22:14 pm
8 hours 'til Christmas morning

— Matthew, eu estou cansada — Teddy reclamou — Vamos parar um pouco, por favor.

— Ok, ok, vamos sentar ali — O garoto se deu por vencido e apontou para uma praça que tinha a poucos metros.

— Não acredito que todas as lojas de aluguéis de carros fecharam na véspera de Natal! — A loira murmurou indignada, já que eles andaram durante horas, e não acharam sequer uma loja aberta.

— São as festas! — Matt afinou a voz fingindo entusiasmo, imitando um vendedor que ambos encontraram.

— Aquele cara era estranho — Comentou a loira rindo fraco lembrando da cena e se sentou em um dos bancos.

— Todos desse lugar são estranhos — Ele concluiu rindo e encostou suas costas no banco de madeira — Vem cá, deita aqui — Falou batendo em seu próprio ombro, pois, ele sabia exatamente que a garota não conseguiu dormir bem naquele estacionamento escuro nas montanhas.

— Não precisa — Teddy negou coçando os olhos que pesavam pelo sono.

— Vem, deita — Ele segurou uma de suas mãos com cuidado puxando-a de leve, incentivando a vir mais perto.

Teddy não conseguiu relutar mais, e acabou se aproximando e deitando sua cabeça no ombro de Matthew, enquanto ele abraçou seu corpo com um dos braços. Aquilo de certa forma fazia Teddy se sentir um pouco mais segura, levando em conta que eles estavam na rua.

Já era tarde, eles não conseguiram nem sequer uma carona até Palm Springs, o frio congelante já não era mais presente ali em Las Vegas, esse era um ponto positivo que eles conseguiram ter sorte. Andaram durante horas e horas, parando uma vez ou outra para comer alguma coisa. Teddy já havia se conformado que não conseguiria passar o Natal ao lado dos Duncans. E o cansaço de ter tentado chegar lá a tempo, lhe tomou em uma onda exaustante.

— Eu tinha prometido que você conseguiria chegar a tempo — Matthew murmurou decepcionado consigo mesmo.

— Não, não tem problema, era uma missão praticamente impossível — Ela sorriu triste — Mas muito obrigada por tentar e não me deixar sozinha em nenhum momento. Outra pessoa não faria nem metade do que você fez — Ela se abraçou ao corpo do rapaz e apertou de leve — Obrigada, Matt.

— Me desculpa mesmo — Ele apertou ela da mesma forma que ela fez.

— Para com isso — Sua voz já soou mais baixa, e o silêncio tomou conta, enquanto a garota acabou pegando no sono encostada em seu ombro.

Matthew estava arrasado, ele prometeu que conseguiria levar ela até a família antes da manhã de Natal, e que ela conseguiria cumprir todas as tradições. Mas naquela altura do campeonato, os dois haviam perdido as esperanças. Já era tarde da noite e nada, Matthew não conseguia ver uma luz no fim do túnel que pudesse resolver toda a situação.

Esse feriado não fazia sentindo nenhum na vida de Matthew, mas ele sabia que esse mesmo feriado era o preferido da Teddy, e que era muito importante para ela e sua família. E por mais que ela dissesse que estava tudo bem por eles não terem conseguido chegar lá, ele sabe que no fundo, o que ela mais desejava era estar lá, com eles, cumprindo suas tradições que sempre foram importantes na família Duncan.

— Qual é, me da uma luz — Ele murmurou frustrado fechando os olhos por um momento, mas um barulho alto lhe assustou — Mas que merda é essa? — Quando tornou a abrir os olhos, todas as pessoas que estavam na praça, sumiram, os únicos presentes ali era Teddy e ele.

Mas o barulho continuou, ou seja, tinha mais alguém ali. Intrigado pelo fato de todos sumirem, e aquele maldito barulho não parar, ele alcançou sua mochila e aos poucos foi desabraçando a garota loira adormecida. Colocou a mochila no lugar do seu ombro e deixou a mesma dormindo no banco.

O garoto loiro andou em direção ao barulho que vinha de trás de um arbusto alto, muito bem podado. Completamente receoso com o que encontraria, ele deu a volta no arbusto, tendo a visão de um Papai Noel bêbado, e quatro cavalos comendo a folhagem do arbusto.

— Isso é um milagre natalino ou apenas coincidência? — Pensou alto chamando a atenção do homem bêbado.

— Olha só, um dos meus duendes — O homem vestido de Papai Noel falou um tanto quanto embolado e riu sem sentido.

— O que está acontecendo? — Matthew perguntou se aproximando um pouco, sem entender nada.

— Estamos em Vegas, baby! — O Papai Noel levantou a garrafa de cerveja no alto e Matthew reparou apenas em uma coisa.

O Papai Noel não tinha um trenó com renas, mas tinha uma carroça vermelha com cavalos vestidos de renas. Aquilo era incrível. O transporte era grande o bastante para ele, Teddy e as malas. Só faltava uma coisa.

— Aí Papai Noel — Matthew chamou a atenção dele — Se eu te der 100 pratas, eu posso ficar com a carroça? — Fez a proposta. Lógico que valia bem mais, mas ele estava bêbado.

— É um trenó! — Corrigiu, e o loiro revirou os olhos assentindo — Passa pra cá filhão! — Falou todo animado, com certeza planejando comprar mais bebida com as 100 pratas.

Matthew não querendo perder mais tempo, pagou o bêbado, subiu em cima da carroça e segurou nas rédias dos cavalos e os guiou até o local onde Teddy estava. Ele com certeza estava muito animado e confiante que conseguiria levar a garota a tempo.

— Teddy, Teddy eu consegui! — Ele pulou da carroça falando alto, fazendo a garota acordar atordoada.

— Conseguiu o quê? Para que gritar? — Ela perguntou sonolenta coçando os olhos e olhou a carroça, e logo em seguida olhou para o garoto — O que é isso!

— Um bêbado natalino! — Exclamou ele eufórico, fazendo a garota ficar ainda mais confusa — Sem mais perguntas, vamos, eu prometi te levar até a sua família, e é isso que eu vou fazer! — Falou apressado enquanto colocava as malas dentro da carroça.

Ainda sem entender de onde aquela carroça e aqueles cavalos surgiram, Teddy subiu e sentou ao lado de Matthew. E como o prometido, eles tiveram uma longa noite de viagem, o garoto não parou um minuto sequer, ele só queria garantir que quando o Sol nascesse, Teddy estaria em casa.

Quando Matthew parou a carroça em frente a casa dos Duncan's, o Sol saía de trás das montanhas. Ele estava esgotado, mas satisfeito.

— Você conseguiu — Teddy abriu um sorriso quando Matthew tirou sua última mala de dentro da carroça.

— Eu disse que conseguiria — Sorriu cansado — Bem, acho melhor eu ir indo assim consigo pegar um ônibus de volta — Se aproximou dela.

— Muito obrigada, por tudo — Num ato inesperado, Teddy abraçou o rapaz com força, e para sua surpresa, ele retribuiu na mesma intensidade.

— Não precisa agradecer — Respondeu baixinho, aproveitando cada segundo daquele abraço que ele havia gostado tanto — Be-bem, acho melhor eu ir — Repetiu quando se separam do abraço.

Teddy não queria que ele fosse, ela havia gostado dele, ela sabia que se fosse outra pessoa, nunca teria feito isso para ajuda-la, então, entre um grande dilema entre o orgulho e o medo, ela preferiu arriscar.

— Matthew, eu sei que você não se importa com o Natal e com essas coisas, mas... — Mordeu o lábio inferior de forma nervosa — Quer passar o Natal comigo e com a minha família?

— Quero sim.

Foi a única coisa que ele respondeu antes de abrir um sorriso bobo e abraçar a garota outra vez.

Feliz véspera de Natal! Fim.