioria das vezes - dependendo também do profissional que lhe atendia -. Nunca entenderam de onde aquele medo veio, mas sabiam que era normal algumas crianças desenvolverem aquele trauma e levarem ele para o resto de sua vida.
ㅡ Tem certeza que ser cauteloso é necessário mesmo, cara? - Dom ainda perguntou ao médico, nervosamente, enquanto ele começou a amarrar o garrote em seu braço. Sua outra mão agarrou imediatamente e involuntariamente a lateral da cadeira. ㅡ Eu prefiro arrancar a roupa aqui e provar que não tenho mordidas para você do que passar por isso! - ele tentou sussurrar.
ㅡ Dominic. - Fred o repreendeu.
ㅡ Digo sério! - Dom olhou o pai, mas voltou rapidamente ao médico, quando notou seus próximos movimentos. ㅡ É sério que acha que eu estou mesmo infectado?! Não vai nem pensar na outra possibilidade que te dei, Jenner?!
ㅡ Garoto, isso não vai levar dois segundos. - o médico disse, tentando conter o riso da fala do Dixon.
ㅡ Ah, não... não, não... - Dominic balançou a cabeça e começou a se afastar na cadeira.
ㅡ Vamos lá, amigão, é rápido. - Fred o segurou nos ombros e olhou para Jenner, sinalizando para começar.
Ainda sobre protestos murmurados do garoto e a agitação do seu corpo, Jenner colocou a agulha em seu braço. Dominic ofegou; seus olhos foram fechados com força e ele se virou para escondê-los no peito do pai, enquanto também apertava com mais intensidade seus punhos.
ㅡ Prontinho. - Jenner anunciou, já com a ampulheta de sangue coletada.
Dom continuou na mesma posição. Apenas se moveu com as mãos de seu pai passando em seus ombros e ao sentir o garrote saindo do seu braço; ele abriu os olhos, se levantando com a ajuda do mais velho. Fred se alarmou quando o filho cambaleou, e se apressou em segurá-lo em seus braços.
ㅡ Tudo bem? - Edwin perguntou.
ㅡ Foi só todo o momento. Não? - Fred respondeu, olhando Dom, que logo confimou.
ㅡ Acho que não é só isso. - Jacqui, que estava próxima, disse. Edwin e Fred a olharam. ㅡ O garoto não come a dias. Nenhum de nós comemos!
Edwin olhou para todos no grupo, parecendo absorver a informação, também finalmente observando com mais atenção seus estados cansados e fracos. Por fim, o médico pediu mais uma vez que eles o seguissem.
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Edwin havia levado o grupo para a cozinha do CCD, onde ofereceu um verdadeiro banquete ao grupo. Comida à vontade, e até mesmo bebidas foram colocadas na mesa. Depois de dias e de tudo que haviam passado, aquelas pessoas realmente poderiam se considerar sortudas e felizes por um tempo.
Em algum momento, Daryl havia pegado uma garrafa de whisky nas mãos, e logo ele e Fred estavam dividindo o líquido, além das cervejas que o mais novo bebia anteriormente. Ele nunca exagerava na dose, pois nunca gostava das lembranças que tinha ao se ver bêbado, mas naquele dia não estava podendo evitar. Quando percebeu, já estava rindo atoa junto ao irmão e participando das conversas descontraídas do grupo.
ㅡ Sabe - Dale começou, enquanto servia mais vinho à Lori ㅡ, na Itália é normal as crianças tomarem um pouco de vinho no jantar. Na França também! - ele sugeriu, olhando para Carl.
ㅡ Bem, quando Carl estiver na Itália ou na França ele vai poder experimentar vinho. - a mulher disse, dentro do bom humor.
Rick a convenceu de deixar que o filho tomasse um pouco, então Dale serviu uma pequena quantidade a ele. Todos aguardavam sua reação, e riram quando Carl fez uma careta ao tomar o vinho.
ㅡ Meu garoto. - Lori disse.
ㅡ Posso também? - Bryan pediu ao pai.
ㅡ Vai em frente, garoto! - Fred riu para ele.
Bryan pegou o próprio copo que o amigo havia bebido e tomou um gole do vinho. Havia demorado a ter alguma reação, mas diferente de Carl não fez uma careta muito exagerada; parecia até mesmo ter gostado.
ㅡ É amargo, mas não é ruim. - ele disse, e novamente o grupo riu.
ㅡ Isso aí, Bry. - Fred disse, tomando o copo de sua mão. ㅡ Mas, vai beber mais apenas daqui uns anos!
ㅡ Fiquem com o refrigerante enquanto isso, crianças. - Shane disse.
ㅡ Menos vocês. - Daryl disse, olhando Glenn, Vicent e Dominic. ㅡ Quero a cara dos três bem vermelha!
Fred riu com os demais, virando seu próprio copo enquanto observava Dominic. Desde que completou dezessete anos, o garoto já havia tomado bebida sob o olhar do pai - e soube que em algumas festas também -, mas mesmo assim ele estava tomando cuidado para que ele não passasse muito do seu próprio limite.
ㅡ Acho que não agradecemos corretamente nosso anfitrião. - Rick se levantou e disse, apontando Jenner. ㅡ Saúde a você, doutor!
ㅡ Búia! - Daryl puxou.
ㅡ Búia!
ㅡ Obrigado. - Jenner agradeceu, sentado um pouco afastado em outra mesa.
ㅡ Quando vai nos contar o que aconteceu aqui, doutor? - Shane disse sério, fazendo o silêncio se instalar aos poucos. ㅡ Todos os outros médicos que deveriam estar descobrindo o que aconteceu. Onde eles estão?
ㅡ A gente está comemorando, Shane. - Rick repreendeu. ㅡ Não precisamos fazer isso agora.
ㅡ Mas não foi para isso que viemos, hum? - o Walsh rebateu. ㅡ Foi sua decisão vir atrás de respostas, mas acabamos... achando só ele. Por quê? - e olhou novamente para Jenner.
ㅡ Bom, quando as coisas ficaram ruins muitas pessoas foram embora. Foram ficar com suas famílias. - Edwin começou. ㅡ E quando tudo piorou, quando os militares foram aniquilados, o resto fugiu.
ㅡ Todos fugiram? - Fred perguntou cauteloso, diante o silêncio.
ㅡ Não. Muitos não tiveram coragem para sair pela porta. - Edwin respondeu. ㅡ Eles simplesmente desistiram. Teve uma onda de suicídios. Foi uma época ruim.
ㅡ Você não saiu. Por quê? - Andrea perguntou.
ㅡ Eu fiquei trabalhando. Esperando fazer algo de bom. - Edwin concluiu.
ㅡ Cara, você é um cuzão estraga prazeres mesmo, em? - Vicent disse para Shane, diante o silêncio constrangedor.
ㅡ Ei, Vicent! - Rebecca repreendeu o irmão, enquanto o mesmo apenas dava de ombros e virava o gargalo de uma garrafa na boca, enquanto continuava olhando para Shane.
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Depois das perguntas de Shane, o clima para a 'festa' acabou. Edwin pareceu perceber, então se levantou e disse que indicaria os quartos improvisados ao grupo.
ㅡ A maior parte da instalação está desligada, incluindo os alojamentos. Então terão que se virar por aqui. - ele disse, enquanto passavam pelo corredor. ㅡ Os sofás são confortáveis, mas há camas no depósito se quiserem. Tem uma sala de recriação no final do corredor, aposto que as crianças vão adorar. - e então se virou para Carl, Bryan, Sabrina e Sophia, que estavam na frente. ㅡ Só não liguem os videogames, está bem? Ou qualquer coisa que consuma energia. O mesmo vale para a água quente dos chuveiros.
Fred, Glenn e Tdog sorriram totalmente animados e trocaram um olhar, antes de se virarem para o restante do grupo.
ㅡ Água quente?! - Glenn perguntou com brilho nos olhos.
ㅡ Foi o que o cara disse. - Tdog disse em meio ao largo sorriso. Fred fez o mesmo, antes de novamente virar a garrafa que segurava em sua boca.
Todos logo correram para se acomodar nas salas. Os Dixons encontraram um escritório com dois sofás; então, os mais velhos foram até o depósito que Edwin disse e buscaram as camas para os mais novos. Sabrina havia sido a primeira no chuveiro, seguida por Dominic e Bryan - que precisaram disputar quem faria aquilo primeiro -. Daryl fez questão de não demorar no banho, e por isso logo foi a vez de Fred tomar por último.
Ele suspirou ao sentir a água quente cair em seu corpo, aliviando um pouco da tensão dos músculos; seus olhos foram fechados e testa encostada na parede, para sentir a água cair completamente em suas costas. A bebida já estava em seu organismo, e o Dixon amaldiçoava sua mente ao começar relembrar momentos com as piores pessoas que estiveram em sua vida.
A água caindo sob suas cicatrizes nas costas o fazia se lembrar de seu pai. As diversas vezes que havia apanhado na infância e adolescência - continuando até depois de se tornar pai -, simplesmente porque Will quis fazer aquilo, ou chegou drogado em casa e precisava descontar em alguém. Fred suspirou irritado e colocou o rosto embaixo da água, para que aquilo fosse suficiente para o fazer dispensar aqueles pensamentos - os quais ele não queria estar tendo -.
Suas costas se encostaram no azulejo da parede, e logo escorregou por ali, até que se sentasse no chão. Fred suspirou e passou as mãos pelo rosto até os cabelos, suspirando enquanto olhava para um ponto qualquer em sua frente, aproveitando aquela água quente escorrendo pelo seu corpo - ignorando totalmente, por um momento, o aviso de Edwin sobre evitar o uso excessivo; precisava daquele relaxamento -.
Ele olhou para a garrafa que havia deixado no lado de fora do box, e a alcançou antes de voltar a se sentar debaixo da água. Enquanto virava os últimos goles da bebida na boca, Fred começou a ser amaldiçoado com seu passado em sua mente; começou a se lembrar de repente de Pamela e tudo o que havia acontecido no relacionamento dos dois.
Frederick sempre se auto-culpava por ter sido tão ingênuo ao achar que uma mulher como Pamela era iria se interessar por um moleque de treze anos. Todas as vezes que tinha momentos daqueles se xingava por não ter percebido a manipulação e traição dupla que houve naquela época.
Ele odiava lembrar de Pamela. Mesmo tendo "perdoado" a mulher no seu leito de morte, Fred não conseguia esquecer tudo que havia acontecido. Era apenas um adolescente tomando decisões idiotas, e agora percebia como aquele não havia sido um relacionamento nada saudável.
Queria esquecer, mas a cada dose de álcool que colocava em seu corpo apenas o trazia mais lembranças. Odiava não conseguir odiar e nem esquecer Pamela completamente. Não que ainda gostasse dela, mas não conseguia esquecer justamente pelo fato de um dia ter gostado e se entregado cegamente à uma mulher mais velha, que acreditou que realmente gostasse de si.
Com mais um gole virado, e novamente colocando o rosto debaixo d'água, Fred sentiu o álcool queimando na garganta. Também teve a ação de novamente dizer a si mesmo que se arrependia de ter conhecido Pamela, de ter confiado nela.
Fred se recompôs. Fez nota de que não se arrependia de Dominic e Bryan. Se arrependia de ter se envolvido com Pamela, não dos seus filhos. Mesmo no meio de todo aquele furacão, ele sempre fez de tudo para que seus garotos saíssem do meio dele. Tentou, e ainda tenta, ser um bom pai para os dois - mesmo tendo a consciência de que nunca chegaria à perfeição daquilo -.
O homem suspirou e se levantou do chão, deixando a garrafa já vazia por ali. Deixou mais água cair em suas costas, enquanto ignorava os olhos ardendo de repente. Os lavou com força, impedindo que aquele choro idiota viesse à tona, e também em uma forma de esquecer e ignorar todos os pensamentos que teve anteriormente.
Fred desligou o chuveiro e puxou uma toalha, se enxugando e vestindo uma calça de moletom e uma camiseta branca. Passou a toalha no rosto e cabelos, enquanto se apoiava na pia e se encarava no espelho. Parecia que seus olhos fundos e marcas no rosto haviam ficado mais à mostra, e com um suapiro ele desviou o olhar.
Ao sair finalmente do banheiro, Fred encontrou a luz do cômodo apagada. Muffin estava jogado no chão embaixo da cama que Bryan dormia de barriga para baixo e boca aberta; na outra, Sabrina estava encolhida embaixo de um lençol e dormia serenamente, com as pontas de seus cabelos ainda úmidas. Daryl estava deitado no sofá do escritório, com um braço sob o rosto e uma garrafa meia vazia na outra mão, que estava pra fora do estofado.
Fred achou que o irmão estava dormindo, até o mesmo lhe assustar ao perguntar, ainda com a mão tampando o rosto:
ㅡ Realmente não se dá bem com bebidas, hum?
ㅡ Que? - Fred franziu o cenho. Usavam o baixo tom para não acordar os mais novos. ㅡ Eu não estou no ponto de me sentir bêbado, cara. - ele disse, com um sorriso cínico.
ㅡ É, mas está com álcool suficiente no corpo para demorar desse jeito no banho. - Daryl disse. Ao lhe olhar, Fred fechou o sorriso. ㅡ Eu te conheço.
ㅡ Não sei o que está falando, Daryl. - Fred murmurou. Para dispensar o assunto, logo perguntou: ㅡ E o Dom?
ㅡ Disse que iria dar uma volta. - Daryl respondeu simples, voltando a colocar o braço no rosto.
ㅡ Vou procurar ele. - Fred se aproximou do irmão e tomou a garrafa de sua mão. ㅡ Ainda me falta álcool, cuzão. - ele riu debochando diante do protesto do mais velho.
Fred saiu do quarto, enquanto virava aquela garrafa na boca. Fez uma careta disfarçada com o whisky queimando, enquanto lia o rótulo da garrafa rapidamente. Ele andou pelos corredores do CCD, procurando a sala de recriação do mesmo.
Ao achar, o homem tomou outro gole da garrafa e abriu a porta. Seu cenho se franziu com a cena que encontrou: Shane havia segurado Lori em cima de uma das mesas de jogos e estava tentando tocá-la, enquanto a mesma protestava sob seus apertos.
ㅡ Ei! Shane! - Fred largou sua bebida e puxou Shane pelos ombros.
Sua única reação de reflexo foi acertar um soco no Walsh. Mas, a forma que o homem havia se virado, a pouca força usada pelo Dixon - e também a quantidade de álcool em seu organismo - fez o gesto pegar apenas de raspão na lateral do rosto do policial.
Os dois se olharam. Shane estava de cenho franzido e Fred em um misto de surpresa e raiva no momento - e omitia que medo também, do policial querer revidar aquele soco -. O Dixon se recompôs e o encarou em desafio, enquanto o outro olhava uma hora para ele e outra para Lori, repetindo o gesto algumas vezes.
Shane suspirou, disfarçando o olhar e saindo da sala sem olhar para nenhum dos dois outra vez. Fred acompanhou seus passos, se virando apenas quando a porta estava fechada outra vez.
ㅡ Você 'tá bem? - perguntou murmurando para Lori. Tentou não olhá-la, não deixando que ficasse ainda mais desconfortável para a mulher.
ㅡ Sim. - a Grimes respondeu, suspirando para se recompor. ㅡ Obrigada, Dixon.
ㅡ Você vai dizer ao seu marido?
ㅡ Não! - Lori respondeu de imediato. ㅡ E você também não pode! Me prometa isso...
ㅡ 'Tá. - Fred suspirou. ㅡ Não é da minha conta o porquê quer fazer isso, mesmo não achando certo. Rick é seu marido e confia no Shane, sem nem mesmo saber o traste que ele é. - ele disse, se abaixando para pegar sua garrafa outra vez.
ㅡ Eu agradeço mais uma vez, Dixon. - Lori disse. Ela olhou-o uma última vez, antes de sair rapidamente da sala.
Fred suspirou, virando seu whisky e também deixando a sala de recriação, tendo certeza que Dominic não esteve ali. Procurou nas salas abertas daquele corredor, até ver uma porta fechada no final dele. O homem abriu, tendo um momento de surprsa, mas logo ficando confuso.
Dominic e Vicent estavam sentados no chão com algumas latinhas de cerveja em sua volta. Dormiam escorados um no outro em um sono totalmente profundo, não ouvindo ou percebendo a presença do homem na sala. Fred, ao invés de incomodá-los, apenas fechou rapidamente a porta e ficou encarando-a.
Estava confuso com a forma que os garotos brigavam, mas ainda eram amigos. O homem percebia as coisas. E suspirou levemente ao sair dali, dando um gole maior em seu whisky ao caminhar.
Entrou novamente em seu próprio "quarto", sem fazer barulho para acordar os que já dormiam, e se jogou no outro sofá. Suspirou ao sentir seu corpo já relaxando e logo o sono lhe invadindo por inteiro. Se ajeitou no estofado e fechou os olhos ao se permitir ter uma noite de descanso digna depois de tantos meses.
𓂃 。゚ㅤnotes of author !
O Fred:
- Acho que vi alguma coisa...
foi vulto! KKKKKKK
E o triozinho (Dom, Bryan e
Sabrina) tendo interação, e
isso me faz dizer que serão
o grupo mais caótico e fofo!
E vocês vão entender o medo
de agulhas de Dom em breve...
ao mesmo tempo que descobrirão
mais sobre a Pamela e sua relação
com o Fred 👀
Me digam o que acharam do
capítulo, e me contem sobre
expectativas para os próximos!
Espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo! ❤
𝐟𝐢𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐚 𝐬𝐚𝐥𝐯𝐨 🧟♂️
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