𝐝𝐨𝐳𝐞. galinho
capítulo doze. galinho
❛ Got me feelin' alright when the feeling's all gone
Got me feelin' uptight every moment you're gone
Got a piece of your mind, and I'm gonna hold on
It's a hell of a ride (lovin' you) ❜
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⠀⠀⠀⠀⠀ O cenário ao redor deles era um deserto de neve, a paisagem monocromática estendendo-se por quilômetros em todas as direções. O vento cortava o ar com fúria, levantando flocos gelados que se espalhavam como pequenas lâminas contra suas faces. A noite estava chegando, e o céu, de um tom alaranjado, parecia pesar sobre eles, como se o mundo estivesse em silêncio, aguardando o que aconteceria a seguir. As pegadas que deixavam na neve eram apagadas rapidamente pela força do vento, tornando ainda mais claro que estavam sozinhos e distantes de qualquer ajuda.
Rooster observava Haze à sua frente, sua silhueta se movendo com precisão apesar do frio. O som abafado de suas botas cravando na neve era tudo o que podiam ouvir além do uivo do vento. Cada passo era um lembrete do quanto estavam vulneráveis, mas ao mesmo tempo, o ato de seguir em frente trazia consigo uma sensação inegável de determinação.
"Vamos nos manter em silêncio," Rooster murmurou, sua voz cortada pelo vento. "Qualquer som pode nos denunciar."
Haze assentiu sem olhar para trás, seus olhos fixos no horizonte. Ela sentia o peso do momento em cada respiração, os pulmões queimando com o ar gelado que tentava atravessar suas vias respiratórias. Ela sabia que a missão agora era apenas uma luta pela sobrevivência, e o medo de ser capturada por soldados inimigos estava bem presente em sua mente. A neve, que cobrira o campo ao redor com sua capa silenciosa, parecia esconder algo mais sinistro, uma armadilha esperando para ser acionada.
O terreno à sua frente era vasto e inóspito. Montanhas ao longe, cobertas pela neve, formavam um contraste sombrio com o céu nublado, e os vultos de árvores retorcidas se erguiam como sombras fantasmagóricas, desprovidas de qualquer sinal de vida. Cada pedaço de terra que tocavam estava congelado, endurecido pela falta de calor e pela brutalidade do inverno.
"Estamos perto", Rooster disse, quebrando o silêncio novamente, sua voz mais baixa. Ele podia ver as luzes fracas à distância, piscando na neblina do entardecer, um sinal da presença da base inimiga. O coração de ambos parecia bater no mesmo ritmo, acelerado pela adrenalina que os conduzia, enquanto avançavam, cada vez mais perto do que parecia ser a única chance de escapar.
Haze parou por um momento, o olhar atento, tentando decifrar o terreno à sua frente. A neve estava começando a acumular-se de forma mais espessa, dificultando a caminhada. "Essa neve está nos tornando mais lentos," ela observou. "E quanto mais demorarmos, mais arriscados estamos."
"Eu sei," Rooster respondeu, fechando os punhos ao sentir o frio nas luvas. "Mas não podemos nos arriscar."
Eles seguiram em frente, cada passo mais pesado que o anterior, o campo nevado se estendendo à sua frente como um mar silencioso e mortal. O plano deles era simples, mas não menos perigoso: roubar uma nave inimiga, sair do território hostil e, com sorte, alcançar a linha de defesa amiga. Mas os obstáculos eram muitos, e cada sombra que passavam parecia esconder um inimigo.
À medida que se aproximavam da base, a neblina densa se tornava mais difícil de atravessar, mas os dois continuavam sem hesitar. A sensação de que estavam sendo vigiados, que em qualquer momento poderiam ser descobertos, aumentava com cada minuto que passava.
"Ali," Rooster disse, seu dedo apontando para um vulto escuro que se destacava nas luzes distantes. Uma nave. Pequena, talvez uma unidade de patrulha, mas poderia ser a chave para sua fuga.
"Vamos. Agora," Haze sussurrou, a voz carregada de urgência. Eles correram, os pés afundando mais na neve, mas a proximidade da nave inimiga dava um novo impulso, uma esperança renovada de que a missão ainda não estava perdida.
O vento parecia aumentar, cortando suas faces com ainda mais força, mas o silêncio era absoluto ao redor deles, como se o mundo estivesse aguardando o que aconteceria a seguir. Quando chegaram à nave, o coração de ambos batia acelerado, mas agora não havia mais espaço para hesitação. Eles precisavam entrar, controlar a nave e sair antes que fossem encontrados.
Sem perder tempo, Rooster foi o primeiro a se aproximar da nave, seus olhos alertavam para qualquer movimento. Haze se manteve atenta ao seu redor, sempre de olho em possíveis patrulhas. A tensão pairava no ar enquanto eles se preparavam para dar o próximo passo, o mais crucial de todos. O plano estava em andamento, e agora só restava uma coisa: fazer o que fosse preciso para sobreviver.
O som de passos se aproximando foi o primeiro sinal de que estavam em perigo. O barulho de botas pesando na neve, misturado com o som abafado de vozes em línguas desconhecidas, fez ambos se congelarem no lugar. Sem pensar duas vezes, Brad e Anne se lançaram na direção de uma porta lateral próxima, que levava a uma pequena sala atrás da garagem da nave. A porta fechou-se com um leve estalo, mas o espaço era apertado demais para os dois, e logo perceberam que ficariam bem colados, quase sem espaço para respirar.
A sala era sombria, com uma única lâmpada fraca pendurada no teto. A poeira era densa no ar, e o cheiro era de metal enferrujado e óleo, um ambiente insalubre e sujo. Brad respirava ofegante, sentindo o calor de Anne perto de si. Eles estavam tão próximos que podia sentir cada movimento dela, o corpo de Anne tocando o dele de forma involuntária. A tensão no ar entre eles se tornou palpável, carregada de uma química inegável.
Anne olhou para Brad, e seus olhos se encontraram com uma intensidade quase sufocante. As palavras não ditas pairavam entre eles, pesadas como o ar rarefeito daquele local apertado e silencioso. Eles estavam escondidos atrás de uma estrutura metálica abandonada, o chão gelado coberto por uma fina camada de neve, o ar frio queimando os pulmões a cada respiração. Ao longe, vozes abafadas dos inimigos se aproximavam, forçando-os a conter até mesmo o som de suas próprias respirações.
"Anne, eu..." Brad começou, sua voz baixa e hesitante. Antes que pudesse terminar, a mão de Anne voou para cobrir a boca dele, silenciando-o de imediato. Seus olhos faiscaram um aviso claro, mas havia algo mais ali - um turbilhão de emoções que ela não tinha tempo nem disposição para examinar.
Ela se inclinou ainda mais para frente, os rostos tão próximos que ela podia sentir o calor da pele dele contra seus dedos frios. "Não. Fale. Nada," ela sussurrou, quase inaudível, as palavras escapando por entre dentes cerrados. Qualquer barulho agora poderia ser fatal.
Quando Anne retirou a mão, as pontas dos dedos roçando levemente os lábios dele, sentiu um arrepio que nada tinha a ver com o frio cortante ao redor. Eles ainda estavam perigosamente próximos, e o perfume de Brad, uma mistura familiar de couro e pinho, era quase intoxicante. Ela tentou se afastar, mas o espaço apertado e a proximidade forçada pelo esconderijo tornavam isso impossível. O coração dela martelava no peito, cada batida ecoando em sua mente como uma lembrança amarga de todas as vezes em que jurou a si mesma que ele não teria mais esse efeito sobre ela.
Ela odiava isso. Odiava como seu corpo parecia desligar perto de Bradshaw, como sua lógica cuidadosamente construída desmoronava sob o peso de um olhar ou do som da voz dele. Não importava o quanto tentasse manter o foco no perigo ao redor ou na necessidade de sobreviver, ele sempre parecia conseguir desarmá-la de maneiras que ela nunca admitiria em voz alta.
Brad, por sua vez, parecia igualmente preso no momento. Ele não se mexeu, nem falou, mas seus olhos escuros examinavam cada detalhe do rosto dela, como se procurasse algo - perdão, compreensão, ou talvez apenas uma conexão que ele havia perdido há muito tempo.
"Anne," ele tentou novamente, a voz rouca, mas desta vez mais controlada. "Eu sei que você me odeia agora. Sei que deveria ser a última pessoa em quem você confia. Mas..."
Ela ergueu uma mão, interrompendo-o novamente, mas desta vez não para silenciá-lo. O gesto foi mais defensivo, como se tentasse criar uma barreira invisível entre eles. "Bradshaw, eu não tenho tempo para os seus 'mas'. Estamos cercados por pessoas que querem nos matar, e tudo o que você consegue pensar é em tentar resolver algo que nem deveria ter começado?"
As palavras foram afiadas, mas o tom dela estava longe de ser firme. Ela própria não sabia se estava tentando convencer a ele ou a si mesma. E, ainda assim, sua respiração estava instável, seus olhos traindo a luta interna que travava.
O silêncio caiu novamente, mas era carregado de tensão, tão denso quanto o frio ao redor deles. Ao longe, o som de botas pisando na neve se aproximava, trazendo ambos de volta à realidade. Anne inclinou-se para olhar rapidamente pelo canto do esconderijo, e depois se voltou para ele. "Fique quieto. Se nos acharem, será o fim para nós dois."
Brad assentiu, mas não desviou o olhar dela. Mesmo naquele momento de perigo iminente, tudo o que ele conseguia pensar era como ela era tão incrivelmente forte e como ele havia destruído qualquer chance de ser digno dela.
Quando Anne se virou novamente, o momento de vulnerabilidade parecia já ter sido enterrado, mas Brad sabia que as palavras que ambos não disseram permaneceriam ali, suspensas entre eles, até que não pudessem mais ser ignoradas.
Anne estava tão mergulhada em seus pensamentos que não percebeu a proximidade crescente de Brad. A intensidade de tudo - o perigo ao redor, as palavras não ditas, e a tensão acumulada - parecia uma corrente elétrica pulsando entre eles, mas ela estava distraída demais para notar. Foi só quando ela sentiu o calor do corpo dele tão próximo ao seu que se deu conta. Antes que pudesse se afastar, as mãos de Brad já estavam em sua cintura, firmes, mas ao mesmo tempo hesitantes, como se ele temesse que ela escapasse.
E então, ele a beijou.
Foi como um raio atravessando a escuridão - repentino, intenso, impossível de ignorar. O beijo era uma explosão de emoções reprimidas, carregado com tudo o que eles haviam evitado por tanto tempo. Havia frustração em cada movimento, saudade em cada toque, e desejo queimando como um fogo que nenhum dos dois conseguia apagar.
Por um instante, Anne congelou, a realidade parecendo se distorcer ao seu redor. Mas então, como se algo dentro dela cedesse, ela retribuiu com a mesma intensidade. Seus braços envolveram o pescoço de Brad, as mãos se perdendo nos cabelos dele, puxando-o para mais perto. Ela podia sentir o coração dele batendo contra seu próprio peito, tão descompassado quanto o dela.
Brad, por sua vez, se agarrou àquele momento como se fosse a única coisa que o mantinha de pé. Suas mãos deslizaram pela cintura dela, puxando-a para si, como se quisesse apagar qualquer distância que ainda existisse entre eles. O mundo ao redor desapareceu - os inimigos, o frio, o perigo. Tudo o que restava era o calor do contato deles, a sensação de algo que parecia ao mesmo tempo tão errado e tão certo.
Mas então, como uma onda fria quebrando sobre ela, a realidade voltou a se impor. Anne percebeu onde estavam, o que estavam fazendo, e o que aquilo significava. Com um movimento brusco, ela empurrou Brad para longe, o suficiente para que ele perdesse o equilíbrio momentaneamente.
"Anne..." Brad começou, a voz rouca e cheia de um misto de surpresa e arrependimento.
"Não," ela interrompeu, ofegante, enquanto tentava recuperar o controle de si mesma. "Isso... isso não pode acontecer."
Ele ficou parado, olhando para ela com os olhos cheios de uma vulnerabilidade que ela não esperava. "Eu-"
"Não diga nada," Anne cortou, a voz mais firme agora. Ela deu um passo para trás, criando uma distância que parecia ao mesmo tempo necessária e insuportável. "Não é hora, nem lugar, Bradshaw. Se quisermos sair daqui vivos, você precisa esquecer isso."
Ela tentou se virar, mas não antes que ele pudesse ver o brilho de lágrimas não derramadas em seus olhos. Anne odiava o que aquilo significava, o quanto ele ainda tinha poder sobre ela, mesmo depois de tudo.
Brad passou a mão pelos cabelos novamente, como se o gesto pudesse dissipar a frustração que pesava em seus ombros. Ele sabia que havia cruzado um limite, mas também sabia que os sentimentos que o levaram a isso eram impossíveis de ignorar. Ainda assim, o arrependimento em seus olhos era tão evidente quanto o desejo mal resolvido que pairava entre eles. Ele tentou reunir coragem para dizer algo significativo, algo que pudesse consertar o que acabara de acontecer, mas tudo que saiu foi um fraco e rouco:
"Desculpe."
Anne não respondeu. Ela se virou de costas para ele, fixando o olhar na porta à sua frente. Sua postura rígida deixava claro que ela não queria continuar aquela conversa, mas Brad não conseguiu evitar.
"Anne..." ele começou, quase em um sussurro.
"Não quero falar com você agora, Bradshaw," ela retrucou sem sequer olhar para ele.
Brad respirou fundo, tentando conter a onda de palavras que ameaçava escapar. Ele abriu a boca, mas a fechou em seguida, incapaz de encontrar a frase certa. "Eu só... deixa pra lá," ele bufou, mais para si mesmo do que para ela.
A tensão no ar era palpável, e o silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo leve zumbido do sistema elétrico da instalação onde estavam escondidos. Mas Brad, inquieto, começou a se mexer, ajustando o uniforme com gestos rápidos e desajeitados.
"Rooster..." Anne chamou, a irritação evidente em sua voz. "O que você tá fazendo?"
"Nada," ele respondeu rapidamente, mas o tom defensivo só serviu para aumentar a desconfiança dela.
Anne suspirou e, irritada, olhou por cima do ombro, estreitando os olhos. "Você está fazendo alguma coisa," ela afirmou com um tom seco, a irritação aumentando à medida que o silêncio dele persistia. Então, seu olhar caiu para a parte de baixo do uniforme dele, e o significado da situação ficou claro.
Brad seguiu o olhar dela e, instantaneamente, o rubor subiu por suas bochechas. Ele tentou ajustar o uniforme novamente, agora claramente desconfortável. "Desculpe... É que está muito apertado aqui," ele disse, a voz embaraçada e baixa.
Anne virou-se completamente para ele, apontando com a cabeça para o uniforme de Brad, seu rosto uma mistura de exasperação e indignação. "Para com isso! Você quer matar a gente?"
"Eu não tô fazendo de propósito!" Brad rebateu em um sussurro defensivo, gesticulando desesperadamente.
Anne esfregou as têmporas, fechando os olhos por um momento como se buscasse paciência onde claramente não havia nenhuma. "Rooster, você precisa se controlar."
"Você acha que é fácil? Depois de tudo isso?" ele murmurou, olhando para ela de um jeito que fazia o coração dela apertar - um misto de frustração e vulnerabilidade.
"Não me olha assim!" Anne sussurrou, apontando para ele, tentando soar mais autoritária do que realmente se sentia. "Isso não ajuda!"
Brad ergueu as mãos, como se se rendesse. "Tudo bem, tudo bem! Eu fico parado, ok? Sem movimentos bruscos."
Ela balançou a cabeça e voltou sua atenção para a porta, tentando ignorar a presença sufocante de Brad tão próximo dela. Ele, por sua vez, encostou-se na parede, respirando fundo e tentando se acalmar, enquanto a tensão entre os dois continuava a borbulhar sob a superfície.
Finalmente, os dois perceberam que as vozes se tornavam cada vez mais distantes, misturando-se ao eco metálico do ambiente. O perigo imediato parecia ter passado, mas ambos sabiam que precisavam agir rápido antes que a oportunidade desaparecesse.
Anne ergueu a mão em um sinal silencioso para Brad, indicando que ele deveria esperar enquanto ela se aproximava da porta. Seus movimentos eram metódicos e precisos, fruto de anos de treinamento e instinto de sobrevivência. Ela pressionou o ouvido contra a superfície enferrujada, tentando captar qualquer ruído que indicasse a presença dos inimigos.
"Está limpo," ela murmurou, quase sem emitir som, antes de girar lentamente a maçaneta.
A porta rangeu levemente, o som parecendo ensurdecedor no silêncio tenso. Anne parou, prendendo a respiração, enquanto Brad se inclinava ligeiramente por cima do ombro dela, os olhos atentos e os músculos retesados. Quando nenhum som ou movimento adicional veio do corredor do outro lado, ela abriu a porta o suficiente para que ambos pudessem passar.
Do lado de fora, o corredor parecia deserto, mas a sensação de estar sendo observados persistia como uma sombra invisível. A luz fraca piscava intermitentemente, projetando sombras distorcidas nas paredes de metal. Anne liderou o caminho, seus passos calculados e quase inaudíveis, enquanto Brad a seguia de perto, sua presença sólida e protetora a poucos centímetros de distância.
O olhar de Haze estava fixo na nave à frente, como se tentar se concentrar em algo mais concreto fosse a única forma de se afastar da confusão interna que sentia. Brad ficou ali, em silêncio, observando-a. Ele sabia que tinha cometido um erro, mas, ao mesmo tempo, não conseguia evitar o que sentia. A relação deles sempre foi marcada por altos e baixos, por momentos intensos e complicados, e essa situação parecia apenas mais um reflexo disso.
"Vamos... temos que ligar essa maldita nave e sair daqui antes que eles nos encontrem," disse Anne, a voz carregada de tensão.
Brad assentiu, sem dizer mais nada. Ambos avançaram em direção à nave, seu foco agora em algo maior do que qualquer sentimento entre eles: a sobrevivência. Mas a atmosfera entre eles ainda estava carregada, a culpa e o desejo tornando tudo mais difícil.
Antes de alcançarem a nave, a tensão entre Brad e Anne parecia palpável, como um fio prestes a se partir. O som da neve sob seus pés era abafado, mas a pressão silenciosa entre os dois era ensurdecedora. Brad, incapaz de conter mais os sentimentos que vinham se acumulando por anos, soltou um suspiro pesado e, com a voz rouca, finalmente se expressou.
"Eu odeio que, mesmo após todos esses anos, eu ainda esteja apaixonado por você. Te seguindo como um maldito cachorrinho."
Anne parou imediatamente, seu corpo tenso como se o ar tivesse sido comprimido ao redor dela. Seus olhos brilharam com um misto de frieza e algo mais - uma dor sutil, mas profundamente enraizada. Ela não queria olhar para ele, não queria sentir mais nada, mas as palavras dele a atravessaram como uma faca afiada. "A culpa disso é sua, Bradshaw!" ela disparou, sua voz quase quebrando.
Brad, desorientado, baixou a cabeça. O peso daquelas palavras e o olhar de Anne, que misturava raiva e uma saudade amarga, fizeram seu coração pesar. Ele sabia que ela tinha razão. Ele sabia que as coisas nunca seriam simples entre eles, não depois de tudo o que aconteceu, mas ainda assim, algo dentro dele se recusava a desistir. Algo dentro dele queria mais.
Ele respirou fundo e, com uma tristeza que transbordava de sua voz, falou novamente, como se as palavras tivessem sido um fardo que ele precisava dividir. "Você acha que eu não sei? Que eu não me culpo todo dia por ter sido egoísta e ter te deixado pra trás?"
Anne o olhou com uma expressão de dor. Ela queria gritar, queria afastá-lo de vez, mas as palavras dele mexiam com algo dentro dela que ela não podia mais ignorar. Ela tinha sido forte por tanto tempo, guardando tudo dentro, mas ver Brad tão vulnerável de repente a fez questionar tudo. Ela deu um passo à frente, mas não o suficiente para tocá-lo. Seus olhos estavam intensamente focados nos dele.
"Você acha que tudo isso não pesa pra mim também?" A voz dela saiu baixa, mas a intensidade de sua frustração e sofrimento não podia ser disfarçada. "Eu não sou de ferro, Brad. Eu não posso simplesmente apagar tudo o que aconteceu, as escolhas que fizemos... Eu não sou mais a mesma garota que você conheceu. Não sou a garota que você deixou pra trás."
Brad olhou-a, o peito apertado como se o ar estivesse se tornando difícil de respirar. Ele sabia disso, sabia que Anne tinha mudado, mas ao mesmo tempo, ele via algo em seus olhos que ainda queimava com a mesma paixão de antes. Ele não conseguia se afastar, mesmo que soubesse que, no fundo, ela estava certa. Ele não deveria estar ali, preso naquele ciclo, mas algo dentro dele ainda dizia que a luta não estava perdida.
"Eu não esperava que fosse, Anne. Nunca esperei. Mas, eu... nós precisamos conversar sobre aquele dia."
Ela deu um passo para trás, balançando a cabeça como se tentasse afastar tudo o que estava sentindo. O que estava entre eles não era apenas o passado, mas algo mais profundo, algo que ela não estava disposta a enfrentar. Mas, ao mesmo tempo, era impossível ignorar o vínculo que ainda existia entre eles, algo que parecia impossível de cortar.
"Brad..." Ela disse seu nome com um tom de exaustão, a luta visível em seu rosto. "Não sei se... eu consigo lidar com isso novamente."
O silêncio que se seguiu foi pesado, cada um digerindo as palavras que não haviam sido ditas. A neve ao redor deles parecia mais fria agora, mais densa. O mundo, que antes parecia tão grande, agora parecia pequeno demais, com apenas eles dois e o peso de uma história não resolvida.
Brad deu um passo à frente, não com pressa, mas com a leveza de quem sabe que palavras não podem ser apressadas. Algo em seu olhar parecia mais calmo, mais focado. Ele sabia que o que tinha dito até aquele momento não era suficiente, que precisava mostrar a Anne que o que ele sentia, o que ele estava disposto a fazer, não era uma simples tentativa de consertar as coisas por uma razão egoísta. Era sobre eles, sobre o que tinham sido, e sobre o que, de alguma forma, ainda poderiam ser.
"Eu fui o maior idiota, mas eu... prometo te explicar tudo, desde o início. Tudo o que você merece ouvir." Ele falou com uma sinceridade rara, suas palavras saindo de um lugar profundo e vulnerável. A voz rouca denunciava o peso de tudo que ele carregava, o arrependimento que o atormentava, mas também a determinação de, finalmente, fazer as coisas do jeito certo.
Anne fechou os olhos por um momento, buscando força dentro de si mesma para manter o equilíbrio. A neblina que se formava ao redor deles parecia congelar o tempo. A luta interna que ela travava estava se tornando insuportável. Por um lado, ela ainda queria acreditar nele, ainda queria crer nas palavras que ele dizia. Mas, por outro, sabia que o passado não se apagava facilmente. Aquela dor, as escolhas feitas, as mágoas... tudo estava gravado nela, não importava o quanto quisesse fingir que não. Ela sentia a tentação de voltar ao que eles tinham sido, mas tinha medo do que isso poderia custar.
Ela abriu os olhos lentamente e, ao encontrá-lo ainda ali, aguardando uma resposta, sua expressão suavizou por um momento. Mas ela sabia que a resposta não poderia ser apressada, não podia ser algo simples. A realidade deles era muito mais complexa, e ela já não tinha forças para correr atrás de algo que parecia tão intangível.
Com um último suspiro, ela finalmente se virou para a nave à frente, o futuro diante deles sendo apenas uma ideia nebulosa, ainda por ser construído. Ela ainda não sabia o que fazer com as palavras dele, mas sabia que, naquele momento, o mais importante era seguir em frente, nem que fosse apenas por mais um passo. "Vamos terminar isso. E depois, talvez... a gente veja o que fazer," disse ela, a voz mais suave, mas carregada de uma dor silenciosa que ela se forçava a esconder. Era um acordo, mas também uma barreira. Ela estava cansada de lutar contra sentimentos que não entendia, cansada de tentar resolver o impossível, mas, ainda assim, não sabia como deixar tudo para trás.
Brad permaneceu onde estava, os olhos fixos nela, como se a observasse em busca de um sinal, qualquer sinal que indicasse que ainda havia algo entre eles, algo que pudesse ser resgatado. Ele queria dizer mais, queria implorar, mas algo em sua mente dizia para não forçar. Ele precisava respeitar o espaço dela, e, de alguma forma, isso ainda significava algo importante.
Por um momento, ficou ali, observando-a, tentando entender a guerra silenciosa que ela travava dentro de si mesma. Ele não sabia se alguma vez entenderia completamente, mas sabia que não poderia simplesmente ir embora sem mais nem menos. Eles ainda estavam juntos, fisicamente, se não emocionalmente. Mas talvez fosse isso que importava naquele momento: eles ainda estavam na mesma direção, ainda estavam enfrentando tudo de frente.
Brad deu um passo atrás, o peso da resignação visível em seus olhos. Não havia palavras que pudessem preencher o vazio entre eles, apenas um silêncio carregado de incertezas. Ele sabia que aquele momento não era o fim, mas também não era um começo - era um limbo, uma pausa dolorosa. E talvez fosse isso que mais o assustava: a espera interminável por algo que ele nunca tinha certeza de que viria.
Por mais confuso que fosse, havia algo que ainda os mantinha conectados. Não era apenas a missão ou a proximidade física; era uma força invisível, como uma corda esticada ao limite, mas que se recusava a se partir.
Anne, no entanto, não suportava a tensão prolongada. Ela desviou o olhar dele, decidida a quebrar o desconforto. "Você sabe pilotar um desses?" perguntou, indicando o veículo diante deles, sua voz carregada de um sarcasmo nervoso.
Brad sorriu de lado, tentando suavizar o clima. "Acho que sim."
"Você acha?" Anne ergueu uma sobrancelha, o tom de preocupação em sua voz contrastando com sua expressão cética. Ela bufou baixinho, mais para si mesma. "A gente já era..." murmurou, caminhando em direção ao veículo com passos calculados, mas ligeiramente hesitantes.
Brad já estava subindo na cabine, ajustando os controles com uma familiaridade que parecia promissora, mas não totalmente convincente. Ele verificou os sistemas com rapidez, embora estivesse claro que fazia isso no limite do improviso.
Anne ficou ao lado, os braços cruzados, observando-o enquanto ele trabalhava. Apesar de tudo, havia algo tranquilizador na confiança natural de Brad. Mesmo que ele não tivesse todas as respostas, a determinação nos olhos dele fazia parecer que, de alguma forma, tudo daria certo.
O rugido dos motores do avião ecoava como um lembrete da urgência da situação, mas ainda assim, não conseguia abafar a turbulência emocional que dominava Anne e Brad. O silêncio entre eles era carregado, suas mentes presas em um redemoinho de raiva, frustração e sentimentos não resolvidos.
Antes que pudessem trocar mais do que olhares furtivos e tensos, um alarme estridente irrompeu na cabine, cortando o silêncio como uma faca. Luzes vermelhas começaram a piscar no painel, e uma mensagem automática soou nos alto-falantes: "Presença detectada. Hostis se aproximando."
"Droga!" Rooster exclamou, os olhos fixos no painel enquanto suas mãos ágeis ajustavam os controles. "A base não está tão abandonada quanto pensávamos. Precisamos sair daqui agora!"
Haze, ao seu lado, segurou o cinto com firmeza enquanto suas mãos voavam para ajudar a estabilizar os sistemas do avião. O treinamento militar tomou conta dela, silenciando o tumulto interno por um momento.
"Vamos lá, galinho. Mostra o que sabe," Anne disparou, sua voz misturando determinação e nervosismo. Ela olhou para ele rapidamente, seus olhos desafiadores, mas ainda carregados de uma tensão mais profunda.
Enquanto o avião começava a ganhar altitude, o som dos motores aumentava, acompanhando a vibração da fuselagem. Anne mantinha os olhos nos sensores de proximidade, observando os pontos vermelhos no radar que representavam as aeronaves inimigas.
"Eles estão vindo rápido," Anne informou, sua voz fria e objetiva.
"Eu também," Brad respondeu com um tom sombrio, forçando o avião em uma curva abrupta para evitar o primeiro míssil que foi disparado.
O impacto das explosões próximas sacudiu o avião, fazendo Anne agarrar as laterais do assento instintivamente. A adrenalina corria por suas veias, mas sua mente não podia evitar se perguntar como chegaram a esse ponto - não só fisicamente, mas emocionalmente.
"Bradshaw, se você nos matar aqui, eu juro que vou te assombrar pro resto da vida," Anne murmurou entre os dentes, tentando aliviar a tensão crescente.
"Eu já me sinto assombrado. Não precisa nem morrer pra isso," ele retrucou, sua voz carregada de algo que estava entre a frustração e uma verdade profunda.
Ela o olhou de lado, mas antes que pudesse responder, outro míssil passou perigosamente perto, explodindo acima deles. A nave sacudiu violentamente, arrancando um grito de susto de Anne que ela imediatamente tentou disfarçar.
"Droga! Aguente firme!" Brad gritou, forçando o avião a uma manobra de evasão que fez o estômago de Anne revirar.
Enquanto o avião subia em direção ao céu, deixando a base inimiga para trás, os dois estavam cientes de que essa batalha externa era apenas um eco do conflito interno que carregavam.
Anne respirou fundo, ainda segurando o assento. Ela sabia que, mesmo se escapassem vivos, ainda teriam muito a enfrentar. Os demônios que os assombravam não eram feitos de mísseis e inimigos tangíveis, mas de mágoas não ditas, desejos reprimidos e uma conexão que ambos ainda tentavam entender.
Voando sobre o território hostil, cada segundo parecia se arrastar, carregado de tensão. O som constante dos motores ecoava como um lembrete implacável do perigo que os cercava. Anne e Brad estavam em sincronia, apesar das emoções não resolvidas que borbulhavam logo abaixo da superfície.
O avião sacudia enquanto atravessavam uma área de turbulência pesada, mas Brad permaneceu firme nos controles, o olhar fixo no horizonte. Ele estava concentrado, a mandíbula tensa, cada movimento calculado para manter a aeronave estável e os dois vivos.
"Fique de olho nos radares," Brad ordenou, sua voz firme, mas com um tom de urgência que não admitia discussão.
Anne, apesar da irritação que ainda queimava em seu peito, obedeceu sem hesitação. Seus dedos percorreram o painel, ajustando os sensores e analisando o radar. "Temos duas aeronaves inimigas se aproximando rapidamente, três horas à nossa direita. Prepare-se para manobras evasivas."
Brad respirou fundo, ajustando os controles para uma curva brusca à esquerda. "Segure firme," ele avisou antes de inclinar o avião, evitando o primeiro ataque por uma margem estreita.
"Você não quer nos avisar com um pouco mais de antecedência?" Anne disparou, agarrando os braços do assento enquanto o avião sacudia violentamente.
"Você quer pilotar, Graham? Fique à vontade," Brad retrucou, a voz carregada de sarcasmo, embora seus olhos não deixassem os controles.
Anne bufou, mas manteve o foco. "Droga, mais um míssil vindo em nossa direção!"
Brad puxou os controles, fazendo uma curva ainda mais acentuada. A nave mergulhou e subiu novamente, o míssil passando por eles a centímetros de distância antes de explodir no ar. A onda de choque balançou a aeronave, mas Brad manteve o controle com uma precisão quase sobrenatural.
O silêncio entre eles era preenchido apenas pelo som do motor e os alertas automáticos do painel. Apesar da irritação mútua, ambos sabiam que a sobrevivência dependia de sua cooperação.
Finalmente, à distância, surgiu o contorno familiar do porta-aviões da TopGun. Anne exalou aliviada, mas sabia que o perigo ainda não havia passado. "Estamos quase lá," ela disse, os olhos fixos no radar.
"Quase não é o suficiente," Brad respondeu, sua voz dura, mas com um leve toque de esperança. Ele ajustou a trajetória, alinhando o avião com a pista do porta-aviões.
O pouso foi tenso, mas impecável. As rodas tocaram o convés com um impacto firme, e o som do gancho de retenção segurando a aeronave trouxe um alívio imediato. Assim que o avião parou, ambos soltaram os cintos e se permitiram respirar fundo pela primeira vez em horas.
Porém, o alívio durou pouco. Enquanto os dois desciam do cockpit, a realidade de sua situação pessoal voltou com força total.
Anne permaneceu imóvel por um momento, observando Brad enquanto ele descia do avião. Seus olhos estavam fixos nele, mas havia uma barreira invisível, uma parede construída por anos de mágoas e sentimentos não resolvidos. Gratidão por estarem vivos se misturava à raiva e ao desgosto pelas escolhas de Brad. Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos que a distraíam.
"Isso foi por pouco," Brad comentou, ainda tentando recuperar o fôlego.
"Sim, foi," Anne respondeu com uma frieza cortante, já caminhando em direção à plataforma do porta-aviões. Ela não olhou para trás. "Mas não muda nada entre nós, Bradshaw."
Antes que ele pudesse responder, um grupo de pilotos correu em direção aos dois. A expressão de alívio nos rostos deles era evidente. Por um breve momento, a tensão entre Anne e Brad foi ofuscada pela alegria da equipe.
"Caramba, vocês estão vivos!" Fanboy exclamou, quase derrubando Anne em um abraço apertado.
Bob e Payback não ficaram atrás, batendo nas costas de Brad com força suficiente para derrubá-lo. Phoenix abraçou Anne com um sorriso raro.
"Achei que nunca mais fosse ver você, Anne," Nat disse, com um sorriso emocionado enquanto lágrimas se acumulavam em seus olhos, prestes a cair.
Anne retribuiu o sorriso, tentando aliviar o momento com seu humor característico. "Você acha mesmo que vai se livrar de mim tão fácil assim?"
Nat riu entre as lágrimas, puxando Anne para mais um abraço apertado, como se quisesse garantir que ela realmente estava ali, viva e bem. "Nunca duvidei, mas você me deu um susto daqueles."
"Desculpa por isso," Anne respondeu com um tom leve, mas sua voz tinha um toque de sinceridade. "Eu tinha que dar um pouco de emoção, não é?"
Nat balançou a cabeça, rindo baixinho. "Da próxima vez, tente fazer isso sem quase morrer."
Maverick chegou logo depois, seu rosto uma mistura de alívio e preocupação. Ele parou por um momento, absorvendo a visão dos dois, antes de cruzar a distância entre eles e envolver ambos em um abraço caloroso.
"Vocês quase me mataram de preocupação," ele disse com um sorriso aliviado, embora seu tom carregasse um peso genuíno. "Fico feliz que estejam bem."
Anne soltou um pequeno riso irônico, ainda tentando recuperar o equilíbrio emocional. "Bem é uma palavra muito forte, Mav," ela brincou, tentando aliviar a tensão que ainda a consumia.
Phoenix, percebendo o desconforto crescente de Anne, agarrou-a pelo braço e a puxou para longe. "Vamos, você precisa de um momento longe disso tudo."
Enquanto as duas se afastavam, Maverick voltou sua atenção para Brad. Ele estreitou os olhos, como se pudesse ver através do exterior confiante e alcançar o caos interior de Rooster. "E então? Vocês se resolveram?"
A expressão de Brad se contorceu em uma careta de desconforto, e Maverick levantou uma sobrancelha, já suspeitando do pior. "O que você fez?"
Brad suspirou, passando a mão pelo cabelo em um gesto de frustração. "A gente se beijou," ele começou hesitante, "ela me bateu e... eu fiquei animado. Muito animado."
Maverick cruzou os braços, balançando a cabeça em desaprovação. "Você é mesmo um idiota, Bradshaw."
Brad deu de ombros, um meio sorriso sem humor surgindo em seu rosto. "Eu sei."
Pete bufou antes de virar as costas para Brad, claramente desapontado. "Você pode tentar consertar isso. Não estrague tudo de novo."
Ficando sozinho no convés por um momento, Brad olhou para o horizonte, onde o sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e vermelho. Ele sabia que Maverick estava certo. Mas, por mais que quisesse consertar as coisas com Anne, não tinha ideia de como começar.
Do outro lado, Anne se afastava com Phoenix, ainda processando tudo o que havia acontecido. A missão havia sido concluída, mas a missão entre ela e Brad estava apenas começando. E nenhum deles sabia como - ou se - sairiam vitoriosos.
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