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XV ➵ Puro, Mas Culpado

Dancing with the Devil | Hyunlix

ELE PODERIA remediar tudo se saísse deste lugar?

Estava sendo carbonizado, mutilado, estripado, repetidamente... sem parar.

Sua pele? Tinha ido embora. Conseguia ver pedaços dela fluindo pelo ar sufocante, na escuridão onde estava, graças ao forte raio que rachou seu crânio na intensidade da luz repentina. Nu, amarrado, pregado ao chão? Algo que queimava, e ainda mais quando os corvos sobrevoavam, picando, torcendo e queimando na tentativa de fugir.

De vez em quando, tudo ficava quieto, escuro, e na primeira vez que isso aconteceu, pensou que havia adormecido. Em vez disso, foi mais uma das milhões de torturas: viu sua infância, sua adolescência, seu casamento, situações com seus filhos... pesadelos.

Tinha certeza de que mais de setenta anos haviam se passado. Eles estariam todos mortos agora, certo? Teriam esperado por ele? Notaram sua ausência? Se sim, eles fizeram algo a respeito?

Ele voltaria em algum momento? Se conseguisse... voltaria inteiro?

Porque sua alma estava submersa em um fosso: aquele mar de lava, queimando-o repetidamente. Não houve perdão, nem permissão para perdoar a si mesmo.

Apenas tortura, até que compreendeu. Isso é o que eles disseram a ele, e ele ainda estava lá.

Seria ele, forte o suficiente para resistir?

⸸⸸

Duas semanas depois, Félix ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido, olhando maravilhado para o precioso e quente anel de ouro preso em seu dedo anelar.

Hyunjin e ele eram maridos.

Todos esses dias foram — embora pareça estranho — estáveis. Minah, que notava cada pequeno detalhe em seus dois filhos, perguntou ao mais novo quem lhe dera tal jóia, e quando chegou o momento de sua resposta, teve que mentir, comentando que era apenas um anel que comprou em uma loja. Que foi depois da escola, porque Jisung precisava de algo de lá. Por alguma razão desconhecida, depois de sua mentira, ouviu sua irmã mais velha rir secamente, o garoto se virou e manteve seu olhar fixo em Jiyeon, tentando descobrir se a jovem sabia de algo.

Como poderia? Quando Hyunjin o pediu em casamento, eles estavam em um parque, à vista de todos, mas a praça central estava deserta. Além disso, Jiyeon deveria estar em suas aulas no momento, e seu colégio não era nem perto de onde Félix e Hyunjin ficaram noivos. E mais, era muito mais provável que encontrasse sua mãe do que sua irmã.

Ele tinha que parar de ser tão paranóico... mas não conseguia.

Toda vez que falava com alguém, sentia que essa pessoa sabia sobre Hyunjin. Não temia por si mesmo, mas pelo Diabo que, apesar de ter confessado que não haveria problema, já que sua ida ao inferno não era grande coisa, Félix preferia que as coisas ficassem como estavam naquele momento, sem sofrer um imprevisto. Evento que poderia causar um grande problema.

O arcanjo teve que explicar ao seu menino como era o inferno. Já que Lee não pôde deixar de perguntar, pois era um jovem muito curioso, e mesmo sabendo que Hyunjin tinha pouca paciência, disfarçou, fingindo que não percebeu.

"— Bom, obviamente, não é a imagem típica de fogo, velas vermelhas e um trono onde todos se curvam diante de mim. Não é uma casa, nem é um lugar em si. — começou, com o olhar fixo na coxa do humano, e em como sua própria mão, cravejada de anéis de ouro, acariciava aquela pele macia e pálida. — Existem muitas maneiras de passar a eternidade no inferno, e todas são obrigatórias.

— Por exemplo?

Suspirou. Por alguma razão, não se sentindo orgulhoso de contar a Félix sobre isso.

— Dei-me ao trabalho de observar os humanos e percebi que o que mais os incomoda é esperar: esperar na fila do banco, da loja, de qualquer coisa. Eles não aguentam. Quando uma alma desce ao inferno, se verá em uma fila eterna e, dependendo de quão mal essa alma tenha feito, passará o tempo que o demônio, que está no comando daquela área, decidir estabelecer.

— Uau... e o que acontece quando eles finalmente terminam a linha?

— Eles voltam para o final. Como eu disse: Depende do que eles fizeram.

Félix assentiu lentamente. Não reagiria de outra forma, porque não pode fingir que não está com medo, mas, como observou Hyunjin por um bom tempo, acreditava que Hyunjin era o ser mais inteligente do universo.

Alheio ao próprio corpo, aconchegou-se ainda mais ao arcanjo, que o recebeu sem hesitar, envolvendo-lhe a cintura com um braço e o outro sob as coxas, acariciando-o. O menor esfregou a ponta do nariz contra o peito nu e tatuado do Diabo e respirou fundo algumas vezes, antes de planejar emanar uma palavra novamente:

— ... Você tem um certo horário para levar minha alma?

Diante disso, Hyunjin permaneceu em silêncio, fazendo com que Félix sentisse a tensão em seu próprio corpo, incapaz de impedir que a paranóia voltasse.

O Diabo odiava, especificamente, isso: ficar relaxado, com o noivo nos braços, depois falar sobre sexo até que, de repente, sentiu o corpo oposto congelar e sentiu o cheiro do terror. Não dele, mas da situação.

— Pensei ter deixado claro para você de antemão que deveria ter levado sua alma há muito tempo. — murmurou calmamente, mas o jovem não sentia que o amor de sua vida estava tão... calmo. De repente, sentiu os braços de Hyunjin deixarem seu corpo, prendendo-os nas laterais de seus fios negros, no travesseiro, seu corpo em cima do seu. Os dois se encararam, e Félix, mais uma vez, mergulhou naquele oceano azul, sem ignorar a faixa bordô. Ele amava os olhos de Hyunjin. — Estamos casados.

— Sim.

— Não tenho intenção de levar sua alma... mas seria inevitável se eu fizesse.

A respiração de Félix falhou.

— C-como?

— Se eu fosse embora, quer dizer… definitivamente do seu lado. Se eu decidisse não voltar, me desapegar de tudo que tivesse a ver com você... seria inevitável para mim não levar sua alma comigo. — a forma neutra com que ele disse isso era de arrepiar. — Nem que eu coloque todas as minhas forças. É algo inevitável, pois trato é trato, e apesar de ser o Diabo, não consigo controlar, pois já o assinei com minhas palavras. É assim que essas coisas são feitas.

Félix engoliu em seco, balançando a cabeça depois de alguns segundos, e decidindo que era melhor permanecer em silêncio e apenas piscar. Hyunjin podia sentir o medo, o desespero e a ansiedade que rasgavam o peito de seu garoto favorito, então lhe deu um beijo suave, mas profundo nos lábios, antes de olhar em seus olhos novamente.

— Você não precisa ter medo. — disse ele. — Porque eu nunca vou sair.

— ... Você nunca vai me deixar ir?

A mão de Hyunjin foi até a bochecha de Félix, acariciando-a, antes de voltar a beijar seus lábios, começando um ritmo lento.

— Não, eu nunca vou deixar você sozinho.

Os dois se cobriram com os cobertores, devido ao frio da noite que poderia deixar o menor resfriado, e apenas pararam de pensar, iniciando um beijo delicioso e muito curador."

Decidiu se livrar um pouco de todas aquelas questões do inferno, da sua alma, de seu pai, possivelmente culpado de assassinatos... e muito mais.

Era terça-feira. Esse dia marcou os sessenta e seis — irônicos — anos em que a igreja "prestou seus serviços", para que a pequena quermesse chegasse à cidade. Haveria brincadeiras, comidas, prêmios e, claro, uma missa. Naquele ano, foi a vez de sua mãe, Minah, montar sua barraca de comida para obter a aprovação dos membros da igreja. Não era uma ideia totalmente sensata, mas Félix adorava ver a mulher assar seus famosos biscoitos de baunilha e chocolate.

Minah, parecendo muito feliz, terminou de entregar a última bandeja de biscoitos para Seungsu — que na verdade não era o verdadeiro — para levar para o carro. Quando se virou, notou seu filho mais novo encostado no balcão, de braços cruzados, observando-a atentamente.

— Tudo bem, querido? — Minah perguntou, confusa.

Félix piscou rapidamente antes de balançar a cabeça, dando a sua mãe um sorriso tímido.

— Eu gosto de te ver feliz.

A mulher não conteve o riso, cheio de carinho, antes de ir até o filho e beliscar suas bochechas.

— Também gosto de te ver feliz.

Essas foram as últimas palavras que trocaram, antes de entrarem no veículo, junto com Jiyeon e seu quase-pai, em direção à igreja. Durante o breve passeio, Félix ouviu como o demônio que possuía o corpo de Seungsu se recusou a ouvir Dominique, parecendo mais feliz do que o normal. Deveria estar assustado? Na verdade, parecia que ele iria gostar dessa reunião religiosa.

Só esperava que nada de ruim acontecesse.

Quando chegaram, toda a família Lee ajudou a montar a pequena barraca, decorando-a com uma enorme faixa de papel, onde se lia "As famosas sobremesas de Seul!" Segundo o padre Changmin, todo o dinheiro arrecadado nas bancas seria doado para um orfanato.

De acordo com Hyunjin... bem, quando Félix contou a ele sobre isso, o arcanjo fingiu surpresa, usando sarcasmo em seu tom e revirando os olhos diante a breve explicação do humano.

"— Sério, Jinnie! Tem um orfanato, esquecido dentro de uma floresta. Muito triste, ‘pra falar a verdade, não acha? Como as crianças conseguem viver dentro da floresta? Uma floresta abandonada!

— … Esse é o ponto, Félix."

Inferno, ele estava certo. Não tinha lógica, mas também não queria estragar a ilusão das pessoas, onde se achavam gentis, e não teve coragem de expor a igreja. Sentiu-se como um pai tentando esconder o fato de que Papai Noel não existe.

Pensou que aquele que o entenderia melhor seria seu sábio amigo, Jisung.

Mas estava enganado.

— ... Como que...? — seu melhor amigo virou-se na cadeira, com os olhos bem abertos, segurando na mão direita um enorme algodão-doce que acabara de comprar. — … Como...?

Félix olhou ao redor, antes de assentir rapidamente.

— ... Não existe um Papai Noel? — Jisung foi encarado por alguns segundos antes de gemer quando o moreno o bateu em seu ombro, virou-se e foi embora. Não pôde deixar de rir alto, perseguindo-o. — Você está brincando comigo!

— Vá embora.

O único filho da família Han, no entanto, não se afastou, envolvendo um braço em volta dos ombros de Félix enquanto mordia um pedaço de seu algodão-doce.

— Estou brincando. OH! — se afastou, olhando a carranca de seu amigo com indignação. — Como você é mal-humorado! E eu estava planejando te pedir um favor...

De repente, a expressão de Félix mudou, parecendo mais atento e curioso. Tinha acontecido algo com seu melhor amigo? Ele conseguiria dizer algo? Seria capaz de dar-lhe alguns bons conselhos? Esperava estar preparado para qualquer coisa.

Jisung estendeu seu algodão doce em direção ao moreno.

— Segure isso enquanto tento ganhar algum prêmio e conquistar Jisu.

E isso aconteceu. Talvez, só naquele dia, fosse sua vez de ser o Cúpido.

Enquanto ouvia os gemidos de seu melhor amigo, e como gastava todo o seu dinheiro tentando conseguir um enorme urso de pelúcia, Félix se permitia admirar a natureza do lugar. O dia estava um tanto nublado, mas um determinado raio de sol resolveu traçar seu caminho entre um par de nuvens, mirando exatamente na pequena cidade. O clima estava frio, mas refrescante, e apesar das barracas de quermesse esconderem o quintal da igreja, não perdeu o encanto: chão de pedra, uma linda fonte brilhando no meio de todo o local, e árvores que cercavam o local, vindo de uma bela e desconhecida floresta.

Félix nunca pensou em entrar nela, porque ninguém tinha permissão para isso. Afinal, ainda era território da igreja, pelo qual Deus estava se intrometendo, então padres não permitiriam. Para o garoto, isso é assustador? Claro que não. No entanto, o que eles estavam escondendo lá? Por que os alunos de diferentes estabelecimentos nunca foram autorizados a acampar ali? Em vez disso, eles foram levados de ônibus para outra floresta.

Mas acima de tudo, por que Félix sentia que já esteve lá? Poderia até andar por ela e chegar ao lugar que sua mente imaginou. Era estranho e lhe deu arrepios, então decidiu voltar sua atenção para Jisung. O garoto não pôde deixar de sorrir timidamente ao perceber como Christopher, que parecia um tanto formal, o observava de longe, acenando com a mão em saudação, antes de se aproximar entre as pessoas, com uma bela jovem de cabelos castanhos e olhos escuros ao seu lado.

— Olá. — Christopher sorriu ainda mais, despenteando gentilmente o cabelo de seu amigo. — Estou feliz que está aqui. O que você está...? — seus olhos castanhos se voltaram para Jisung, que olhou para ele com aborrecimento. Imediatamente, a expressão do mais velho mudou. — Não, não pode ser. Pare com isso, você esteve aqui o dia todo.

— Cale a boca, Chan, e me ajude.

— Chega, Jisung. — tentou empurrar o jovem para longe da barraca quando ele, mais uma vez, começou a procurar dinheiro em suas calças. — Você vai assustar o Félix!

— Eu quero o urso!

— Sério, Jisung. — Christopher o soltou, suspirando e parecendo exausto. — Há quanto tempo Félix está ao seu lado?

— Estou aqui desde que cheguei. — o Lee murmurou, fazendo com que seu melhor amigo o olhasse com desdém. — É a verdade. — desculpou-se.

A moça, que observava toda a situação, riu ao ouvir a discussão entre os homens, antes de se aproximar timidamente de Félix, que imediatamente a olhou, formando uma linha com os lábios diante da situação embaraçosa.

— Sinto muito. — se desculpou.

— Você é o Félix, certo? Lee Félix. — murmurou de volta, ignorando o pedido de desculpas. Sua voz era doce, um pouco baixa. — Eu sou Jisu.

“Ah! A filha do padre Changmin”

De repente, ele se sentiu estranho. Estava tão distraído com seus negócios que nem percebeu que era a jovem com quem Jisung dançou na festa.

— É um prazer. — ele murmurou rapidamente, corando levemente. Ouviu Jisu rir mais uma vez, fazendo com que o rubor nas maçãs do rosto aumentasse.

— Como é que eu nunca te vi por aqui? Eu ouvi sobre você, porque meu pai... o padre. — se corrigiu, dando um aceno de cabeça, antes de olhar para seus lindos sapatos brancos. — Ele fala muito sobre você. Sobre como gosta de você e outras coisas.

“Mentira”

Félix deu de ombros, notando com o canto do olho como Jisung, que ainda estava "discutindo" com Christopher, estava prestando atenção na conversa de seu melhor amigo com a garota que ele gostava.

— Uh, talvez você tenha me visto, mas não me notou. — respondeu, franzindo um pouco a testa, antes de rir com desconforto perceptível, envergonhado. — Acontece comigo com frequência. — tentou brincar.

No entanto, a jovem olhou em seus olhos, também corando, e sorriu docemente.

— Garanto-lhe que se eu tivesse visto você, eu me lembraria. — murmurou.

Félix não sentiu nada estranho vindo dela. Na verdade, achava que Jisu era uma pessoa legal, que só estava tentando confortá-lo, mas ficou um pouco confuso ao perceber que Christopher ergueu as sobrancelhas, observando-os. Não queria continuar se sentindo desconfortável, pelo que agradeceu em um murmúrio, e se aproximou de Jisung, que parecia — do nada — tomar coragem e jogar apenas uma última vez.

— Sungie. — Félix chamou em um tom de voz doce.

— Lixie. — respondeu o menino, fazendo beicinho para o homem da barraca, que não parava de rir de si, arrancando as bolinhas, feitas de jornal e fita adesiva, das mãos do homem. — É o último.

— Certo. — assistiu, surpreso, enquanto Jisung jogava uma das bolas rapidamente, furioso, mas atingindo seu objetivo e derrubando exatamente três latas. — ... Oh!

Seu melhor amigo virou-se para vê-lo, também surpreso, e o pegou pelos ombros, sacudindo-o.

— EU GANHEI! — aplaudiu, antes de apontar o dedo indicador para o homem da barraca, que parecia subitamente exausto. — De quem você vai tirar sarro agora?!

— Com todo o dinheiro que você me deu, eu poderia comprar três terrenos em qualquer lugar da Coreia. — murmurou o estranho, antes de se afastar para mostrar os prêmios que ele poderia escolher.

Jisung se virou para olhar para Jisu, que estava sorrindo para ele.

— Escolha um.

Os olhos escuros da jovem começaram a brilhar, enquanto ela se aproximava timidamente, e apontava duvidosamente para uma pequena boneca de porcelana. Parecia com ela, exceto pelo vestido. O homem do posto entregou imediatamente, mudando de atitude, porque era filha do padre, e não queria ter problemas com membros importantes daquele lugar.

— E pensar que você queria o ursinho de pelúcia... — Christopher murmurou, sendo silenciado por Jisung, antes que ambos rissem.

⸸⸸

Merda, eu não queria estar aqui. — Jisung sussurrou para Félix, que olhou em seus olhos por alguns longos segundos.

A tarde chegou rapidamente, e os quatro jovens decidiram sentar-se num espaço livre da fonte, e partilhar comida. Enquanto Christopher puxava conversa com Jisu, que orgulhosamente segurava sua nova boneca de porcelana, Félix tentava descobrir o que se passava na cabeça de seu melhor amigo.

— Por que? — perguntou, entregando a ele o saco de biscoitos de chocolate que comprou na barraca de sua mãe.

Depois de mastigar e engolir, Jisung deu de ombros, pronto para responder.

— Bem, para começar; Eu me diverti muito no... — olhou em volta por alguns segundos. — … Halloween. — diminuiu o tom de voz, balançando a cabeça junto com o moreno. — Não sei, acho isso... deprimente. Antes eu era feliz, mas agora só vejo... rostos e máscaras. É um pouco, não sei...

— ... Católico?

Exatameeeente. — Jisung levantou a mão para seu melhor amigo, que lhe deu um high-five. — Não sei, estou meio desanimado.

— Eu entendo. — Félix realmente entendia. Desde que Hyunjin apareceu em sua vida, sentiu que nada mais poderia fazê-lo feliz além do homem. — Mas é apenas por causa da diferença de dois lugares? Não há mais nada na sua cabeça?

— Bem... — Jisung pigarreou, acomodando-se melhor na beirada da fonte, antes de suspirar, fazendo com que vapor subisse de sua boca. — Passei a tarde tentando jogar a quantidade exata de latinhas para ganhar aquela boneca feia, mesmo querendo o ursinho, e dar para Jisu. — diminuiu a voz, inclinando-se um pouco mais perto de Félix para que pudessem ter uma conversa íntima. — E não é que ela tenha que devolver o presente para mim, ou algo assim. Eu apenas acreditei... imaginei uma coisa que não aconteceu. — o Lee levou uma das mãos às costas do melhor amigo, acariciando-a, tentando fazer com que ele soubesse que tinha seu apoio. — E além do fato de que eu não consegui encontrar uma maneira de comprar um milk-shake para ela, ela parece ter uma... pequena queda por você.

Félix congelou no lugar, seus olhos se arregalaram.

— O que?

— Sim, é assim. Então... pode ficar. — o moreno franziu a testa com essas últimas palavras, olhando nos olhos do outro. — … Me expressei errado, certo?

— Sim.

— Desculpe. — Jisung se desculpou, parecendo mais abatido.

Félix tentou pensar em um momento da tarde em que Jisu estivesse interessada nele, de uma forma mais complexa, mas não conseguiu encontrar. Era muito ignorante para notar, ou Jisung estava exagerando?

— Jisung. — inevitavelmente, suas maçãs do rosto começaram a ferver. — Nós nos conhecemos hoje, como poderíamos ter algo? Além disso, eu não gosto dela.

Agora era seu melhor amigo que o olhava com indignação.

— Mas você a viu? É linda.

— Ela é linda e adorável. — Félix concordou com a cabeça. — Mas eu não gosto dela, e isso é tudo. — deu de ombros antes de levantar o saco de biscoitos. — Quer outro biscoito?

— Não. — Jisung ainda estava surpreso, observando enquanto o amigo fechava o saco em suas mãos, deixando-o em seu colo. — Você realmente não gosta?

— Eu realmente não gosto dela. — Félix respondeu, balançando a cabeça, antes de sorrir timidamente. — Eu poderia ajudá-lo com ela.

Os olhos azuis de seu melhor amigo brilharam com essa última frase.

— De verdade? Você faria isso por mim?

— Eu faria mais do que isso por você. Você é meu melhor amigo.

Jisung sorriu exageradamente, aproximando-se do garoto.

— Agora que chamou minha atenção, não quer ir tomar uns milkshakes comigo? — brincou. Félix balançou a cabeça, fingindo rejeitá-lo de dor enquanto segurava a ponta de seu pequeno nariz com os dedos indicador e médio. — Sim, eu também estou apaixonado por você.

Os dois começaram a rir alto, mas Félix parou abruptamente ao sentir aquele mal-estar familiar em seu estômago. Piscou rapidamente, olhando em volta com entusiasmo, até que encontrou o Diabo, parado a alguns metros de distância, com as mãos nos bolsos das calças e o semblante neutro, olhando para ele.

Brilhante! Félix estava morrendo de frio. Nada seria melhor do que refugiar-se nos braços quentes do amor da sua vida. Tentou não sorrir e se levantou.

— Sungie, vou ao banheiro, segura meus biscoitos. — entregou o saquinho para o melhor amigo, que pegou.

— Estou indo para a casa do meu pai, até logo? — o jovem perguntou, também se levantando. Félix assentiu rapidamente, indo embora. — Eu vou comer seus biscoitos!

Dissimulado, caminhou lentamente para o lado de Hyunjin, observando-o com o canto do olho quando caminhou ao seu lado. Félix notou que as pessoas ao seu redor não estavam prestando atenção, então poderiam se falar, mas ficaria alerta de qualquer maneira.

— Jinnie, o que está acontecendo? — enfiou as mãos frias nos bolsos do casaco. — Está tudo em ordem?

— Sim, eu só queria ver você. Você está se divertindo. — Félix assentiu.

— Senti a sua falt-...

Seus passos pararam abruptamente assim que percebeu uma fila de pessoas a poucos metros à sua frente, que tentavam se aproximar de um par de pinturas no chão, cercadas por velas acesas e papéis com palavras escritas. Félix notou que, em uma das fotos, estava Woojin, seu ex-colega de coral.

— Que repulsivo. — Hyunjin murmurou, e com um suspiro alto, fez com que uma forte brisa apagasse as velas que cercavam as pinturas, que caíram no chão, indignando as pessoas ao seu redor.

Félix balançou a cabeça antes de seguir seu caminho, procurando com os olhos um lugar onde pudessem conversar em paz, e tentando reprimir aquele sentimento que invadia seu peito e percorria seu corpo, tornando-a culpa personificada.

Hyunjin o seguia, ao seu lado, com seu olhar ameaçador, olhando em volta, como se esperasse um ataque, ou como se assim pudesse proteger seu menino predileto. Em apenas alguns segundos, os passos de ambos foram interrompidos quando o padre Changmin se posicionou diante do menor, encarando-o nos olhos.

— Lee Félix. — disse ele, antes de olhar de soslaio para o jovem, que arregalou demais os olhos.

“Ele consegue vê-lo”

— Devíamos conversar. — murmurou antes de virar as costas, começando a caminhar em direção à entrada da igreja, onde ninguém ocupava aquele lugar.

Félix olhou Hyunjin com o canto do olho, que estalou a língua e, como se fossem o reflexo um do outro, os dois seguiram o velho subindo os pequenos degraus até a entrada do templo sagrado. O padre permaneceu de pé, esperando alguns segundos, antes de olhar para o jovem com ar de reprovação.

— ... O que ele faz aqui?

— Q-quem? — Félix não pôde deixar de gaguejar, seu batimento cardíaco acelerado, as palmas das mãos suadas.

— Eu posso ver isso. — o velho à sua frente murmurou calmamente. — Ele está sorrindo para mim. O que você está planejando? Ninguém está o incomodando.

— Ele não está planejando nada. — Félix não hesitou nem por um segundo em responder. — Ele só queria verificar se eu estava bem. Ele está me protegendo.

Padre Changmin ergueu as duas sobrancelhas.

— Protegendo? — balançou a cabeça lentamente, parecendo desapontado e um pouco irritado. — Quem poderia incomodá-lo na igreja? São desculpas. Este é um solo sagrado, como pode estar aqui?

A risada rouca, arrepiante, mas sedutora de Hyunjin estava presente. Félix não sabia exatamente o que significava.

— Ele planejou alguma coisa? Ou está apenas zombando? — mas, mesmo assim, se aproximou do Diabo, e gentilmente o pegou pela manga de sua camisa preta.

— Padre, por favor, fale com cuidado, ou as coisas podem dar errado. — o humano pediu em um tom de voz doce e baixo.

— Eu não tenho medo dele, Félix. Estou protegido, e ele sabe disso. — respondeu padre Changmin, olhando fixamente para o rosto do arcanjo, que continuava a sorrir como se nada tivesse acontecido.

Talvez Hyunjin não pensasse assim, mas Félix pensou que o velho estava sendo esperto e desrespeitando seu marido. Embora a ideologia dos membros da igreja fosse baseada na visualização de um ser maligno e explorador, o jovem entendia a dor do Diabo e a maneira como ele agia.

Tinha que ser o mais firme possível.

— Não tenho certeza se todas as pessoas aqui têm a mesma proteção contra você, então, por favor, pare de falar assim. Nem ele nem eu toleraremos desrespeito. — sua voz tremeu um pouco, mas manteve-se firme, com o olhar fixo no membro essencial daquela "humilde" igreja.

Hyunjin não pôde deixar de erguer e abaixar as sobrancelhas, assobiando com a satisfação que sentiu ao ouvir como seu marido impunha respeito. Na velocidade da luz, seu sorriso desapareceu e seu queixo se ergueu, mostrando superioridade em sua linguagem corporal.

— Você sabe o nome do que acabou de ouvir, padre? — o Diabo murmurou, mantendo o tom suave, mas ameaçador, como uma bomba explodindo. — Empatia, algo que você e sua casinha pelo de cima não conseguiram ter.

— Isto não é uma casa, é um local sagrado. — respondeu padre Changmin, com pura indignação em seu tom. — Aqui a empatia renasce continuamente. É daí que vem, e é a única coisa que temos em mente, além de Deus.

— Eu posso ouvir os pensamentos de todos os padres… — Hyunjin deu um passo à frente, e o corpo de Félix se acalmou. — "Ouro", "eu ganho benefícios", "eu sou o patrão patriarcal", mas, acima de tudo... — abaixou o olhar para uma das mãos, acariciando com o dedo indicador um dos anéis de ouro que usava. — Desejo sexual por meras crianças.

Tanto Félix quanto o velho pareciam atordoados, pálidos como um guardanapo enquanto Hyunjin, que olhou para o homem à sua frente, inclinou-se até ficar a centímetros do rosto deste.

— Eu vou, porque meu marido está tendo um bom dia. — pouco a pouco, a o pedaço bordô de um de seus olhos assumiu o controle do belo oceano. — Esta noite, antes de dormir, reze e implore para quem quiser. — sua voz dele ficou rouca. — Talvez isso o ajude a não encontrar o corpo de sua esposa morta ao seu lado da cama.

Em apenas um piscar de olhos, o Diabo se foi, e Félix soube disso imediatamente, pois o enjôo em seu estômago diminuiu. Um silêncio ensurdecedor se formou, mas em apenas alguns segundos o mais novo olhava para o velho à sua frente, com pena.

— Sinto muito por isso. — não pôde deixar de se desculpar.

Padre Changmin balançou a cabeça, parecendo envergonhado, e não olhando para o garoto.

— Você é um bom menino, Félix. — murmurou, suspirando. — Ele não vale a pena, e você... você sabe qual é o propósito dele.

Sem mais delongas, acenou com a cabeça, se despedindo, para entrar na igreja, deixando Félix com milhares de pensamentos intrusivos passando por sua mente.

Ele sabe?

⸸⸸

Para a sorte de Félix, o evento havia acabado, mas Jisung foi quem mais comemorou, sendo repreendido por seu pai ao entrarem em seu veículo. O jovem, encontrando-se dentro do carro, no banco de trás, baixou o vidro para acenar com a mão, despedindo-se de seus melhores amigos, também atirando beijos para o ar, claramente dirigidos a Jisu, que corou, e acenou com a mão.

Depois de ajudar a descarregar as sobras da barraca de Minah do porta-malas do veículo, a família Lee entrou na casa e Jiyeon não perdeu tempo correndo até o toca-discos, colocando Dominique nele.

— Hoje é dia de festa! — o demônio possuidor do corpo de Seungsu anunciou, beijando ruidosamente a bochecha de Minah, que riu, constrangida. — Faremos um banquete!

— Ótima idéia, vou cozinhar algo delicioso. — comentou a mulher, olhando para Félix, que caminhava em direção à porta que dava para seu quarto. — Querido?

Por inércia, Félix se virou, dando a sua mãe um sorriso doce, mas cansado.

— Vou tomar banho, mamãe. Depois eu subo e ajudo no que precisar. — se sentiu livre sabendo que não receberia um olhar ameaçador do pai. — Eu não me atrasarei.

Minah sorriu para ele, acenando com a cabeça rapidamente, antes que o mais novo retomasse seu caminho para o quarto. Fechou a porta atrás de si, descendo rapidamente as escadas, finalmente abrindo a porta de seu lugar seguro, onde logo encontrou o arcanjo parado na ponta da cama, observando-o.

Félix suspirou, empurrando a porta com as próprias costas, e permanecendo encostado nela, antes de suspirar de cansaço.

— Você está exausto. — Hyunjin murmurou, levando as mãos, adornadas com preciosos anéis de ouro nos dedos, aos bolsos da frente da calça. O mundano concordou com a cabeça. — O que está passando pela sua cabeça?

Félix olhou para seus próprios sapatos, fazendo beicinho pensativo enquanto suas maçãs do rosto lentamente ficavam rosadas. Por outro lado, sendo muito cauteloso, o Diabo se aproximou lentamente até ficar na frente de seu menino favorito, inclinando um pouco a cabeça e dando-lhe um sorriso de flerte.

— Mh...

— Me diga.

— Hoje... — o menor ergueu o olhar, encontrando o do outro, e notando que Hyunjin estava um tanto inclinado, o que fez com que seus narizes se esfregassem.

— Sim?

— Você não... me deu um beijo. — Félix murmurou, fechando os olhos com a afirmação, envergonhado.

Ouviu o som suave de algo roçando em um tecido, antes que seu queixo fosse gentilmente segurado pela mão quente do outro.

— Ah não? — o polegar de Hyunjin acariciou lentamente a mandíbula do humano, como se verificasse se suas feições eram reais. — E você queria um? — murmurou, aproximando-se um pouco mais dos lábios avermelhados dos outros. Félix assentiu. — Apenas um?

— Não. — reclamou o baixinho, quase implorando. — Mais.

Mais? — o Diabo fingiu surpresa em sua voz, erguendo as sobrancelhas, antes de fechar lentamente os olhos e depositar um beijo suave no canto dos lábios de Félix. — Só meu? De ninguém mais?

— Só seu, sempre... — estava realmente corado, então agradeceu a escuridão de seu quarto.

Ficou surpreso quando Hyunjin lambeu os lábios, fazendo-lhe suspirar trêmulo.

— Bom menino. — murmurou, fechando a curta distância antes de comer a boca de seu menino favorito.

Foi lento, profundo e apaixonado. Félix inclinou a cabeça na direção oposta, estendendo a mão com desejo pelo pescoço do arcanjo, e acariciando com os dedos, suavemente, os cabelos lisos do mais alto. Seus olhos permaneceram entreabertos, como se verificasse que era real, mas se fecharam assim que a língua do Diabo entrou em sua boca, acariciando a do garoto enquanto o segurava melhor pela cintura.

Foi longo, alto, tudo o que Félix precisava.

Hyunjin separou seus lábios dos de Félix, segurando-o ainda mais contra ele, até que seus torsos estivessem pressionados juntos, e ele olhou em seus olhos, percebendo o cansaço e leve tristeza naqueles belos olhos castanhos.

— Diga-me o que está acontecendo... — murmurou.

Félix o observou em silêncio, seus lábios mais vermelhos do que o normal, enquanto lentamente franzia a testa, confuso.

— Não está acontecendo nada. — respondeu ele, abaixando as mãos lentamente, até segurar o bíceps do Diabo.

— Félix. — adorava quando o arcanjo dizia seu nome, mas o tom de advertência em sua voz o deixava um pouco nervoso.

E com razão, porque se Hyunjin pensasse que alguém tocou em seu cabelo, seria capaz de incendiar a cidade inteira.

— Você... — Félix engoliu em seco, sem saber como seria sua pergunta, ou a resposta que receberia. Hyunjin esperou calmamente, mesmo que sua paciência fosse nula, mas não com ele. Não com o marido... — Você realmente...? — estalou a língua, um tanto frustrado. — Você disse ao padre para ter cuidado esta noite.

— Por causa do cadáver de sua esposa, sim. — disse Hyunjin com naturalidade, encorajando-o continuar. Félix apenas piscou lentamente, olhando nos belos olhos do arcanjo, que suspirou, antes de erguer levemente o queixo, mostrando autoridade. — Eu fui esperto. — murmurou, sem hesitar. — Entre as duas opções que eu tinha em mente, essa era a mais branda.

— Qual era a outra?

— Me livrar dele. — respondeu imediatamente. — E deixar sua alma no esquecimento, queimando com os outros.

O humano torceu o nariz ao sentir a pele formigar, balançando lentamente a cabeça.

— Não acho que suas palavras o levarão ao extremo de ser enviado para o inferno. Ele não merece isso.

— E você sim? — o tom de voz, cauteloso, mas invadido pelo aborrecimento do Diabo fez com que seus olhares se encontrassem novamente.

Mais uma vez, Félix permaneceu em silêncio, sem saber exatamente como se defender. No princípio? Talvez não. Porém, naquele momento, depois de tudo que havia acontecido... ele merecia o pior.

— Você é um dos humanos mais inseguros que já vi. — Hyunjin continuou, erguendo um pouco o queixo. Não queria assumir uma postura mais alta do que seu garoto favorito, mas sim mostrar a ele que poderia copiá-lo e não haveria problema. — Você nunca pensou que poderia chamar minha atenção, e ainda duvida disso mesmo hoje, estando noivo. — houve um silêncio breve e ensurdecedor, antes que o arcanjo abaixasse o rosto, a centímetros de distância. — Eu quero que você me veja, e responda honestamente o que passa pela sua cabeça se eu perguntar... qual é a diferença entre esse ser inferior e você?

— Sou inferior a qualquer um. — respondeu instantaneamente, surpreso com suas próprias palavras.

Até chegou a pensar que Hyunjin, de alguma forma, lançou um feitiço sobre si, mas seu olhar desconcertante e a maneira como ergueu uma das sobrancelhas o fizeram saber que ele estava errado.

— Não entendo como você pode se referir a si mesmo assim, quando algumas luas atrás... — pressionou as pontas dos dedos, cheios de anéis de ouro, na cintura de seu garoto favorito. — ... Enquanto eu tocava, lambia e beijava todo o seu corpo, você sentiu poder suficiente para me dizer que queria tudo... e isso não o tornou menos puro. Tornou-o mais sincero.

Félix sentiu suas bochechas esquentarem, tentando de alguma forma ficar parado quando um formigamento se instalou em sua barriga.

Engoliu em seco antes de balançar a cabeça lentamente.

— Uma pessoa... uma pessoa pura não mata três pessoas, nem manda seu próprio pai para o inferno.

— Félix. — mesmo que seu tom fosse suave, manteve seu olhar firme. — Poderíamos falar sobre isso por toda a eternidade, e minha resposta sempre será a mesma: é minha responsabilidade.

É claro que Hyunjin tentou entender por que Félix se sentia culpado. O jovem o invocou das profundezas do inferno, dando-lhe uma estadia na terra e muito mais. Sua inteligência era indiscutível, mas sua paciência quase nula.

— Ouça com atenção. — uma de suas mãos levantou o queixo de Félix, apoiando-o gentilmente. — Não vou repetir de novo, entendeu? — o humano assentiu, corando. — Você tem que parar de assumir a responsabilidade por minhas ações. — enfatizou cada palavra, falando devagar e com clareza, como se estivesse ensinando-o. — Fiz coisas piores e não me arrependo de nenhuma delas, porque sou inteligente e poderoso. — quase sorriu, orgulhoso de si mesmo. — Guardo minha sabedoria, e quando ajo por impulso é porque estou farto. Eu poderia começar o apocalipse com um estalar de dedos, mas não o faço, porque sei que não me convém. Sou razoável, é assim que resolvo meus negócios, mas se em cada situação você acredita que é sua responsabilidade... então vá e case-se com Deus.

Os olhos de Félix se arregalaram, surpreso com o tom sarcástico no final do grande discurso. Tentou não sorrir, mordendo o lábio inferior. Hyunjin falou honestamente, não conseguiria rir na cara dele.

— A única coisa que você vai notar ao seu lado é como ele arruinou a vida de quem pediu, e você, querido... — negou lentamente. — … Você não está na lista.

Félix não pôde deixar de sorrir timidamente, rindo baixinho, os olhos úmidos, tentando esconder a angústia escondida em meio à felicidade.

— Não... eu quero ficar com você. — confessou.

— Que bom. Eu esperava que sim. — respondeu Hyunjin, levando o polegar a um dos cílios do marido, enxugando as lágrimas que ameaçavam cair pelo rosto, antes de puxá-lo ainda mais contra seu corpo quente e beijá-lo profundamente.

Ele queria curar toda a culpa, eliminar os sentimentos ruins de seu garoto, mas droga, ele era o Diabo.

Félix suspirou, fechando os olhos, enquanto permitia que seu corpo relaxasse contra o do outro, derretendo-se a cada carícia dos finos lábios do arcanjo nos seus.

— Eu te amo. — não pôde deixar de murmurar enquanto se afastavam lentamente.

— Eu sei. — foi a única resposta que obteve. — Agora vá dormir. Volto amanhã.

— Você não vai ficar esta noite? — o menor perguntou, quase implorando com o olhar.

Hyunjin queria, realmente. No entanto, não apenas percebeu como o marido estava exausto, mas também o sentiu. Então balançou sua cabeça.

— Você deve descansar. Estarei de volta em breve. — Félix tentou não começar uma birra interna, entendendo o raciocínio do Diabo, e balançando a cabeça lentamente antes de ser beijado mais uma vez. — Vá dormir.

O humano assentiu mais uma vez, obedecendo alegremente. Embora Hyunjin ainda não tivesse pronunciado as duas palavras, sentiu algo diferente em suas ações. Algo bom, emocionante, mas, acima de tudo, seguro.

Ele se sentia seguro.

Não demorou muito para que parasse de sentir o desconforto enquanto tirava a roupa, procurando o pijama na segunda gaveta do armário, que ficava no canto do quarto. Hesitou em levar aquele cobertor de inverno que usava na infância, mas o fez. Precisava abraçar alguma coisa.

Uma vez na cama, esticou as pernas, cobrindo-se, esticando os dedinhos dos pés e suspirando de alívio. Não demorou muito para pegar no sono, ainda menos quando seu corpo estava tão relaxado, coberto e abraçado por um cobertor.

Lentamente, mergulhou em um lindo sonho, onde Hyunjin o segurou em seus braços, no calor de uma bela casa, e lentamente acariciou seus cabelos, falando em sua linguagem indecifrável, mas reconfortante.

Parecia real, e isso tornava tudo melhor.

Porém, o que Félix não sabia é que naquela noite, alguém estava acariciando seus cabelos, apalpando seus fios negros, cheirando, apreciando-os com sede de vingança...

... E não era Hyunjin.

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